O PAÍS ACOMPANHA CHEIO DE NOJO A DEGRADAÇÃO A QUE OS PETISTAS SUBMETERAM A PETROBRAS! E ESSA É APENAS UMA...

Publicado em 10/10/2014 05:50 e atualizado em 11/10/2014 03:35
por Reinaldo Azevedo, de veja.com

O PAÍS ACOMPANHA CHEIO DE NOJO E REVOLTA A DEGRADAÇÃO A QUE OS GOVERNOS PETISTAS SUBMETERAM A PETROBRAS! E ESSA É APENAS UMA DAS ESTATAIS! IMAGINEM O QUE SE PASSA NAS OUTRAS

Nojo! Asco! Engulhos! Procurem aí as palavras todas que sintetizem o estômago revirado para resumir o que, agora sabemos (e ainda é tão pouco!), se passava, e talvez se passe ainda, na Petrobras durante os governos petistas. O presidente da empresa, no período, era o militante petista José Sérgio Gabrielli, hoje um dos braços direitos do governador Jaques Wagner (PT), da Bahia. No cargo, Gabrielli se tornou notório pela arrogância, pela rispidez e pela prepotência. Afinal, era o dono da bola! Em parte do tempo em que vigorou o esquema sujo, Dilma estava na presidência do Conselho da Petrobras; depois, na Presidência da República. A Justiça divulgou os áudios dos respectivos depoimentos de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal, e do doleiro Alberto Youssef. Ambos estão presos e fizeram um acordo de delação premiada. PT, PMDB e PP dividiam, segundo a duplna, o butim da corrupção, mas a parcela maior ficava com os petistas.

 Paulo Roberto e Youssef eram os principais operadores da quadrilha que passou a atuar na empresa a partir de 2006. Nota à margem: a dupla conta tudo com precisão burocrática, cartorial, como se estivessem dizendo: “Hoje é sexta-feira”. Na voz, não há tensão, constrangimento, vergonha. A maior empresa brasileira era usada como caixa de partidos políticos e como fonte de enriquecimento de larápios. É preciso ter uma boa-fé que ultrapassa a linha da estupidez para acreditar que um esquema de tal magnitude vigorasse na estatal sem que o titular do Palácio do Planalto soubesse. Até porque, segundo a dupla, João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, era peça-chave do esquema.

Paulo Roberto e Youssef citam o nome de 13 empreiteiras como fontes pagadoras de propina. Entre elas, estão as gigantes Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e OAS, que negam qualquer irregularidade. Em seu depoimento, Youssef foi explícito: “Se ela [a empresa] não pagasse [a propina], tinha a ingerência política e do próprio diretor; ela não fazia a obra se ela não pagasse”. Vocês leram direito: para fazer uma obra para a Petrobras, só pagando propina, que era, segundo os depoentes, incorporada ao valor do contrato — vale dizer: as empreiteiras eram apenas usadas como repassadoras de um dinheiro que os bandidos roubavam do cofre da empresa.

E como funcionava? Simples! Paulo Roberto Costa diz que cada grande contrato com a Petrobras tinha uma propina de 3%. Nas suas palavras: “Me foi colocado lá pelas empresas, né?, e também pelo partido que, dessa média de 3%, o que fosse diretoria de Abastecimento, 1%, seria repassado para o PP. E os 2% restantes ficariam para o PT, dentro da diretoria que prestava esse tipo de serviço, que era a diretoria de Serviços.”

Assim, Paulo Roberto e Youssef, que operavam em parceria, cuidavam do 1% da propina que era paga ao PP — o engenheiro que está preso foi posto lá pelo partido. E dos 2% do PT, quem cuidava? Youssef esclarece: “O contrato é um só. Por exemplo, uma obra da Camargo Corrêa de R$ 3,48 bilhões. Ela tinha que pagar R$ 34 milhões por aquela obra para o PP. Eu era responsável por essa parte. A outra parte, eu não era responsável.” Segundo Youssef, os 2% do PT eram negociados diretamente por João Vaccari Neto, o tesoureiro do partido, por intermédio de Renato Duque, então diretor de Serviços, indicado para o cargo ,segundo Paulo Roberto, por José Dirceu. Nestor Cerveró, o principal articulador da compra da refinaria de Pasadena, era o homem do PMDB na empresa.

E os nomes dos políticos?
A Justiça Federal que apura as lambanças da dupla não pode investigar os políticos que têm foro especial por prerrogativa de função. Isso ficará a cargo do STJ ou do STF, a depender do cargo. Por isso seus respectivos nomes não podem ser citados nos depoimentos divulgados. Mas Paulo Roberto não deixa dúvida: “Na minha agenda, que foi apreendida em minha residência, tem uma tabela que foi detalhada junto ao MP, e essa tabela revela valores de agentes políticos de vários partidos que foram relativos à eleição de 2010”. Reportagem da revista VEJA informou, por exemplo, que Antônio Palocci, um dos coordenadores da campanha de Dilma naquela ano, procurou Paulo Roberto e lhe pediu R$ 2 milhões da cota que cabia ao PP.

É isso aí. Todos os acusados negam qualquer envolvimento com o esquema. O Planalto não quis se manifestar. Lula também se negou a falar com a imprensa. Preferiu vociferar contra a investigação numa plenária do PT, assunto para outro post.

Assim age aquela gente que se orgulha em palanques de ter mudado o Brasil. Lembro: a Petrobras é apenas uma das estatais. E está mais submetida a controles porque é uma empresa aberta, com ações na Bolsa. Imaginem o que se passa em empresas às quais não se presta muita atenção. É a lama. É a lama. É a lama.

