Gilberto Carvalho, gente!, quer cuidar de nós. Credo! Ou: A última do santo inquisidor do stalinismo cristão

Publicado em 30/10/2014 00:47
por Reinaldo Azevedo, de veja.com

Gilberto Carvalho, gente!, quer cuidar de nós. Credo! Ou: A última do santo inquisidor do stalinismo cristão

O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, continua dedicado a fazer o terceiro turno da eleição, embora o seu partido tenha vencido o segundo. Sabem qual é o problema? A ele, não basta vencer. Ele precisa destruir os adversários e quer a unanimidade. Enquanto a presidente Dilma fala em dialogar, ele continua interessado na guerra. Segundo este gigante do pensamento, “sem dúvida nenhuma, essa vitória de um projeto acabou significando a derrota daqueles que usam a mídia como panfleto, como semeadores do ódio e da divisão do país, o que felizmente não aconteceu”.

Para começo de conversa, não há um “projeto”, mas um poder consolidado.

Há, sim, gente que usa “a mídia como panfleto”, dedicada “a semear o ódio e a divisão do país”. São os blogs sujos financiados pelas estatais e os sites e publicações do esgoto, que servem ao governismo. Carvalho sabe quais são. É claro, no entanto, e ninguém é inocente, que ele estava se referindo à edição de VEJA de sexta passada — na terça desta semana, já era a maior venda em banca da revista em 12 anos.

A revista informou que, em seu depoimento, Alberto Youssef afirmou à Polícia Federal e ao Ministério Público que Dilma e Lula sabiam do esquema de roubalheira montado na Petrobras. No sábado, Folha e Estadão trouxeram a mesma informação. Curiosamente, só a VEJA, como diria o poeta, excitou a fúria dos algozes. Curiosamente, Carvalho concedeu uma entrevista ao UOL, do mesmo grupo que edita a Folha, atacando a VEJA.

Carvalho, só um homem bom, está muito preocupado com a credibilidade do que chama “mídia” e diz que a “liberdade de imprensa” é intocável. É bem verdade que se trata de um governo que distribui anúncios àqueles que considera amigos e os sonega quando os veículos de comunicação não corta as cabeças que eles pedem. Mas que não se confunda isso com autoritarismo. Disse esse grande pensador:

“Eu penso que em relação à mídia, não temos que tomar nenhuma atitude que mude de repente o cenário da mídia ou que fira a liberdade de imprensa. Ela é sagrada e tem que ser mantida. Eu prefiro devolver para a mídia a reflexão. A própria mídia tem que pensar no que aconteceu no Brasil, refletir sobre os excessos que aconteceram. Ou ela se autorregulamenta e entende o que é a participação democrática na mídia, ou cada vez mais a sua credibilidade vai pelo ralo”.

Como Gilberto Carvalho é bom! Tão bom quanto um santo inquisidor que manda as pessoas para a fogueira para que elas reflitam sobre os seus pecados, enquanto ele, muito pio, encomenda a sua alma. Carvalho, o stalinista cristão, cobra uma autocrítica disso que ele chama “mídia”, como se ela fosse um bloco, como se ela fosse “monolítica” — para empregar a palavra que Dilma deve ter descoberto por esses dias, posto que ela a empregou nas entrevistas da Record, da Globo, da Band e do SBT.

Doce Gilberto Carvalho! Ele está preocupado com a nossa “credibilidade” e pretende que os veículos de comunicação se abram à “participação democrática”. O que será que isso quer dizer? Criar “conselhos de redação”, talvez, comandados pelo “povo” — o “povo do PT”, é claro?! Saibam que aquele famigerado Plano Nacional de Direitos Humanos trazia algo muito parecido com isso.

Com a imprensa que está aí, que Carvalho diz ser contra o PT, o partido obteve o quarto mandato consecutivo e já planeja o quinto. Com a imprensa que ele tem em mente, o PT nunca mais sairia do poder, e as opiniões divergentes seriam banidas. Reitero: ele está falando essa bobajada toda vencendo a eleição. Imaginem se tivesse perdido.

