Dinheiro e palavras no lixo...

Publicado em 09/11/2014 07:27
por Geraldo Samor, de veja.com

Dinheiro e palavras no lixo

Numa grave ameaça ao capitalismo de fachada brasileiro, o Ministro da Fazenda Guido Mantega avisou que o Governo vai tirar o pirulito que algumas grandes empresas chupavam desde 2008, quando a crise global deu ao Governo um pretexto para transferir dinheiro do Tesouro Nacional para bolsos já abastados.Guido Mantega

O projeto a ser desmontado — batizado de “Bolsa Empresário” pela oposição mas conhecido nos corredores do Poder como “Vem Cá Meu Rei” — obrigou o Tesouro a aportar 500 bilhões de reais nos últimos anos nos bancos públicos, o grosso disso no BNDES. O banco usa os recursos para empréstimos abaixo da Selic, aquela taxa de juros que rege a vida das pessoas comuns.

O total de empréstimos do Tesouro para os bancos públicos passou de singelos 14 bilhões de reais (ou 0,5% do PIB) no final de 2007 para orgiásticos 500 bilhões de reais (10% do PIB!) em setembro deste ano.

Calcula-se que o Bolsa Empresário custe à Viúva cerca de 35 bilhões de reais por ano. Oitenta por cento disso é prejuízo na veia, porque o Tesouro capta recursos a um juro maior do que receberá do BNDES. Mas calma que isso aqui não é a Renner nem a Marisa: o BNDES tem 40 anos para pagar…

É claro que a esquerda brasileira sabe que o País precisa de escolas e professores bem pagos, postos de saúde e creches, mas o PT sabe quais são suas prioridades.

Mas o dinheiro não foi jogado fora em vão — ele pagou uma lição sobre o que não funciona em economia.  O crescimento do PIB foi de zero em 2009 para 7,5% em 2010 — sabe quando a Ferrari acelera de zero para 100km/h em 8 segundos? — mas aí foi murchando pra 3%.. 1%.. 2%.. até chegar a zero esse ano, que foi o ponto de partida. Como dizia o professor de matemática: “Como queremos demonstrar.”  Ou, como diria um economista do Governo: “imagina se a gente não tivesse feito nada…”

Em retrospecto, analistas políticos dizem que o Bolsa Empresário foi uma forma de complementar o Bolsa Família e ajudar o projeto de poder do PT. “Eles sabiam que tinham que agradar aos muito ricos e aos muito pobres.. Queriam ficar 20 anos, e já conseguiram 16,” diz um analista com medo de se identificar porque trabalha no Santander.

Se colocado em pilhas de notas de R$100, o dinheiro do Bolsa Empresário percorreria uma distância igual ao perímetro do ego do ex-Presidente Lula.

O movimento de retirada da escada — o equivalente, nos EUA, ao Federal Reserve parar a recompra de títulos — vai ameaçar vários projetos “estratégicos” do Governo, como “O Boi é Nosso,” o “Telecom para Todos” e, claro, aquele programa que unificou os cadastros de vários outros que já existiam, o “Amigos do Rei.”Dilma Rousseff

Tim Maia já dizia: “No Brasil, puta se apaixona, traficante cheira e cafetão tem ciúme”. E governo “de esquerda” tira do público para ajudar o privado. Bom, pelo menos alguns privados.

Na manhã de hoje, quando saiu a notícia da redução do programa, um diálogo gravado sigilosamente por um dissidente da escola de economia da Unicamp capturou a revolta entre os acadêmicos que apóiam a Nova Matriz Econômica — aquela que diz que todos os problemas da economia são do lado da oferta.

Segue uma transcrição da gravação vazada a VEJA Mercados:

 

— Ainda bem que esse Mantega está demissionário.

— Esse cara está ameaçando a nossa matriz econômica, que custamos tanto a implantar.

— Imagina o Brasil com bancos públicos menores! Imagina se o balanço do BNDES voltasse ao que era.. tipo… no Governo FHC.

— Não! Isto não pode! Eu não vou aceitar! Eu vou denunciar este movimento como o que é: um crime de lesa-pátria!

— Senta aí, Conceição! Não precisa se exaltar.

— Mas o que ele disse exatamente?

— Está aqui na Reuters: Disse que o Governo vai reduzir o papel dos bancos públicos — BNDES, Banco do Brasil e Caixa….

