A coxinha envenenada de Zé Dirceu e dos 40 sindicatos foi rejeitada

Publicado em 01/04/2010 10:29 e atualizado em 01/04/2010 12:03

Quem viu as imagens aéreas do protesto convocado por Zé Dirceu e os 40 sindicatos deu-se conta do naniquismo da “Marcha Sobre São Paulo”. Ninguém quis comer a coxinha daquele que o Ministério Público Federal diz ser “chefe da quadrilha do mensalão” e de Bebel, a sua aliada. Compareceram ao comício ilegal anti-Serra não mais do que 3 mil pessoas. Já juntei 600 num simples lançamento de livro…  Havia lá um espumantezinho… Não dei coxinha pra ninguém. Os cálculos da PM são feitos com base na área ocupada pelos manifestantes. Parte da imprensa acredita que isso também é questão de “lado” e “outro lado”: a PM diz 3 mil, a Apeoesp diz 40 mil, as duas informações são publicadas, e o leitor que decida em quem acreditar… Tudo vira guerra de versões. Em breve, certo jornalismo ainda vai ouvir as pessoas favoráveis, sei lá, à paralisia infantil, ao tétano e à gripe suína… Afinal, todo mundo tem o direito de dar a sua versão…

Os camisas-negras tentavam se espalhar, ocupando a maior área possível, e os claros iam se abrindo, evidenciado que os servidores públicos, especialmente os professores e as professoras, recusaram a coxinha de ilegalidades servida por Bebel; recusaram os seus acepipes eleitoreiros.

Em seu blog, de modo patético, ela fala em mais de 40 mil pessoas, o que é ridículo. Esta senhora não deve saber o que é isso. Quem, em São Paulo, já viu um Pacaembu lotado, com 30 mil pessoas? Para Bebel, a meia-dúzia de gatos pingados lotaria um Pacaembu, e ainda o correspondente a um terço do estádio ficaria de fora. É de morrer de rir! Os números que ela veicula são tão fiéis à realidade quanto aquela foto do seu blog… Ao vivo e em cores, a realidade, nos dois casos, é bem outra. Mas há quem goste de fantasias.

Mas que se note: nunca três mil pessoas renderam tantos títulos no jornalismo online, coisa que vocês puderam constatar. Era o que pretendia o movimento, que vem sendo paparicado há dias. E o maior dos paparicos é não publicar a pauta completa de reivindicações da Apeoesp. O reajuste de 34,3% é mera fachada. O sindicato quer o fim das leis que limitam as faltas, que garantem a promoção por mérito e que premiam com bônus os professores que cumprem metas. A folha de pagamentos da Secretaria de Educação cresceu, entre 2005 e 2009, de R$ 7,8 bilhões para R$ 10,4 bilhões, ou 33%. O nome disso: salário. Não é assim porque eu quero. É assim porque está tudo devidamente registrado. O curioso é que também essa informação é oferecida aos leitores como o “outro lado”, o da Secretaria de Educação… Na versão de Bebel, não há reajuste de salários desde 2005. Vai ver os professores não aderem à greve porque sabem que houve.

A próxima assembléia está marcada para quinta-feira. Bebel vai insistir no “sucesso” do seu movimento. A tentativa do PT é decretar paralisações em outros setores do funcionalismo, de modo a atrapalhar a vida dos paulistanos, e jogar a responsabilidade nos ombros dos adversários do PT.

Isso está “colando”? Tenho a impressão de que não está. Tenho a impressão de que já se pode fazer neste estado o plebiscito entre queimadores de livros e produtores de livros; entre queimadores de livros e leitores de livros; entre queimadores de livros e amantes dos livros.

O “não” dos servidores e dos paulistas como um todo à arruaça promovida pelo petismo é um bom sinal. Parece marcar o repúdio a uma prática detestável das esquerdas, que é fazer a sociedade refém de seus desígnios e da sua militância. Em São Paulo, diga-se, esse tipo de pregação não tem frutificado. A maioria não vê com bons olhos a manipulação de causas que de fato existem — os professores precisam ganhar mais, e, por isso, existe um plano de carreira — em benefício de um partido.