Não pensem que sua investida é irrelevante. Não é, não! Muita gente, a partir desta quinta, vai se empenhar em provar para Gilberto Carvalho que ele está errado. “Você também, Reinaldo?” Eu não! Estou me lixando! Ele não é meu juiz. Sendo quem é, tê-lo como um crítico severo do meu trabalho é, para mim, uma honra adicional. Eu jamais vou me esquecer que este senhor tentou jogar no colo do governo de São Paulo os protestos violentos de rua — até que eles passassem a varrer o país e caíssem no colo de Dilma — e até os rolezinhos, onde, segundo o valente, havia um confronto de classes e um confronto racial. Nunca vi tamanha irresponsabilidade política.

Gilberto Carvalho ser ministro de estado é um escárnio. Ele não tem serenidade para isso, embora fale com a mansidão dos inquisidores.

Por Reinaldo Azevedo

BC eleva a taxa de juros três dias depois da eleição. Viva a autonomia!

Ai, ai, que preguiça!

Ainda bem que o Banco Central, que é autônomo, claro!, não eleva os juros antes da eleição, mas os eleva três dias depois do segundo turno. Eu gosto é disto: coragem e independência! “Mas você acha desnecessário elevar a taxa, Reinaldo?” Tenho a impressão de que o país não está, assim, com excesso de demanda a pressionar os preços; acho que o descontrole está em outros lugares, mas vá lá. Considerando o conjunto da obra, acho que a decisão faz parte do, como é mesmo?, choque de credibilidade, não é? Como o segredo de aborrecer é dizer tudo, acho que os mercados reagirão bem à notícia. Só espero que não haja gente por aí a dizer que, ao elevar os juros, o BC deu prova de sua autonomia. Dado que as dificuldades de agora são as mesmas do mês passado, eu sentencio: não foi autônomo no mês passado nem agora. Ponto parágrafo.

Agora em 11,25%, a Selic é a mais alta desde outubro de 2011, e esta é a primeira elevação desde abril deste ano, quando o processo eleitoral já estava nas ruas. É claro que faria essas observações com menos, digamos, energia se uma das peças de resistência da campanha da candidatura Dilma Rousseff não tivesse sido o suposto amor incondicional de Armínio Fraga por juros estratosféricos. Segundo o PT, ele os elevou quando no Banco Central por gosto, não por necessidade. O PT, claro!, faz tudo por necessidade. Ou dito de outro modo: quando tucanos elevam juros, são pessoas perversas, malvadas, pérfidas mesmo. Quando isso acontece em governo petista, a elevação vem embalada por ternura e amor ao povo.

A elevação de agora não estava sugerida na ata de setembro, segundo a qual os 11% já seriam suficientes para elevar, aos poucos, a inflação para o centro da meta. O que mudou de lá pra cá? O humor do mercado financeiro, a desconfiança razoável de que Dilma não vai fazer a coisa certa, o clima de “a vaca foi pro brejo” que há por aí. Aí, então, chegou a hora de o BC demonstrar a sua autonomia e elevar os juros… Não sei se entendem a ironia.

A decisão não foi unânime. Votaram pela elevação da taxa Selic para 11,25% ao ano os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo e Sidnei Corrêa Marques. Votaram pela manutenção da taxa Selic em 11% os diretores Altamir Lopes, Luiz Awazu Pereira da Silva e Luiz Edson Feltrim.

Atenção, gente, aumentou a taxa de juros!!! Mas saibam que foi para o bem dos pobres. Se o governo fosse tucano, seria para o bem dos banqueiros e da dona “Zelite”.

Por Reinaldo Azevedo

 

PT dá fôlego para André Vargas fugir de cassação

Por Marcela Mattos, na VEJA.com:
O deputado André Vargas (sem partido-PR) conseguiu protelar mais uma vez o desfecho do seu processo de cassação do mandato nesta quarta-feira. E mais uma vez com a ajuda do seu antigo partido, o PT. Na quarta tentativa consecutiva de analisar recurso de Vargas contra a ação, José Mentor (PT-SP) pediu mais um adiamento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), sob o argumento de que o parecer final que negava o recurso “não estava adequado”. O caso voltará a ser analisado na próxima terça-feira.

