DILMA RECUSA MAIS UM CONFRONTO COM SERRA E MARINA, AGORA NA CNA. EXPLICA-SE: ELA PRECISA NÃO EXISTIR PARA SER ELEITA

Publicado em 18/06/2010 19:00



A candidata petista à Presidente, Dilma Rousseff, havia topado participar de uma sabatina promovida pelo portal UOL e pela Folha Online. Cancelou. Alegou problema de agenda — essa viagem que ela faz à Europa, sempre notando que a viagem é que se sobrepôs à sabatina, não o contrário. No dia 1º de julho, a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil) realiza também o seu encontro com os presidenciáveis, a exemplo do que fez a CNI, da Indústria. José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) vão participar. A petista está, de novo, com problema de agenda.

Publiquei no blog o filme de duas curtas intervenções de Dilma na sua viagem à Europa. Fica evidenciada ali a sua dificuldade de se expressar com clareza — e não se sabe até onde isso é conseqüência da dificuldade de pensar com clareza. Os embates públicos, na primeiríssima fase da campanha, não lhe foram, com efeito, satisfatório. E o PT decidiu que Dilma falará sem opositores até quando for possível. E, no melhor dos mundos, assim seguirá até o fim.

Dilma quer evitar o efeito comparação. O maior temor, evidentemente, é Serra, com quem aparece empatada nas pesquisas. Mas o embate com Marina também não lhe é confortável. Num caso, teme a confrontação técnica; no outro, a, como posso dizer?, mitológica.

Serra não é exatamente um adversário a quem se possa responder com a tradicional chicana petista, que mistura supervalorização dos feitos de Lula — até setores do Ministério do Planejamento evidenciam a patacoada da fala oficial (ver abaixo) — com mistificação ideológica. Com o tucano, a velha saída à esquerda do petismo não funciona. De modo curioso até, os petistas insistem em afirmar, ainda que por vias tortas, que esquerdista mesmo é… Serra!!! Dilma fica sem discurso.

Com Marina, a coisa se opera em outro nível. Ainda que pouca gente entenda direito o que a candidata verde diz — ela goza de uma espécie de licença para ser genericamente boa, genericamente bem-intencionada e espantosamente contraditória —, o fato inegável é que a senadora tem a simpatia da audiência. Parece que Marina não mata nem barata antes de um diálogo produtivo sobre todas as implicações éticas de tal ato. Até acho que, no embate das duas, Dilma acaba sendo prejudicada mais por suas eventuais virtudes do que por seus defeitos. Mas e daí? Numa disputa eleitoral, esses discursos não-verbais, próprios das esferas de sentimentos, de sensações, contam muito.

Os analistas abduzidos pelo petismo tendem a afirmar que falta aos adversários de Dilma uma plataforma. Eu diria que, no confronto direto, quem, dos três, realmente não tem plataforma nenhuma que não seja a continuidade é Dilma Rousseff. Tirem-lhe Lula, e vamos ver o que sobra.

O confronto direto evidencia aquilo que o próprio Lula já revelou: há um buraco na cédula, onde “deveria” estar o nome dele. Como a legislação não permite, então vai o nome de Dilma mesmo…

Horário político, horário eleitoral, viagem ao exterior sem opositores para encher o saco… É o único caminho possível para a candidata do PT. Não exibi o filme em que José Eduardo Cardozo leva a mão à cabeça quando Dilma fala só para ser ranheta. Trata-se de um símbolo de uma candidatura.

A chance de Dilma ser eleita está em Dilma não existir. Lembremo-nos fala de Lula:
Vai ser a primeira eleição, desde que voltou (sic) as eleições diretas para presidente, que o meu nome não vai estar na cédula. Vai haver um vazio naquela cédula.

Dilma está no lugar do vazio. Lula quer eleger o vazio. E o vazio não quer o confronto porque não tem o que dizer. Nem mesmo pode ser socorrida pelas utopias de Marina.

QUE DUREZA, COMPANHEIRO!!!

sexta-feira, 18 de junho de 2010 | 6:25

Em seu périplo pela Europa, Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência, esteve ontem com José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Européia. Esses encontros estão sendo registrados por sua equipe de campanha e vão para o horário eleitoral gratuito para mostrar que ela é uma pessoa influente, poderosa, respeitada, essas coisas. E certamente assistiremos a uma Dilma fluente, que fala com desenvoltura. Publiquei ontem aqui o vídeo com sua pequena entrevista depois de conversar com o presidente francês Nicolas Sarkozy. Agora vejam este, também do Jornal Nacional, depois do encontro com Barroso.Aquele ao fundo é o deputado José Eduardo Cardozo, secretário-geral do PT.  A atmosfera parece tensa, não?, e Dilma está com o ar cansado,  abatido. A maquiagem não disfarça as olheiras um tanto edemaciadas.

Revejam o filme e prestem atenção ao comportamento de Cardozo. Eis o famoso “olhar de soslaio”. Quando Dilma gagueja e sofre um pouco para lembrar o nome do… do… do Banco Mundial!, o deputado passa a mão no rosto, esfrega os olhos, como a afastar o cansaço, uma idéia ruim ou as duas coisas.  Segue a transcrição da fala. Volto em seguida.

“Nós achamos que é importante a participação dos países emergentes e desenvolvidos na governança tanto do Fundo Monetário como do… do (pausa cansada)… do Banco Mundial. E também temos uma… um posicionamento claro a respeito da necessidade de cada país do mundo dar um… uma contribuição no que se refere ao crescimento econômico de todos os países do mundo”.

