"Só falta você, Joaquim Barbosa!", por Rodrigo Constantino

Publicado em 13/10/2014 15:16 e atualizado em 14/10/2014 15:26
por Rodrigo Constantino, de veja.com

Só falta você, Joaquim Barbosa!

Prezado Joaquim Barbosa,

Tenho respeito por sua pessoa. Nem sempre concordei com suas ideias ou sua postura. Consigo imaginar o quão desesperador deve ser aturar de dentro a podridão do sistema sem poder passar do ponto na reação, mas ainda assim critiquei diversas vezes aquilo que outros chamaram de “destempero”. A presidência do STF demanda certa liturgia do cargo em prol dos valores republicanos, e nem sempre você foi capaz de cumpri-la.

Dito isso, o saldo que faço de sua passagem pelo Supremo é altamente favorável. Demonstrou coragem para enfrentar uma quadrilha organizada infiltrada na mais alta cúpula do poder, assumindo o risco pessoal desse combate. As dores na coluna adicionaram novos obstáculos, mas sua persistência produziu resultados, e o Brasil respirou aliviado quando viu José Dirceu sendo preso, algo inédito em nossa história. Mérito seu, em grande parte.

Tamanha foi a esperança que despertou no povo brasileiro, que muitos chegaram a sonhar com um “salvador da Pátria”, atribuindo ao seu nome uma expectativa quase messiânica. Nunca gostei de messias e sempre mantive cautela, mas confesso que também alimentei a esperança de que o país estava, finalmente, mudando para melhor, avançando contra o Antigo Regime. Você teve tudo a ver com isso.

Inesperadamente, resolveu se aposentar antes do tempo, uma decisão até hoje não totalmente compreendida por muitos. Houve ameaça? Foi puro cansaço de bater de frente contra essa turma poderosa? Só você é capaz de responder, e o sigilo é um direito seu. Sem dúvida teve suas razões para tomar essa decisão, que os brasileiros decentes lamentaram. O caminho, afinal, ficou livre para ministros não tão republicanos assim, e claramente alinhados ao próprio PT, cujo aparelhamento da máquina estatal não poupou nem o STF.

Rumores circularam de que você poderia se candidatar nesta eleição, ou então aceitar ser vice na chapa de algum candidato de oposição, o que foi aventado. Nada. Permaneceu distante do pleito e da política. Em seguida, surgiram boatos de que o tucano Aécio Neves o convidaria para ser ministro da Justiça em seu eventual governo, o que deixou muita gente uma vez mais repleta de esperança. Seria, convenhamos, um golpe fatal no PT e em seu bolivarianismo golpista.

Mas novamente tivemos apenas silêncio de sua parte. Por isso mesmo, caro Joaquim, venho aqui solicitar que ao menos declare abertamente seu voto. Não é razoável uma postura neutra, passiva, diante do que o Brasil enfrentará nas urnas no próximo dia 26. Estamos falando de uma decisão crucial que poderá definir o destino de nossa democracia.

Tudo aquilo que você ajudou a construir poderá ir para o lixo se o PT tiver mais quatro anos no poder. Como se manter indiferente? Como não cumprir com um dever cívico e emprestar sua credibilidade à causa de conter o avanço do lulopetismo e impedir uma tragédia como a venezuelana?

Com todas as divergências ideológicas, vários outros políticos se uniram em torno da candidatura de Aécio Neves, incluindo Marina Silva. Estamos diante de algo maior aqui, de uma necessidade urgente de preservar a nossa democracia. Será que o tucano não merece sua declaração pública de voto?

Pense em tudo aquilo que o PT e seus militantes fizeram com você nesses últimos anos. Foi golpe baixo atrás de golpe baixo. Um blog de apoio a Dilma chegou a associá-lo a um macaco, demonstrando de onde vem o verdadeiro racismo. Você foi massacrado pelos militantes petistas, que prefeririam enaltecer os criminosos que você ajudou a mandar para a prisão, tratados por eles como “heróis” injustiçados. Você, caro Joaquim, tornou-se um ícone da “elite branca golpista” para esses safados. Não pretende reagir?

Essa seria uma ótima oportunidade de responder a eles, mostrando a diferença entre as pessoas sérias desse país e os canalhas. Lembre-se do que fizeram com a informação de que você havia comprado um apartamento em Miami, algo absolutamente legal e legítimo, mas transformado em arma contra sua reputação. Você foi alvo dessa máquina de destruição de reputações que o PT tem usado contra tantos adversários, vistos por eles como inimigos mortais.

Pense, caro Joaquim, que o próximo presidente vai indicar novos ministros do STF, talvez cinco deles. Se Dilma for reeleita, simplesmente todos os ministros do Supremo terão sido apontados pelo PT. E agora eles aprenderam a lição: não haverá um novo Joaquim Barbosa por lá, para se recusar a fazer vista grossa contra a podridão parida nos altos escalões do governo.