— Leviano!

 

Enquanto isso, dava-se o seguinte diálogo entre o marketeiro da campanha de Dilma, João Santana, de férias em Paris, e um funcionário de seu escritório no Brasil:

 

— Chefe, já leu aí o que o Guido falou hoje? Aquela estória dos bancos públicos…

— Li sim, meu filho. Vi isso de loongee…. Cantei essa pedra lá atrás!  O povo sempre fica com medo quando a gente fala que vão vender estatal.. Não falei que era pra botar a culpa no outro?

— O senhor é mesmo um gênio.

— E o Partido, já pagou?

FRAGA-1

Nota de esclarecimento: os diálogos acima são obviamente tão fictícios quanto prováveis. 

Por Geraldo Samor

 

A missão impossível de Dilma: “mudar” sem realmente mudar

Nelson Barbosa: esperança só para os sonhadores

Findada a eleição, Dilma precisa descer no palanque e governar, enfrentando a dura realidade, bem diferente do país inventado por seu marqueteiro João Santana. O problema é que petistas só sabem viver em palanques, não governar. Quando é para efetivamente administrar o país, sai de baixo! A incompetência, somada à arrogância, costuma tirar o país dos trilhos.

Foi o que fez Dilma com sua “nova matriz macroeconômica”. O nacional-desenvolvimentismo jamais deu certo em canto algum do mundo, inclusive no Brasil, onde já fora testado antes, com Geisel. Protecionismo comercial, seleção dos campeões nacionais, intervencionismo e dirigismo estatal na economia, controle de preços, todo esse centralismo nunca produziu bons resultados.

E agora a presidente precisa enfrentar a desconfiança dos investidores do Brasil e do mundo, a perda do apetite por investimentos, a morte do “espírito animal”, a fuga de capitais. Para resgatar um pouco da credibilidade totalmente perdida, Dilma terá que mudar sua equipe. Mantega já foi “demitido” durante a campanha, mas eis o problema: quem colocar em seu lugar?

Como mostra o professor Rogério Werneck em sua coluna de hoje no GLOBO, trata-se de uma “missão impossível” resgatar essa credibilidade sem mexer realmente na equipe. Realizar apenas uma dança das cadeiras, trocando ministros de posição, não vai resolver absolutamente nada. Colocar alguém forte e independente, como quer Lula, não deve passar pelo crivo de Dilma, que teria de aceitar a perda do comando e ficaria impossibilitada de demitir seu ministro sem causar pânico nos mercados.

Ou seja, Dilma está mesmo em uma sinuca de bico, e deverá escolher um nome mais “neutro”, como Nelson Barbosa. Ocorre que Barbosa, apesar de ter brigado com Arno Augustin, o que é sempre bom sinal, está longe de ser alguém com visão contrária ao modelo equivocado de Dilma. Como o próprio Werneck mostra, Barbosa é o autor de um paper elogioso às mudanças efetuadas desde o governo Lula em prol do desenvolvimentismo:

Escrito em tom triunfalista, em meio à euforia de 2010, o artigo apresenta relato quase épico dos grandes feitos que vinham sendo logrados pela “opção desenvolvimentista”, após a derrota da “visão neoliberal” no governo Lula, com o abandono da proposta de ajuste fiscal de longo prazo. Passados quatro anos, e estando a economia como está, sua leitura tornou-se imperdível.

Realmente, uma rápida lida no material já comprova que a ilusão de que Nelson Barbosa representa o bom senso da equipe de Dilma não passa disso: uma doce ilusão dos investidores que desejam acreditar no melhor, por falta de alternativa mesmo. O desejo, porém, jamais deve substituir a razão em nossos julgamentos. Vejam o que escreveu Barbosa na ocasião:

Durante o governo Lula, o Brasil iniciou uma nova fase de desenvolvimento econômico e social, em que se combinam crescimento econômico com redução nas desigualdades sociais. Sua característica principal é a retomada do papel do Estado no estímulo ao desenvolvimento e no planejamento de longo prazo. 

[...]

Levando em conta os pontos acima, para os desenvolvimentistas o Brasil poderia acelerar seu crescimento econômico de modo sustentável com base na adoção de alguns estímulos fiscais e monetários por parte do governo federal. 

[...]