Por Reinaldo Azevedo

 

Lula faz um discurso indecente em plenária do PT. Diante da corrupção, quer “cabeça erguida”. Ou: Uma fala cheia de ódio, que estimula a lambança. Querem saber? Faz sentido!

O ex-presidente Lula, durante comício em Campo Limpo Paulista, em São Paulo, antes do primeiro turno (Ivan Pacheco/VEJA.com)

O ex-presidente Lula durante comício em Campo Limpo Paulista, em São Paulo, antes do primeiro turno (Ivan Pacheco/VEJA.com)

Luiz Inácio Lula da Silva afirmou estar com o saco cheio. Imaginem, então, como está o nosso — nós, que somos as vítimas de um tipo de política de que ele é o grande chefe. Ontem, dados os absurdos e descalabros que emanavam dos respectivos depoimentos de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, o Babalorixá de Banânia não quis falar. Deixou para vociferar na plenária do PT, a primeira depois da eleição do dia 5, realizada no Sindicato dos Bancários. E, aí sim, bufou, vociferou cheio de ódio, vermelho como um pimentão. As sobrancelhas estavam arqueadas. Havia ódio em seu rosto. Sabem o que recomendou aos militantes? “Não abaixar a cabeça”. Sim, Lula quer que eles sintam orgulhosos.

Afirmou sobre a roubalheira na Petrobras: “Todo ano é a mesma coisa. É sempre o mesmo cenário: eles começam a levantar as denúncias, que não precisam ser provadas. É só insinuar que a imprensa já dá destaque. Eu quero dizer para vocês que eu já estou de saco cheio”. Assim seria se assim fosse: a operação Lava Jato não foi deflagrada pela imprensa, senhor Lula, mas pela Polícia Federal — por aquela parte dela que investiga sem perguntar a filiação partidária do investigado. A imprensa também não atuou como Ministério Público nem como Justiça. Tampouco propôs o acordo de delação premiada.

Como? “Levantar denúncias”? Desta vez, Lula, o PT se encalacrou. Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef admitem terem cometido os crimes. Alguém acha mesmo que eles atuariam sem a proteção de um esquema político? Lula está bravo porque foi ele próprio quem nomeou Paulo Roberto. E foi adiante com a retórica elegante de sempre: “Daqui a pouco, eles estarão investigando como nós nos portávamos dentro do ventre da nossa mãe”. Deus me livre! Pouco me interessa como o homem se portava no ventre daquela senhora. Mas as sem-vergonhices havidas na Petrobras, ah, isso é assunto meu, seu, de todos nós. O poderoso chefão petista parece não se conformar com isso. Entendo. Ele se acostumou com a ideia de que é dono do Brasil.

Referindo-se ao PSDB, afirmou: “Nós não podemos admitir que um partido bicudo venha nos chamar de corruptos”. Epa! Não é um partido bicudo, Lula! Os parceiros do petismo é que decidiram confessar.

O ex-presidente, gostemos ou não, é um líder político. Essa sua fala é desastrosa para a moralidade pública. Ela serve como sinal verde para a lambança. Sua cara-de-pau não tem limites. Continua a negar que o mensalão tenha existido, apesar das provas e das confissões de Marcos Valério. Parece que decidiu, agora, fazer o mesmo no caso da Petrobras. Estranha essa reação. Estaria Lula aplicando uma espécie de vacina contra o que virá, numa reação preventiva?

Ah, sim: na plenária, ele disse não entender o resultado pífio do PT em São Paulo. Falou isso ladeado por Alexandre Padilha, Fernando Haddad e Eduardo Suplicy, entre outros… E ele ainda não entendeu? Lula já foi mais inteligente.

Por Reinaldo Azevedo

MINHA COLUNA NA FOLHA: “Reacionários em pânico”

Leiam trecho:
*
Li dia desses o texto de um sujeito isento como um táxi, segundo quem só mesmo o “preconceito anti-PT” poderia explicar a surra histórica que o partido levou em São Paulo. Para registro: o tucano Geraldo Alckmin venceu a eleição em 644 das 645 cidades do Estado e, na capital, ficou em primeiro lugar em 54 das 58 zonas eleitorais. Aécio Neves superou seus adversários em 88% dos municípios paulistas. José Serra, depois de sepultado por setores da imprensa paulistana, bateu Eduardo Suplicy na disputa pelo Senado por quase o dobro dos votos. Marilena Chaui, uma petista filósofa, jamais uma filósofa petista, diria que isso é culpa da classe média, que ela odeia. Entendo. Há miseráveis de menos em São Paulo para os anseios revolucionários de tal senhora. Toc, toc, toc.

Preconceito por quê? O PT, por acaso, advoga alguma causa excepcional, que vá contra, sei lá, o obscurantismo do senso comum, ou se coloca na vanguarda de lutas civilistas que desorganizam o status quo? Se há um partido que encarna os piores vícios da ordem no que esta tem de mais nefasta, de mais reacionária e de mais autoritária, este partido, hoje, é o PT.