Bebel está naquela de afirmar uma inexistente adesão maciça da categoria à greve na esperança de que a mentira frutifique e acabe se transformando numa verdade. Mas os professores, evidentemente, sabem a realidade de suas respectivas escolas. Nem eles nem os demais servidores parecem dispostos a seguir cegamente uma pauta que é de um partido político e nada tem a ver com a educação.

Desta vez a bruxa não conseguiu passar adiante a sua maçã envenenada.

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Por Reinaldo Azevedo

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DISCURSOS DE SERRA E DILMA DIZEM O QUE É CADA UM

quinta-feira, 1 de abril de 2010 | 5:59

Parte da imprensa se esforça para ver nos discursos do tucano José Serra e da petista Dilma Rousseff o que seriam “estratégias” de campanha. Divirjo um tanto. Vejo menos “estratégia” do que exposição da condição de cada um. Publiquei a íntegra de ambos, destacando trechos das duas falas. Eliminei da homepage as referências fartas de ambos às obras, para tentar me fixar, vamos dizer assim, no espírito das falas. E o que elas revelam?

Não faço juízo de valor (sei que muitos não vão acreditar nisso, mas não dou a menor bola), mas constatação. O discurso do candidato tucano é o de alguém autônomo, que deve a sua candidatura à sua própria biografia. O discurso de Dilma é o de uma subordinada. Ao destacar num post que ela chamou Lula de “senhor” 28 vezes, não me apegava a um detalhe, a uma firula, mas a uma evidência: ele existe; ela ainda não.

E a força da candidatura da petista, o que é reforçado por analistas e pesquiseiros, está, curiosamente, em não existir; a força de sua candidatura está em prometer o terceiro mandato de Lula. Ela não é autônoma, não quer ser autônoma e não quer parecer autônoma. A única aposta que pode levar Dilma à Presidência da República é a da brutal transferência de votos de Lula para ela. É duvidoso se tal transferência já aconteceu. Acho que não. Parece-me que, até agora, nem o tradicional terço de eleitores petistas transferiu sua confiança para a candidata. No Datafolha, ela apareceu com 27% dos votos.

Essa transferência patina num discurso meio escorregadio dos especialistas que varia da torcida ao chute — e há, às vezes, o esforço bastante escancarado para tentar fazer com que as previsões se cumpram. Lula grita ao mundo: “Ela é uma grande gestora”. Mas os números indicam rigorosamente o contrário. Há mais de três anos a imprensa, generosamente, fala de um PAC que nunca existiu — o presidente lançou o PAC 2 na boca da urna e se irritou porque muitos se interessaram em saber, afinal, o que aconteceu com o… PAC 1! Esse era o trunfo dela. E não há trunfo nenhum!

Assim, resta o seu grande ativo eleitoral: Lula. Daí aquele discurso de contínuo — ou contínua — do lulismo. Serra tem a sua própria biografia de homem público. Pode falar em seu próprio nome. E pareceu ontem bastante seguro, à vontade mesmo, para o papel que vai desempenhar em breve: o de candidato. Ontem, até os petistas devem admitir, ele pareceu mais “presidencial” do que ela.

Dada a reação dos leitores petistas, é possível que o discurso do governador os tenha impressionado também. Muitos compareceram  este blog com coisas mais ou menos assim: “Não adianta falar bonito, o que conta é que o governo Serra é muito ruim…” Bem, petistas, vocês devem supor, acham ruim o governo, ao contrário da maioria dos paulistas. Mas notem: eles admitem que o tucano “falou bonito”. Foi um discurso, de fato, bastante convincente, próprio de quem pretende se colocar como líder, não como liderado.

Serra lembrou antigo lema de São Paulo, que ainda permanece no brasão da capital: “NON DUCOR, DUCO”: “Não sou conduzido, conduzo”. A rigor, pode dizer isso de sua trajetória . Dilma, com seus 28 “senhor”, revela o contrário: “NON DUCO, DUCOR”: “Não conduzo, sou conduzido(a)”.