Para os desenvolvimentistas, os aumentos nas transferências de renda poderiam ser implementados sem gerar desequilíbrios fiscais. A aceleração do crescimento econômico e o aumento no grau de formalização dos contratos induzido pelo maior crescimento gerariam aumento de arrecadação para o governo e, desta forma, as transferências de renda poderiam ser financiadas sem comprometer a estabilidade das finanças públicas. 

[...]

O que se observa é que em determinados momentos históricos particulares alguns governos adotam medidas que redesenham, nos anos subsequentes, as opções de política econômica, validando alternativas que se tornam a partir dali, e por um longo período, consensuais. Em meados do século passado, no Brasil, tivemos a montagem do Estado desenvolvimentista, no governo de Getúlio Vargas, e o período de busca do desenvolvimento acelerado, com o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, que colocaram o desenvolvimento nacional em novo enquadramento. A reavaliação de valores, muitas vezes produto do pragmatismo político, leva ao deslocamento do espaço das políticas macroeconômicas. No Brasil, a inflexão no rumo de políticas mais “desenvolvimentistas” partilhou deste caráter redefinidor, ao incorporar na agenda atual um crescimento mais inclusivo. 

Pergunto: você realmente dormiria tranquilo com alguém assim cuidando de nossa economia? Que tal cobrar antes suas análises e recomendações do passado, e confrontá-las com o que de fato ocorreu? O que as medidas desenvolvimentistas tão aplaudidas por Nelson Barbosa produziram foi somente uma coisa: estagflação! Como, aliás, previsto por vários economistas liberais, inclusive este que escreve.

Para Dilma resgatar a credibilidade de sua política econômica, ela teria de deixar de ser Dilma. Alguém aposta nisso mesmo? O mais provável será um estelionato eleitoral como já vimos, com a adoção de pequenas medidas “tucanas” à contramão do que a própria Dilma candidata dizia, mas não a ponto de reverter o cenário econômico. Esperemos mais do mesmo, ou seja, uma contínua deterioração do quadro de nossa economia. Qualquer outra coisa não passa de puro desejo…

Rodrigo Constantino

 

Brasil: entre os piores desempenhos do mundo desde que Dilma assumiu. Ou: Metade do valor destruído em dólar

O governo Dilma começou em primeiro de janeiro de 2011. Desde então, o Ibovespa, índice que mede o desempenho das principais empresas brasileiras negociadas em bolsa, perdeu mais da metade de seu valor em dólar. Foi simplesmente o pior desempenho do globo, às exceções apenas de Cazaquistão e Ucrânia, em guerra civil.

Fonte: Bloomberg

Fonte: Bloomberg

Até mesmo a Rússia, que enfrenta grave crise geopolítica por conta da Ucrânia, e cuja moeda já perdeu quase 30% de valor somente neste ano, caiu menos do que o Brasil nesse período. Outros países latino-americanos, como Chile e Peru, perderam bastante valor em dólar, mas bem menos do que o Brasil, comprovando que há fatores intrínsecos ao nosso modelo econômico responsáveis pela queda drástica.

Enquanto isso… a bolsa americana, medida pelo S&P 500, valorizou-se mais de 60% no período! A recuperação foi impressionante lá. O investidor global que decidiu investir $ 100 no começo de 2011 nas ações de empresas americanas, teria hoje mais de $ 160, enquanto aquele que resolveu apostar os mesmos $ 100 no Brasil sob o governo Dilma teria menos de $ 49 hoje.

Ou seja, o que decidiu ficar na maior segurança dos Estados Unidos teria mais do que o triplo daquele ousado que acreditou na “nova matriz macroeconômica” de Dilma e em seu “nacional-desenvolvimentismo”, uma verdadeira máquina de destruição de valor dos nossos ativos.

Rodrigo Constantino

Dilma diz não representar o PT, mas… o PT a representa?

Dilma de vermelho com Rui Falcão, presidente do PT

Muito oportuna – e malandra – a tentativa de a presidente Dilma se afastar do PT quando lhe interessa. Posa agora de grande estadista que representa todo o povo brasileiro, e não apenas seu partido, ignorando que os petistas são os primeiros a misturar partido com governo e estado.

Quem esqueceu do espanto do presidente Bush ao ver Lula, já eleito, usando um broche do PT e não da bandeira brasileira, em sua primeira visita aos Estados Unidos? Ou daquela estrela vermelha decorada no jardim do Palácio do Planalto?

