A NATUREZA E A GRANDE ARROGÂNCIA

Publicado em 18/04/2010 17:59

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A NATUREZA E A GRANDE ARROGÂNCIA


No dia 13, antes de o vulcão daquela sopa de letras da Islândia, a geleira Eyjafjallajökull, voltar a dar sinais de vida - ou, sob certo sentido, de morte (já havia entrado em erupção no mês passado; mas só serviu ao delírio turístico) -, escrevi aqui um texto intitulado E QUEM VAI PROTEGER O PLANETA DA AÇÃO DOS QUE PROTEGEM O PLANETA? Ironizava, então, a inocência prepotente dos “defensores da natureza”. Imaginam que devemos nos comportar como os Na’vi de Pandora, do filme Avatar, e que a deusa Eywa sempre nos protege. Não! O nosso “rabo” está conectado é com o domínio da natureza, não exatamente com a sua conservação. E Eywa nos odeia. Naquele texto, eu criticava certa postura da senadora e presidenciável Marina Silva (PV-AC). Escrevi então:

Talvez Marina não saiba, mas só o comunismo e as duas  grandes guerras (com larga vantagem daquele) rivalizam com a Deusa Eywa na sua disposição de ceifar vidas humanas - e isso em períodos determinados, claro. No conjunto, Eywa mata muito mais, sabem? Ela é tão perversa que tem o poder de extinguir civilizações. Não fossem um carboninho aqui, outro ali, que aprendemos a emitir por causa, parece, de uma mutação bacana no córtex cerebral e no cerebelo, a vaca - ou esses macacos pelados - já teria ido para o brejo faz tempo. No mundo real, Eywa tende a um equilíbrio que nos é estranho. Do nosso ponto de vista, é burra como uma porta.
Se Eywa decide derramar aquele aguaceiro sobre morros desabitados, haverá só terra caindo sobre terra. Se houver casas por lá, então terá havido um desencontro entre a natureza e o homem, e a mãe vira madrasta. A chuva do Rio não tem rigorosamente nada a ver com o aquecimento global. No Brasil, o populismo certamente mata ainda mais do que o aquecimento.

Voltei
Troquem a chuva pela fumaça tóxica. Ah, a turma do ambientalismo cego não venha encher o meu saco. É claro que eu sou contra a devastação da natureza, ora essa! Mas o vulcão da sopa de letras prova a grande arrogância dessa gente, que não só considera que a natureza é nossa vítima como acredita que temos pleno domínio sobre seus desígnios. Os terremotos e tsunamis estão aí para provar que não. Os furacões também. Agora a fumaça vulcânica. O bicho estava quieto havia 200 anos. Toda a tecnologia aeronáutica se desenvolveu sem levar esse fator em conta. Se o troço continuar a expelir aquela porcaria toda no ar, a economia fica à beira de um colapso.

E nenhum tonto do Greenpeace poderá, sei lá, se amarrar à boca do vulcão para exigir que ele pare de fazer merda. Já há até quem esteja avaliando o que o evento significa segundo a ótica do…, bem, aquecimento global!!!

O Eyjafjallajökull (decorem esta seqüência de letras!!!) evidencia a tolice dos que supõem que nada mais nos resta a fazer a não ser ninar a natureza como um bibelô ou como a Grande Mãe. James Cameron deveria aparecer por lá e conectar seu rabo (é preciso ter visto o filme para saber que estou sendo delicado) ao “espírito profundo” da Terra. Estaria ela a nos mandar um recado?

É claro que toda essa conversa mole do ambientalismo - que é diferente de cuidar da sanidade do meio ambiente - não é responsável pela instabilidade do humor daquela que é ainda nossa (da civilização) maior inimiga: a natureza. O evento - que pode gerar um colapso mundial no transporte de pessoas, de bens e de… cultura - demonstra que ainda não chegou o momento de declararmos encerrada a nossa luta contra a natureza; ainda não chegamos ao ponto em que só nos resta ser bons.

Por favor, ambientalistas! Sejam mais respeitosos com nossa grande inimiga!

VAMOS SAIR DO VERMELHO


Afirmei aqui outro dia que o MST havia invadido a reportagem e a primeira página do Estadão. E temi: “Só lhe falta agora invadir os editoriais”. Por enquanto, não! Por enquanto, eles continuam a defender a lei e a produção. Segue outro deste domingo:
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Desde que surgiu, o Movimento dos Sem-Terra (MST), sob o pretexto de realizar uma reforma agrária no País, tem se dedicado a práticas cuja ilegalidade jamais foi posta em dúvida, decerto nem por seus militantes, visto que desprezam o Direito “burguês” e a legislação penal, que considera crime as invasões de propriedades e outras formas de violência adotadas por esse movimento que se pretende social.

O problema maior, no entanto, é a grande complacência com que os governos - e, em particular, o governo Lula - têm tratado os crimes cometidos pelos sem-terra: depredações, destruição de equipamentos e plantações, matança de animais, vandalismo, cárcere privado imposto a empregados rurais, ocupação de prédios públicos e de rodovias, saques de cabines de pedágio, etc. Apesar de as operações do MST e assemelhados, especialmente as sazonais, como o “Abril Vermelho”, que ocorre há 13 anos, serem anunciadas com grande antecedência, não tem havido medida governamental alguma que as previna ou que desestimule esse desrespeito contumaz à lei, pelo menos deixando de consagrar sua já crônica impunidade.