O escândalo da Petrobras, o maior que se tem notícia em nossa história, será julgado em breve. A sujeira é muito grande e atinge muita gente importante. A delação premiada de dois participantes do esquema desnuda uma quadrilha instalada dentro da maior estatal do país. Você realmente deseja que isso tudo seja julgado em um governo do PT?

Há momentos que definem nossa vida, estimado Joaquim. São atos que determinam qual será nosso legado, como seremos julgados amanhã. Eu acredito que estamos diante de um momento desses. Acho que não é aceitável, para muitos brasileiros como eu, que alguém de sua posição simplesmente não tome partido e não se manifeste, o que seria sinônimo de indiferença.

Portanto, venho aqui, repito, pedir que reflita bastante sobre o que seria melhor para o país como um todo, e que compartilhe com o povo brasileiro, que depositou em você tanta esperança, a sua conclusão.

Cordialmente,

Rodrigo Constantino

 

Aloizio Mercadante e Conceição Tavares defenderam o Plano Cruzado: alguém fica surpreso com a volta da inflação?

O Plano Cruzado tinha, entre seus principais pilares, o congelamento de preços como instrumento para o combate à inflação. Era “simples assim”: o governo decretava o fim da inflação e pronto. Bastava fiscalizar depois os mercados, pois a alta de preços era culpa da ganância dos empresários. Os “insensíveis” se recusavam a manter os preços determinados arbitrariamente pelo governo.

É a mesma ladainha que Maduro usa hoje na Venezuela e Kirchner na Argentina, países cujos modelos o PT aplaude. Pois bem: vejam quem estava lá, indo na televisão fazer campanha pelo congelamento de preços do Plano Cruzado e condenando a ganância dos empresários:

Isso mesmo: ninguém menos do que Aloizio Mercadante, figura de enorme destaque no governo Dilma e cotado até para assumir o comando da economia em um eventual segundo mandato (Deus nos livre!). É a mentalidade tacanha dessa turma, que não mudou desde então. Vejam mais essa ilustre figura petista falando sobre o plano na época:

Maria de Conceição Tavares, uma espécie de guru de Dilma, simplesmente chorou de emoção na TV com o Plano Cruzado. Era muita felicidade e pouca inteligência. A inflação seria derrotada por decreto estatal. Como era fácil…

Em compensação, os petistas foram contra o Plano Real, dos tucanos, que realmente conseguiu debelar nossa hiperinflação. Diante disso, pergunto: alguém ainda fica surpreso com a volta da alta inflação no governo Dilma?

Rodrigo Constantino

 

Brasil de Dilma: o lanterninha no crescimento

Tanto a presidente Dilma como seu ministro Guido Mantega têm repetido insistentemente que o problema do nosso baixo crescimento se deve à “crise internacional”. É preciso bater nessa tecla de forma cansativa, pois a alternativa seria reconhecer o gritante fracasso da “nova matriz macroeconômica” adotada por seu governo. Mas há respaldo na realidade tal afirmação?

Não, não há. O Brasil de Dilma é simplesmente o lanterninha no crescimento, mesmo se considerarmos somente os vizinhos latino-americanos (incluir os asiáticos na comparação seria muita covardia). O crescimento acumulado de nosso PIB em dólares durante os três primeiros anos do governo Dilma foi praticamente nulo! Vejam:

Fonte: Banco Mundial / Bloomberg

Fonte: Banco Mundial / Bloomberg

Visto de outra maneira, só para deixar bem claro o quanto nossa economia ficou para trás nesse período:

Fonte: Banco Mundial / Bloomberg

Fonte: Banco Mundial / Bloomberg

A Argentina está com o crescimento superestimado devido ao câmbio artificialmente controlado e aos dados oficiais manipulados. O nosso câmbio, vale notar, também está artificialmente valorizado por meio de leilões do Banco Central, que já fez quase US$ 100 bilhões em swaps cambiais. Se o dólar estivesse flutuando livremente, estaria acima do valor atual, o que daria um PIB em dólares ainda menor para o Brasil.

Um Pangloss, diante desse quadro lamentável, poderia dizer que tudo será melhor agora, que o pior já passou, que o Brasil vai “bombar” este ano. Nada mais falso. As projeções para o crescimento econômico de 2014, que não foram incluídas no gráfico, pioram ainda mais a situação relativa do Brasil. Eis as estimativas de crescimento para este ano:

Fonte: Banco Mundial / Bloomberg

Fonte: Banco Mundial / Bloomberg

Como podemos ver, o Brasil continua na lanterna, melhor apenas que a Argentina, país cujo governo bolivariano é elogiado pelo PT. O PIB brasileiro simplesmente estagnou durante a gestão de Dilma, e a conclusão é evidente: a causa disso é totalmente interna, não tem ligação alguma com uma suposta “crise internacional”. Quem repete essa ladainha está deliberadamente tentando enganar os outros.