O PT cria constrangimentos para Dilma, mas ela não tem como fingir que não faz parte do partido. Afinal, jamais veio contestar abertamente suas diretrizes, seus objetivos declarados, suas intenções. Sequer teve a coragem de responder a pergunta feita por Aécio Neves no debate da TV Globo, sobre sua opinião em relação aos mensaleiros presos na Papuda. Dilma jamais criticou abertamente o corrupto José Dirceu!

E agora resolve declarar que não representa o PT, partido ao qual é filiada desde 2000, mas sim o país. Uma presidente que, reeleita, sequer teve a hombridade de citar nominalmente em seu discurso de vitória seu adversário, que recebeu 51 milhões de votos. Disse Dilma aos jornalistas:

Eu não represento o PT. Eu represento a Presidência da República. A opinião do PT é a opinião de um partido. Não me influencia, eu represento o país. Sou presidente dos brasileiros. Acho que o PT, como qualquer partido, tem posições de parte e não do todo, é deles, é típico. Essa questão das eleições, que o PT se queixa que houve xingamentos e agressões, as duas partes reclamam da mesma coisa. Eu acho que não deveria caber a mim — e não cabe, eu não faço isso. E não acho que deveria caber também ao adversário. Se a gente tiver um pingo de cabeça fria, a gente vai ver que numa eleição ninguém controla o que se diz nas ruas nem nas redes sociais. Só se controla o que nós mesmo dissemos.

A opinião do PT não é “a opinião de um partido”, e sim a opinião de seu partido, o mesmo que a levou ao Planalto, que pagou seu marqueteiro João Santana, que definiu sua estratégia de campanha. Quando Dilma tenta se afastar da sordidez de sua campanha, liderada pelos “aloprados” do seu partido, ela demonstra excesso de esperteza, o que pode ser confundido com falta de caráter. As cabeças de sua campanha fazem parte de seu governo.

Diz que não foi ela quem partiu pessoalmente para agressões, que ambos devem ter cabeça fria agora, e que não se controla o que os outros dizem ou fazem. Falso. É responsabilidade dela vetar ou aprovar o que é feito em seu nome em sua campanha. É impensável seus correligionários descerem tanto o nível sem seu aval, sem sua aprovação.

Lembrando que o próprio ex-presidente Lula foi um desses que desceu ao nível abaixo do pântano, ao xingar Aécio Neves de “filhinho de papei” e insinuar que era um agressor de mulheres e drogado. Dilma não controla nem o que Lula diz? Mas concorda ou não? Então por que não veio a público rechaçar tais ataques, mostrar indignação, frisar que não falavam em seu nome?

Claro que Dilma é totalmente conivente e responsável pela baixaria de sua campanha, e apenas demonstra mais cara de pau agora, ao tentar manter uma distância estratégica dela, na esperança de que os tucanos possam relaxar na pressão e no combate sem trégua ao seu governo, uma vez decidido o pleito.

O que Dilma quer é um salvo-conduto para descer o nível e praticar a campanha mais pérfida e baixa da história de nossa democracia, para depois fingir que nada aconteceu, que isso não tem nada a ver com ela. E ainda repete a mentira de que a baixaria veio de ambos os lados, como tentou dizer o senador Humberto Costa, apenas para levar um merecido pito de Aécio Neves.

Não, o PSDB não chegou nem perto de agir como o PT. Há uma diferença de essência entre ambos, um abismo moral intransponível. Por mais que eu seja crítico dos tucanos, de seu modelo social-democrata muito à esquerda do que gostaria, de sua postura tantas vezes pusilânime na hora de enfrentar essa quadrilha no poder, o fato inegável é que o PSDB se porta feito um partido civilizado, algo impossível quando se trata do PT.

Dilma tenta pairar acima do PT agora, mas não vai conseguir. Diz não representar o partido, mas todos sabemos que o partido a representa. Dilma é PT, e o PT tem como representante no poder uma das suas. Não dá para dissociar ambos. Não vem que não tem, “presidenta”!

Rodrigo Constantino

Jô Soares descarta risco de bolivarianismo no Brasil: não deveria!

O entrevistador Jô Soares, debatendo com as “meninas do Jô” sobre política e eleição, rechaçou totalmente qualquer possibilidade de o Brasil virar uma Venezuela ou seguir na rota bolivariana, chamando de “absurda” tal visão, por ignorar a dimensão de nosso país (tal dimensão, porém, não nos impediu de cair no regime militar).