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Por Reinaldo Azevedo

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O PT PRECISA SE CUIDAR PARA NÃO FICAR, EM SP, COM A FAMA DE ALIADO DA IGNORÂNCIA, DA DOENÇA, DA INJUSTIÇA E DO MARCOLA…

quinta-feira, 1 de abril de 2010 | 5:57

Parte dos três mil gatos pingados — dadas as imagens que andei vendo, acho que a PM foi generosa — que fizeram ontem o comício anti-Serra fingindo-se de servidores em busca de melhores salários hostilizou a imprensa, em especial a TV Globo, que teve um de seus carros cercados. Assim como esses patriotas podem dar uma paulada na cara de uma policial, podem, se preciso, agredir jornalistas. Por que não? E qual o motivo da fúria?

Bem, em primeiro lugar, eles sabiam que seu protesto havia naufragado. Em segundo lugar, estavam nervosos porque a imprensa cumpriu a sua obrigação e noticiou, nem com tanto destaque assim, o caráter político da greve dos professores e do protesto propriamente. Aliás, José Dirceu, acusado pelo Ministério Público Federal de ser “chefe de quadrilha”, é, à sua maneira, imprensa. E fez a convocação dos petistas para o ato em seu blog. Nem seus companheiros lêem aquilo. Mas ele fez.  Quer algo mais, digamos, “político” do que isso? Ah, mas eles estavam nervosos. E aí sobrou para todo mundo.

“Pergunte aos Frias, pergunte aos Mesquitas, pergunte aos Marinhos, se eles não têm posição político-partidária. Trabalhador não pode, mas o patrãozinho deles [jornalistas] pode [ter filiação partidária]“.

Quem dizia isso aos berros ontem, à beira da histeria, referindo-se, respectivamente, a os proprietários e/ou controladores, respectivamente, da Folha, o Estadão e do grupo Globo? Ora, Carlos Ramiro de Castro, ex-presidente da Apeoesp e… suplente do senador Eduardo Suplicy, que é do PT, como todo mundo sabe.

Ramiro deve achar que esse discurso hipocritamente vitimista cola em São Paulo. Eles tenham o partido que bem entenderem.
- Não podem é tornar as crianças reféns de seu partido.
- Não podem é tornar os doentes reféns de seu partido.
- Não podem é tornar a segurança pública refém de seu partido.
- Não podem é tornar a justiça refém de seu partido.

E sabe por que, Ramiro? Se o “professor” ainda não entendeu, eu dou a aula:
- Porque, desse modo, o PT vira aliado da ignorância. Contra a sociedade.
- Porque, desse modo, o PT vira aliado da doença. Contra a sociedade.
- Porque, desse modo, o PT vira aliado do Marcola.  Contra a sociedade.
- Porque, desse modo, o PT vira aliado dos injustiça. Contra a sociedade.

E até para o partido é ruim, viu, Ramiro? Vai que, em São Paulo, cole no PT a pecha de um partido aliado da ignorância, da doença, do Marcola e da injustiça. Isso pode acontecer, viu? Pode, sim…

Mas volto à imprensa
Essa é uma tática antiga dos petistas. Eu já a denunciei aqui. Acusa a imprensa de parcial, de injusta e de preconceituosa na esperança de que ela, então, no esforço de demonstrar que estão errados, cumpra a pauta do PT — a exemplo do que se fez ontem na terra de ninguém que ainda é boa parte do jornalismo online. Escrevi um post a respeito. Serra tinha discursado havia uma hora ou mais, e a manchete de um dos sites era Bebel dizendo que ele não seria um bom presidente… Patético! Infelizmente, esse comportamento brucutu, cínico, dá resultado.,

Vejam lá quem esbraveja e quem se incomodou com a informação da politização do movimento: o “suplente de Suplicy”!!! Parece piada.

Mas qual é a imprensa de que os petistas gostam, afinal de contas? Esta freqüentemente infiltrada, mas ainda norteada pelo estado democrático e de direito, não serve. Querem aquela financiada com os milhões de reais da Lula News. Aquilo, sim, é exemplo de jornalismo independente!

