Lula, na prática, defende uma corrida armamentista... Nuclear!!! Foi além de Ahmadinejad

Publicado em 04/12/2009 14:47 e atualizado em 17/12/2009 12:59
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva meteu ontem os pés pelos pés — uma constante no petismo — em seu encontro com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. A dirigente alemã lembrou que está tentando negociar a questão nuclear com o Irã há quatro anos, sem sucesso, e que a paciência está se esgotando. Refletia o que já começa a ser um consenso na União Européia — e até fora de lá: Rússia e China votaram a favor da censura ao Irã na AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). O Brasil se absteve. Na sua vez de falar, num tom inicialmente calmo, começou:

- O melhor é acreditarmos nas negociações e termos muita paciência. E eu espero que aconteça o melhor, sabe? Que não tenha arma nuclear no Irã, que não tenha arma nuclear em nenhum país do mundo…
[neste ponto, aquela voz maviosa e bela, com o ciciado característico que Merkel deve ter achado que pertence ao português falado no Brasil, começou a se alterar; Lula elevou o tom; a chanceler tirou os olhos dele e os fixou no vazio. O potentado brasileiro continuou, aí apontado os dois indicadores para Merkel, coisa certamente inédita em encontros como o de ontem]
- … e que os Estados Unidos desativem as suas [bombas], que a Rússia desative as suas, porque a autoridade moral para a gente pedir para os outros não terem é a gente também não ter.

Sejamos gratos a Lula. Essa mistura da sua ignorância arrogante — é inteligente, mas notavelmente avesso aos livros — com a delinqüência prepotente do Itamaraty já começa a fazer fortuna crítica do mundo. EUA e Europa  — menos Sarkozy, que é camelô de avião e marido de celebridade — começam a perceber a vigarice intelectual que tomou conta da nossa diplomacia. Lula padece daquele mesmo antiamericanismo cretino do sindicalista de 1979. No que respeita à política internacional, a fala de ontem é certamente a pior em sete anos. Vai ser difícil superar a si mesmo — embora eu não apostasse meu mindinho na sua incapacidade de bater seu próprio recorde de bobagem.

O pior de uma fala como a de ontem é que Lula dá a uma penca de boçais, aqui no Brasil, a certeza de que eles entendem como funciona o mundo. Não há um só dia em que a petralhada não venha ao blog para fazer aquela costumeira pergunta de quatro patas, casco,  orelhas grandes e dorso de pelo reluzente: “Se os EUA têm a bomba, por que o Irã não pode ter a sua?”. A fala de Lula confere a esses jumentos a agradável sensação de que a questão é boa, pertinente, procedente. Um desses zurrou há pouco nos comentários: “Quantas vidas os americanos já tiraram mundo afora?” A pergunta é outra, Mimoso! “Quantas vidas os EUA já salvaram desde que seus corpos apodreceram na Normandia?”

A reação de Merkel chega a ser engraçada. Num primeiro momento, deve ter duvidado da eficiência da tradução simultânea. O que lhe terá passado pela cabeça (em alemão!)? “Quem é esse? De que diabos ele está falando?” Sim, sejamos gratos a Lula por dizer essa barbaridade na Alemanha; sejamos gratos a Lula por todas as bobagens que seu governo tem feito em Honduras. Ajudam o mundo — num primeiro momento, os governos — a entender qual é o norte da política externa brasileira e qual é o tamanho do tal “cara”, do “político mais popular do planeta”.

Lula quer um mundo sem bombas atômicas? E por que não, também, sem bombas convencionais, sem canhões, tanques e aviões — aqueles que ele decidiu comprar da França sem esperar nem mesmo um parecer técnico? A morte em massa por outros meios ou por outro tipo de bomba seria mais moral? Mas essa questão de princípio, claro, não responde à estupidez política de sua fala.

Deveríamos agradecer todos os dias a Deus o fato de que Julius Robert Oppenheimer estivesse do lado de cá — ou, ao menos, tão do lado de cá quanto lhe era possível. Se os EUA não tivessem chegado antes à bomba, é provável que os nazistas o tivessem feito  — ou, quem sabe?, Stálin, e é difícil imaginar o que seria pior. Bombas matam? São coisas feias? Não há dúvida. Mas só um rematado idiota não sabe que também podem garantir a paz — como garantiram, vejam que curioso, a paz possível durante a Guerra Fria.