Ainda elogiou Evo Morales, alegando que deve ser duro para a elite branca local aceitar um índio no poder fazendo um bom governo. Há controvérsias se é um bom governo, e é impossível ignorar seu autoritarismo, que jamais deveria ser negligenciado só por suas origens.

Por fim, não viu nada demais na parceria entre Venezuela e MST, e disse que o Brasil está se socializando, mas pelas vias democráticas. Seria o caso de perguntar: não foi exatamente isso que aconteceu na Venezuela? Chávez não usou a democracia para destruí-la de dentro? Vejam:

 

 

 

Em outra ocasião, Jô chegou a elogiar Fidel Castro. O pior é que foi durante uma entrevista com o renomado jurista Ives Gandra Martins, que explicava justamente como o PT, com o PNDH-3, tem um plano claramente bolivariano. Pelo visto, Jô não absorveu bem a mensagem de seu entrevistado:

Curiosamente, a própria presidente Dilma, em entrevista para jornalistas ontem, também recusou a ideia de que seu governo tenha qualquer semelhança com o bolivarianismo:

É uma vergonha tratar os dois países (Brasil e Venezuela) como iguais. É uma excrescência, porque não tem similaridade. Essa história de bolivarianismo está eivada de camadas de preconceito contra o meu governo. Geralmente, o uso ideológico de certas categorias distorce toda a compreensão da realidade. E se tem uma que é usada indevidamente chama-se bolivarianismo. O mais estarrecedor é que eu cheguei à conclusão que o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Conselhão), integrado pelo PIB brasileiro é bolivariano. Porque acusaram o governo de estar fazendo bolivarianismo com a questão da participação social. A maioria dos órgãos de participação monta desde 1935, a grande criação do governo Lula é o Conselhão, daí porque falei: “Bom, então se não é ao passado mais remoto (que se referem). Então somos nós. Nós criamos o quê?”

Não tem nada a ver com preconceito, e sim com observar os fatos e a própria declaração da alta cúpula do PT, inclusive do ex-presidente Lula, que já disse em várias ocasiões que admira o modelo venezuelano e gostaria de nos levar na mesma direção. Ninguém diz que o Brasil já é uma Venezuela, e sim que corre o risco de virar uma, se não impedirmos o avanço do chavismo, que o PT claramente deseja. O controle da imprensa é o passo mais importante nesse sentido, assim como aparelhar de vez o STF.

Jô Soares não precisa acreditar em mim. Basta ver a mensagem que o próprio Lula enviou aos venezuelanos, elogiando Nicolás Maduro:

Ou, se preferir, pode ver a mensagem que Maduro, por sua vez, proclamou ao saber da vitória de Dilma e de sua importância para o projeto revolucionário da esquerda latino-americana:

Como fica claro, absurdo é ignorar completamente o que a própria turma no poder diz. Claro que o Brasil, por vários motivos, oferece maiores obstáculos aos anseios bolivarianos do PT. Mas negar a intenção e desconsiderar o risco são atitudes equivocadas, quiçá irresponsáveis.

A menos que o apresentador não se importe de o Brasil caminhar nessa direção de “socialismo democrático”, que de democrático mesmo não tem nada além do nome. Nem mais as aparências consegue preservar nos casos mais avançados de chavismo.

Se Jô ainda assim não estiver convencido, aceito de bom grado ser convidado para seu programa, para apresentar outros argumentos e outras evidências, ao vivo, olho no olho. Tenho certeza de que Jô, em busca da verdade, não se negará a isso, pois teremos a oportunidade de trocar informações e opiniões, para ver qual lado está com a razão. É só dizer a hora e o local que estarei lá…

Rodrigo Constantino

 

Chega de doutrinação marxista nas escolas!

Minha mulher levava nossa filha e duas amigas para um shopping quando meu nome veio à tona. É que um professor da escola delas – uma escola particular muito respeitada e rigorosa – fica usando seu canal nas redes sociais para me atacar e defender o governo Dilma. Minha esposa explicava que em sua página ele era livre para tanto, e só não podia fazer campanha partidária – para o PT ou para a oposição – dentro da sala de aula. Isso é crime.