Prestem atenção! Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef mal começaram a falar. A depender do rumo que as coisas tomem e do resultado das urnas, o país voltará a flertar, no próximo quadriênio, com o impeachment, somando, então, a crise política a uma economia combalida. Pergunto: o fedor que emana da Petrobras deriva dos anseios reformistas que o PT chegou a alimentar um dia? Ora…

É preciso assaltar os cofres públicos para conceder Bolsa Família? É preciso usar de forma escancaradamente ilegal os Correios para implementar o ProUni? É preciso transformar a gestão pública na casa-da-mãe-Dilma (como Lula, o pai, já a chamou) para financiar o Minha Casa, Minha Vida? Pouco importa o juízo que se faça sobre esses programas, a resposta, obviamente, é “não”. A matemática elementar nos diz que, com menos roubalheira, sobraria mais dinheiro para os pobres.
(…)
Íntegraaqui

Por Reinaldo Azevedo

 

Oposição pressiona por convocação de tesoureiro do PT à CPI da Petrobras

Por Marcela Mattos, na VEJA.com:
As revelações do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa sobre o papel do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, no esquema de corrupção dentro da estatal fizeram ecoar entre os parlamentares de oposição a urgência de convocar o petista para prestar depoimento à CPI Mista da Petrobras, composta por deputados e senadores. O colegiado já acumula seis pedidos de audiência com Vaccari, apresentados desde o final de maio, mas a maioria governista impediu a aprovação dos requerimentos.

Em depoimento à Justiça, Costa afirmou que PT, PMDB e o PP recebiam propina e deu o nome dos operadores dos partidos que recebiam e administravam o dinheiro desviado da estatal. Ele afirma que a propina do PT era administrada pelo tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto, que tratava diretamente com o então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque. O operador da propina que cabia ao PMDB era o lobista Fernando Soares, também conhecido como Fernando Baiano. “Dentro do PT a ligação que o diretor de serviços tinha era com o tesoureiro na época do PT, o senhor João Vaccari”, afirmou.

“Agora, mais do que nunca, é urgente que o Vaccari seja ouvido. Nós vamos pressionar”, afirmou o líder do Solidariedade, deputado Fernando Francischini (PR). O parlamentar planeja reunir os integrantes da CPI na próxima terça-feira. “Defendo que não se vote mais nada e não se ouça mais ninguém enquanto não levarmos o tesoureiro do PT à comissão”, afirmou.

Com o Congresso ainda paralisado por causa das campanhas eleitorais, o ritmo de reuniões da CPI foi diminuído. A próxima audiência está agendada somente para o dia 22 de outubro, mas os oposicionistas defendem a convocação de uma reunião de emergência. “Agora nós sabemos onde está a quadrilha e o que aconteceu. Mas precisamos descobrir o chefe dessa quadrilha. Essa operação-abafa, de blindagem na CPMI, não pode continuar, até porque não está adiantando e os que atuam nessa linha estão sendo desmoralizados com os vazamentos”, afirmou o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR). Além da necessidade de convocar Vaccari, o parlamentar reforçou a importância de quebrar os sigilos fiscais e bancários das empreiteiras.

O líder do PSDB na Câmara, deputado Antônio Imbassahy (BA), apontou ainda para a necessidade de aprovar a convocação de Renato Duque, diretor de Serviços da Petrobras com quem Vaccari atuava diretamente, segundo Costa. “Nós também temos de priorizar o depoimento de Duque, já que ele foi indicado por José Dirceu. Sem dúvidas, o mensalão permaneceu ao longo de todo o governo da presidente Dilma Rousseff”, afirmou. “Pela dimensão do escândalo, é difícil encontrar um brasileiro que possa acreditar que a presidente Dilma não sabia de nada. Essa declaração dela só estimula a corrupção ao passar a sensação de que está protegendo criminosos e contribuindo para a impunidade”, continuou.

Por Reinaldo Azevedo

 

Marina quer transformar sua derrota em vitória e faz política do fato consumado. Aí, não dá!

Estava previsto que Marina Silva anunciasse nesta quinta seu apoio ao tucano Aécio Neves. Ela o faria depois de reunião com os partidos que sustentaram a sua candidatura. No começo da madrugada, ela recuou e decidiu não participar do encontro. Em vez disso, juntou-se a um grupo da Rede e elaborou uma carta com exigências ao candidato tucano. Depois de ela própria ter dito que mais de 60% do eleitorado cobram mudança, sinalizando adesão a Aécio e de esse comportamento ter sido saudado por muita gente, ela deu vários passos para trás.

Agora Marina quer que o candidato tucano se comprometa a não dar apoio a um projeto de seu vice, Aloysio Nunes Ferreira, que permite que, em casos excepcionais, menores possam ser responsabilizados por crimes hediondos. Ela  exige também que o candidato se comprometa a combater um projeto de lei que transfere para o Congresso a responsabilidade sobre demarcação de terras indígenas. E quer ainda que ele se comprometa com metas de reforma agrária propostas pelo MST. E, claro!, que adote o tal crescimento com sustentabilidade.

Líderes da Rede estão dizendo nos bastidores que a urgência não é de Marina, mas de Aécio. O texto ainda vai adiante: afirma que o desejo de mudança “foi tragado para dentro da velha polarização PT x PSDB” e que, “nessa encruzilhada, nenhum dos caminhos aponta para uma saída política de profundidade, capaz de reduzir as desigualdades sociais promovendo a plena cidadania”.

Não dá!
Bem, não sei o que vai fazer Aécio, mas acho que Marina Silva deveria se lembrar que ela obteve 22.176.619 votos, e Aécio, 34.897.211. Na prática, a candidata pretende que o programa que foi derrotado nas urnas se sobreponha ao que chegou à frente. Mais: as pesquisas eleitorais apontam hoje que, com ou sem Marina, Aécio venceria a disputa.

Eis Marina: é uma liderança política que, tudo indica, pretende chegar sozinha ao poder. O que ela quer? Ganhar no tapetão? Impor o seu programa por intermédio da vitória de outro? Isso não é negociação, mas política do fato consumado.