Tenho minhas dúvidas se Lula tem uma noção, vaga que seja, da importância dos EUA no mundo e do papel que exerce o país no combate ao terrorismo e aos estados que financiam o terror. QUEM PROPÕE A UMA DEMOCRACIA, AINDA QUE RETORICAMENTE, QUE SE LIVRE DE SUA PRINCIPAL ARMA DISSUASÓRIA ESTÁ FAZENDO PROFISSÃO DE FÉ NO TOTALITARISMO. E É FÁCIL EXPLICAR POR QUÊ: OS TOTALITÁRIOS NÃO TÊM COMPROMISSO COM RESERVAS MORAIS. SUA ÚNICA MORAL É PRESERVAR O PRÓPRIO PODER.

Assim, se Lula estivesse falando a sério, o postulado já seria uma monumental cretinice. OCORRE QUE ELE NÃO ESTÁ. Ora, qualquer pessoa capaz de lidar com lógica elementar entendeu onde dá a sua equação: se a condição para o Irã não ter a bomba é que EUA e Rússia destruam os seus respectivos arsenais, então o Irã terá a bomba.  E isso recoloca o Brasil nesse debate, evidenciando a hipocrisia que tem marcado o discurso de Lula até aqui.

A fala registrada no vídeo acima nada tem a ver com a defesa do “programa nuclear pacífico”. Desta feita, Lula defendeu a bomba mesmo. Acredita ser uma questão de “igualdade”. No seu cérebro político de pudim, ter ou não ter a bomba atômica é uma questão de igualdade, sei lá como dizer, ontológica talvez… Devemos ser gratos a Lula, sim, porque ele demonstrou que essa história do “programa nuclear pacífico” do Irã é, então, uma farsa.

Países não ocupam este ou aquele lugar do mundo porque usurpem necessariamente direitos. São construções históricas que vão se fazendo na relação com outros países. O “direito” — que, na verdade, é uma “condição alcançada” — de os EUA terem a bomba ou de liderarem até aqui o bloco das democracias ocidentais custou-lhe e lhe tem custado, também, enormes sacrifícios. No momento, a batalha mais importante é travada contra o terrorismo. E para o bem dos países livres, não para o mal.

É claro que há nisso uma questão de escolha. Eu, vocês e muita gente escolhemos a democracia, não é? E Lula? Qual é a sua escolha? Por enquanto, mundo afora, seu governo tem optado pelas ditaduras. Quem defende, na prática, como Lula defendeu ontem, que o Irã tem o “direito” de ter a bomba atômica está escolhendo dar a uma tirania a possibilidade objetiva de ameaçar seus adversários com a “solução final”. E não é assim porque eu quero. É assim porque o Irã faz isso hoje em dia mesmo sem ter essa arma. Seu discurso não é o da dissuasão, mas o da agressão. Mais do que isso: efetivamente, o país está envolvido com o financiamento do terrorismo em pelo menos três países. Seus facínoras já praticaram um grande atentado aqui ao lado, na Argentina, matando 85 pessoas. Nem Ahmadinjead defendeu o seu “direito” de ter a bomba. Lula fez isso por ele!

Desde que este blog existe — 24 de junho de 2006 —, faço o ataque sistemático à política externa brasileira. Quem me acompanha desdePrimeira Leitura sabe que considero Celso Amorim o mais deletério dos ministros de Lula. Ele é na diplomacia o que é  o Ministério do Desenvolvimento Agrário no campo; este é o verdadeiro patrono do Movimento dos Sem Terra; Amorim é o patrono do MSN, o Movimento dos Sem-Noção. Imaginava que um dia pudéssemos chegar aqui. E chegamos.

Mas, reitero, estou feliz. Lula mostrou-se ontem em sua inteireza. Que a sua fala sirva como resposta, também, àqueles que me criticaram porque eu havia recuperado aquela entrevista que ele deu à Playboyem 1979, aquela em que faz a sua lista de homens admiráveis: Gandhi, Hitler, Che Guevara, Mao Tse-Tung, Khomeini… PARECE QUE EU ESTAVA ADIVINHANDO, NÃO É MESMO? Mas não era adivinhação, e sim leitura da realidade.