Foi quando o assunto migrou para comunismo versus capitalismo. Uma delas, cuja mãe é empresária, disse que o capitalismo também falhou, afinal, o mundo é imperfeito e com muita desigualdade (só faltou culpar o capitalismo pela miséria africana). E acrescentou que o lado bom do comunismo é desejar que todos tenham as mesmas oportunidades, acesso aos mesmos bens materiais. Ela tem um iPhone, por que os alunos da escola pública em frente não podem ter também?

Estamos falando de meninas com 12 anos. A elite de esquerda tem repetido a mesma ladainha por aí. Para essas pessoas, ser socialista, comunista ou de esquerda é desejar que os mais pobres tenham os mesmos bens que os ricos. Nada mais falso! Mas é o que vem sendo repetido pela esquerda caviar, justificando a contradição entre acumular cada vez mais bens e ao mesmo tempo pregar o socialismo igualitário.

Os socialistas não querem melhorar a vida dos mais pobres, ou ao menos não são os únicos que querem isso. O que fazem é monopolizar as virtudes. Quem efetivamente melhora a vida dos mais pobres é o capitalismo, uma economia liberal com foco na busca do lucro em ambiente de livre concorrência. Todas as experiências comprovam o que a teoria explica.

O que os socialistas efetivamente querem é tirar dos ricos, pois partem da premissa de economia como jogo de soma zero, em que João, para ficar rico, teve de tirar de Pedro. Ou seja, o lucro seria uma exploração, uma “mais-valia”. Rejeitam a ideia de mérito, de vocações e dons distintos, o que sempre levará a desigualdades em ambiente de liberdade. O que os socialistas fazem é explorar a culpa das elites abastadas, e começam a fazer isso bem cedo, como podemos ver.

Gustavo Ioschpe, em sua coluna na Veja desta semana, conta justamente como tem ficado estarrecido com a doutrinação marxista nas escolas particulares do Brasil. Como especialista no tema educação, faz várias palestras, e tem se deparado com alunos que elogiam o modelo cubano, onde só há proselitismo ideológico e as pessoas são proibidas de ler o que desejam.

Alguns chegam ao extremo de acusá-lo de preconceito por cobrar conhecimento objetivo e capacidade de leitura dos alunos. Estamos nivelando por baixo, enaltecendo a mediocridade, e espalhando marxismo por aí, sem que os pais saibam ou façam algo a respeito. Ioschpe faz a seguinte pergunta:

Ioschpe

Pois é. Muitos não sabem, outros não ligam, e alguns acham que faz parte, mas que em casa conseguem inocular seus filhos com o antivírus ao marxismo. Mas o fato é que estão substituindo um ensino mais objetivo por uma máquina de doutrinação ideológica, o que é um absurdo e prejudica bastante o país.

Para começo de conversa, a meritocracia e a responsabilidade individual, dois valores liberais que os socialistas condenam, precisam fazer parte de qualquer ensino de qualidade. Ou será que os professores vão, agora, em nome da igualdade, somar a nota dos melhores com a dos piores e dividir igualmente entre eles? Será que vamos endossar o fim da cobrança individual no desempenho escolar, em nome do coletivismo de esquerda? Ioschpe conclui:

Ioschpe 2

Escola sem partido já! Chega de doutrinação marxista nas escolas de nossos filhos!

Rodrigo Constantino

 

Uma visita muito suspeita: bandeira vermelha!

Graças ao vídeo divulgado pelo próprio governo venezuelano, por meio de um canal estatal de TV, ficamos sabendo dos verdadeiros motivos para a mais que suspeita visita de Elías Jaua, cuja babá foi presa com uma arma no aeroporto. O intuito era fechar uma bizarra parceria com o MST para fortalecer a “revolução socialista” em nosso país. Até o Itamaraty teve de se pronunciar e cobrar explicações do governo “camarada”.

Uma excelente reportagem de Veja esta semana, assinada por Leonardo Coutinho e Nathalia Watkins, esmiuça o passado do venezuelano para jogar luz sobre a gravidade desta visita suspeita. O que emerge é um especialista em atividades clandestinas. Esteve, em 1992, entre os mais de mil conspiradores envolvidos na sangrenta tentativa de golpe de Estado do coronel Hugo Chávez. Quando este finalmente chegou ao poder, Eliás Jaua passou a fazer parte da cúpula do novo governo.