Esse negócio de Marina ter pouco apreço à palavra empenhada em nome da coerência conduz a uma contradição sem saída. Noto que Aécio Neves, para o seu próprio bem, jamais avançou o sinal e nunca pediu apoio a Marina. Ela é que decidiu se antecipar, para recuar em seguida.

Em 2010, ela já foi por aí e declarou a sua neutralidade. Não sei se Serra teria vencido com o seu apoio e não especulo. Uma coisa é certa: tivesse dependido dela, não teria conseguido do mesmo jeito. Marina só aceita fazer acordos políticos desde que o outro ceda. Isso explica muita coisa.

De resto, como esquecer: o MST é aquele movimento presidido por João Pedro Stedile, que subiu no palanque para demonizá-la, prometendo manifestações diárias caso ela se elegesse.

Por Reinaldo Azevedo

 

Reação de Aécio às imposições de Marina é impecável. Ou: Líder da Rede precisa tomar cuidado para que “Nova Política” não vire política velha

Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, concedeu a entrevista coletiva de todo dia, e o tema principal, como não poderia deixar de ser, foram as exigências feitas por Marina Silva, da Rede, para declarar apoio à sua candidatura. Entre outros itens, ela quer que o presidenciável retire o apoio ao projeto do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), seu vice, que permite que, em situações excepcionais, menores a partir dos 16 anos possam ser processados criminalmente, o que só seria feito depois de ouvidos o Ministério Público da Infância e da Juventude e a Justiça. Marina, tudo indica, resolveu transformar essa questão num de seus cavalos de batalha.

Ela também quer que o tucano se comprometa com o passe livre estudantil, que se comprometa com metas do MST, que se comprometa com o desenvolvimento sustentável, que… Bem, Marina quer, tudo indica, tomar o lugar de Aécio na chapa. Isso não é negociação.

Na coletiva, a fala de Aécio foi impecável do ponto de vista da lógica do processo: “O essencial hoje é a mudança. O caso não é de abrir mão de propostas. É aprimorarmos. Se formos reconstruir o projeto desde o início, não estamos fazendo uma aliança. Aliança tem que acontecer em torno do essencial. O essencial hoje é a mudança. E eu, pela vontade de grande parte dos brasileiros, tenho a responsabilidade de conduzir essa mudança”.

O candidato voltou a defender a proposta de Aloysio e lembrou que a alteração atingiria apenas 1% das infrações cometidas por jovens entre 16 e 18 anos. Mas disse ver convergências com o programa defendido por Marina nas eleições: “Nosso programa tem muita inserção social, educação e sustentabilidade. Mas, quando se busca um apoio no segundo turno, isso não pode nos levar também a abdicar daquilo que acreditamos que seja essencial para o país. Vejo muito mais convergências entre o que tenho ouvido das propostas da candidata Marina do que divergências.”

E fez uma avaliação correta e historicamente fundamentada: “As mudanças não são uniformes. As pessoas que esperam mudanças se distinguem em determinados aspectos ou temas. Na articulação em torno de Tancredo Neves, tinha desde partidos comunistas à Frente Liberal, considerados por alguns da ‘direita conservadora’. Fizeram isso porque Tancredo representava a possibilidade de reencontrarmos a democracia no Brasil. Uma aliança no segundo turno se dá em torno de objetivos maiores: um governo eficiente e ético”.

É isso! Nada a opor ou a acrescentar. Ou talvez acrescente uma coisa: só o PT, entre os oposicionistas, ficou fora daquele arco de alianças que apoiou Tancredo. E ainda expulsou três deputados que votaram no Colégio Eleitoral: José Eudes, Bete Mendes e Airton Soares. Marina Silva, em 2014, não deveria repetir o PT de janeiro de 1985, há quase 30 anos. É política velha, não nova política.

Por Reinaldo Azevedo

 

Pela primeira vez, Aécio aparece à frente de Dilma numericamente: 46% a 44% — ou 51% a 49% dos votos válidos

É… Nunca antes na história “destepaiz”, dois institutos de pesquisa coincidiram tanto, não é? Depois de enormes divergências ao longo do primeiro turno e de ambos terem errado para valer, parece que Ibope e Datafolha ajustaram seus critérios e leram do mesmo modo a vontade popular. Se a eleição fosse hoje, dizem, o tucano Aécio Neves teria 46% dos votos no segundo turno, e a petista Dilma Rousseff, 44%. Nos dois, “brancos, nulos ou nenhum” somam 10%. Assim, os candidatos têm também o mesmo número de votos válidos: 51% para ele e 49% para ela. É a primeira vez na corrida presidencial que Aécio aparece à frente de Dilma.

O Ibope ouviu 3.010 eleitores no dias 7 e 8. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-01071/014. O Datafolha ouviu 2.879 eleitores nos dias 8 e 9. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-01068/2014. Em ambos, a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.

Para lembrar: no primeiro turno, Dilma obteve 41,59 dos votos válidos, e Aécio, 33,55%. A ser como dizem Ibope e Datafolha, Dilma ganhou, até agora, apenas 2,41 pontos; Aécio avançou muito mais: 12,45 pontos.

Nesta quarta, o Instituto Paraná também divulgou um levantamento. Nesse caso, a diferença em favor de Aécio é bem maior: 45% a 39%, com margem de erro de 2,2 pontos para mais ou para menos. Nos válidos, a disputa estaria 54% a 46%. O PT, obviamente, está em pânico, o que explica a violência no horário eleitoral, questão que tratarei em outro post.