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Por Reinaldo Azevedo

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NA SEGUNDA GUERRA, O “BAIXINHO METIDO” TERIA ABRAÇADO ROOSEVELT, STÁLIN, HITLER…

quinta-feira, 1 de abril de 2010 | 5:55

A China, que resistiu muito, já deu sinais de que aceita discutir sanções contra o Irã. Esses comerciantes milenares já notaram que a mistura de aiatolás, energia nuclear e ditadura militar pode resultar em coisa perigosa — ruim para o mundo e… até para a China!!!

Quem vai restando como único apoio mais ou menos relevante do Irã no mundo? Ora, o Brasil. Lula, ontem, abusou da “marvada”, da “marvada bobagem”.

Mandou ver: “Da mesma forma que eu abraço o Obama, eu abraço o Chávez. Da mesma forma que eu cumprimento o Sarkozy, eu cumprimento o Ahmadinejahd, eu cumprimento o rei Abdula. Não tem problema! Um chefe de Estado não escolhe amizades; um chefe de Estado se relaciona com outros chefes de Estado e discute interesses. Não é por amizade pessoal.”

Em seguida, fazendo micagens e imitando uma voz entre o infantil e o efeminado, fez pouco caso dos críticos da política externa brasileira. “E tem gente que se incomoda: ‘Nossa  Que baixinho metido! Será que esse Brasil não se enxerga? Fazendo coisas que só os outros sabiam fazer!’ Quem é que disse que eles sabem mais do que nós?”

Bem, a inferência é tristemente óbvia, mas lá vai: na Segunda Guerra, Lula teria abraçado Roosevelt, Stálin, Hitler… Não para ser justo, que isso não cabe a um estadista, mas para ser sagaz…

Obama, Sarkozy, a burocracia chinesa, Putin… Esses caras não sabem nada. Precisam aprender com Lula como se comporta um verdadeiro chefe de estado.

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Por Reinaldo Azevedo

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EM DISCURSO, DILMA EXALTA LULA E O CHAMA DE “SENHOR” 28 VEZES

quarta-feira, 31 de março de 2010 | 22:22

Abaixo, trechos do discurso com que Dilma se despediu da Casa Civil para disputar a presidência da República por uma coligação encabeçada pelo PT.


SE IMPROVISAR, ESQUECE E CHORA

Queria dizer para vocês que eu fiz um imenso esforço para falar de improviso, mas se eu falar de improviso, presidente, vai acontecer uma coisa, ou duas coisas: uma parte eu vou esquecer. E a outra parte eu vou chorar muito. Então, vou seguir um roteiro, pode ser que continue esquecendo e chorando, mas pelo menos eu tenho roteiro aonde eu vou me segurar.


“O GOVERNO DO SENHOR”

O governo do senhor é um momento muito importante porque é um momento de ápice, um momento de vitória, talvez o mais longo momento de vitória que todos esses que lutaram experimentaram ao longo de suas vidas. Sim, presidente, com o senhor nós vencemos. E vamos vencendo a cada dia. Vencemos a miséria, a pobreza, ou parte da miséria e da grande pobreza desse país. Vencemos a submissão, vencemos a estagnação, vencemos o pessimismo, vencemos o conformismo e vencemos a indignidade. Talvez nós tenhamos vencido, inclusive, esse pesado resquício da escravidão que esse país carrega, ou que carregou tão forte. E aí o ministro da Integração Racial, ele sabe do que eu estou falando, porque nesse processo nós continuamos vencendo mais de 400 anos de peso e de exclusão que pesa e que oprime o nosso país. Vencendo, sim, porque esse país aprendeu que a melhor forma de crescer é distribuir. Que a melhor forma de desenvolver é fazer com que todos participem dos fruto do desenvolvimento.


“APRENDEMOS COM O SENHOR”
Vencemos, presidente, e nesse processo aprendemos muita coisa com o senhor, com esse encontro que o senhor, o mais autêntico dos líderes populares desse país, propiciou que nós tivéssemos com o povo brasileiro. E o povo brasileiro, ele sempre nos ensina a ser forte, mas no governo nós aprendemos também a ser persistentes. Com a alegria do nosso povo, nós aprendemos muito. Com o senhor, nós aprendemos que temos que ser otimistas. Nós aprendemos também com o nosso povo que nós temos que ter resistência, e com o senhor nós aprendemos que temos que ser corajosos.


