OS NÚMEROS DO DATAFOLHA E O JORNALISMO COMO MASSA DE MANOBRA

Publicado em 25/07/2010 18:49


A Folha deste sábado traz a pesquisa Datafolha. Foram ouvidas 10.905 pessoas em 379 municípios. A disputa entre o tucano José Serra (37%) e a petista Dilma Rousseff (36%) segue empatada, como vocês viram, com variação dentro da margem de erro. O instituto Vox Populi aponta Dilma com uma vantagem de 8 pontos. O chefão desse instituto, Marcos Coimbra, é colunista da revista petista Carta Capital. Sua empresa faz pesquisas para o PT. Você escolhe, leitor: confia mais no Datafolha, que não trabalha para partidos, com um universo de quase 11 mil entrevistados, ou no Vox Populi, com meros 3 mil, mais o PT, o Mino Carta e o Marcos Coimbra? Se eles próprios tivessem de investir dinheiro numa aposta, certamente escolheriam o Datafolha…  Não, essa gente não rasga dinheiro. Não escrevo este texto para tratar de números ou do viés desse ou daquele. Vocês já sabem disso tudo. O que me importa aqui é o papelão protagonizado por alguns coleguinhas, que se comportam como repassadores de uma droga de que alguns petistas são grandes traficantes: A MENTIRA. A que me refiro?

Acompanhei ao longo da semana uma verdadeira blitz de notas e supostas apurações de bastidores dando conta de que Dilma estaria sete ou oito pontos à frente de Serra segundo uma suposta pesquisa feita pelo PT - coincide com os números “independentes” do Vox Populi! Alguém está surpreso? No mais das vezes, a numerália vinha embalada numa versão: seria o “Efeito Índio”. O nexo estabelecido pelo vice de Serra entre o PT e as Farc teria sido desastroso para a oposição e prejudicado a candidatura tucana. E, como sempre, Lula estaria muito satisfeito com os números. Na opinião do presidente, Índio teria cometido o tal erro etc e tal…

Em pesquisas registradas, sempre se sabe quando os institutos estão em campo porque essa é uma informação pública, encontrável no site do TSE. A versão plantada pelo PT, e por muitos comprada, tinha três objetivos: dois táticos e um estratégico:
1 - influenciar o resultado do Datafolha: nesse caso, busca-se menos interferir na opinião dos entrevistados do que em eventuais ajustes feitos pelo entrevistador. Imaginem: alguma apreensão há no Datafolha quando se chega a um resultado tão distinto de outro instituto. Por que não o contrário? Porque a máquina de difamação só atua de um lado, certo?

2 - Os petistas sabem, claro, que o resultado por eles alardeado é falso. Contam, na imprensa, com a boa-vontade dos ingênuos e com a má fé dos petralhas para espalhar a mentira. Pra quê? Para lançar uma sombra de suspeição sobre os números do Datafolha. Para eles, é útil a falácia de que cada partido tem o “seu” instituto. É como se dissessem: “Ora, se o Vox Populi é nosso porque traz números positivos para nós, então o Datafolha, que é bom para eles, é deles”. Pois é… Ocorre que não é o número a que se chega que torna um instituto mais independente ou menos, mas seus métodos…

Objetivo estratégico. Ou: “Tirem as Farc dos jornais”
3 - O terceiro objetivo já é de natureza estratégica. O PT, na verdade, teme alguns temas mais políticos da campanha - e um deles é sua vinculação com grupos de extrema esquerda dentro e fora do país. Volta e meia, Dilma Rousseff faz, por exemplo, sua profissão de fé contra as invasões de terra, e isso ganha espaço nobre na imprensa, ainda que, no dia seguinte, possa meter na cabeça o boné do MST e acusar o adversário de satanizar os movimentos sociais. Fala, a cada hora, para uma platéia. Mas a tentativa de se mostrar descolada dos sem-terra existe. Afinal, trata-se do mais impopular “movimento social” do país.

Ao plantar a história furada de que Dilma estaria muito à frente de Serra e de que isso seria o “efeito Farc”, o PT tenta, a todo custo, tirar esse tema do noticiário, alimentando a mentira de que tal assunto, se levado para a campanha, seria negativo para Serra.  É claro que se trata de outra formidável mentira. Pouca gente sabe dos laços políticos entre o PT e as Farc: entre os que sabem, há quem os aprecie e quem os repudie.