Ibope e Datafolha  publicaram também os números sobre a avaliação do governo Dilma. No primeiro instituto, ele é considerado bom ou ótimo por 39% dos entrevistados; é regular para 33% e ruim ou péssimo para 27%. No segundo, o índice de ótimo e bom também é de 39%, e há uma divergência no regular — 38% — e ruim ou péssimo: 22%.

Vamos ver, agora, quando os institutos começarão a divergir e quem chegará mais perto do resultado das urnas.

Por Reinaldo Azevedo

 

O PT e o PSDB na televisão: virulência ou suavidade; mudancismo ou terror; união ou arranca-rabo de classes

O horário eleitoral gratuito voltou ao ar nesta quinta-feira. Comentarei o conteúdo de cada um. Mas o que interessa agora é apontar as respectivas estratégias. O primeiro programa a ir ao ar foi o do PT. Dilma deixou claro que quer mesmo partir para a pancadaria. O negócio dela é dividir o Brasil entre “nós” (eles) e “eles” (nós). Para ela, não se trata de uma disputa eleitoral, mas de um confronto entre “dois modelos de país”. Um deles seria, segundo diz, de FHC, que Aécio representaria e que teria “quebrado o Brasil três vezes” — o que é uma mentira histórica, mas e daí?

Dilma voltou a fazer outra acusação falsa. Disse que o governo tucano “privatizou patrimônio público a preço de banana”. Também é mentira. A menos que as bananas valessem seu peso em ouro. Um ano depois, as ações da Telebras que foram vendidas — a privatização da telefonia — valiam em Bolsa menos do que o governo havia arrecadado com a venda. O Brasil só tem hoje muito mais celulares do que pessoas porque o setor privado entrou no negócio. De resto, tivesse havido ilegalidade, por que o PT não reverteu o processo? Daria confusão, sim, mas possível era.

Foi adiante na mistificação e afirmou que o PT chegou ao poder com 50 milhões de brasileiros “na indigência”. É mentira também. Aliás, o partido faz uma baita confusão com o que seja miséria, pobreza, fome etc. Misturou tudo. “Fome” como um problema de massas já não havia no país quando Lula chegou ao poder, em 2003. É por isso que o seu “Fome Zero” nunca saiu do papel. No lugar, o petista adotou o Bolsa Família, um programa herdado de FHC.

A propaganda investiu pesado no arranca-rabo de classes e fez uma indignidade com FHC. Numa entrevista, o ex-presidente comentou que a desinformação levava, sim, muita gente a votar em Dilma. Em que contexto? Os petistas espalham a mentira de que, se algum outro presidente se eleger, acaba o Bolsa Família. É, é evidente, só acredita nisso quem está desinformado. No horário do PT, a entrevista do ex-presidente foi transformada numa manifestação de suposto preconceito contra os pobres.

Ironia: no dia em que vieram a público as revelações de Paulo Roberto Costa e de Alberto Youssef sobre como funcionava o esquema corrupto na Petrobras, inclusive durante o processo eleitoral que fez Dilma presidente, ela prometeu, se reeleta, combater… a corrupção!!!

Aécio
O programa de Aécio deixou de lado a pancadaria e preferiu iniciar com o tom elevado do agradecimento. A peça publicitária parece especialmente voltada para Minas Gerais, onde o tucano teve menos votos do que se esperava. Nem de longe Minas seguiu, por exemplo, o padrão de São Paulo, que foi muito mais “mineiro”. Em seu estado natal, o tucano ficou com 39,75% dos votos, contra 43,48% da petista; em São Paulo, o placar foi favorável a ele, com uma vantagem estrondosa: 44,22% a 25,82%.

Foram ao ar imagens do jovem Aécio ao lado de Tancredo Neves, num momento crucial da história do país: o fim da ditadura, quando o avô do agora candidato tucano costurou a participação da oposição no Colégio Eleitoral, o que permitiu a transição pacífica para a democracia.

Aécio acenou ainda aos eleitores de Marina Silva — sem citá-los explicitamente, mas lembrando que a maioria do eleitorado pediu mudanças — e também chamou a votar os que se abstiveram no primeiro turno, uma massa gigantesca, de quase 30 milhões (19,39% do eleitorado): precisamente, 27.698.475 pessoas. Notem: as abstenções superam os votos dados a Marina — 22.176.619 — em exatos 5.521.856 indivíduos aptos a votar.

O confronto com a petista, bem leve, ficou para o fim: apresentadores opõem Aécio a Dilma, afirmando que ela é candidata que representa a continuidade do que está aí e que ele encarna a mudança.

Os dois programas refletem o momento de cada campanha. Aécio vem de uma trajetória ascendente e pode falar em nome de uma esperança que diz estar nas ruas. Dilma, ao contrário, vem de uma dita expectativa de até vencer no primeiro turno para um confronto acirrado no segundo, em que provavelmente está atrás. Isso explica a suavidade dele e a virulência dela.

Vamos ver os próximos lances. E que se note: confronto e críticas mútuas fazem parte do jogo. O que não é tolerável numa campanha é a mentira.

Por Reinaldo Azevedo

 

A presidente Dilma tem o dever moral e constitucional de cobrar que a candidata Dilma seja mais responsável e pare de dizer mentiras

Eu não quero falar com a candidata Dilma Rousseff, que concorre à Presidência da República pelo PT. Sou tolerante. Sei que aqueles que disputam eleições são meio falastrões às vezes. Encantam-se com o som da própria voz e acabam falando uma sandice ou outra. Eu quero falar é com a presidente Dilma Rousseff.