Daí a importância da campanha denominada “Vamos tirar o Brasil do Vermelho - Invasão é crime”, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), sob o comando da senadora Kátia Abreu (DEM-TO). Ela protocolou junto ao ministro da Justiça um documento - o Plano Nacional de Combate às Invasões de Terras - solicitando apoio do governo federal contra as ações do “Abril Vermelho”, executadas pelo MST em todo o País. A CNA contratou assessoria jurídica para acompanhar todos os processos que já existem contra líderes dos movimentos de sem-terra. “Não queremos que isso caia no esquecimento. Essa farra da impunidade vai acabar nos campos, para que parem de zombar dos produtores rurais”, declarou a senadora, chamando entidades de vários setores para formar um observatório nacional, com o objetivo de dar combate à insegurança jurídica no campo.

Em São Paulo o MST deu sequência ao anunciado “Abril Vermelho” deste ano, com a invasão de 9 fazendas. Entre os alvos atuais está a Fazenda Tozan, antiga Fazenda Monte D”Este, no município de Campinas, considerada um patrimônio histórico, com instalações que datam de 1789. A propriedade, de 495 hectares, foi invadida por 150 militantes sem-terra. Em todo o País, até sexta-feira haviam sido invadidas 42 propriedades rurais: 19 em Pernambuco, 9 em São Paulo, 5 na Paraíba, 3 em Sergipe, 2 no Ceará, 1 no Rio Grande do Sul, 1 em Santa Catarina, 1 em Minas Gerais e 1 em Mato Grosso do Sul. Nesta “temporada”, só em São Paulo os emessetistas ainda invadiram escritórios regionais do Instituto de Terras do Estado em Itapeva e Araraquara, núcleos de apoio do Incra em Iaras e Araraquara e agências do Banco do Brasil em Promissão e em Teodoro Sampaio.

É claro que o respeito ao ordenamento jurídico, que é devido por todos, tem que ser entendido como benefício a todos, independentemente do valor do desempenho de qualquer atividade econômica. Nem por isso deixam de ser oportunas as palavras da senadora Kátia Abreu, a respeito da importância do agronegócio, prejudicado maior pelo sistemático desrespeito à lei perpetrado pelos movimentos de sem-terra. “Somos campeões na produção agropecuária, os maiores e melhores do planeta. O Brasil é o segundo maior exportador”, afirmou a senadora, lembrando que 1/3 do PIB e 1/3 dos empregos no País provêm da produção rural e enfatizando: “O que salvou o Brasil da crise foi o superávit de US$ 250 bilhões do nosso setor, acumulado ao longo dos últimos dez anos.”

Referindo-se ainda a quanto o segmento agropecuário poderia produzir a mais, caso os litígios no campo fossem resolvidos, a presidente da CNA apresenta este dado: “Só em Mato Grosso são 2 milhões de hectares em litígio, o equivalente a Sergipe, que, se estivessem em produção, renderiam R$ 850 milhões, somente em arrecadação tributária.”

Sem dúvida, é alto o custo da insegurança jurídica.

Debate eleitoral ignora falhas do Bolsa-Família

Por Adriana Carranca, no Estadão:


De olho em um robusto eleitorado entre as 12,5 milhões de famílias - ou mais de 50 milhões de brasileiros - beneficiadas pelo Bolsa-Família, os pré-candidatos à Presidência são só elogios ao programa. 
Na semana passada, José Serra (PSDB) prometeu mais de uma vez manter e “reforçar” o benefício, “porque funcionou”. Marina Silva (PV) garantiu avançar com o programa, que considera responsável por uma “quebra de paradigma” na área social. Dilma Rousseff (PT) o coloca como o “melhor do mundo”.

Nem governo, nem oposição, porém, podem afirmar se o modelo de transferência de renda do Bolsa-Família é de fato capaz de impedir que a pobreza passe de geração em geração. Isso só seria possível com o acompanhamento de um grupo de beneficiários por longo prazo, mas o estudo de impacto nunca foi feito. Em 2004, o governo federal chegou a levantar dados das 15,4 mil famílias, escolhidas por amostragem, que teriam condições de vida reavaliadas a cada dois anos - 2006, 2008 e 2010. Não houve acompanhamento.

Cerca de U$ 15 milhões do empréstimo feito com o Banco Mundial, que seriam destinados ao estudo, ficaram parados nos cofres do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) desde então.Segundo a secretária nacional de Renda e Cidadania, do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Lucia Modesto, entraves burocráticos e exigências emperraram o processo. “Até o idioma foi uma barreira”, disse, referindo-se à obrigatoriedade de licitação internacional.

Pesquisas. O fim do impasse ocorreu no ano passado, quando se decidiu por um consórcio entre o International Food Policy Research Institute (IFPRI), experiente em pesquisas de impacto de programas de transferência de renda na América Latina, e a consultoria Datamétrica.Os pesquisadores saíram a campo em setembro, com quase quatro anos de atraso. “Mas, tiveram dificuldades para localizar as famílias tanto tempo depois”, revela a secretária.

Levantamentos como o do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de janeiro, mostram que o programa ajudou a reduzir o número de pobres no País, uma vez que transfere dinheiro diretamente às famílias. Mas, sem o estudo de impacto, não é possível saber se a redução é sustentável no longo prazo. 

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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