Em VEJA: Ação da Petrobras recua ao menor valor em mais de 10 anos

Publicado em 15/12/2014 22:13 e atualizado em 29/02/2020 16:45
Papel ordinário da Petrobras terminou cotado a 8,52 reais e o preferencial a 9,18 reais, enquanto o dólar encostou nos R$ 2,70

Pressionada pela queda de mais de 9% das ações da Petrobras, a Bovespa recuou nesta segunda-feira. O Ibovespa, principal índice da bolsa, caiu 2,05%, a 47.019 pontos, o menor nível desde os 46.567,23 pontos de 19 de março deste ano. Na mínima, registrou 46.410 pontos (-3,32%) e, na máxima, 48.401 pontos (0,83%). O giro financeiro foi de 10,95 bilhões de reais. 

Os papéis preferenciais da Petrobras (PN, sem direito a voto) caíram 9,20%, maior queda diária desde 27 de outubro deste ano, para 9,18 reais. Os papéis ordinários (ON, com direito a voto) recuaram 9,94%, a 8,52 reais. No caso do papel preferencial, trata-se da menor cotação desde 20 de julho de 2005, enquanto para as ações ordinárias, o valor é o mais baixo desde 15 de setembro de 2004, segundo dados da Economatica.

O recuo dos papéis da estatal potencializou um movimento global de aversão a risco, particularmente em mercados emergentes. Outra tendência do mercado financeiro nesta segunda-feira foi impulsionada pelos dados da produção industrial dos Estados Unidos, que avançou acima do esperado. Investidores venderam papéis em países emergentes e migraram para ativos nos Estados Unidos, o que ajudou a elevar a cotação do dólar mundialmente.

Durante o pregão desta segunda, as ações da Petrobras chegaram a recuar mais de 10%, o que ativou o mecanismo automático de leilão na bolsa de valores, previsto no regulamento. Com isso, ainda que as ofertas e vendas se mantivessem ativas, os preços foram paralisados por 5 minutos, segundo informações da BM&FBovespa. Os papéis foram a segunda e terceira maiores quedas do índice, atrás de Rossi, que despencou 14,17%.

A queda ocorre após a estatal adiar pela segunda vez a divulgação do balanço do terceiro trimestre, na última sexta-feira, devido a desdobramentos da Operação Lava Jato. A companhia deve divulgar os resultados até o dia 31 de janeiro de 2015. 

No exterior, a trajetória da queda dos preços do petróleo também pressionou os negócios. Na Bolsa de Nova York, as cotações da commodity atingiram o menor nível desde maio de 2009, depois de declarações consideradas pouco animadoras de dirigentes da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep). O preço do petróleo bruto terminou a 55,91 dólares. 

 

Câmbio -  O dólar terminou em alta pela quarta sessão seguida e renovou as máximas registradas em quase dez anos. No exterior, a crise do petróleo e a expectativa com a reunião do Federal Reserve (banco central dos EUA), na quarta-feira, impulsionam a divisa norte-americana para 2,6853 reais (1,29%), maior cotação desde 29 de março de 2005 (2,698 reais). Na máxima desta sessão, o dólar foi a 2,7019 reais, alta de 1,91%.

 

Também influenciaram os negócios incertezas em relação ao futuro do programa de intervenções no câmbio do Banco Central (BC) brasileiro. 

(Com agência Reuters)

 

Ação da Petrobras cai abaixo de R$10; ‘Faxinaço’ amanhã

Não é pelos R$ 9,18. É pela indignidade da coisa toda.

No dia em que a ação PN da Petrobras fechou a preço de lojinha de importados chineses, foi marcado para amanhã um ‘faxinaço’ em frente a escritórios da empresa em seis capitais brasileiras e em Houston, no Texas. (veja os locais abaixo)

“Traga baldes, vassouras e rodos! Vamos acabar com essa sujeira!” diz o convite para o evento. “Protestaremos pelo fim da corrupção, por uma gestão profissional e fim do uso político para indicação nos cargos administrativos.”

“Tem muitos funcionários da empresa dizendo para conhecidos que adorariam estar lá na manifestação, mas que têm medo de represálias,” disse uma pessoa próxima à organização do evento, que está sendo marcado pelo Facebook.

A ação entrou em leilão na Bovespa pelo menos duas vezes no pregão de hoje — o que acontece quanto a queda é muito abrupta.