Embora não esteja mais filiado ao PT, Vargas tem contado com o apoio de ex-correligionários para fugir de uma cassação, que o levaria, mais do que perder o mandato a dois meses do fim do ano legislativo, a ficar inelegível por oito anos. Enquanto o processo corria no Conselho de Ética, cabia ao petista Zé Geraldo (PA) atuar em defesa do colega.

As seguidas manobras têm surtido efeito nos últimos seis meses: o processo de cassação se arrastou por quatro meses no Conselho de Ética, e, agora, espera há dois meses análise de recurso apresentado à CCJ. As sessões anteriores foram encerradas por falta de quórum. Nesta quarta, o colegiado começou a discutir o relatório do deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ), mas a reunião foi encerrada sem votar o parecer a pedido Mentor. A CCJ é a última expectativa de Vargas. De lá, o processo segue para análise do plenário.

Vargas teve o pedido de cassação aprovado pelo Conselho de Ética em 20 de agosto, quando o colegiado aprovou parecer que dizia que o parlamentar paranaense integrava o “contexto de uma imensa rede criminosa especializada na lavagem de dinheiro e na evasão de divisas como o agente responsável por abrir as portas da administração pública”. Youssef é considerado pivô de um megaesquema de lavagem de dinheiro que agia, inclusive, dentro da Petrobras.

Em uma de suas várias manobras para fugir da cassação, Vargas acionou a CCJ sob o argumento de que teve direito de defesa cerceado no Conselho de Ética – embora tenha sido convocado diversas vezes a prestar depoimento, mantendo-se ausente. Para o relator, o colegiado “em todo o procedimento disciplinar, trilhou o estreito caminho da constitucionalidade e legalidade”. “Não houve qualquer ato do conselho ou de seus membros que tenham contrariado norma constitucional, legal, regimental”, disse Zveiter no relatório.

Por Reinaldo Azevedo

 

Renan: decreto bolivariano será derrubado no Senado

Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta quarta-feira que a Casa vai derrubar o decreto do governo que cria os conselhos populares na administração pública. A medida elaborada pelo governo e publicada em maio foi criticada porque dá poder a organismos montados de acordo com a conveniência do Executivo – sem o voto. Renan dá como certo que o Senado vai acompanhar a decisão da Câmara e aprovar a resolução que anula o decreto. “Já havia um quadro de insatisfação com relação a essa matéria. O decreto ser derrubado na Câmara não surpreendeu, da mesma forma que não surpreenderá se for, e será, derrubado no Senado”, disse.

O presidente do Senado afirmou que o texto deve ser sustado porque os parlamentares não aprovam seu conteúdo. Ele negou que a derrubada – que, na Câmara, contou com o apoio do PMDB – seja um sinal de insatisfação na base governista. “Essa dificuldade já estava posta antes das eleições, apenas se repete. Essa questão da criação de conselhos é conflituosa, não prospera consensualmente no Parlamento e deverá cair”, disse.

“Sociedade civil”
O decreto número 8.243/2014 foi criado sob o pretexto de instaurar a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). Mas, na prática, prevê a implantação de “conselhos populares”, formados por integrantes de movimentos sociais, vinculados a órgãos públicos. A matéria instituiu a participação de “integrantes da sociedade civil” em todos os órgãos da administração pública. Porém, ao trazer uma definição restritiva de sociedade civil, representa um assombroso ataque à democracia representativa e à igualdade dos cidadãos ao privilegiar grupos alinhados ao governo.

Por Reinaldo Azevedo

 

Separatismo é conversa de cretinos — não importa se vermelhos ou azuis

Essa conversa sobre separatismo no Brasil é asquerosa, é revoltante. Foi inventada por Lula, e, claro!, os porta-vozes do PT na imprensa logo aderiram à tese, atribuindo a adversários do PT o rancor separatista.