Entendo que a massa também deve saber. Gostaria de ver na televisão aquele ofício assinado pela presidenciável Dilma Rousseff solicitando os préstimos da mulher de um terrorista ao lado do e-mail em que o próprio conta a seu chefe que tal contratação faz parte de uma operação política. E que tal exibir aqueles e-mails em que os facínoras relatam quais são seus aliados no governo federal? Será que o PT realmente acredita que o assunto “Farc” é positivo para Dillma e que isso foi uma flechada no próprio pé dada por Índio da Costa? Ora…

Concluindo
Os jornalistas que não estão apenas a serviço do PT, cumprindo tarefa remunerada - ainda que seja remuneração ideológica, digamos assim - devem constatar, a esta altura, que serviram de massa de manobra de uma estratégia eleitoral. A questão é saber se cairão de novo, pela enésima vez.  Farão o mesmo na semana que vem? Continuarão a divulgar as “pesquisas internas” do PT dando conta do  espantoso avanço de Dilma? Convenham: começa a ficar difícil distinguir a ingenuidade da má fé em casos assim. Afinal, ingenuidade não pode ser um vício, né?

PS - Ah, sim, li que Lula se comparou a Cristo. Repetirei o que costumo escrever sempre que alguém a tanto se atreve: ENTÃO VAMOS COMEÇAR PELA CRUCIFICAÇÃO. Lula não pode ficar só com o bem-bom da divindade. Se é o cordeiro de Deus, então que vá para o sacrifício, certo? Brizola diria: “Que cordeiro, nada, tchê! É o Sapo Barbudo de Deus!” É…

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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3 comentários

  • Valter Antoniassi Fátima do Sul - MS

    Ao ler o comentário de outro leitor,não consegui ficar calado,até concordei com algumas partes,mas convenhamos,o que é que ele chama de inclusão social,BOLSA ESMOLA,COTA RACIAL,MST e assim vai...Ser favorável a um goveno que compactua,com EVO MORALES,HUGO CHAVES,FIDEL CASTRO,AHMADINEJAD,MENSALÃO,DOSSIE FAJUTO,CAIXA DOIS,DÓLAR NA CUECA,é isso que chama justiça social...e tudo isso me deixa triste,porque sei que a maioria dos eleitores pensam desta maneira,desde os mais humildes até os mais escolarizados.De maneira eu como simples pai de familia posso falar em ética,honestidade,caráter,que exemplo posso deixar aos meus filhos se também for conivente com tudo isso?Não nego,já votei e defendi partido de esquerda,mas a história mostrou que tudo não passa de uma propaganda enganosa e que todos eles só pensaram no enriquecimento ilícito e no bem estar de seus comparsas e o resto é só o resto e salve -se quem puder.

    morales

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  • VALMOR ILMAR BECKER Farroupilha - RS

    Com que, então, Sr. Reinaldo Azevedo, a Carta Capital e o Vox Populi são comprados e comprometidos com partidos de esquerda, enquanto o Datafolha e a revista Veja ( a citação da fonte me remete a pensar que há algum vinculo entre o senhor e ela) são independentes e isentos? Ora, nesse caso não fica dificil distinguir ingenuidade e má fé!!!! Alguém que usa termos chulos como "Petralhas" para se referir a um partido politico e às pessoas que lhe tem simpatia não merece, sinceramente, meu respeito. Quanto à piadinha da crucificação, seria conveniente que fosse esclarecido aos leitores que é antiga e não é de sua autoria. Engraçado, também, é que até pouco tempo atrás o único instituto confiável era o Ibope. Agora é o Datafolha! O que houve nesse meio-tempo? Senhor Reinaldo, sou simpatizante de partidos politicos e movimentos sociais que pregam a inclusão e a justiça sociais e sou íntegro e honesto (e inteligente a ponto de entender seus propósitos) como outros milhões de pessoas ideológicamente identificadas com esquerdas, centros e direitas. Gostaria, portanto, que o senhor, no seu extremismo e radicalismo, com sua visão estrategicamente miope da realidade brasileira, fosse mais criterioso ao escolher as asneiras que escreve.

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  • Valter Antoniassi Fátima do Sul - MS

    Caro Reinaldo Azevedo,quando os petralhas amordaçarem de vez a imprensa,restarà a vc fazer comèdias,pois tu és muito bom nisso,quanto a nós só Deus sabe.Acabo de perder um processo na "justiça" ,e me fez sentir na pele do caseiro Francenildo,só faltou desmoralizar me em público,ai eu digo a quem recorrer,se todos são "amigos" ,desde o bobo da corte até o Rei.

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