Continuo
Na entrevista que gravou na França, o mesmo sofrimento para dizer coisas não mais do que acacianas. Por que isso? Como expus naquele post, trata-se de um modo de pensar, de um modo de argumentar — e, começo a suspeitar, de trabalhar também. Mas não é só isso. Dilma, no fim das contas, é uma invenção de Lula. Em matéria de política eleitoral, ele é seu escultor. Ele conseguiu extraí-la da pedra bruta. Mas é difícil.

Lula disse com acerto, embora isso revele seu apreço pela democracia, que a cédula, neste ano, terá um vazio — referindo-se à ausência de seu nome. E que Dilma preenche esse vazio. Em suma: ela não existe.  E, de fato, não é do ramo, o que explica a dificuldade de dizer três ou quatro frases sem hesitação, anacolutos, tartamudez.

Dilma é a criatura criada pelo talento do doutor Victor Frankenstein, mas, à diferença do monstrengo criado por Mary Shelley,  não alimenta a ambição, por enquanto ao menos, de ter vida própria.

Na seção “Documentos” do blog, há a íntegra do discurso de Dilma na convenção do PT. Ela cita o nome de Lula 26 vezes  em outras quatro, fala apenas “presidente”; no total, 30 !!! É claro que, para ela, é um grande esforço estar nessa condição. Voltem ao filme. Observem que, ao tentar arrancar as palavras “Banco Mundial” da memória, seus olhos traduzem (aos 37 segundos) um misto de cansaço e impaciência - e Cardozo leva a mão ao rosto.

Essa é a criatura eleitoral de Lula.

Dilma sobre a imprensa: “Não acho nem mau nem ruim” O que quer dizer? Sei lá eu!!!

sexta-feira, 18 de junho de 2010 | 6:17

Por Deborah Berlinck, no Globo Online:

A primeira viagem à Europa de Dilma Rousseff como candidata do PT à Presidência está sendo uma prova de fogo para a imprensa. Logo no primeiro dia, em Paris, um almoço virou um desaparecimento de sete horas: ninguém da sua assessoria quis dizer em que lugar estava a candidata. Uma visita a um museu, improvisada e sem aviso, virou um tumulto. Nesta quinta-feira, repórteres percorreram a Champs Elysées depois que fotógrafos acharam Dilma numa farmácia comprando escova. Em vão.

Após dias de desencontros e desinformações por parte da assessoria, a candidata falou nesta quinta-feira da sua relação com a imprensa numa entrevista improvisada, a poucos metros da porta do trem-bala que a levou para Bruxelas.

“Hoje a senhora vai dar uma entrevista para a gente?”, perguntou um repórter.

“Depende, uai. Se eu conseguir, depois de falar com o Barroso” (José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Européia).

“A senhora não gosta muito da imprensa, não é?”, insistiu o jornalista.

“Não acho nem mau nem ruim. Não tenho por que dar entrevista três vezes por dia. Eu dou uma vez por dia.”

Um jornalista lembrou que o assédio tende a piorar. Ela respondeu:
“Isso é o que vocês querem. Eu quero uma vez por dia”.

Depois de repetidas respostas usando a frase “só dou (entrevista) uma vez por dia”, Dilma revelou por que não divulga os horários de seu itinerário nesta viagem: “prudência”. Até o último momento, os repórteres não sabiam nesta quinta-feira se ela embarcaria no trem-bala das 15h para Bruxelas.

Dilma surpreendeu embarcando na segunda classe, o que causou novo tumulto: os passageiros se queixaram do barulho e dos repórteres. Na volta para Paris, um repórter comprou um bilhete de segunda classe, certo de que ficaria num vagão perto de Dilma. A candidata passou por ele e perguntou:

“E você, vai de quê?”
“De segunda classe”, respondeu.
“Pois eu consegui de primeira”, disse, sorrindo e mostrando seu bilhete.
(…)

A MULHER QUE FALA DILMÊS

quinta-feira, 17 de junho de 2010 | 17:31

Há coisas tão pequeninas, mas que remetem a um verdadeiro universo político, mental, ideológico, gramatical, legal… O Jornal Nacional trouxe ontem uma reportagem sobre a visita que a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, fez ao presidente da França, Nicolas Sarkozy.

A viagem à Europa, como sabemos, foi organizada pelo Itamaraty, e a embaixada brasileira em Paris país foi posta à disposição dos petistas, evidenciando que, também no que respeita ao uso da máquina, o PT não tem limites. Dilma concedeu uma pequena entrevista depois de falar com Sarkozy. Vejam. Volto em seguida.

Não sei se perceberam uma espécie de “delay” na fala da candidata. Notem que a palavra “França”, por exemplo, não sai, assim, de primeira. É como se precisasse ou ser encontrada em meio a um tumulto vocabular ou ser agarrada num imenso vazio.

Segue a fala com a pontuação correspondente na reprodução escrita:
“Muito gentil… Sobre a parceria estratégica entre o Brasil e a (pausa) França, sobre o fato de que, é…,  nós temos, ao longo dos anos, evoluído cada vez mais numa parceria em várias áreas; destaque: pra… pro setor de… de… pro meio ambiente.”

O que se fez, amigo, de tudo o que a gente sonhou para a Inculta & Bela ao menos? Dilma pode ter querido dizer que “O presidente Sarkozy manteve uma conversa gentil, especialmente nos temas que dizem respeito à parceria estratégica com o Brasil, com destaque para a área de meio ambiente”.

Não se trata de pegar no pé de Dilma, não! O fato é que o pensamento dela, sem o teleprompter, não flui. Na convenção do PT, no fim do discurso, o teleprompeter deu uma daquelas famosas engasgadas, e Dilma “garrou” a falar coisas desconexas. A direção do espetáculo logo interveio, e a música salvou a candidata.  Sei lá se ela vai ser eleita ou não. O que dá para afirmar com certeza é que até o PT podia mais…


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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (veja.com

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