No mercado, chama a atenção a incapacidade do Governo de reagir ao derretimento da ação, cada vez mais avassalador. O Palácio do Planalto, pela primeira vez, parece estar deixando o mercado determinar o preço de alguma coisa no País — em vez de ditar o preço de cima para baixo.

Os focos de incerteza sobre o futuro da estatal incluem o tamanho do impairment(reconhecimento de perda no valor dos ativos) que terá que ser feito no balanço, o timing da publicação do balanço auditado, a continuidade da atual gestão, e o efeito da desvalorização cambial sobre o endividamento da empresa.

A “destruição da Petrobras”, antes uma figura de linguagem, cada dia se materializa mais como um evento concreto, surreal e com uma dinâmica própria.

FAXINACO

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Por Geraldo Samor

 

Inação de Dilma no caso Petrobras já beira o crime de responsabilidade

A presidente Dilma Rousseff, abraçada a seus dois mandatos — o que ela já tem e o que ela ainda terá — vê a Petrobras virar pó e não consegue sair do lugar. É impressionante! Parece estar em transe. A situação não faz nada senão piorar, e a presidente que há e a que haverá se estreitam num abraço insano. Os papéis preferenciais da estatal (PN, sem direito a voto) caíram 9,20%, maior queda diária desde 27 de outubro deste ano, para R$ 9,18 reais. Os ordinários (ON, com direito a voto) recuaram 9,94%, a R$ 8,52, as menores cotações, respectivamente, desde 20 de julho de 2005 e 15 de setembro de 2004. O desempenho da empresa jogou o Bovespa para baixo, frechando em queda de 2,05%, aos 47.019.

A conjuntura internacional explica parte do desastre? Explica. O preço do barril do petróleo não é nada estimulante para a petroleira; a economia americana se recupera, o que provoca uma migração de papeis dos países emergentes para os EUA, parte do movimento de aversão ao risco etc. Assim, ainda que as ações da gigante brasileira estivessem nas nuvens, é justo inferir que teriam caído um pouco — quem sabe tivesse despencado.

O problema é que as ações já estavam no fundo do poço em razão de fatores que nada têm a ver com a economia mundial. O que conduziu a Petrobras à beira do colapso é a roubalheira. Juntam-se, assim, fatores que não dependem de escolhas feitas pelo governo brasileiro com outros que dependem, sim. Até quando Dilma pretende empurrar com a barriga a necessária substituição de toda a diretoria da empresa. A governanta tem alguma esperança de que Graça Foster, presidente da estatal, recupere a credibilidade? De que modo.

A mais recente notícia escabrosa saída daquele hospício de malfeitores informa que, ora vejam, a diretoria da estatal subscreveu um contrato em branco com a empresa holandesa SBM Offshore para a construção do navio-plataforma P-57. Isso aconteceu na sexta-feira, 1º de janeiro de 2008. O contrato de construção da P-57 (nº 0801.0000032.07.2), que chegou à CPMI da Petrobras, não contém “informação expressa sobre seu valor”, relataram os técnicos, por escrito, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Só para lembrar: mesmo assim, o relator, Marco Maia (PT-SP), não viu nada de errado.

Voltemos à Petrobras. Dilma está esperando o quê? A inação já beira o crime de responsabilidade, conforme o expresso na Alínea 3 do Artigo 9º: “não tornar efetiva a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição”. A melhor maneira que Dilma tem de cobrar a responsabilidade desses subordinados é substituído-os.

Por Reinaldo Azevedo

 

 

Petrobras tornou-se uma ex-estatal hemorrágica, por Josias de Souza (UOL)

 

O signatário do blog testemunhou a cena: após submeter-se a uma sabatina, em julho, Dilma Rousseff contou aos repórteres, entre risos, uma história pitoresca. Hóspede eventual do Alvorada, uma tia da presidente evita andar pelo palácio durante a noite. Tem receio de encontrar o espectro do general João Baptista Figueiredo, último presidente do ciclo militar.

Hoje, um novo fantasma assombra a residência oficial de Dilma. É o fantasma dela mesma, no tempo em que era uma esquerdista avessa às privatizações e acusava o tucanato de tramar a venda da Petrobras. A Dilma de ontem flutua sobre a cabeça da atual quando ela é arrancada do sono por pesadelos provocados pela Operação Lava Jato.