Rodrigo Constantino

 

Erros seriais mostram que é hora de mudar

Ou o Brasil se livra de Dilma, ou Dilma vai destruir o Brasil

Dois artigos publicados hoje no GLOBO explicam bem os motivos pelos quais o país necessita de mudança na área econômica. Um deles é de Fabio Giambiagi, o outro de Raul Velloso. O de Giambiagi lista alguns dos principais erros seriais cometidos pelo governo Dilma, que focou no estímulo ao consumo como se não houvesse amanhã. Mas chegou a hora de pagar pelos equívocos de ontem.

O economista menciona o estímulo do governo ao consumo de energia em um país com escassez de energia, com reservatórios ameaçados, e ainda lembra da redução arbitrária de tarifas, o que espanta investimentos. Depois cita o o estímulo ao consumo em um país com baixa poupança, o que forçou uma queda na taxa de investimentos. Acrescenta, ainda, o aumento do salário real sem contrapartida na produtividade, o que prejudica sobremaneira nossa competitividade. E conclui:

A lista de erros é longa. E a mãe de todos os erros é a concepção de Estado benfeitor, sintetizada pelo grande regente desse processo, o ex-presidente Lula, que, em 2006, conforme citado na época no blog do jornalista Ricardo Noblat, declarou no dia 24/11 que “o Brasil já fez todos os sacrifícios que tinha que fazer. Pois bem, eu acho que agora o povo brasileiro precisa começar a colher um pouco de benefício do Estado brasileiro”. A um Estado na época já inchado, adicionamos ainda mais despesas. O resultado não poderia ser outro. Como sempre, as consequências vieram depois. Nossa pobre competitividade é fruto desses equívocos.

Já Raul Velloso usa como fio da meada o debate entre Arminio Fraga e Guido Mantega na GloboNews para mostrar como o governo se nega a enxergar a dura realidade a qual ajudou a implantar no Brasil. Quando Dilma e Mantega apontam para a “crise internacional” como desculpa para nosso baixo crescimento e elevada inflação, estão em busca de um bode expiatório: os nossos vizinhos crescem bem mais com menos inflação.

Na raiz dos problemas estaria justamente o estímulo ao consumo pelo governo, feito de forma populista e irresponsável. Velloso converge para a explicação de Giambiagi, que no fundo se trata de uma unanimidade entre os economistas sérios e independentes. Diz ele:

Na verdade, o motivo é simples, mas o governo parece desconhecê-lo. Quando se joga tanta lenha da fogueira do consumo, uma hora os salários sobem no setor de serviços, que não tem concorrentes externos. Esses salários mais altos a indústria não consegue pagar, pois lá há forte competição das importações, com preços em dólar tendendo a cair pelo efeito China etc. Num mundo inundado em dólares, o câmbio cai ainda mais e torna os preços industriais menos capazes, ainda, de absorver aumentos de custos. Daí o encolhimento da indústria e a fuga de investidores. Mantendo a política pró-consumo, também esgotada por outros motivos, o governo dá um tiro no próprio pé.

Outros fatores são apontados, como o baixo investimento do setor público e a demora em se realizar leilões de concessão para a infraestrutura por motivos ideológicos. Com tudo isso, o quadro fiscal vai se deteriorando a cada dia, criando uma bola de neve que vai estourar a qualquer momento. Velloso conclui:

Assim, uma gigantesca crise fiscal nos espreita, e pode levar à perda do “grau de investimento” nas agências internacionais de risco, e depois à crise cambial, à subida das taxas de juros, e a uma maior queda do PIB e, aí sim, do emprego. Só um governo crível e comprometido com a mudança desse quadro todo evitaria o pior.

Não há como discordar. O que está em jogo nessa eleição é evitar ou não um trágico destino econômico. Mais quatro anos desse modelo atual poderão ser fatais para o país, destruindo todas as conquistas de antes. Como lembra Giambiagi, citando outro pensador, o subdesenvolvimento não se improvisa: é obra de séculos. Construir é muito difícil, leva tempo, dedicação, humildade. Destruir é fácil, rápido. Dilma está destruindo tudo aquilo que levamos duas décadas para construir. É hora de mudar!

Rodrigo Constantino

 

Recortes de jornal: é hora de mudança!

A leitura da Folha ficou para o fim do dia neste domingo, pois peguei a estrada de manhã e não tive tempo de terminar todos os jornais. Abaixo, alguns recortes de quatro autores diferentes, todos clamando de uma forma ou de outra pelo mesmo fim: mudança! Comecemos com Ferreira Gullar, o poeta que acaba de se tornar “imortal”:

Nestes últimos meses, os escândalos envolvendo a Petrobras e membros do governo (do PT e de aliados) deixavam claro que a corrupção, já denunciada a propósito da compra da refinaria de Pasadena, era um fato.