Ainda voltarei ao assunto, sim. Não! Não foram Norte e Nordeste que deram a vitória a Dilma porque há lá, se me desculpam a tautologia, muitos nortistas e nordestinos. A questão é de outra natureza: está relacionada à pobreza, que se concentra, como se sabe, no Norte e Nordeste do país — onde, de fato, está o maior número de pessoas atendidas pelo Bolsa Família. A questão é bem mais séria. Um programa social, que tem apenas o condão de tirar as pessoas da miséria e da indigência social e econômica, transformou-se numa máquina de produzir votos — e isso, sim, é imoral.

A população pobre, além de vítima das circunstâncias, não pode agora ser responsabilizada por um resultado eleitoral que eu também acho ruim para o Brasil. Vou escrever sobre tudo isso com mais vagar. De imediato, acho que é hora de a gente rechaçar essas teses de Nordeste contra Sudeste, não importa quem a advogue, sejam os petistas, obedecendo à orientação de Lula, sejam os seus adversários.

Aliás, Lula, ele mesmo, deveria ter vergonha de investir nessa história: afinal, é um nordestino que se tornou a maior liderança nacional no Sudeste. Durante um bom tempo, diga-se, ele despertava temores extremos justamente na população do… Nordeste!

Rebatam essa besteira. Esse negócio de falar em separatismo é um atentado à inteligência, ao bom senso e até à decência. Voltarei a esse assunto neste blog e falarei a respeito na minha coluna de amanhã, na Folha.

Quem fala em separar o Sudeste e o Sul do resto do Brasil, lamento!, não entendeu nada. Ao contrário: precisamos é somar esforços com os pobres do Brasil, do Nordeste ou não, para que eles se libertem da caridade que hoje os escraviza e os torna alvos fáceis do terrorismo de um partido político.

Por Reinaldo Azevedo

 

PGR esquece caso Battisti e diz que não extradição de Pizzolato abre precedente perigoso

Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, parece ter esquecido a decisão do governo brasileiro de não extraditar o terrorista italiano Cesare Battisti. Nesta quarta-feira, Janot disse que a permanência do mensaleiro Henrique Pizzolato em solo italiano abre um precedente perigoso porque, segundo ele, o argumento aceito pelo Judiciário da Itália – a falta de condições de segurança nos presídios brasileiros – não é totalmente verdadeiro. Na avaliação do chefe do Ministério Público, o Brasil pode ter dificuldades em obter a extradição de outros criminosos que tenham fugido para países da União Europeia.

Segundo Janot, há prisões brasileiras que contemplam os requisitos de segurança dos detentos: “O nosso sistema não é 100% falido”. “Mas a estratégia da defesa foi essa de explorar alguns presídios que na verdade são enxovias e conseguiu um precedente muito perigoso para o Brasil, que é o de não conseguir extraditar ninguém da Comunidade Europeia.”

O procurador disse não acreditar que a decisão do governo brasileiro de não extraditar o terrorista italiano Cesare Battisti motivou a Justiça da Itália a manter Pizzolato no país europeu. “Foi uma longa negociação com a Justiça italiana, o Ministério Público italiano, a Advocacia-Geral da Itália e o Ministério da Justiça da Itália. E nunca, em momento algum, esse problema foi levantado”, declarou. Janot conversou com jornalistas após participar de uma audiência na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Ele fez um balanço das atividades de seu primeiro ano à frente da PGR.

Pizzolato, que era diretor de Marketing do Banco do Brasil na época do mensalão, foi condenado a doze anos e sete meses de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro. Antes de a sentença ser cumprida, entretanto, ele fugiu para a Itália. Em fevereiro deste ano, ele foi descoberto na cidade de Maranello, e acabou preso por uso de documento falso. A Advocacia-Geral da União informou nesta terça-feira vai recorrer da decisão da Justiça italiana e pedir novamente que Pizzolato cumpra sua pena no Brasil.

Por Reinaldo Azevedo

 

Que o Senado entre na resistência democrática, iniciada neste blog!