Arrematada pela pirataria partidária, a Petrobras tornou-se uma ex-estatal hemorrágica. Nesta segunda-feira (15), as ações da companhia derreteram mais de 9%. O papelório evaporou mais de 25% em uma semana. Deve-se a queda às dúvidas ateadas no mercado pelo adiamento da divulgação do balanço da ex-estatal e às certezas expostas nas ações penais que o juiz Sérgio Moro deflagra no Paraná. Como se fosse pouco, a cotação internacional do petróleo despenca.

Saqueada por partidos e varejada por procuradores e delegados federais, a Petrobras começa a dar adeus ao seu cronograma de investimentos. Vê-se momentaneamente compelida a priorizar o gerenciamento de sua megadívida —coisa de US$ 110 bilhões. E Dilma, aterrorizada pelo fantasma dela mesma, assiste passivamente à derrocada da ex-estatal.

Atônita, Dilma demora para formalizar o afastamento de Graça Foster, uma presidente que já não preside a Petrobras. E autoriza a prorrogação da licença de Sérgio Machado, um apadrinhado de Renan Calheiros que jamais deveria ter sido acomodado no comando de uma subsidiária como a Transpetro.

Alguém precisa levar um exorcista para o Palácio da Alvorada. Nos últimos dias, o fantasma da antiga Dilma passou a dar rasantes sobre a cama da Dilma atual. Carrega um cartaz com um lema da década de 50: “O petróleo é nosso.” A presidente finge que não vê.

 

 

Petrobras assinou contrato em branco com empresa holandesa

Esta reportagem foi publicada no Globo, circula desde hoje de manhã na página eletrônica do jornal e tem de ficar registrada aqui. Eis o padrão de governança que vigia na Petrobras na gestão dos companheiros. Já deveria ter tratado antes do assunto, mas o dia foi meio confuso, hehe. Adiante. Trato da Petrobras no próximo post,
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Por José Casado, Ramona Ordoñez, Bruno Rosa, Karla Mendes, Antonio Werneck e Thiago Herdy:
Bruno Chabas resolveu atualizar a correspondência quando viu um recado de Zoe Taylor-Jones, advogado da SBM, empresa holandesa que possui US$ 27,6 bilhões em contratos de navios e plataformas marítimas com a Petrobras. Eles lideravam a equipe que há meses revolvia os arquivos da diretoria recém-demitida. Rastreavam pagamentos de US$ 102,2 milhões em propinas a dirigentes da Petrobras, intermediados pelo agente da companhia no Brasil Julio Faerman. “Cavalheiros, sinto muito, mas esta é a última cereja do bolo”, ele escreveu a Chabas, presidente da SBM, e a mais quatro diretores, acrescentando: “Nós pagamos também a conta de telefone e de internet de Faerman”. Anexou uma fatura pendente de R$ 1.207,00 da operadora Sky. Era 1h35m da madrugada de terça-feira, 17 de abril de 2012. Com a agenda da manhã seguinte sobrecarregada pela auditoria, Chabas mandou uma resposta irônica antes de dormir: “Essa relação nunca pára de me surpreender”.

Mais surpreendidos ficaram, dias atrás, os auditores e advogados do Tribunal de Contas da União, da Receita Federal e do Banco Central que analisaram para o Congresso a documentação dos negócios da Petrobras com a SBM. Comprovaram, por exemplo, que a diretoria da estatal subscreveu um contrato em branco para a construção do navio-plataforma P-57. Isso aconteceu na sexta-feira 1º de janeiro de 2008. O contrato de construção da P-57 (nº 0801.0000032.07.2), que chegou à CPMI, não contém “informação expressa sobre seu valor”, relataram os técnicos, por escrito, à Comissão Parlamentar de Inquérito.

Na cláusula específica (“Quinta — Preço e Valor”), os campos simplesmente não foram preenchidos. Ficaram assim:
“5.1 O valor total estimado do presente CONTRATO é de R$ xxxxx (xxxx), compreendendo as seguintes parcelas:
5.1.1 R$ xxxxx (xxxx), correspondente aos serviços objeto do presente CONTRATO, sendo R$ _____ ( ) referente a serviços com mão-de-obra nacional e R$ _____ ( ), referente a serviços com mão de obra não residente;
5.1.2 R$ xxxxx (xxxx), correspondente aos reembolsos contratualmente previstos”.

