MORALMENTE, O GOVERNO LULA JÁ É UM TIRANIA

Publicado em 10/03/2010 15:51

MORALMENTE, O GOVERNO LULA JÁ É UM TIRANIA


Moralmente, o governo Lula é uma tirania.

“Como? Ficou louco, Reinaldo?” Não! Estou sendo uma objetividade escandalosamente óbvia. Os petistas não instituem uma ditadura porque não podem, não porque não queiram; não o fazem porque as instituições, a despeito deles e resistindo ao assédio a que as submetem, ainda resistem. Mas isso não quer dizer que será sempre assim — desse particular, trato daqui a pouco; quero voltar à afirmação da primeira linha do texto.

Todas as vezes em que se refere à democracia e expressa seu grande apreço por ela, Lula faz isso parecer uma concessão, como se estivesse nos fazendo um grande favor. E ele não está. Foi a democracia representativa, assentada no estado de direito — que o PT, na prática, combateu e combate muitas vezes — que lhe abriu os caminhos para chegar ao poder. Mas não é o regime do coração dos petistas. De modo nenhum!

E quais são as evidências disso? As reiteradas vezes em que o partido e o governo trataram com desdém, quando não com agressividade, as democracias, em benefício, com freqüência, de ditaduras e mesmo de estados terroristas. A sua suposta diplomacia “Sul-Sul” e sua ambição de ser uma espécie de “Império do B” na América Latina (podem gargalhar) pressupõem o alinhamento com o que o mundo produz de pior na política.

Na América Latina, o Brasil sempre deu apoio incondicional a Hugo Chávez — na Venezuela, disse Lula, há “democracia até demais” —, e a seus satélites, Evo Morales e Rafael Corrêa; flertou abertamente com os terroristas das Farc e contra o governo constitucional da Colômbia; co-patrocinou, na prática, uma tentativa de golpe de estado de Honduras; criou facilidades, contra os interesses do Brasil, para o governo do “companheiro” Fernando Lugo no Paraguai; apoiou, com mais estridência do que qualquer outro país, a nova e boçal investida da Argentina para tentar “reconquistar” as Falklands — também apelidas de “Malvinas”… No mundo, não foi diferente. Não há ditador, facínora, delinqüente ou terrorista que não tenham contando com o apoio do Brasil, bastando, para tanto, que sejam, de algum modo, hostis aos Estados Unidos. Ahmadinjad, o terrorista nuclear, é nosso aliado. Omar al Bashir, o açougueiro do Sudão, que já matou mais de 300 mil pessoas, também.

Hostil mesmo o Brasil tem-se mostrado é às democracias — Colômbia, Estados Unidos, Honduras, Israel… Invente Lula o pretexto que for, a sua decisão de não comparecer à posse de Sebastián Piñera na Presidência do Chile é mais uma manifestação da degradação a que chegou a política externa. Notem que ele se apressou em apertar a mão de Michelle Bachelet depois do terremoto. Simbolicamente, é como se não reconhecesse o novo governo — “de direita”…

E há, como se sabe, o apoio incondicional a Cuba, chegando ao requinte de comparar preso político a bandido. Que seja um petista a dizer isso, é um escândalo adicional. Que seja um petista que recebe uma indenização de quase R$ 6 mil mensais porque ficou um mês preso quando dirigente sindical — sem que lhe encostassem num fio de barba, felizmente —, redobra o absurdo. Naquele episódio, diga-se, se alguém sofreu, parece, foi só o “Menino do MEP”. Mesmo assim, a simbologia do “preso político” lhe rendeu a compensação com que se regala.

E, convenham, Lula estava preso, como diria Lula, segundo as leis que havia no Brasil, não é mesmo?

Assim, é preciso concluir que Lula e os petistas não têm nenhuma dificuldade em apoiar e endossar ditaduras. A “conversão” da patota à democracia não foi uma mudança de princípio; trata-se apenas de um meio para reforçar a não-democracia.

Haverá o dia em que conseguirão criar — dentro das regras de mercado, lembro sempre! — uma variante tão particular de democracia no Brasil que seja também uma variante particular de ditadura? É o que eles estão tentando. São moralmente tiranos. Vamos ver se a sociedade brasileira consegue impedi-los de realizar, na prática, o seu delírio totalitário.

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LULA, O RESPEITADOR… DE DITADURAS


Lula diz que não lhe cabe questionar as leis de Cuba, não é? O terrorista Cesare Battisti só está por aqui porque o governo brasileiro decidiu “questionar as leis italianas”. Não foi diferente com Honduras. Ignorou-se que aquele país tinha uma Constituição. Mas atenção! Não estou igualando essas diversas realidades. Porque não são comparáveis.

Cuba é uma tirania. Itália e Honduras são democracias. E isso só reforça a imoralidade do conjunto. 

A FALA ESTRIDENTE DE LULA E O SILÊNCIO DOS INDECENTES

Meus caros,
As manchetes de Folha e Estadão vieram no tom correto. No Estadão: “Lula defende regime cubano e compara dissidente a criminoso” Na Folha: “Lula compara preso político de Cuba aos bandidos de São Paulo”
*

“Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos de prender as pessoas em função da legislação de Cuba, como quero que respeitem a do Brasil”.