A batalha ainda não acabou. Para que o famigerado decreto bolivariano da presidente Dilma Rousseff, inspirado por Gilberto Carvalho, seja derrubado, é preciso que o Senado dê o mesmo exemplo de altivez dado pela Câmara. Refresco a memória de vocês: Dilma baixou o Decreto 8.243, que regula a chamada participação dos conselhos populares na administração federal. Entre outros mimos, outorga, na prática, ao governo o poder de definir o que é e o que não é sociedade civil.  Cria também uma espécie de Justiça paralela. Levado ao pé da letra, juízes ficariam impedidos de conceder liminares de reintegração de posse no caso de invasão de propriedade. Antes, seria preciso constituir uma mesa de negociação com as partes envolvidas: invadidos, invasores e, claro!, representantes da tal sociedade civil — aqueles mesmos que serão definidos pelo governo federal.

Muito bem! Nesta terça, a Câmara dos Deputados aprovou, por votação simbólica, o Decreto Legislativo 1.491, de autoria do deputado Mendonça Filho, do DEM de Pernambuco, que susta o 8.243. A votação aconteceu dois dias depois de Dilma ser reeleita presidente, com menos de 4 pontos de vantagem sobre seu adversário, o tucano Aécio Neves.

É claro que o decreto de Dilma tem o sotaque bolivariano, tão conhecido hoje na América Latina. E não é menos claro que a Casa que representa o povo, a Câmara, lhe disse “não”. O jornalismo que reza pela cartilha petista atribui o resultado ao ressentimento de Henrique Alves (PMDB-RN), derrotado na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte. Lula fez campanha para seu adversário. Besteira! Só quatro partidos defenderam o decreto: além, claro!, do PT, também os hoje nanicos PCdoB, PSOL e o PROS. A batalha se desloca agora para o Senado. Para que o decreto de Dilma deixe de ter validade, o que susta seus efeitos, tem de ser aprovado também nessa Casa.

Gilberto Carvalho, o inspirador do texto bolivariano, está inconformado. Há muito tempo ele defende que é preciso dar um “by pass” na Justiça, isto é, que é preciso criar um modo de torná-la irrelevante diante das demandas daquilo que o PT chama “movimentos sociais”. Promete que não vai desistir. A mesma Dilma que concede entrevistas afirmando que quer o diálogo mobilizou os líderes governistas para tentar impedir a aprovação do decreto legislativo. Ora, se é entendimento com o Congresso que ela quer, por que não retira o decreto e não encaminha um projeto de lei, que poderia ser emendado pelos parlamentares?

Os deputados de esquerda que ontem discursaram em favor do Decreto 8.243 evocaram as chamadas “jornadas de junho”. É mesmo? Qual foi a expressão eleitoral dos esquerdistas de junho? Nenhuma! O que a população quer, isto sim, é o combate à corrupção — e isso também está nas ruas faz tempo. Em vez da discurseira oca, o deputado Vicentinho, do PT, por exemplo, poderia parar de sabotar a CPI da Petrobras.

Que os senhores senadores tenham a hombridade de rejeitar a tentação bolivariana da senhora Dilma Rousseff. A Venezuela não é e não será aqui. Porque nós não deixaremos.

E, sim, fico satisfeito com o andamento dessa questão. Afinal, este blog foi o primeiro a se lançar na resistência contra esse atentado à democracia. A questão não é partidária. Trata-se de um princípio de civilização.

Por Reinaldo Azevedo

 

Turbulência à vista: Câmara convoca dois ministros de Dilma

Por Marcela Mattos, na VEJA.com:
A Câmara dos Deputados impôs uma segunda derrota ao governo de Dilma Rousseff na primeira semana pós-eleições. Depois de derrubar o decreto que cria a Política Nacional de Participação Social, a Casa aprovou nesta quarta-feira a convocação de dois ministros, Neri Geller (Agricultura) e Edison Lobão (Minas e Energia) – este citado no escândalo do petrolão -, para depor na Comissão de Agricultura, integrada em sua maioria por deputados de oposição. Aliados do Palácio do Planalto, parlamentares do PT e do PMDB entraram em obstrução para evitar a aprovação das audiências, mas não obtiveram sucesso. Por se tratar de uma convocação, não convite, os ministros obrigatoriamente terão de atendê-la.