Quase um ano depois
Somente 207 dias depois — ou seja, passados sete meses — é que “esses valores foram ‘preenchidos’”, registraram os assessores da CPMI. O “Aditivo nº 1” foi assinado na terça-feira 26 de agosto de 2008, mas ainda sem especificar os valores completos dos serviços nacionais e estrangeiros. A plataforma P-57 foi vendida por US$ 1,2 bilhão à Petrobras. Por esse negócio, a SBM pagou US$ 36,3 milhões em propinas — o maior valor entre seus casos de corrupção no Brasil, como admitiu, em acordo de leniência com a promotoria da Holanda e o Departamento de Justiça dos EUA.

A empresa holandesa confessou ter distribuído US$ 102,2 milhões em subornos a dirigentes da Petrobras, entre 2005 e 2011. Assim, obteve 13 contratos de fornecimento de sistemas e serviços à estatal. Foram suas operações mais relevantes no país, durante os últimos cinco anos da administração Lula e no primeiro ano do governo Dilma Rousseff.

As propinas foram “para funcionários do governo brasileiro”, constataram a Receita e o Ministério Público da Holanda. Os pagamentos, segundo eles, fluíram a partir de empresas criadas pelo agente da SBM no Rio, Julio Faerman, no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Faerman controlava três (Jandell Investiments Ltd., Journey Advisors Co. Ltd. e Bien Faire Inc.) e partilhava outra (Hades Production Inc.) com o sócio carioca Luis Eduardo Barbosa da Silva. Quem assinou o contrato da P-57 foi Pedro José Barusco Filho, que, na época, era gerente executivo da Diretoria de Engenharia e Serviços, comandada por Renato de Souza Duque.

No mês passado, Barusco se apresentou à procuradoria federal. Entregou arquivos, contas bancárias e se comprometeu a fazer uma confissão completa em troca da atenuação de penalidades. Informou possuir US$ 97 milhões guardados no exterior, dos quais US$ 20 milhões na Suíça já estão bloqueados. Duque foi preso e depois liberado. Agora, enfrenta acusações de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência com políticos do Partido dos Trabalhadores. Ele nega tudo.

A comissão parlamentar de inquérito identificou outros sete funcionários da Petrobras envolvidos no processo de compra da P-57. Eles são: Márcio Félix Carvalho de Bezerra; Luiz Robério Silva Ramos; Cornelius Franciscus Jozef Looman; Samir Passos Awad; Roberto Moro; José Luiz Marcusso e Osvaldo Kawakami. Um ano depois da assinatura do contrato, a P-57 entrou no projeto de propaganda eleitoral do governo. Foi em outubro de 2009, quando Lula preparava Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, para disputar a eleição presidencial de 2010.

O então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que é filiado ao PT, formatou um calendário de eventos. Escolheu o período entre o primeiro e o segundo turnos, em outubro de 2010, para o “batismo” da plataforma, sob a justificativa do 57º aniversário da estatal. Era preciso, no entanto, garantir a entrega antecipada do equipamento. O diretor Duque e seu gerente Barusco recorreram ao agente da SBM no Rio. Faerman informou ser possível, mas a custos extras. Seguiu-se uma negociação com os funcionários Mario Nigri Klein, Ricardo Amador Serro, Antonio Francisco Fernandes Filho e Carlos José do Nascimento Travassos.

Em abril de 2010, Duque aprovou a despesa extraordinária pela antecipação da entrega da plataforma, apoiado por Barusco e outro gerente, José Antônio de Figueiredo. Lula comandou o “batismo” da plataforma em comício em Angra dos Reis (RJ), na quinta-feira 7 de outubro. A antecipação da entrega para o evento, em meio à disputa presidencial, custou à Petrobras um extra de US$ 25 milhões. A SBM enviou US$ 750 mil líquidos para empresas de Faerman nas Ilhas Virgens Britânicas.