As denúncias feitas por Paulo Roberto Costa ganhavam credibilidade, tanto assim que os responsáveis pela apuração dessas denúncias lhe permitiram deixar a prisão e vir cumprir a pena em casa.

[...]

Se mais de 70% dos brasileiros querem mudança, por que mais de 40% votariam nela, ou seja, na continuidade do que aí está? Fora isso, a economia do país não cresce e a inflação aumenta. A preferência por Dilma era um mistério.

[...]

O resultado das urnas mostrou que a maioria do eleitorado, dividido entre Aécio e Marina, supera a votação em Dilma. A vitória da oposição, para espanto geral —especialmente dos petistas—, tornou-se viável.

É um espanto por dia e de tal modo que os comentaristas temem arriscar qualquer previsão. Qual é a razão de tantas surpresas? Talvez seja porque vivemos um período caracterizado pelo fim das ideologias.

Mas cabe aqui ressaltar um fato: o desempenho de Aécio Neves que, contra todas as previsões, enfrentou a queda nas pesquisas, a descrença de muitos e conseguiu dar a volta por cima.

Ele se mostrou realmente capaz de nos ajudar a sair do atoleiro. 

Em seguida, o respeitado jurista Ives Gandra Martins expõe sua irritação com o governo Dilma:

Começo pela corrupção. Não é verdade que, graças a ela, os oito anos de assalto à maior empresa do Brasil, estão sendo rigorosamente investigados. Se quisesse mesmo fazê-lo, teria apoiado a CPI para apurar os fantásticos desvios, no Congresso Nacional.

A investigação se deve à independência e à qualidade da Polícia e do Ministério Público federais que agem com autonomia e não prestam vênia aos detentores do poder. Nem é verdade que demitiu o principal diretor envolvido. Este, ao pedir demissão, recebeu alcandorados elogios pelos serviços prestados!

Por outro lado, não é verdade que a economia vai bem. Vai muito mal. Os recordes sucessivos de baixo crescimento, culminando, em 2014, com um PIB previsto em 0,3% pelo FMI, demonstram que seu ministro da Fazenda especializou-se em nunca acertar prognósticos.

[...]

O mais curioso é que o Plano Real, que tanto foi combatido por Lula e pelo PT, é o que ainda dá alguma sustentação à Presidência.

[...]

Seu principal eleitor (o programa Bolsa Família) consome apenas 3% da receita tributária. Os 97% restantes são desperdiçados entre 22 mil cargos comissionados, 39 ministérios, obras superfaturadas, na visão do Tribunal de Contas da União, e incompletas.

Tenho, pois, como cidadão que elogiou Sua Senhoria, no início –para mim Sua Excelência é o cidadão, a quem a presidente deve servir–, o direito de, no fim de seu governo, mostrar a minha profunda decepção com o desastre econômico que gerou e que me preocupa ainda mais, por culpar os que criam riqueza e empregos em discurso que pretende, no estilo marxista, promover o conflito entre ricos e pobres.

Em terceiro lugar, temos o economista Samuel Pessôa criticando a retórica mentirosa do PT, da qual ele mesmo foi vítima recentemente:

Com o início da campanha do segundo turno na quinta-feira, o programa eleitoral da presidente Dilma Rousseff apresentou diversas manchetes de jornais com vários dados referentes à década de 90 e outros referentes à década de 2000. Há nesta estratégia uma série de truques de retórica.

[...]

Inúmeras melhoras ocorridas na sociedade brasileira nos últimos 30 anos são avanços vegetativos associados à evolução natural da sociedade. Boa parcela da queda da desigualdade na última década segue da melhora educacional –que tem ocorrido desde os anos 40, com forte aceleração em seguida à redemocratização– em associação ao fim de nossa transição demográfica. Pela primeira vez somos uma sociedade com escassez de trabalho. Nada disto deve-se ao PT no governo.

[...]

O segundo truque retórico é a descontextualização da informação. Por exemplo, a dívida pública no governo FHC cresceu. O que não se fala é que mais da metade do crescimento da dívida pública no período resultou da assunção de dívidas passadas que não estavam contabilizadas. 

[...]

O arsenal retórico do PT pode ajudar a reeleger Dilma. Em nada ajuda a evolução da sociedade. 

Por fim, temos a coluna de Henrique Meirelles, que precisa ser mais sutil e caminhar apenas pelo campo das ideias, sem atacar diretamente a presidente Dilma, pois foi, afinal de contas, presidente do Banco Central do governo Lula. Diz ele:

O Brasil está entre os que sofreram maior revisão de crescimento pelo FMI, de 1,3% para 0,3%. E há ainda os países que enfrentam recessão, como a Argentina.