Sua missão sempre foi cooptar, articular e treinar “movimentos sociais” e milícias armadas para implantar o “socialismo do século XXI”, não só na Venezuela, como em outros países latino-americanos. O elo com o MST, portanto, seria natural para alguém com tais “credenciais”. O estranho é ele ter vindo escondido do governo brasileiro. O caso veio à tona com a prisão da babá de seus filhos.

Junto ao revólver, ela trazia documentos que o delegado classificou como sendo de “cunho eleitoral e doutrinário”. O teor foi descrito por alguns que tiveram acesso como “forte”, “preocupante” e “explosivo”. “Identificar e neutralizar o inimigo” seriam os objetivos ensinados pelo obscuro venezuelano. João Pedro Stédile, líder do MST e aquele que fez ameaças de guerra caso Aécio Neves fosse eleito, é próximo de Nicolás Maduro. É o bolivarianismo entrando no Brasil pela porta dos fundos. A reportagem conclui:

Elias Jaua

Jaua era membro de uma facção clandestina de um movimento marxista chamado Bandera Roja, ou Bandeira Vermelha. Sua meta era convencer pessoas a pegar em armas para lutar contra o regime democrático venezuelano. É esse o tipo que vem clandestinamente ao Brasil fechar acordos com o MST, “movimento social” próximo do PT. Mas há quem chame de paranoia falar em risco bolivariano por aqui.

Inocentes, não sabem de nada! O que os chavistas querem já está evidente. Quem são seus braços armados no Brasil também já sabemos. Que o próprio PT não deseja oferecer obstáculo algum a essa quadrilha vermelha, isso também é notório. Ou seja, podemos contar com outras entidades na luta contra a maré vermelha, não com aquelas que dependem diretamente da influência do governo.

E temos a obrigação de cobrar investigações e punições contra esses que tratam nosso país como a casa da mãe Joana, como um quintal para suas confabulações e conspirações antidemocráticas. O que é isso, companheiro? Não passarão!

Rodrigo Constantino

 

A queda do Muro: a perspectiva de Alan Greenspan

Amanhã a queda do Muro de Berlim completa seu vigésimo-quinto aniversário. Foi um marco da história, selando definitivamente o fracasso da experiência socialista, que precisou erguer um muro para impedir a saída do próprio povo.

No capítulo 6 do seu livro de memórias A Era da Turbulência (Elsevier Editora, 2007), Alan Greenspan comenta sobre os empolgantes anos da queda do Muro de Berlim em 1989 e o fim da União Soviética mais tarde. A seguir, coloco alguns trechos que considero mais interessantes:

“Como os Chevrolets 1957 nas ruas de Havana, aquela relíquia (um trator a vapor da década de 1920) representava a diferença fundamental entre sociedades sob planejamento central e sociedades capitalistas: lá não havia destruição criativa, não existia o ímpeto para construir melhores ferramentas.”

“Sem mercados eficientes para determinar a oferta e a demanda, as conseqüências quase sempre são enormes excedentes de produtos que ninguém quer e enormes faltas de produtos que muita gente quer, mas que não são produzidos em volumes adequados.”

“Sem a ajuda de mecanismos de formação de preços, o planejamento econômico soviético não contava com a orientação constante do feedback eficaz. Igualmente importante, os planejadores não contavam com os sinais das finanças para ajustar a alocação das poupanças para investimentos reais produtivos, que acomodassem as mudanças nas necessidades e nos gostos da população.”

“Depois da Segunda Guerra Mundial, as democracias européias se deslocaram para o socialismo e o equilíbrio se inclinou na direção do controle governamental central, mesmo nos Estados Unidos – afinal, todo o esforço de guerra da indústria americana fora obra, na verdade, do planejamento central.”

“Em economia, experimentos controlados raramente são possíveis, mas, com esse propósito, não se poderia desenvolver nada melhor que a comparação entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental, nem mesmo em laboratório. Ambos os países começaram com a mesma cultura, com a mesma língua, com a mesma história e com o mesmo sistema de valores. Então, durante quarenta anos, competiram em lados opostos de uma linha, com muito pouco comércio entre si. A grande diferença sujeita a teste eram os sistemas político e econômico: capitalismo de mercadoversus planejamento central.”

“A queda do muro expôs um grau de decadência econômica tão devastador que surpreendeu até os mais céticos. A força de trabalho da Alemanha Oriental, constatou-se, apresentava apenas um terço da produtividade da força de trabalho da Alemanha Ocidental, bem aquém dos 75% a 85% supostos até então.”