Tendo trabalhado por seis anos na estatal, nos anos 60, o agente da SBM no Rio conhecia como poucos os chefes, suas carreiras e as áreas de decisão na sede da Avenida Chile, no Centro. Mantinha encontros semanais com alguns. Havia um padrão de abordagem, relata um engenheiro da Petrobras, evitando citar nomes. Iniciante na estatal, nos anos 90, passou a receber sucessivos elogios de um executivo da SBM no Rio, por seu desempenho nas avaliações dos projetos de afretamento de sondas e plataformas, etapa decisiva na rotina pré-contratual. “Fiquei empolgado. Afinal, era um simples funcionário, estava começando e já recebia elogios de executivo de empresa de porte”, contou. Um dia foi convidado para um jantar na Zona Sul.

A conversa suave, regada a vinho, derivou para seu trabalho na seção de custos de afretamentos. Depois de escolher o prato, o funcionário da Petrobras escutou uma proposta do representante, conhecido como o “homem forte” da SBM: “Quero compartilhar com você parte da minha comissão”, disse-lhe, apontando o dedo indicador para o alto, em alusão a eventuais lucros.

O incômodo à mesa é inesquecível: “Não dormi naquela noite. Depois me convidaram várias vezes para trabalhar, até que desistiram. No início de 2012, quando rastreava propinas pagas no Brasil, o advogado da empresa holandesa Zoe Taylor-Jones perguntou a Faerman sobre sua rotina de contatos, presentes e propinas a funcionários da Petrobras. Ele negou, dizendo que se limitava a “enviar cartões de Natal”.

É certo que o agente da SBM no Rio mantinha uma rede de informantes no centro de decisões da estatal. Em junho de 2009, enviou a um dos chefes da companhia holandesa o projeto da Petrobras para criação de estações de liquefação de gás em alto-mar. “É informação muito confidencial nesse estágio e tem implicações muito sérias se alguma coisa vazar”, advertiu.

A cúpula em Amsterdã recebeu, também, uma cópia do “Plano Diretor do Pré-Sal”, classificado como “confidencial”, um mês antes de sua aprovação pela diretoria-executiva da Petrobras. O documento foi copiado com a senha “SG9W”, pertencente a Jorge Zelada, diretor Internacional. Ele admitiu, em audiência no Congresso, a propriedade, mas negou o repasse do plano do pré-sal. “A senha é como uma assinatura digital”, lembrou o gerente de segurança da estatal, Pedro Aramis, em outra audiência.

Neste domingo, a Petrobras divulgou nota lembrando que, há dez meses, “tem se empenhado em apurar todas as relações entre representantes da empresa e representantes da SBM Offshore, buscando evidenciar eventuais desvios de conduta”. Acrescentou que, nesse período, “uma Comissão Interna investigou todos os empregados que tiveram participação direta ou indireta nos processos de contratação com a SBM, independente da posição gerencial ou técnica, passada ou presente, na companhia”.

“Mesmo sem encontrar evidências de suborno” — prossegue — recomendou-se a continuidade da apuração “de indícios de atos impróprios”. As informações obtidas “foram encaminhadas às autoridades”, conclui a Petrobras

Por Reinaldo Azevedo

 

 

É chegada a hora de dar um “Basta!” às boçalidades de Bolsonaro, hoje o mais importante aliado da esquerda boçal: ambos se alimentam e se merecem!

O representante para a América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Amerigo Incalcaterra, afirmou que as declarações do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) contra Maria do Rosário (PT-RS), sua parceira na Câmara, “não são apenas uma ofensa contra a deputada, mas também para a dignidade das mulheres e de todas as vítimas de abusos graves como violência sexual e estupro”. Vamos lá.

Há assuntos que são de uma chatice quase insuportável pelo muito que trazem de oportunismo, de estupidez, de vigarice ideológica… Esse é um caso. Ao contestar as conclusões realmente inaceitáveis da dita Comissão Nacional da Verdade, respondendo aos petistas, que elogiavam o trabalho, Bolsonaro disparou no último dia 9: “Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí! Há poucos dias, você me chamou de estuprador no Salão Verde, e eu falei que eu não estuprava você porque você não merece. Fique aqui para ouvir”.

Vamos ver. Em primeiro lugar, o bate boca do passado não aconteceu “há poucos dias”, mas em 2003, há 11 anos. De fato, Maria do Rosário, então, chamou Bolsonaro de estuprador, o que é, obviamente, um crime contra a honra. E que fique claro: ela interrompeu uma entrevista que o deputado concedia; ela o provocou. Vejam o vídeo.