EMISSÃO DE GASES

Também, presidente, nós que amamos o nosso planeta, que temos consciência da importância do Brasil na questão da mudança do clima, estamos orgulhosos por temos reduzido a emissão de gases de efeito estufa no Brasil nos últimos períodos. Aliás, na Amazônia, o desmatamento foi reduzido como nunca depois que se começa a fazer a medição nos últimos 22 anos. A presença do Brasil em Copenhague nos orgulha a todos. Mas presidente, nós aprendemos uma coisa com o senhor que, por trás de cada obra, edifício, de cada projeto de infraestrutura, de cada uma das nossas ações, estavam pessoas, suas vidas privadas e seus dramas.


O SENHOR NO MUNDO

Se o presidente convive com líderes mundiais, discute problemas complexos da crise econômica, a questão relativa à crise financeira do mundo, os problemas da crise financeira do mundo, se discute toda a questão de infraestrutura do nosso país, o problema do desenvolvimento produtivo, ele nunca abandonou esses desvalidos, os catadores de papel. Os hansenianos, os portadores de deficiências, a importância que o senhor deu aos cegos e aos seus cães guias, não só em termos de recebê-los aqui no Palácio, aliás, ali em frente no Palácio, mas também todas as ações de afirmação, cidadania e dignidade que o governo sempre reconheceu a eles. Por isso, presidente, eu repito: o povo brasileiro nos ensinou a acreditar no futuro. Mas, com o senhor, nós juntos, aprendemos a construí-lo.


“ATÉ BREVE”

Nós nos despedimos, mas não somos aqueles que estão dizendo adeus, somos aqueles que estamos dizendo até breve. Nós não vamos nos dispersar. Nós, cada um dos ministros aqui presentes, temos um legado a defender, onde quer que estejamos, exercendo a militância que tivermos que exercer. Sob a sua inspiração, presidente, quem fez tanto está pronto para fazer muito mais e melhor. Estamos simplesmente dizendo até breve. Hoje sabemos que o Brasil é um país pronto para dar um novo passo de prosperidade ao desenvolvimento econômico e social, trilhando rotas já abertas, explorando novas riquezas, como o pré-sal. Sempre buscando gerar milhões de novos empregos.


“O SENHOR DIALOGA”

No seu governo criamos uma base sólida. Com ela, nós podemos erradicar a miséria e nos tornar a quinta economia do mundo dentro de alguns anos. É mais do que a minha geração podia sonhar. Não que a minha geração não sonhasse alto, mas é mais do que ela podia sonhar olhando para as possibilidades reais sob as quais nós vivemos. Mais uma vez eu repito, presidente, o senhor nos deu, pela primeira vez, aquele gosto de vitória que se tem só depois não da vitória fácil, mas da vitória que só se tem depois de muito suor, muito esforço e muita dificuldade. É a crença também no diálogo que nós aprendemos. O senhor sempre dialoga, é a crença no acordo, é a crença na democracia Como o senhor sempre disse, e sempre eu gostei muito dessa síntese que o senhor faz: que a democracia não é a consolidação do silêncio, mas a manifestação de múltiplas vozes. É por tudo isso que nós podemos dizer em alto e bom: nós nos orgulhamos de ter participado do seu governo. Eu falo por todos os ministros, os que saem e os que estão entrando e os que estão ficando.


“O SENHOR É ALEGRE”

Querido presidente, o senhor também é uma pessoa alegre, afetiva, com senso de humor, que mostra que acima de tudo a gente pode enfrentar os revezes, as dificuldades. Na hora que a coisa endurece, como diz os jovens, o bicho pega, nós temos que ter coragem e alegria de enfrentar a vida, a política e achar sempre as soluções. Eu tive o privilégio de conviver com o senhor, de privar dos momentos duros e dos momentos de vitórias e conquistas. Ser honrada por sua confiança. E quero dizer que eu, como os outros ministros, saímos maiores e melhores do que entramos.