Leio o Lula de 1979 e vejo o Lula de agora. Adapto para ele a frase de Talleyrand sobre os Bourbons: “Ele não aprendeu nada nem esqueceu nada”.

O “filho do Brasil” quer ser agora o pai da bomba. Um dia isso passa!

LULA E O IRÃ: EM 2009, ELE PENSA COM A CABEÇA DE 1979

“A coisa melhor e mais barata para todos nós é contarmos com as negociações e termos paciência, muita paciência. (…) Na minha opinião, não é apropriado tratar o Irã como se fosse um país insignificante e fortalecer a pressão sobre o Irã todos os dias”.

Este é Lula, na Alemanha, depois de um encontro com Angela Merkel. Em palavras aparentemente tão mansas e pragmáticas, uma fala tão perigosa!

Ninguém trata o Irã como uma “país insignificante”. Ao contrário: é tão “significante” que o seu programa nuclear é alvo da preocupação mundial. E a razão é simples: ele se dá à margem de qualquer controle. Não fosse o Irã um país que financia o terrorismo em pelo menos três países e que anuncia o intuito de destruir um outro, talvez as preocupação fossem menores.

Paciência com Irã? No dia 27 passado, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) condenou o país por falta de cooperação. Qual foi a reação? Tentativa de se explicar? Não! Num claro desafio à entidade — e a boa parte do mundo —, anunciou a construção de dez novas unidades de enriquecimento de urânio.

Lula insiste na cascata de que é preciso vencer as “desconfianças mútuas” entre o Irã e o Ocidente. Mas vejam só: já nem se trata mais de “Ocidente”. Até China e Rússia condenaram o país na AIEA. De resto, sabemos por que desconfiar do Irã, não? Mas qual é a desconfiança dos iranianos? Quando se fala nessa suposta “mutualidade”, supõe-se que os atores jogam, no mundo, papéis equivalentes. Tenham paciência!

O movimento é ainda discreto, mas já começa a ser evidente: a política externa destrambelhada do Brasil começa a chamar a atenção do mundo. O que parecia um protagonismo adequado à importância econômica do país está começando a ser visto como manifestação de arrogância. Há coisa de dois meses, a The Economist, que admira o país, indagava: “De que lado está o Brasil?”

Imaginem vocês: Lula, hoje o governante mais severo com Honduras de quantos tenham se pronunciado sobre a realidade daquele país, é, no entanto, um anjo de candura e compreensão quando o assunto é o Irã.

Não é por acaso que o respeitado presidente Óscar Arias, da Costa Rica, disse há dias, de forma irônica, que havia países que reconheceram sem pestanejar as eleições no Irã, eivada de fraudes, mas se negavam a reconhecer as de Honduras, sem fraude nenhuma. Estava se referindo, obviamente, ao Brasil.

Enquanto Lula era um “ex-operário” que havia chegado à Presidência do Brasil e alertava o mudo para os grandes problemas da humanidade (!), isso tinha lá o seu charme e seu apelo. Quando decidiu entrar na arena para valer, percebeu-se que a “contribuição” do país tem-se caracterizado por cobrar candura com ditadores e facínoras. O ditador do Sudão que o diga!

Lembram-se do sindicalista a revelar à revista Playboy quais eram os vultos da humanidade que ele tanto admirava? Pois é…  Quem fala acima, em 2009, é o Lula de 1979.

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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1 comentário

  • Adoniran Antunes de Oliveira Campo Mourão - PR

    Caro Reinaldo Azevedo:-"Nunca neste país" alguém teve a coragem,e porque nao dizer,a decencia de pedir desculpas ao mundo pelas barbaridades que nosso presidente vem aprontando pela orbe.Seu artigo,além de com precisao micrométrica mostrar aos brasileiros, quem é realmente o viajador presidente, e seus "achegados" ministros, tao burros quanto ele proprio,tem entre linhas o objetivo de dizer ao mundo,que nao todos os brasileiros comungam com o"CARA"que é o "Achante" do seculo.Parabens pela sua coluna, e sou realmente um brasileiro que tem orgulho de pessoas como voce, que nao conspurcam-se com a lama de Lula e seus petralhas.

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