A resposta de Bolsonaro à ofensa boçal foi também… boçal! A sequência:
— Eu jamais iria estuprar você porque você não merece.
Ela o ameaçou com uma bofetada:
— Olhe eu que lhe dou uma bofetada!
— Dá, que eu lhe dou outra.

E, na sequência do bate-boca, ele acabou por xingá-la de “vagabunda”. Então tá! Maria do Rosário pode chamar um deputado de “estuprador”? Não! Bolsonaro pode afirmar que o estupro é matéria de “merecimento” — e, o que é mais estarrecedor, nota-se que ele trata essa violência como uma distinção positiva? É claro que não! Está tudo errado.

Outro dia, um desses tontos da Internet, admirador do deputado, afirmou que eu o critico porque não quero ser identificado “com a direita”, como se eu desse  bola para o que dizem a meu respeito. Alguns esquerdistas pensam o mesmo. Não! Eu o critico porque discordo dele no conteúdo e na forma. Já disse o que penso a respeito de sua atuação e repito aqui: a exemplo de outros no Congresso, ele não passa de uma personagem, de, como diria Nelson Rodrigues, um “contínuo de si mesmo”.

Também já escrevi e sustento que parlamentares como este senhor, numa ponta, e Jean Wyllys (PSOL-RJ), na outra, são opostos e complementares. Eles se estapeiam verbalmente para atrair eleitores que “odeiam” o outro lado. Um depende do outro. O  eleitorado de Wyllys cresceu 10 vezes de 2010 para 2014 (de 13 mil para 144.370); o de Bolsonaro saltou para 464 mil neste ano, contra 120.646 na eleição passada — aumentou três vezes.

Quem ouve Bolsonaro falar fica com a impressão de que ele lutou alguma guerra importante ou teve algum papel relevante no combate à subversão. Uma ova! Nascido em 1955, no prontuário, tem, no máximo, um caso de indisciplina. Wyllys, nascido em 1974, era candidato apenas a celebridade. Não foi ele que descobriu a extrema esquerda; foi a extrema esquerda que o descobriu. O que essa gente representa do Brasil real, de forças políticas realmente relevantes? Resposta: nada. Bolsonaro tem sido eficiente é em criar o clã dos… Bolsonaros: um filho é vereador, e outro, deputado estadual.

É claro que, quando este senhor dispara aquela barbaridade contra Maria do Rosário, por mais eu execre — e execro — a atuação da petista,  justamente ao criticar as conclusões absurdas da Comissão Nacional da Verdade, está é ganhando o aplauso de alguns extremistas de saliva — não mais do que isso — que o admiram, quem sabe ganhando uns votinhos a mais, e prestando um grande serviço à esquerda.  Aliás, Bolsonaro é o mais importante aliado objetivo de esquerdistas doidivanas e do colunismo mixuruca, que o tratam como um espantalho, como se ele representasse um risco real de retrocesso institucional. Não representa nada! Todo mundo sabe que os militares não dão a menor bola para o que ele diz.

O Conselho Nacional de Direitos Humanos entrou com uma representação contra o deputado na Procuradoria-Geral da República. PT, PCdoB, PSOL e PSB recorreram contra ele no Conselho de Ética. Olhem aqui: já defendi, no passado, o direito que tem Bolsonaro de ter a opinião que quiser sobre os mais variados assuntos. O que testa a nossa tolerância a ouvir coisas que os outros dizem e que julgamos detestáveis. Mas direito de afirmar que estupro é matéria de merecimento, valorando positivamente a violência, bem, esse direito, ele não tem, ainda que seja pura retórica e estridência meio circense. É retórica, sim, mas ele está obrigado a seguir o decoro da Casa.

Se for punido, não derramarei por ele uma única palavra. Não terá sido por delito de opinião, mas por expressar uma opinião delituosa. Esse tipo de comportamento e essas declarações só colaboram com o pior Brasil, num extremo e no outro. Não! O lixo dito por Bolsonaro não é “de direita”. É apenas, repito, uma boçalidade.

Se seus seguidores nunca mais quiserem ler meu blog, paciência. Eu não combato o lixo moral da esquerda porque aceite agressões à ordem constitucional, aos fundamentos da democracia e à civilização. Eu o combato justamente porque não as aceito. E não seria Bolsonaro a me fazer mudar de ideia.

Por Reinaldo Azevedo

 

 

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