Conforme os requerimentos, Geller dará esclarecimentos sobre o controle de qualidade de vacinas contra a febre aftosa, e Lobão, sobre a venda de 51% das Centrais Elétricas de Goiás (Celg) à Eletrobrás. Inevitavelmente, contudo, Lobão será confrontado com as denúncias de corrupção dentro da Petrobras. “Ele tem muito o que falar sobre a Petrobras. Os escândalos atingem exatamente a pasta dele. Para mim, ele não teria de ser convocado, mas sim demitido”, afirmou o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT). De acordo com o ex-diretor Paulo Roberto Costa, Lobão é um dos políticos envolvidos no esquema do petrolão.

A sessão nesta quarta foi marcada pela troca de acusações e pelo clima eleitoral. “Vamos tentar negociar. Esse clima de eleição não faz bem ao país. Temos de aprovar as coisas respeitando o ritual e a Casa”, disse o deputado Márcio Macêdo (PT-SE), que tentava transformar a convocação dos ministros em convite – que poderia ser recusado. “Chega a ser engraçado o PT e seus aliados agora cobrando diálogo. Eles fizeram a campanha mais suja e sórdida do país, denegrindo a imagem das pessoas por não terem competência do debate”, disse o líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado.

Na noite de terça-feira, a Câmara deu a primeira evidência das dificuldades que Dilma terá com os congressistas: derrubou o decreto que cria a Política Nacional de Participação Social, proposta pessoalmente desenhada pela presidente e pelo ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência). Para a Câmara, Dilma atropelou os poderes do Parlamento ao apresentar a medida por meio de uma canetada, sem antes passar pelo Congresso.

Por Reinaldo Azevedo

 

Dois dias depois de reeleita, “represidenta” sofre derrota histórica na Câmara, que rejeita decreto bolivariano sobre conselhos populares

Dois dias depois da reeleição de Dilma Rousseff, a Câmara dos Deputados, por ampla maioria — foi realizada em votação simbólica, com encaminhamento de lideranças —, derrubou o Decreto 8.243, o dos Conselhos Populares. Acompanhei a sessão. Voltarei ao assunto com mais detalhes. O PT, o PSOL, o PCdoB e o PROS tentaram desesperadamente obstruir a votação do Decreto Legislativo 1.491, que derruba o de Dilma. Não conseguiram.

Por mais que os governistas, alguns com discursos lastimáveis, tenham afirmado que não se trata de uma derrota de Dilma, a verdade evidente é que se trata, sim. Ela perdeu, e a democracia ganhou.

Não custa lembrar trechos do monstrengo dilmiano. O Artigo 1º do decreto estabelece: “Fica instituída a Política Nacional de Participação Social – PNPS, com o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração pública federal e a sociedade civil”Sei… O Inciso II do Artigo 3º sustenta ainda que uma das diretrizes do PNPS é a “complementariedade, transversalidade e integração entre mecanismos e instâncias da democracia representativa, participativa e direta”.

Certo! Então os conselhos seriam uma forma de democracia direta, né? Só que é a democracia direta que se realiza à socapa, sem que ninguém saiba. Ou o “cidadão” decide fazer parte de algum “coletivo” ou “movimento social” ou não vai participar de coisa nenhuma. O texto tem o topete de definir o que é sociedade civil logo no Inciso I do Artigo 2º: “o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”Ou por outra: é sociedade civil tudo aquilo que o poder decidir que é; e não é o que ele decidir que não é.

Fim da propriedade privada
Como observei numa coluna na Folha, O “indivíduo” só aparece no decreto para que possa ser rebaixado diante dos “coletivos” e dos “movimentos sociais institucionalizados” e “não institucionalizados”, seja lá o que signifiquem uma coisa, a outra e o seu contrário. Poucos perceberam que o decreto institui uma “justiça paralela” por intermédio da “mesa de diálogo”, assim definida:“mecanismo de debate e de negociação com a participação dos setores da sociedade civil e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir, mediar e solucionar conflitos sociais”.