OBRIGADA, SENHOR!
Para finalizar, presidente, eu gostaria de agradecer também a todos aqueles que nos ajudaram a realizar essa travessia e que eu vejo aqui presentes. A base aliada, os movimentos sociais, os empresários, os trabalhadores que acreditaram que era possível construir o novo Brasil. Em meu nome, e em nome de todos os ministros que participaram e participam desse processo, só tenho a dizer: obrigado, presidente Lula, pela oportunidade de nos fazer parceiros do maior projeto de transformação econômica e social que esse país viu nas últimas décadas. Obrigado também por permitir esse encontro com o povo brasileiro, que fez o Brasil mais próximo do seu povo, por provar aquilo que sempre acreditamos, que o nosso povo é um povo extraordinário, que só precisava de apoio, oportunidade e atenção para mostrar do que é capaz, para mostrar a sua capacidade, a sua inventividade, a sua criatividade, o seu empreendedorismo. Este é o principal sentimento que nós levamos conosco, o de ter lutado ao lado de um grande líder, em favor de um grande povo. Obrigada, presidente.

Íntegra aqui

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Por Reinaldo Azevedo

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DISCURSO DE SERRA: “NEM AS BRAVATAS NEM AS FALANGES DO ÓDIO”

quarta-feira, 31 de março de 2010 | 19:59

Abaixo, seguem trechos do discurso do governador José Serra ao anunciar que deixa o governo de São Paulo. Ele será candidato à Presidência da República por uma coligação encabeçada pelo PSDB. Na área de “documentos” do Blog, publico a íntegra. Aqui, faço uma seleção do que me parece ser uma fala essencialmente política.

Num dos momentos que me parecem muito significativos, Serra afirmou:
“Na minha vida pública, eu já fui Governo e já fui oposição. Quando nós criamos o PSDB, éramos oposição por todos os lados. Mas, de um lado ou do outro, nunca me dei à frivolidade das bravatas. Nunca investi no “quanto pior, melhor”. (…) Jamais dei meu apoio a uma proposta, a uma ação política, porque elas seriam prejudiciais aos meus oponentes. Não sou assim. Não ajo assim. Não entendo assim o debate político. E nisso não vou mudar. Ainda que venha a ser alvo dessas mesmas falanges. Ao eventual ódio, eu reajo com serenidade de quem tem São Paulo e o Brasil no coração.”

Seguem outros trechos do discurso

OBSESSÃO
Eu venho de longe. E se tive, ao longo da vida, uma obsessão, sou considerado um grande obsessivo. Mas a minha maior obsessão sempre foi servir aos interesses gerais do Estado de São Paulo e do meu país, o Brasil.

HONRA
Eu estou convencido que o governo, como as pessoas, tem que ter honra. E assim falo não apenas porque aqui não se cultiva escândalos, malfeitos, roubalheira, mas também porque nunca incentivamos o silêncio da cumplicidade e da conivência com o mal feito.
Agora, nós fizemos um governo honrado também porque não fraudamos a vontade popular. Nós honramos os votos dos paulistas, seu espírito empreendedor. Este povo que é amante da justiça, que tem disposição de enfrentar desafios e de vencê-los com trabalho sério e consequente. Os paulistas, hoje, são gente de todo o Brasil. Aqui estão todos os brasileiros trabalhando pela riqueza de São Paulo e do nosso país.

OTIMISTA, MAS NÃO LEVIANO
Nós repudiamos sempre a espetacularização, a busca da notícia fácil, o protagonismo sem substância que alimenta mitologias. Este governo sabe que não tem nenhuma contradição entre minorar as dificuldades dos que mais sofrem e planejar o futuro.
Muitos, ao longo da vida, ao longo da minha vida pública, me aconselharam, digamos assim, a ser mais atirado, a buscar mais os holofotes, a ser notícia. Dizem alguns que o estilo é o homem. E o meu estilo, se me permite, é este. Eu procuro ser sério, mas não sou sisudo. Quem me conhece sabe disso. Realista, mas não sou pessimista. Calmo, mas, não omisso. Otimista, mas não leviano. Monitor, não centralizador. Aqui está todo o meu secretariado para dar o testemunho de que eu não sou centralizador.