É a forma que a “autodeterminação dos povos” tomou no discurso de Lula. A questão nada irrelevante é que este “respeito” implica mais do que a convivência pacífica com uma tirania: implica mesmo a sua defesa. Eis o governo que anseia por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Resisto sempre a apelar aos extremos da ignomínia quando analiso a fala e a ação de políticos contemporâneos porque, diante daqueles, as barbaridades ora perpetradas acabam parecendo menores. Mas, nesse caso, acho pertinente porque Lula expressa o que parece ser um norte moral de seu governo. E isso explica o seu apoio incondicional ao Irã, por exemplo.

Imaginem Lula como o presidente do Brasil nas décadas de 30 e 40 do século passado. Quando lhe dissessem que na Alemanha — e, depois, nos países ocupados — judeus eram presos, confinados em guetos, assassinados, o valente diria: Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo da Alemanha de prender as pessoas em função da legislação da Alemanha, como quero que respeitem a do Brasil”.Getúlio, outro grande herói das nossas desditas, chegou bem perto disso, é verdade.

E, se a fala poderia ter servido para justificar o totalitarismo nazista, então é útil para endossar qualquer horror, porque todos os outros tenderão a ser menores.

Da questão mais geral, uma consideração de lesa humanidade, para a questão específica:
“Eu acho que greve de fome não pode ser utilizada como um pretexto dos [da luta por] Direitos Humanos para libertar pessoas. Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”.

Pois é… Penso na gritaria que vigaristas estão fazendo no Brasil, distorcendo de maneira miserável, pilantra, safada, a fala do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que se limitou a lembrar fatos históricos sobre o escravismo e o tráfico negreiro. A essa altura, as franjas do partido na USP — onde há mais comunistas do que em Pequim — já devem ter sido convocadas para a guerra. Preparem-se! Tentarão associar os que combatem as cotas ao fascismo, ao golpismo, à terrível “direita”. E não! Não virão com fatos. Tentarão jogar contra “os reacionários” a sua suposta superioridade moral, como fez um certo Marcos Nobre num artigo que esculhambei aqui. Uma superioridade assentada sobre milhões de cadáveres.

Penso na canalha que sai por aí defendendo o Programa Nacional-Socialista dos Direitos Humanos, aquele que prevê censura à imprensa em nome da defesa do que essa gente vagabunda entende por humanismo. Penso na sua gritaria em favor da revisão da Lei de Anistia, tentando fazer a história voltar para trás, como se já não bastasse a santificação de notórios terroristas  — creio que a indenização para alguns deles tenha sido dada segundo o número de homicídios que carregam nas costas…

Todos eles são, sem dúvida, muito humanos, muito generosos, preocupadíssimos com as liberdades públicas. E, por isso mesmo, esses farsantes não emitirão um pio sobre as barbaridades ditas por Lula, que retratam a degradação da política externa brasileira, que atinge, assim, baixezas nunca antes alcançadas nestepaiz.

E sabem por que o silêncio? Porque essa gente acredita que o governo cubano faz muito bem em prender os dissidentes, em torturá-los, em matá-los. ELES ESTÃO DIZENDO O QUE TERIAM FEITO NO BRASIL SE TIVESSEM VENCIDO. ELES ESTÃO DIZENDO O QUE ESPERAM QUE SE FAÇA NO BRASIL SE CONSEGUIREM, COMO PRETENDEM, ANIQUILAR A OPOSIÇÃO.

A anistia e os indecentes
Ora, só foi possível aprovar uma Lei de Anistia no Brasil porque o regime, afinal de contas, não era de esquerda. Ou me digam qual é a tradição do comunismo nessa área. Regimes comunistas caíram de podre, ou seus dirigentes foram vitimados por golpes internos, substituídos por outros tarados. No máximo, gangues que caíram em desgraça foram reabilitadas, mas jamais se operou o perdão político. Porque a “racionalidade” do partido nunca permitiu que isso acontecesse.

Essa canalha tenta achincalhar e extinguir a Lei de Anistia justamente porque, no seu modelo, não cabe uma “anistia”. Para os seus bandidos, ela considera que o perdão político é uma obrigação; para os bandidos dos outros, um privilégio inaceitável. Não é que essa gente se oponha, por princípio, ao crime, à violência, à tortura, à eliminação física do adversário. Considera que essas são ações inaceitáveis só quando elas colhem os seus sequazes. Mas é a prática que ela admite e defende quando se trata de enfrentar seus inimigos.

Por isso os indecorosos vão silenciar diante da fala de Lula, que compara presos políticos a bandidos comuns. Cuba não teria mesmo por que indagar o Brasil sobre os seus encarcerados porque não há presos de consciência por aqui. Na ilha, há. E aos montes. Lula já tinha chegado ao esmero de acusar o dissidente Zapata pela própria morte. Agora, compara um preso político a um assassino ou traficante.

Eis “o cara” que assombra o mundo, o “estadista global” dos tontos de Davos, o homem do ano do “Le Monde” e do “El País”, o herói de certa “intelectualha” brasileira pela qual o meu desprezo, a cada dia, só faz aumentar. Silenciar diante da entrevista de Lula é ser conivente com os fanáticos homicidas do regime cubano e com a violência como princípio aceitável da política.

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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