Eu quero é falar com aquela senhora que, mesmo disputando votos, continua a ser a suprema mandatária do país; continua com todas as prerrogativas quase imperiais de que dispõe um chefe do Executivo em nosso país; continua a gozar dos benefícios verdadeiramente milionários, pagos por nós, que garantem a alguém na sua condição mais do que a segurança e o conforto necessários.

Se a um candidato ou candidata se podem tolerar certos deslizes, da presidente da República é preciso cobrar responsabilidade, decência, verdade. Em visita à Bahia, Dilma fez duas coisas detestáveis, perigosas, nesta quinta.

Num ato de campanha em Salvador, depois de ter concedido uma entrevista absurda, Dilma resolveu demonizar Armínio Fraga, que será ministro da Fazenda de Aécio Neves caso este se eleja. Leiam:

“Uma coisa muito grave é quando eles implicam com o salário mínimo. Implicar com o salário mínimo é a maior característica desse ministro; aliás, desse senhor que foi presidente do Banco Central durante o governo Fernando Henrique Cardoso, que aparece como eventual ministro da Fazenda, que não vai ser. Ele não gosta do salário mínimo. Eles acham que têm que reduzir o salário mínimo para resolver as questões sociais do Brasil. Isso é a típica proposta que fez com que o país quebrasse três vezes. Isso é um escândalo”.

A fala da candidata Dilma é mentirosa. A da presidente Dilma é irresponsável. Atenção, senhores representantes da Justiça Eleitoral e do Ministério Público Eleitoral: nos oito anos do governo FHC, o mínimo teve valorização real — descontada a inflação, pelo IPCA — de 85,04%; nos oito anos de Lula, foi um pouco maior: 98,32%; nos quatro anos de Dilma, deverá ser de apenas 15,44%.

Destaco outro fato, leitores. Pela lei em vigência, o ano de 2015 será o último no qual será adotada a atual fórmula de correção do salário mínimo: variação da inflação do ano anterior e do PIB de dois anos antes. Isso foi definido pelo Congresso Nacional no início de 2011. O partido Solidariedade e Aécio Neves já apresentaram projeto que estende a atual fórmula até 2019 — um ano depois do fim do próximo mandato. Sabem quem decidiu combater o texto nos bastidores? O PT. O PT de Dilma Rousseff. Eu estou lidando com fatos.

Mas isso ainda nem foi o pior que fez a candidata Dilma Rousseff, esquecendo-se de que é também a presidente Dilma Rousseff, ela decidiu jogar brasileiros contra brasileiros; ela decidiu investir numa forma muito particular de guerra civil; ela decidiu hostilizar as regiões Sudeste e Sul do Brasil numa entrevista a uma rádio na Bahia.

Afirmou:
“Eles estão fazendo uma oposição ridícula entre Sudeste e Nordeste em termos de votos meus [...] O Sudeste não é oposto ao Nordeste. Então é uma visão absolutamente preconceituosa e elitista, dizendo que os meus votos são dos ignorantes e, os dos ilustrados, são deles. É um desrespeito. Como eles não andam no meio do povo, como eles não dão importância para o povo brasileiro, eles querem desqualificar o povo brasileiro”.

Não! Quem está promovendo essa oposição é a própria Dilma. O que seus adversários apontam, aí, sim, é que ela faz a política do medo e aterroriza a população mais pobre com mentiras como a do salário mínimo.

Se existe preconceito, ele está embutido na fala da petista. A presidente Dilma tem o dever de cobrar que a candidata Dilma não tente vencer a eleição no berro, opondo todos contra todos. A presidente Dilma tem o dever de cobrar que a candidata Dilma seja mais responsável. A presidente Dilma tem o dever de cobrar que a candidata Dilma pare de promover a guerra entre os brasileiros.

Por Reinaldo Azevedo

 

Tesoureiro do PT operava propina da Petrobras, diz Costa; quadrilha atuava ainda neste ano

Por Rodrigo Rangel e Hugo Marques, na VEJA.com:
No depoimento que prestou nesta quarta-feira à Justiça, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa deu o nome dos operadores dos partidos que recebiam e administravam o dinheiro desviado da estatal. Ele afirma que a propina do PT era administrada pelo tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto, que tratava diretamente com o então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque. O operador da propina que cabia ao PMDB era o lobista Fernando Soares, também conhecido como Fernando Baiano. “Dentro do PT a ligação que o diretor de serviços tinha era com o tesoureiro na época do PT, o senhor João Vaccari. A ligação era diretamente com ele. Do PMDB, da Diretoria Internacional (comandada por Nestor Cerveró), o nome que fazia essa articulação toda chama Fernando Soares.” Abaixo, segue o áudio com o depoimento, que foi liberado pela Justiça. Ouça quando tiver tempo.

O esquema operando em 2014
A pedido do Ministério Público, Paulo Roberto deu explicações sobre uma planilha apreendida pela Polícia Federal em que aparecia uma lista de empreiteiras que, por meio dele, ajudariam nas eleições. Ele diz que a planilha se referia, especificamente, a empresas que poderiam fazer doações para a campanha de um candidato ao governo do Rio de Janeiro nas eleições deste ano. O nome do candidato não foi citado.