GOVERNOS TÊM DE TER ALMA
Mas eu acho também que o governo, como as pessoas, tem que ter alma, minha gente. Aquela força imaterial que os impulsiona e diz a forma, alma. A nossa alma, a alma deste governo que inspira todas as nossas ações, essa vontade de melhorar a vida das pessoas que querem uma chance, que dependem de um trabalho honesto para viver, que estão desamparadas, é essa vontade de criar condições para que todos possam se realizar na plenitude das suas possibilidades, que tenham oportunidade de estudar, de ter acesso à cultura, de trabalhar com saúde física e espiritual. Essa é a vontade, esta é a nossa alma, é a alma do nosso governo.

FELICIDADE
Os governos, como as pessoas, têm de ser solidários e prestar atenção às grandes questões que dizem respeito ao futuro do país e do mundo. Mas também adotar as medidas que respondem aos problemas aparentemente pequenos das pessoas. Para elas, como eu disse sempre, aqueles pequenos problemas são sempre muito grandes. Olha, um dos momentos mais emocionantes do meu governo foi quando eu visitei um projeto habitacional que nós criamos, as Vilas Dignidade. Moradias decentes para idosos abandonados tomarem conta da suas vidas com assistência das prefeituras locais.
Lembro me também, e este foi insuperável, das plataformas nas praias, das cadeiras especiais que permitem às pessoas com deficiência tomar um banho de mar. Até isso nós fizemos. Vão dizer: É uma coisa pequena… Pois, para essas pessoas, é uma coisa imensa! Quem dera a vida fosse para todos nós o primeiro banho de mar.
Governos, como as pessoas, têm que ter compromisso com a responsabilidade e com a felicidade. Este é o fio condutor da nossa ação. Sabem qual foi o outro grande momento do nosso governo?

MÉRITO
E os professores e servidores estão ganhando mais, ganharão mais e progredirão na carreira, segundo o seu próprio esforço e o seu desempenho. Nós demos prioridade à melhoria da qualidade do ensino, que exige reforçar o aprendizado na sala de aula. Sala de aula esta onde eu estive presente, sempre, na Prefeitura e no Estado dando aula para a quarta série do ensino fundamental. Cada vez numa escola. Foi lá que, fora a teoria, a leitura e as observações, eu me convenci de que o problema número um do ensino é o aprendizado na sala de aula: prédios, merenda, transporte escolar, uniformes, material escolar. Tudo isso é muito importante, mas nada substitui a qualidade da sala de aula. Isso eu aprendi dando aula para a garotada. Inclusive os materiais de estudo e os guias para professores que nós preparamos vieram desta minha observação direta. Porque os alunos não tinham por onde estudar e os professores não tinham um guia que pudesse orientá los. Este fez parte do grande Programa Ler e Escrever, da Maria Helena Guimarães de Castro e tão bem consolidado e ampliado pelo Paulo Renato.

ESSÊNCIA DO GOVERNO
Eu acredito que a essência do Governo… Qual é a essência do Governo? É garantir a vida. É garantir os bens. Garantir a liberdade. Estes são direitos fundamentais do cidadão e da cidadã nos marcos do Estado de Direito. Agora, o direito à vida envolve muitas coisas, várias dimensões. Uma delas é a da preservação e a promoção da segurança pública. Nesta dimensão eu quero reafirmar que São Paulo inverteu, desde o final da década passada, dos anos 90, o aumento da criminalidade que é uma tendência nacional. Em dez anos, a redução da taxa de homicídios foi de 63%. Ou, segundo outros cálculos, até mais do que isso. Nos últimos três, foi de 27% o declínio. O esforço financeiro que nós fizemos nessa área tem sido enorme. O orçamento da Secretaria da Segurança Pública aumentou em mais de 40% do começo do nosso governo para cá.

DIÁLOGO COM AS INSTITUIÇÕES
Orgulho-me também da relação de respeito, cooperação e diálogo com o Tribunal de Justiça, com o Ministério Público de São Paulo e com o nosso Tribunal de Contas. Devo dizer, inclusive, que esta relação envolveu a substancial e possível expansão de obras e recursos orçamentários visando a modernização das suas práticas e serviços, tão essenciais à vida das pessoas e à nossa democracia. Mas quero, acima de tudo, hoje aqui dizer obrigado São Paulo. Pela chance que me foi dada… De governar um Estado como esse… Obrigado aos brasileiros que aqui nasceram ou que aqui residem por terem me dado a chance de tornar melhor a vida de milhões de pessoas. E de ter me tornado, por isso, eu acredito, um homem melhor do que eu era. Eu aprendi muito nesses 39 meses.