[...]

É preciso buscar caminhos para reverter esse processo. No Brasil, eles passam pelo aumento da confiança para a retomada dos investimentos em produtividade no setor industrial e de serviços para atender ao grande mercado de consumo interno. Passam pela educação, fator crítico no aumento da produtividade. E passam também pelos investimentos em infraestrutura, para atender à demanda criada pela expansão econômica dos últimos anos –um problema (infraestrutura congestionada) que é parte importante da solução (a demanda que viabiliza os investimentos).

[...]

Como a história mostra, essa reedição de expedientes do passado, dando poder a burocratas para tomar decisões arbitrárias no funcionamento das empresas, tende a desorganizar ainda mais a economia e criar novas distorções.

Já países que adotaram políticas de desenvolvimento de longo prazo baseadas em educação, produtividade e competitividade do setor privado, como Coreia do Sul, Cingapura e, anteriormente, o Japão, adquiriram em poucas décadas padrões de crescimento, renda e poder econômico similares aos dos países desenvolvidos.

Ao demandar um foco no longo prazo e atacar o voluntarismo e o intervencionismo arbitrário da Argentina, cujo modelo é defendido pela presidente Dilma, Meirelles claramente está defendendo mudanças importantes no país.

É o que todos desejam. Ninguém aguenta mais o modelo atual, a corrupção em escala industrial, a inflação fora de controle, a economia estagnada, o autoritarismo arrogante, a miopia que foca apenas nas próximas eleições. Enfim, ninguém aguenta mais o PT! É hora de mudança.

Rodrigo Constantino

 

A luta de classes que Antonio Prata ignora. Ou: Não dá para concordar com Mantega e Arminio ao mesmo tempo

Não dá para concordar com ambos!

Em sua coluna de hoje na Folha, Antonio Prata apela para um relativismo absurdo que, ao tentar negar a luta de classes marxista, apenas a reforça. Segundo o autor, cada voto é racional, tanto em Dilma quanto em Aécio, e devido apenas aos fatores econômicos. A esquerda costuma reduzir tudo à conta bancária mesmo. Diz ele:

Ora, bolas, o Nordeste não deu 60% dos votos à Dilma porque foi enganado por ela. Deu porque, sob o PT, as condições de vida daqueles milhões de eleitores melhoraram. E o mensalão? E o escândalo da Petrobras? E a inflação? Nada disso conta? Não a ponto de escolherem outro candidato. É um voto racional.

A mesma coisa vale para os 39,45% do Aécio no Sudeste. O sudeste é mais rico, vê seus interesses representados pelo candidato, não precisa tanto de programas sociais -só quer menos Estado, evidentemente, quem não depende dele. E o mensalão mineiro? E o escândalo do metrô? E a compra de votos pra reeleição? Nada disso conta? Não a ponto de escolherem outro candidato. É um voto racional.

Na boa: você não precisa ser marxista-leninista pra concordar que as necessidades do chapeiro são diferentes das do dono da padaria, vai?

No caso dos eleitores de Dilma, é claro que é absolutamente possível se tratar de enganação, caso eles pensem que as melhorias foram resultado das políticas do governo, e não do cenário externo, e que a oposição iria retirar os programas sociais, o que é mentira.

Mas para Prata, cada eleitor pesou racionalmente os prós e contras e decidiu votar de acordo com isso. Ele deve viver em outro país, não naquele que tem o Maranhão, por exemplo, no qual o clã Sarney reinou absoluto por décadas, enquanto o estado amargava os piores indicadores sociais do país. Racional?

Em seguida, o relativista autor tenta criar a imagem de que os eleitores do tucano são ricos e também fazem vista grossa à corrupção, como se fossem iguais os casos do PT e do PSDB. A tática aqui é pérfida, mas inteligente. Os blogueiros a soldo do PT têm feito o mesmo esforço ao tentar colar na oposição a imagem de tão corrupta quanto o PT, como se todos fossem “farinha do mesmo saco”. Não são!

Para começo de conversa, pela escala. Nunca antes na história deste país se roubou tanto, e é preciso ser muito alienado para acreditar no discurso oficial de que se tem mais escândalos por que se investiga mais. Em segundo lugar, o PT tentou usurpar o poder do Congresso com o mensalão, que é diferente de desvio de recursos. Foi um golpe à democracia. Por fim, os criminosos do partido são tratados como heróis por seus membros, algo indecente ao extremo e que mostra a natureza do PT.

De forma descolada, o autor apela a uma pergunta retórica, insinuando que não é preciso ser um marxista-leninista para entender que os objetivos dos ricos e pobres são diferentes. É preciso sim! São os marxistas que enxergam luta de classes em todo lugar, colocando pobre contra rico, trabalhador contra patrão. Uma vez que economia não é jogo de soma zero, claro que os objetivos de ricos e pobres podem coincidir.

