BASTA DE CONVERSA FIADA, por Augusto Nunes

Publicado em 07/07/2010 19:27


Se assinou sem ler o programa de governo encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral, depois de rubricar cada uma das 19 páginas, Dilma Rousseff foi leviana. E é irresponsável. Se leu o documento retirado em seguida por ordem do PMDB, mentiu outra vez. E é irresponsável. Este é o adjetivo mais brando para quem não sabe o que está assinando ou subscreve conscientemente propostas que camuflam declarações de guerra ao regime democrático e à liberdade.

“Tem coisas do PT com as quais nós concordamos, tem coisas com as quais não concordamos”, gaguejou Dilma para safar-se de outro escorregão revelador. Conversa fiada de quem insiste em esconder o que pensa, se é que pensa alguma coisa. O Brasil exige clareza de alguém que pretende governá-lo. Com o que Dilma concorda? Discorda do quê? Aprova ou desaprova, por exemplo, a censura à imprensa fantasiada de “controle social da mídia”? Condena ou avaliza as invasões de terra comandadas pelo MST?

Esses temas figuram entre os que irão aquecer os debates dos quais a candidata aprendiz tenta escapar. Se continuar fugindo, perderá a eleição por desistência. Se topar o duelo, perderá por inconsistência.

Em parceria, o presidente que jamais levou um livro no isopor da praia e a Irmandade dos Órfãos do Muro de Berlim esboçaram a plataforma ideológica do governo Dilma Rousseff. Sob o codinome Programa Nacional de Direitos Humanos, foi lançada no Natal a primeira edição do Guia do Stalinismo Farofeiro.

A constatação acima reproduzida encerrou o texto publicado aqui no Direto ao Ponto em 12 de janeiro. Dois dias depois, o tema foi retomado no post com o título A liberdade não foi convidada. Confiram:

A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem 30 artigos. O 1° constata que todos nascemos livres. O 3° estabelece que todo homem tem direito à liberdade. O 17° sublinha o direito irrevogável à liberdade de opinião e expressão. Sempre claros e coerentes, outros registros condensam em linguagem diplomática uma lição de Don Quixote a Sancho Pança.

“A liberdade”, ensinou o personagem de Miguel de Cervantes, “é um dos mais preciosos dons que aos homens deram os céus; a ela não podem igualar-se os tesouros que encerra a terra e nem o mar encobre; pela liberdade, assim como pela honra, se pode e deve aventurar a vida; e, pelo contrário, o cativeiro é o maior mal que pode vir aos homens”.

O 3° Programa Nacional de Direitos Humanos tem 71 páginas e 29.538 palavras. Nesse pântano de vogais e consoantes, a expressão liberdadevem à tona 19 vezes, sempre com significado diverso ─ e infinitamente menos nobre ─ do que lhe atribuíram o magnífico escritor e os arquitetos do mais belo documento político da era moderna. A Liberdade ─ substantiva, maiúscula, luminosa ─ não figura entre os direitos humanos vislumbrados por pastores do autoritarismo. A Liberdade não foi convidada para o comício da companheirada.

O Programa Nacional de Direitos Humanos é também o esqueleto da plataforma política da candidata Dilma Rousseff (que chancelou o papelório irresponsável com o selo de má qualidade da Casa Civil). A palanqueira sem rumo e seu padrinho sem siso andam sonhando com um Brasil polarizado entre os soldados do povo e a elite golpista. Se o Guia do Stalinismo Farofeiro não for atirado ao lixo a tempo, o casal de caçadores de votos pode acabar enredado num duelo perigoso.

Do lado de lá estarão os liberticidas. Do lado de cá, os democratas que jamais capitularam. Eles não passarão sem resistência.

A esquerda psicótica continua a mesma, atestou a chegada ao Tribunal Superior Eleitoral da primeira versão do programa de governo de Dilma Rousseff, que traiu na forma e no conteúdo o estreito parentesco com o Programa Nacional de Direitos Humanos. O que mudou foi o cacife dos parceiros da base alugada, informou a pronta substituição do documento por outro que o sócio majoritário considerou aceitável.

“O que foi registrado foi o programa do PT”, esclareceu em nome do PMDB o ex-governador fluminense Moreira Franco, vice-presidente da Caixa Econômica Federal. “Vamos ter um programa de governo que retrate a visão política dos partidos que compõem a coligação”. Para os morubixabas que escoltam o vice Michel Temer, a Irmandade dos Órfãos do Muro de Berlim pode até usar a política externa para viajar de volta à Guerra Fria na máquina do tempo do Itamaraty. Mas devem permanecer intocadas as diretrizes da política interna que o PMDB e seus congêneres utilizam como instrumento de poder e fábrica de dinheiro sujo.

Se Dilma Rousseff for eleita, portanto, o futuro estará condicionado ao desfecho do confronto entre a caravela dos insensatos tripulada pelo PT e o navio pirata a serviço do PMDB. Chegou a hora de juntá-los no mesmo naufrágio e conduzir o Brasil a um porto seguro.

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Fonte:
Blog Augusto Nunes (Revista Veja

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