“’Fim da União Soviética – Gorbachev, último líder soviético, renuncia; EUA reconhecem independência das repúblicas’, foi a manchete do New York Times de 26 de dezembro – ao deparar com ela, lamentei que Ayn Rand não estivesse viva para vê-la. Ela e Ronald Reagan foram duas das poucas pessoas a prever, algumas décadas antes, que a URSS acabaria implodindo.”

“O colapso do planejamento central não estabeleceu imediatamente o capitalismo, ao contrário das previsões róseas de muitos políticos conservadores. Os mercados ocidentais se erguem sobre vasta base de cultura e de infra-estrutura, que evoluiu ao longo de gerações: leis, convenções e comportamentos, além de profissões e práticas de negócios, que não eram necessárias nas economias sob planejamento central. Forçados a fazer a mudança da noite para o dia, os soviéticos alcançaram não o sistema de livre mercado, mas o do mercado negro. (…) Falta a certeza do direito de propriedade, pino mestre da economia de mercado. (…) Poucas pessoas arriscarão o próprio capital se as recompensas estiverem sujeitas à apreensão arbitrária pelo governo ou pelas massas.”

“Marx de modo algum foi o primeiro a condenar a propriedade privada; a noção de que a propriedade privada é pecaminosa, assim como a obtenção de lucro e o empréstimo a juros, tem raízes profundas no cristianismo, no islamismo e em outras religiões. Apenas com o Iluminismo surgiram princípios opostos, que forneceram a base moral da propriedade, do lucro e do juro. John Locke, grande filósofo britânico do século XVIII, escreveu sobre o ‘direito natural’ de todos os indivíduos ‘à vida, à liberdade e à propriedade’. Essa reflexão exerceu profunda influência sobre os Pais da Pátria americana, e contribuiu para fomentar o capitalismo de livre mercado nos Estados Unidos.”

“A confiança na palavra alheia, principalmente de estranhos, era outro elemento que notoriamente faltava na nova Rússia. Quase não pensamos nessa faceta do capitalismo de mercado, mas ela é crucial. (…) Nas sociedades livres, quase todas as transações são, portanto, inclusive por necessidade, espontâneas. Esses intercâmbios voluntários, por sua vez, exigem confiança. (…) Mas a confiança precisa ser conquistada; a reputação é, em geral, o ativo mais valioso de uma empresa.”

“Por fim, ainda persiste certo protecionismo latente, nos Estados Unidos e alhures, que pode emergir como força poderosa contra o comércio e as finanças internacionais, debilitando o próprio capitalismo de livre mercado, mormente se a economia mundial de alta tecnologia, hoje predominante, perder o viço. Entretanto, o veredicto contra o planejamento central já havia sido proferido, e fora inequivocamente adverso.”

Infelizmente, grande parte do povo brasileiro ainda não acordou para este fato!

Rodrigo Constantino

 

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Blog Rodrigo Constantino (VEJA)

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1 comentário

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, a frase “Le Brésil n’est pás um pays serieux” – O Brasil não é um país sério – atribuída a Charles de Gaulle, continua a receber credibilidade; não o país, mas à frase.

    Enquanto os investigadores da Operação Lava Jato, calculam que vão recuperar R$ 500 milhões com acordos de delação premiadas, até março do próximo ano; com um detalhe, três pessoas do braço operacional, Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef e Júlio Camargo ( que agia em nome da Toyo Setal), que firmaram o acordo de delação premiada, se comprometeram a devolver R$ 165 milhões . Este valor dá para guardar dentro do bolso do paletó do terno, dependurado no armário? É assim que os mais humildes guardam suas “reservas”.

    Enquanto isso... No BRAZIL (com ZÊ), governo e políticos procuram responsáveis por vazamentos de denúncias. Inclusive a presidenta disse que vai processar a revista Veja; acredito que a ameaça não vai se concretizar, pois ela “estava em cima do palanque”. Ela estava travestida de candidata-presidenta e, agora está presidenta-candidata, ou seja, a parte candidata está autorizada a “fazer o diabo” e, a parte presidenta exige o devido respeito à figura “presidenta”, vai entender!

    O beato Antonio Conselheiro disse: “O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”. Atrevo-me a pensar, quando isto se concretizar: “O Brasil será um país sério”!

    ....”E VAMOS EM FRENTE” ! ! !....

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