Quando um país como um todo cresce, quando a maré sobe para todos os barcos, isso beneficia tanto ricos como pobres. Um trabalhador de um país capitalista mais liberal goza de uma qualidade de vida bastante superior a um trabalhador de país mais socialista, como o próprio Brasil. O liberalismo favorece todos!

Tanto o chapeiro como o dono da padaria desejam um país mais próspero, mais livre, com economia mais dinâmica, com menos impostos e serviços públicos decentes. Não há antagonismo aqui. A verdadeira luta de classes, na verdade, é entre ambos e os defensores do estado inchado, dos impostos elevados, dos privilégios do setor público, das grandes empreiteiras que mamam nas tetas estatais.

Quem disse que pobre deve ignorar a corrupção em troca de esmolas? Quem disse que o PT fez realmente bem aos mais pobres, em vez de enganá-los como Chávez enganou os pobres venezuelanos? Quem disse que tanto o chapeiro como o dono da padaria não teriam muito a ganhar com um governo mais honesto e competente? Os pobres argentinos foram racionais ao elegerem sucessivamente o casal Kirchner?

Mas o relativista Antonio Prata, autor do livro Meio Intelectual, Meio de Esquerda, insiste na postura “em cima do muro” para, na verdade, defender o lado errado do muro, mostrando ser, de fato, um “intelectual” de esquerda. Sobre o debate entre Arminio Fraga e Guido Mantega, por exemplo, ele concluiu: “E eu, que não sou chapeiro nem dono de padaria, fiquei com a sensação de que os dois tinham razão e estavam errados, alternadamente”.

Esse “isentismo” é mesmo uma piada! O “neutralismo” de quem é tão livre quanto um taxista. Ao tentar equiparar Arminio e Mantega, claro que o autor tomou partido, e foi o de Mantega. Afinal, quem tem alguma noção de economia sabe que o ministro de Dilma mentiu o tempo todo, de forma escancarada, ao culpar a “crise internacional” por nossa situação, enquanto o ex-presidente do Banco Central de FHC tentava mostrar a realidade, ainda que de forma tímida e acanhada.

A conclusão de Prata me lembra uma piada de um juiz que, após escutar os argumentos da promotoria e concordar com eles, e escutar os argumentos da defensoria e concordar com eles também, foi lembrado por um terceiro de que não era possível concordar com ambos. O juiz simplesmente respondeu: “Concordo com você também!”

Não dá para concordar tanto com Mantega como com Arminio. É preciso escolher um lado. É preciso saber se defende a mentira ou a verdade. Eis a verdadeira luta de classes existente…

Rodrigo Constantino

 

Concessões indevidas: Miriam Leitão ainda não entendeu a natureza do PT

Em sua coluna de hoje, a jornalista Miriam Leitão critica as ofensas sem sentido que o PT faz ao PSDB, alegando que não se trata de um partido reacionário de um lado contra um progressista do outro. Ela acerta parcialmente. Sem dúvida o PSDB não é um partido reacionário, e a “ofensa” petista é claramente sem sentido; mas erra feio ao jogar ambos no mesmo saco da social-democracia, ignorando qual a natureza do PT. Diz ela:

Não haveria política social que funcionasse sem a vitória sobre a hiperinflação, e ela foi derrotada por economistas que são do PSDB ou que se identificam com o partido. O salário mínimo começou a se recuperar a partir da estabilização; os programas de transferência de renda foram possíveis por causa do real. As políticas sociais do PT têm méritos, mas o debate eleitoral criou uma dicotomia inexistente.

Aqui já vemos a primeira concessão indevida. É fato que não haveria política social sem o controle da inflação, possível mediante o Plano Real dos tucanos, que o PT condenou à época. Basta ver a reportagem ao lado de sua coluna no GLOBO, mostrando como a França de um socialista está tendo de cortar vários benefícios sociais e discutir horas trabalhadas, indo contra a pressão sindical, pois faltam recursos uma vez que as contas públicas explodiram. Sem responsabilidade fiscal não dá para fazer política social de longo prazo.

Mas Miriam já apela para algo que não existe: os méritos das políticas sociais do PT. Quais? O que o PT fez foi o mesmo que outros governos bolivarianos, em uma época na qual o contexto internacional permitiu que muita verba pública fosse distribuída. Sobrava recurso e o governo abriu as comportas, comprando muito apoio com isso em uma política sem estratégia de saída e sem ser institucionalizada no estado, justamente para fazer o terrorismo eleitoral que hoje vemos. Méritos? Ela continua:

Não há os reacionários ortodoxos de um lado e os desenvolvimentistas de esquerda do outro. Temos no cenário político dois partidos da social-democracia com diferenças importantes nas escolhas econômicas, mas com simbioses e complementariedade em outros pontos.Não há conflito entre política fiscal controlada e recuperação da renda das pessoas. Ao contrário. É o descontrole fiscal que leva à inflação, o mal que corrói a renda. No primeiro ano do governo do PT, em 2003 o ministro Antonio Palocci fez uma política fiscal contracionista, elevando o superávit primário, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, subiu os juros. Fizeram por ortodoxia ou por necessidade?