GUIMARÃES ROSA E O MESTRE
Porque eu sempre apreciei o valor da humildade intelectual. Humildade que foi muito bem sugerida por Guimarães Rosa. Nosso grande escritor mineiro disse: “Mestre não é quem ensina, mestre é quem, de repente, aprende”. Eu exerci o poder neste Estado sem discriminar ninguém. Os prefeitos sabem que sempre encontraram neste governador um interlocutor cujo norte era a defesa de políticas de Estado, independentemente da coloração partidária. No meu governo, nunca se olhou a cor da camisa partidária de prefeitos ou de parlamentares. Nunca. A cor da camisa do time de futebol até que se olhou, mas sem conseqüências, como demonstra o fato de que nesse secretariado há apenas dois palmeirenses. Dois. Três. Mas, voltando, nossos parlamentares, nossos opositores sabem desta nossa postura. Nossos administradores municipais não deixaram de testemunhar nossa atitude voltada a servir o interesse público. No Governo, a gente serve ao interesse público, nosso às máquinas partidárias, não à máquina do partido. Nós governamos para o povo e não para partidos.

BRAVATAS E FALANGES DO ÓDIO
Na minha vida pública, eu já fui Governo e já fui oposição. Quando nós criamos o PSDB, éramos oposição por todos os lados. Mas, de um lado ou do outro, nunca me dei à frivolidade das bravatas. Nunca investi no “quanto pior melhor”. Os meus colegas de partido sabem disso. Nunca exerci a política do ódio. Sempre desejei o êxito administrativo dos adversários quando no poder, pois isso significa querer o bem dos cidadãos, dos indivíduos. Uma postura que nunca me impediu de apresentar sugestões, até aos adversários quando no poder, e estimular que os nossos aliados fizessem, nos fóruns adequados, o embate político e o exercício democrático das diferenças.
Estes mesmos adversários, além dos aliados, podem atestar, jamais incentivei o confronto gratuito. Jamais mobilizei falanges de ódio. Jamais dei meu apoio a uma proposta, a uma ação política, porque elas seriam prejudiciais aos meus oponentes. Não sou assim. Não ajo assim. Não entendo assim o debate político.
E nisso não vou mudar. Ainda que venha ser alvo dessas mesmas falanges. Ao eventual ódio, eu reajo com serenidade de quem tem São Paulo e o Brasil no coração.

AMOR NÃO É FRAQUEZA
E que ninguém confunda esse amor com fraqueza. Que ninguém confunda esse amor com fraqueza. Ao contrário, esse amor é a base da minha firmeza, é a base da minha luta, ele orienta as minhas convicções. Outro dia me perguntaram se eu estaria triste de deixar este Governo e esta equipe também. Como é que eu poderia não estar triste? Gostaria até de prorrogar uns dias mais, mas estão aí os tribunais eleitorais devidamente rigorosos. Mas, dessa maneira eu não poderia deixar de estar triste pela saída. Mas, olhem, considerando o que a gente tem pela frente, considerando a tranquilidade que eu tenho na condução do Governo de São Paulo pelo(Alberto) Goldman e a nossa equipe, considerando os desafios que vamos encontrar, aí eu também me sinto alegre. Quando olho para trás e vejo que foi minha vida até agora repleta de muitas incertezas, riscos, desafios, meu espírito, francamente, se fortalece.

PELO BRASIL
Até 1932, nosso Estado, em seu brasão, ostentava aquela frase em latim “não sou conduzido, conduz”. Esse era o lema de São Paulo, até a Revolução Constitucionalista de 32. Mas, desde então, a divisa mudou. A divisa passou a ser: “Pelo Brasil, façam se as grandes coisas”. É o papel, é o destino de São Paulo, construído por brasileiros de todas as partes do Brasil. E esta é também a nossa missão. Vamos juntos, o Brasil pode mais!

Íntegra do discurso aqui

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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