Ai, ai, ai… Como a Soberana já definiu o que é sociedade civil, poderíamos esperar na composição dessa mesa o “indivíduo” e os movimentos “institucionalizados” e “não institucionalizados”. Se a sua propriedade for invadida por um “coletivo”, por exemplo, você poderá participar, apenas como uma das partes, de uma “mesa de negociação” com os invasores e com aqueles outros “entes”. Antes que o juiz restabeleça o seu direito, garantido em lei, será preciso formar a tal “mesa”…

Isso tem história. No dia 19 de fevereiro, o ministro Gilberto Carvalho participou de um seminário sobre mediação de conflitos. Com todas as letras, atacou a Justiça por conceder liminares de reintegração de posse e censurou o estado brasileiro por cultivar o que chamou de “uma mentalidade que se posiciona claramente contra tudo aquilo que é insurgência”Ou por outra: a insurgência lhe é bem-vinda. Parece que ele tem a ambição de manipulá-la como insuflador e como autoridade.

Vocês se lembram do “Programa Nacional-Socialista” dos Direitos Humanos, de dezembro de 2009? É aquele que, entre outros mimos, propunha mecanismos de censura à imprensa. Qual era oObjetivo Estratégico VI? Reproduzo trecho:

“a- Assegurar a criação de marco legal para a prevenção e mediação de conflitos fundiários urbanos, garantindo o devido processo legal e a função social da propriedade.
(…)
d- Propor projeto de lei para institucionalizar a utilização da mediação como ato inicial das demandas de conflitos agrários e urbanos, priorizando a realização de audiência coletiva com os envolvidos (…) como medida preliminar à avaliação da concessão de medidas liminares (…)”

Dilma voltou à carga, resolveu dar uma banana para o Congresso e, em vez de projeto de lei, que pode ser emendado pelos parlamentares, mandou logo um decreto, que não pode ser emendado por ninguém.

Quebrou a cara. E olhem que isso aconteceu com a atual composição da Câmara. A da próxima legislatura é ainda mais inóspita ao governo. A democracia respira, sim, senhores! Se Dilma quer brincar com essas coisas, que vá para Caracas.

Texto publicado originalmente às 22h31 desta terça

Por Reinaldo Azevedo

Aloysio, vice de Aécio, recusa “diálogo” com Dilma, no que faz muito bem. Até porque, em entrevistas, represidenta ataca governo tucano de SP, enquanto Lula já se lança para 2018. Tenham paciência!

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), candidato a vice na chapa de Aécio Neves (PSDB-MG), que perdeu a eleição por menos de 4 pontos percentuais, fez nesta terça um duro discurso no Senado, no mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff, em entrevista ao SBT, afirmou, como se noticia aqui e ali, que “aceita” dialogar com Aécio e Marina Silva. Aliás, só falou porque indagada a respeito — uma questão, convenham, extemporânea e não sei se surgida no curso da conversa ou combinada na coxia. Dialogar sobre o quê? É a não notícia. Que resposta ela daria? Que não aceita? Que não quer papo? Isso não tem a menor importância. Num outro canto, nos corredores do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, o maior coronel do Brasil, já anunciava a sua intenção de disputar a eleição presidencial em 2018. Então vamos pôr os pingos nos is.

Em primeiro lugar, setores da imprensa se corrijam. Quem pode ou não aceitar o diálogo são Aécio e Marina, não Dilma. Como ela é a presidente da República, o máximo que pode fazer é convidar para uma conversa. Mas, antes, é preciso ter um assunto. Aloysio disse que não aceita. Espero que não mesmo. Nem ele nem os outros oposicionistas. É o que eu faria no lugar dele e deles. O senador evocou a sujeira da campanha e afirmou: “Eu fui pessoalmente agredido por canalhas escondidos nas redes sociais a serviço do PT, de uma candidatura. Não faço acordo. Não quero ser sócio de um governo falido nem cúmplice de um governo corrupto”. Perfeito! Disse mais: “Eles transformaram as redes sociais em um esgoto fedorento para destruir adversários. Foi isso que fizeram. Não diga a candidata Dilma que não sabia o que estava acontecendo. Todo mundo percebia as insinuações que fazia nos debates”. Fato.