O PSDB sem dúvida não é reacionário, mas o PT é desenvolvimentista de esquerda sim, especialmente sob Dilma. O caso de Palocci e Meirelles mostra justamente que o primeiro mandato de Lula foi mais responsável na economia, pois ele soube preservar conquistas tucanas. Mas o PT foi gradualmente abandonando essa postura e mostrando sua verdadeira face, aquela da Unicamp. Deu nisso, como a própria jornalista reconhece:

O que houve neste governo na economia está nos números divulgados pelos próprios órgãos oficiais, IBGE, Banco Central, Tesouro: o governo cumpriu 1% da meta fiscal do ano em oito meses, a inflação estourou o teto da meta, o crescimento do PIB desapareceu, a balança comercial está deficitária, e o rombo externo, das transações correntes, chega a US$ 80 bilhões. O país está numa situação precária e terá que passar por um novo ajuste no início do próximo governo. Caso contrário, quem vencer as eleições perderá a chance de fazer o país crescer nos seus quatro anos de mandato. Não será possível retomar o crescimento sem um novo ajuste, que se tornou obrigatório após os erros cometidos pela atual política.

A irracionalidade do debate e as manipulações dos números e fatos exasperam quem acompanha a economia brasileira há tantos anos e sabe o contexto de cada dado e momento. O desemprego baixo é uma excelente notícia, mas suas bases vêm sendo corroídas pelos desajustes fiscais e monetários que este governo permitiu. O emprego na indústria já está em queda há cinco meses, mostrou o IBGE na sexta-feira.

Sim, é um debate irracional, como vimos no próprio debate mediado por Miriam Leitão entre Guido Mantega e Arminio Fraga. O PT se nega a enxergar a realidade e prefere culpar fatores externos por todos os males que produziu com suas medidas equivocadas. Mas eis o ponto: o PT sempre foi assim, sempre apelou para as mentiras como método de campanha pelo poder. Miriam fica exasperada com razão, mas não deveria ficar surpresa: o PT é e sempre foi assim!

Será que ela acha que os tucanos usariam gente dentro do governo para mexer em sua biografia na Wikipedia? Será que pensa que o PSDB adotaria o mesmo discurso autoritário de controle da imprensa? Será que julga que os tucanos teriam a mesma política externa, de se aliar aos piores ditadores e sacrificar o próprio interesse nacional nesse processo nefasto?

“Há diferenças entre os dois partidos, mas não é a luta entre reacionários e progressistas. Há uma crise séria, produzida aqui dentro, que o governo, ocupado em agredir a oposição, ainda não disse como enfrentará”, conclui a jornalista. Há diferenças essenciais entre ambos, e não é a luta entre reacionários e progressistas, e sim entre uma social-democracia mais esclarecida e democrática e uma esquerda retrógrada, autoritária, desenvolvimentista, que tem levado nosso país na direção dos demais companheiros bolivarianos. Por que fazer tantas concessões a um partido com tal natureza antidemocrática?

Rodrigo Constantino

Deputado Onyx Lorenzoni cobra explicações sobre facilitação de visto para países com histórico de terrorismo

O deputado Onyx Lorenzoni, do DEM, está cobrando explicações do Ministério das Relações Exteriores sobre decisão que facilita a entrada de imigrantes de países com amplo histórico de terrorismo islâmico. Agora o visto é automático para países como Afeganistão, Paquistão, Síria, Iraque. Por que? Isso beira à irresponsabilidade, como disse o deputado. É preciso averiguar melhor o que se passa. Eis a breve fala de Onyx:

Faço coro aqui: exigimos explicações!

Rodrigo Constantino

 

Mais um ponto para Aécio: Gregorio Duvivier declara voto… em Dilma!

Luciana Genro e Gregorio Duvivier, que agora está com Dilma

O PSOL é a “linha auxiliar” do PT, como acusou Aécio Neves. Isso ficou muito claro no segundo turno. Cada ícone do partido declarou apoio a Dilma, e a postura oficial dos socialistas foi a de permanecer “neutro”, vetando, porém, o voto em Aécio – o tal do neutro agradece, ao lado da Dilma.

Os candidatos do PSOL demonstram como o Brasil precisa evoluir muito ainda. Luciana Genro parecia disputar a presidência de algum grêmio estudantil, com o velho discurso socialista, que já era ridículo há um século.