“Teve um candidato ao governo do Rio de Janeiro que me procurou, eu já tinha saído da Petrobras. Foi no início de 2014 e o objetivo era que eu preparasse pra ele um programa de governo na área de energia e infraestrutura de um modo geral. Participei de umas três reuniões com esse candidato e foi listada uma série de empresas que poderiam contribuir com a campanha que ele estava concorrendo. Ele me contratou para fazer o programa de energia e infraestrutura de modo geral. Listou uma série de empresas. Algumas que eu tinha contato e outras, não. Hope RH não conheço. Mendes Júnior conheço, UTC conheço, Constran nunca tive contato, Engevix conheço, IESA conheço e Toyo Setal conheço. Foi solicitado que houvesse a possibilidade de essas empresas participarem da campanha (…) Era uma candidatura para o Rio de Janeiro.”

Transpetro
O ex-diretor afirma que o esquema também funcionava em pelo menos uma das subsidiárias da Petrobras, a Transpetro, cujo presidente, Sergio Machado, é indicado do PMDB. Paulo Roberto diz ter recebido das mãos do próprio Sergio Machado 500 mil reais, a título de propina pela contratação de navios – ele diz que recebeu porque se tratava de um negócio que precisava também do aval de sua diretoria. Sergio Machado presidente a Transpetro até hoje. “A Transpetro tem alguns casos de repasse para políticos (…) Recebi uma parcela da Transpetro. Recebi, se eu não me engano, 500.000 reais. (Quem pagou) foi o presidente da Transpetro, Sergio Machado (…) Foi devido à contratação de alguns navios e essa contratação depois tinha que passar pela Diretoria de Abastecimento (…) Esse valor me foi entregue diretamente por ele (Sérgio Machado) no apartamento dele, no Rio de Janeiro.”

Rateio da propina
Costa também afirmou que a maior parte da propina cobrada na Diretoria de Abastecimento era dividida entre o PP e o PT. Ela afirma que dos 3% pagos pelas grandes empreiteiras por contratos fechadas com a Diretoria de Abastecimento, 1% ia para o PP e 2% iam para o PT. O ex-diretor revelou que a parcela que cabia ao caixa petista era administrada pela Diretoria de Serviços, encarregada de organizar as principais licitações da Petrobras, e comandada por Renato Duque, indicado do PT, que tinha como padrinho o mensaleiro José Dirceu.

“Dos contratos da área de Abastecimento, dos 3%, 2% eram para atender o PT através da diretoria de serviço. Outras diretorias, como Gás e Energia e como Exploração e Produção, também eram (do) PT. Então se tinha PT na Exploração e Produção, PT na Diretoria de Gás e Energia e PT na área de Serviços. O comentário que pautava lá dentro da companhia é que nesse caso os 3% ficavam diretamente para o PT. O que rezava dentro da companhia é que esse valor seria integral para o PT. A Diretoria Internacional tinha indicação do PMDB. Então tinha recursos que eram repassados para o PMDB na diretoria Internacional.”

Cartel de empreiteiras
O ex-diretor informou ainda que a organização criminosa que operava na estatal era muito mais sofisticada do que parecia. Segundo ele, havia um cartel de grandes empreiteiras que escolhia as obras, decidia quem as executaria e fixava os preços. Era como se a companhia tivesse uma administração paraestatal.

Costa listou oito empreiteiras envolvidas no cartel: Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, Iesa, Engevix, Mendes Junior e UTC – e os nomes de seus interlocutores em cada uma delas. As empreiteiras superfaturavam os custos e repassavam até 3% do valor dos contratos para os “agentes políticos”. No caso da diretoria de Abastecimento, comandada por Paulo Roberto Costa, o dinheiro desviado era dividido entre o PT, o PMDB e o PP. “Na realidade o que acontecia dentro da Petrobras, principalmente a partir de 2006 para frente, era um processo de cartelização”, afirmou.

“Ficou claro para mim esse, entre aspas, acordo prévio entre as companhias em relação às obras. Existia claramente e isso me foi dito pelas empresas que havia uma escolha de obras dentro da Petrobras e fora da Petrobras. Por exemplo, usina hidrelétrica de tal lugar, neste momento qual empresa está mais disponível para fazer? E essa cartelização obviamente resulta num delta preço (diferença de preço) excedente”, prosseguiu. “Na área de petróleo e gás, essas empresas, normalmente, entre os custos indiretos e seu lucro, o chamado BDI, elas normalmente colocam algo entre 10 e 20%. O que acontecia especificamente nas obras da Petrobras? Por hipótese, o BDI era 15%? Então se colocava em média 3% a mais. E esses 3% eram alocados para agentes políticos. Em média, 3% de ajuste político.”

Esquema financiou “várias” campanhas em 2010
Segundo Paulo Roberto, as “empresas do cartel” tinham pleno conhecimento de que a propina servia para abastecer políticos e campanhas eleitorais. O ex-diretor da Petrobras afirmou que, nas eleições de 2010, o esquema financiou “várias” campanhas. Por impedimento legal, o ex-diretor não pode revelar quais.

A propina do PP
Indicado pelo PP para a diretoria de Abastecimento, Paulo Roberto ficou milionário. Em apenas uma de suas contas no exterior foram encontrados 26 milhões de dólares. Ele e o doleiro Alberto Youssef ficavam com um pedaço da cota de propina destina ao partido. “Do 1% que era para o PP, em média, obviamente que dependendo do contrato podia ser um pouco mais um pouco menos, 60% iam para o partido, 20% era para despesas, nota fiscal, envio, etc., e os 20% restantes eram repassados 70% pra mim e 30% para Janene ou Alberto Youssef (…) Eu recebia em espécie, normalmente na minha casa ou no shopping, ou no escritório depois que eu abri a companhia minha de consultoria (…) Normalmente (quem entregava era) ou Alberto Youssef ou Janene.”