Mais: o senador poderia ter citado ainda os blogs, sites, revistas e afins que são alugados para atacar a imprensa independente, jornalistas considerados incômodos — cujas cabeças eles pedem com a desenvoltura do Estado Islâmico — e os setores do Judiciário que não se subordinam a seus interesses. Dialogar como?

Nas entrevistas concedidas ao Jornal da Record, na segunda, e, ontem, ao Jornal da Band e ao Jornal do SBT, já demonstrei aqui, Dilma voltou a atacar o governo de São Paulo, falando barbaridades sobre a crise hídrica no Estado. Dilma está interessada em disputar o quarto turno em São Paulo. Abusa da sua condição de presidente para conceder entrevistas sem ser contraditada e falar o que lhe dá na telha.

A presidente diz querer dialogar, mas comparece ao debate com uma conversa marota sobre reforma política, que seria conduzida por meio de plebiscito, o que só beneficiaria o seu partido, o PT. Prega a distensão com uma das mãos, agride o principal governo de oposição do país com a outra, enquanto o Babalorixá de Banânia, Lula, já se apresenta para a disputa em 2018.

Dialogar sobre o quê e pra quê? O senador Aloysio está certo. Estamos falando com um governo que não respeita, como resta comprovado, nem mesmo a liberdade de imprensa. Os brucutus que foram atacar a revista VEJA, numa agressão explícita à Constituição e ao Código Penal, obedeciam, também eles, a um comando informal — ainda que não explícito. Foi a cúpula do PT, Dilma inclusive, que excitou a fúria da canalha.

Dilma não quer dialogar coisa nenhuma! Ela e seu partido pretendem, como sempre, aniquilar a oposição e as vozes discordantes. Se, no meio do caminho, conseguir enterrar qualquer investigação, a exemplo do que o PT faz no Congresso, tanto melhor. A propósito: ela já é presidente da República. Se pretende, mesmo, acabar com a corrupção, como diz em entrevistas, comece por demitir desde já os diretores da estatal indicados por partidos políticos.

Isso tudo é firula. Aliás, os respectivos conteúdos das entrevistas concedidas à Globo, à Band e ao SBT são praticamente os mesmos. Pouco variaram perguntas e respostas. É um tanto vexaminoso para todos. A exceção virtuosa foi Adriana Araújo, do Jornal da Record. Não por acaso, foi a única jornalista que teve direito ao mau humor presidencial. Dilma repetiu até as mesmas palavras, treinadas com João Santana, como o famoso clichê “Não vai sobrar pedra sobre pedra, doa a quem doer” (ao se referir à corrupção na Petrobras). Ah, sim: ao SBT, ela afirmou que topa a reforma por referendo mesmo. Que remédio? Por plebiscito, já estava claro que o PMDB e a maioria dos partidos não aceitariam. Ainda bem.

Se Dilma gosta de clichês, lá vai um: na conversa entre a corda e o pescoço, só a primeira tem a ganhar.

Texto publicado originalmente às 4h29

Por Reinaldo Azevedo

 

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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1 comentário

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, o termo “ter a faca nos dentes” é o que mais se aproxima do momento pós eleição.

    Não me conformo com um detalhe: Os responsáveis (petistas) por esta animosidade vêm com um discurso, após usarem de todo tipo de baixaria para continuar no poder, que estão abertos ao dialogo:

    VAI CONVERSAR COM O CAPETA! Vocês não fizeram o “diabo” na campanha, então, continuem em companhia “dele”.

    Estou pisando o solo brasileiro, mas não me sinto feliz por isto, sinto-me um “exilado no meu país”.

    Segue uma parte do poema “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias

    MINHA TERRA TEM PALMEIRAS,

    ONDE CANTA O SABIÁ;

    AS AVES QUE AQUI GORGEIAM,

    NÃO GORGEIAM COMO LÁ.

    A “semente” da discórdia que os petistas plantaram, acho que germinou. Agora eles (Lula & Dilma) vão dizer que não sabiam de nada, pois consequências deste ato vão surgir.

    ....”E VAMOS EM FRENTE” ! ! !....

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