Mas como a burrice tem no Brasil um passado glorioso e um futuro promissor, a candidata teve o apoio de gente da elite – até porque o povo não vota nesses revolucionários. Entre os “artistas” engajados, lá estava ele, o humorista Gregorio Duvivier.

Em sua coluna de hoje na Folha, jornal cujo público-alvo é o povão, como sabemos, Greg declara seu apoio ao PT de Dilma, pois “não tem alternativa”. Antes ele tenta insinuar que só ricos com SUVs blindadas apoiam Aécio, com adesivos espalhados em seus carrões luxuosos, e nenhum em “bikes” de gente moderna e esclarecida como o próprio Greg.

A cara de pau do humorista do Porta dos Fundos é tanta que ele acusa o tucano até mesmo com base no tema da corrupção. Isso mesmo: Aécio teria um histórico ruim nesse quesito, e por isso Greg declara voto… no PT! Seria cômico, bem mais do que qualquer porcaria feita pelo próprio Greg, não fosse tão trágico. É o retrato da decadência de nossos “artistas”. Greg conclui declarando seu voto:

Marcelo Madureira com Aécio Neves

Por essas e outras, poderia votar nulo -mas a militância de jipe e os comentaristas de portal não me dão essa opção. Se quem defende causas humanitárias e direitos civis é tachado de petista, não me resta outra opção senão aceitar essa pecha. 

Causas humanitárias? Tipo… aquelas adotadas na Venezuela ou em Cuba, países que o PT defende? Direitos civis? Tipo… aqueles presentes nos países islâmicos que o PT também defende? Pergunto-me: pode apenas a burrice explicar algo assim?

Mas para não detonar com toda a classe de humoristas, o que seria extremamente injusto, é preciso separar o joio do trigo e lembrar que há gente inteligente no meio. É o caso de Marcelo Madureira, que explicou com argumentos verdadeiros seus motivos para apoiar Aécio Neves. Ao ler o texto do Greg e depois o do Madureira, só podemos dizer uma coisa: que diferença! É a mesma que separa os eleitores de Dilma e os de Aécio…

Rodrigo Constantino

 

Dia das crianças é boa ocasião para crítica ao narcisismo

Ontem foi o Dia das Crianças. Há um ano, escrevi como homenagem à data um pequeno textorecomendando um livro muito interessante sobre os “adultescentes”, aqueles adultos que se negam a amadurecer e mais parecem eternos adolescentes.

Desta vez, vou recomendar algo mais rápido: a coluna de Pondé sobre o narcisismo. Mas antes, vamos ao que a presidente Dilma tem a dizer sobre a criança:

Incrível, não? A capacidade cognitiva de nossa presidente é realmente um espanto. Mas voltemos ao texto de Pondé sobre o narcisismo. Nele, o filósofo resume bem essa postura moderna de criança mimada que se julga o centro do universo.

O hedonismo é sua marca registrada, assim como o discurso em defesa dos “direitos”, típico de um ser infantil que faz birra no shopping pois acredita que tem o “direito” de ganhar o brinquedo que deseja. Diz o autor:

Você é narcisista? Um teste básico é: existe alguém no mundo que você ame mais do que a si mesmo?

Se a resposta for “sim”, melhor para você. Se for “não”, você é um pobre diabo, mas, provavelmente, tem algum livro idiota sobre autoestima no criado-mudo dizendo que você “tem direito de se amar acima de tudo”.

[...]

A evolução estaria justamente no fato de que um miserável afetivo, incapaz de investir afetivamente ou intelectualmente no mundo, passou a ser o sujeito que se sente no direito a ter tudo. Esse sujeito é o tagarela, o bobo falante, das redes sociais.

Mas, no fundo, ele (ou ela, aliás; grande parte do debate de gênero hoje é somente narcisismo e histeria travestidos de análise da cultura e do comportamento) é um miserável, incapaz de sair de seu poço para contemplar os riscos da vida real.

[...]

Alguém um pouco mais saudável é capaz de compromisso moral e vínculo afetivo no qual ele mesmo não é a única pessoa importante, coisa de que o narcisista é incapaz, atolado no pesadelo que é ser um “ser autossuficiente”.

[...]

Enfim, talvez um outro possível teste seja ver o quanto você usa a expressão “tenho direito de” (“I am entitled to”) no seu dia a dia.

Essa expressão é uma das marcas da babaquice chique de nosso tempo.

Finalizando e fazendo o elo com a fala de nossa presidente Dilma, diria que o narcisista infantil de hoje é o típico eleitor do PT, aquele que só olha para os “direitos”, acreditando que o estado, essa grande ficção pela qual todos querem viver à custa de todos, terá a obrigação de cuidar de todos nós do berço ao túmulo.

E lembrem-se: “Sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás”. E sempre que você olha um petista, há sempre uma figura oculta, que é uma criança atrás.

Rodrigo Constantino

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Blog Rodrigo Constantino (VEJA)

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