Por Reinaldo Azevedo

 

Depoimento de Paulo Roberto atinge o coração do PT e a campanha de Dilma em 2010. Ou: A depender das urnas, titular do próximo quadriênio não chega ao fim

O PT está numa enrascada. O pior é que, a depender do resultado das urnas, o Brasil também. Vamos ver, como diria o poeta Horácio — na bela ode em que homenageia a sua Leuconoe — , que destino os deuses nos reservam. Conforme for, a pessoa que encabeçar o próximo quadriênio na Presidência da República não chegará ao fim do mandato, que pode ser abreviado ou pela Justiça ou por um processo de impeachment. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, prestou seu primeiro depoimento à Justiça depois do acordo de delação premiada. Ele sabe que, caso comece a dizer sandices e invencionices, o pacto é desfeito, e ele arca não só com o peso inicial dos delitos cometidos como com sanções novas. Assim, deve-se, quando menos, prestar atenção ao que diz.

Paulo Roberto afirmou com todas as letras que o esquema corrupto que ele operava na Petrobras para políticos recebia 3% do valor líquido dos contratos com a estatal. A fonte principal da corrupção é a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Ela foi orçada em US$ 2,5 bilhões e já está em US$ 19 bilhões e ainda não começou a funcionar. O dinheiro era dividido entre ele próprio e três partidos: PT, PMDB e PP. Segundo a PF, a quadrilha chegou a movimentar R$ 10 bilhões na estatal. Sim, dez BILHÕES! Teriam atuado no esquema Sérgio Machado, presidente da Transpetro — de quem Paulo Roberto admite ter levado uma propina de R$ 500 mil —, Nestor Cerveró, Jorge Zelada e o petista Renato Duque, todos ex-diretores da estatal.

Mas não só. José Eduardo Dutra, atual diretor Corporativo e de Serviços, também seria ligado ao grupo. Pois é… Dutra foi um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2010. Pertencia ao trio que Dilma apelidou de “Os Três Porquinhos”. Os outros “porquinhos” eram José Eduardo Cardozo, atual ministro da Justiça, e Antonio Palocci, que, segundo Paulo Roberto, pediu R$ 2 milhões ao esquema em 2010 para pagar contas da campanha de Dilma.

Nestor Cerveró, um dos acusados por ele, é o homem que organizou a operação de compra da refinaria de Pasadena, que, segundo o TCU, deu um prejuízo à empresa de US$ 792 milhões. Na delação premiada, Paulo Roberto já confessou que levou propina também nessa operação. Dilma, à época, era presidente do Conselho e alegou não saber de nada. Logo depois, Cerveró deixou o cargo, mas a já presidente Dilma o nomeou para ser diretor financeiro da BR Distribuidora. Renato Duque sempre foi considerado o homem do PT na Petrobras e ocupou a poderosa Diretoria de Serviços entre 2003 e 2012. Jorge Zelada, ex-diretor da Área Internacional, foi indicação do PMDB.

Até onde vai Paulo Roberto Costa? Insisto: ele conhece os termos de uma delação premiada. Se falsear ou se tentar induzir a Justiça a erro, em vez da liberdade possível, ficará mofando na cadeia por muitos anos. Todos têm direito de se defender e certamente o farão. O fato é que Paulo Roberto Costa está dizendo que a campanha eleitoral do PP, do PMDB e do PT — inclusive da então candidata Dilma Rousseff — foi em parte financiada com dinheiro sujo, roubado da Petrobras.

E agora? Se Paulo Roberto Costa estiver certo, a Papuda será pequena para abrigar tantos tubarões.

Por Reinaldo Azevedo
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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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2 comentários

  • wilfredo belmonte fialho porto alegre - RS

    Um dos maiores males e que assombram a nossa economia é a violência, isto tem feito com que o produto"Brasil" seja caro,pois o seu preço de venda tem embutido um percentual muito grande por roubos, além de que os custos de mão de obra com segurança também façam parte destes custos. Temos que renovar a política de segurança, começando por responsabilizar os menores

    por seus crimes os quais serão no futuro os chefes de quadrilha. Só louco, ou uma mente muito doente para acreditar que um menor não sabe o que faz, tanto sabe que ele tem pleno conhecimento que os seus crimes não dá em nada pois ele é "di menor", Rouba, mata, estrupa e no máximo pega três anos de reclusão, só mesmo aquí na república do faz de conta.

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  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, os petistas no inicio desta campanha à presidência tinham um mantra: “volta Lula”!

    O inicio dos depoimentos de delação premiada de Alberto Youssef em conjunto com Paulo Roberto Costa, tem causado “constrangimento” aos políticos.

    A indignação de muitos brasileiros, pela revisão da sentença de “Formação de Quadrilha” dada aos políticos do mensalão pelo STF e depois “perdoada” dizendo que não houve a formação de quadrilha, volta à cena outra vez, agora com muito mais ênfase. O pior é que os ministros do STF são os mesmos que “passaram a mão na cabeça dos políticos bonzinhos” e, não os condenaram no mensalão por formação de quadrilha e a maioria já está cumprindo “prisão domiciliar”.

    Diante disso, lanço uma campanha com o mantra dos “brasileiros autênticos” (àqueles que acreditam que o Brasil tem jeito):

    VOLTA JOAQUINZÃO !! (só com a presença de homens sérios no STF, a justiça será levada a sério!!)

    ....”E VAMOS EM FRENTE” ! ! !....

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