Novo Ibope: tudo igual no 1º turno; pequena oscilação no 2º

Publicado em 07/08/2010 12:34


O Jornal Nacional acaba de divulgar uma nova pesquisa Ibope, encomendada pela Rede Globo e pelo Estadão —  suponho que o jornal traga na edição de amanhã o detalhamento. Em relação à semana passada, nada mudou nos números no instituto no primeiro turno: Dilma permanece com 39%, e Serra, com 34%. No segundo turno, houve oscilação dentro da margem de erro, e a diferença numérica que era de 6 pontos passou a 5. Dilma oscilou dois pontos para baixo, de 46% para 44%, e Serra, um, de 40% para 39%.

Ah, sim: se a tal pesquisa Sensus estava certa, não é?, uma diferença de 10 pontos se reduziu à metade em um dia. Se é que vocês me entendem…

Boa parte da imprensa diária, hoje, ou está rendida ao Partido Único ou está com medo

Realmente não sei o que alguns analistas esperavam que a petista Dilma Rousseff fizesse no debate da Band para constatar que, bem…, ela perdeu o confronto com o seu principal oponente, o tucano José Serra.

Dilma se perdeu nas respostas? Muitas vezes. Estourou o tempo? Quase sempre. Engrolou incongruências? Com uma freqüência espantosa. Deixou de lado o tema em debate para se agarrar à generalidade do “nós somos melhores do que eles”? Foi seu único norte. Jogou dados errados no ar? Aos montes. Estava nervosa? Bem, ela abriu e fechou o programa consultando suas anotações: no começo, para poder dizer “boa-noite!”; no fim, para a saudação de despedida. Padeceu de aerofagia boa parte do tempo.

Quando propôs a Serra o embate direto “governo Lula X governo FHC”, ele a atropelou com a penúria dos portos, aeroportos e estradas e ainda chamou ao debate Antonio Palocci, admirador e continuador da política econômica do governo anterior. Ela não reagiu. Não obstante, alguns se aventuraram: como ela não foi um desastre, então ganhou. É um modo muito particular esse de ver as coisas: se não quebra a cara de modo vexaminoso, então é vitória? O que ela precisava fazer para perder além do que fez? Ter um surto psicótico no ar? É uma análise que ofende os telespectadores que assistiram ao debate — aliás, nem os petistas viram a coisa assim. Até os que estavam na platéia saíram muito insatisfeitos.

Os que não decretaram o “empate”  e, portanto, a vitória de Dilma (?) preferiram, como destaquei ontem, a covardia explícita, declarando que o destaque do encontro foi Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL. Já analisei essa postura. Plínio foi o vencedor numa única coisa: ninguém disse tanta bobagem no ar como ele. Conseguiu ser desonesto intelectualmente até no embate com Dilma, que não é exatamente um primor em matéria de apego aos fatos. Ele certamente ficou muito animado e vai tentar repetir a sua performance ideológico-circense em outros encontros de que participar. No post abaixo deste, faço uma análise específica do “jornalismo e o fator Plínio”. Quero voltar ao leito principal agora.

Jamais dei motivos para o leitor ter dúvidas sobre o que considero o melhor para o Brasil nestas eleições. Quem achar que isso tira a minha objetividade  e que, então, estou apenas atuando na torcida  deve procurar outra página. Basta rever o debate: Serra teve um desempenho muito superior ao de seus adversários. E por que a dificuldade de dizê-lo com clareza? Porque boa parte da imprensa ou se deixa intimidar pela patrulha petista ou atua como braço do PT, comportando-se como mais uma célula da Al Qaeda Eletrônica. Quem se aventurasse, na grande imprensa, a dizer “Serra venceu o embate” cairia imediatamente na rede de difamação. E alguns têm um grande receio disso, deixando-se raptar pela delinqüência.

Ora, não lançaram no ar até mesmo a sandice de que o Jornal Nacional estaria cassando a voz de Lula para prejudicar Dilma? Lula aparecer numa edição do JN a cada quatro lhe sparece muito pouco  e nem tentam saber como é essa relação em países democráticos. Usam como critério de comparação a TV do Franklin Martins  onde Lula aparece dia sim, dia não  e a do “bispo” Macedo, onde o presidente dá plantão quase todo dia.

Essa máquina de tentar moer reputações está em funcionamento, com a ajuda de blogueiros de aluguel, que são, na prática, empregados de Franklin e de Lula. Muitos se assustam com isso. Talvez temam dizer a verdade e cair numa espécie de isolamento caso Dilma Rousseff vença a eleição. Sentem-se, então, confortáveis em dizer que a petista ganhou só porque não babou na blusa branca; que Plínio ganhou porque agitou a noite, mas jamais diriam que SERRA GANHOU PORQUE DEU AS MELHORES RESPOSTAS E PORQUE FALOU COISA COM COISA. Isso nunca!

Aliás, até seria o caso de evitar os verbos “ganhar” e “perder”, porque isso só o eleitor pode dizer. O melhor é avaliar quem se saiu melhor com base nas respostas que deu, na clareza da fala, na organização do raciocínio, no apego ao que foi perguntado. Reitero: o vídeo já está na rede. E, convenham, só não reconhece o óbvio quem tem medo da patrulha ou quem, muito pior, já integra as falanges. A situação atingiu tal estágio, como escrevi ontem, que se trata como mera versão da oposição até um documento que carrega a inequívoca assinatura da Dilma  refiro-me, claro, ao requerimento que solicita a transferência da mulher de um terrorista para o Ministério da Pesca.

Os blogs políticos foram matéria de uma mesa de debates no 7º Encontro da ABCP (Associação Brasileira de Ciência Política). Segundo a Folha, concluiu-se que eles “são usados mais para gerar repercussão fora da internet do que como um fim noticioso em si e não se desenvolveram como uma plataforma de comunicação mais democrática, como era a expectativa original.” Confesso não saber o que quer dizer “fim noticioso em si”. O que sei, aí sem sombra de dúvidas, é que os blogs significam hoje uma chance de se fugir da ditadura de opinião do Partido Único.

E, por isso, milhões de leitores os procuram. Às vezes, estão em busca apenas de uma análise, de uma opinião ou de um comentário que não tenham receio da patrulha. Boa parte da imprensa diária, hoje, ou está rendida ao “partido” ou está com medo.

Afinal, hoje em dia, há mais petistas nas redações do que no PT.

Por Reinaldo Azevedo

Aqui e ali, li que o debate da Band foi chato porque todos falaram mais ou menos a mesma coisa etc e tal; por isso, disseram, Plínio teria ajudado a sacudir a pasmaceira. Olhem: eu avalio que faltou, sim, POLÍTICA ao embate. Os candidatos optaram por uma abordagem mais administrativa e gerencial, talvez em excesso. Mas atenção! Essa suposta “chatice” é um dado positivo. Debates animados eram aqueles do tempo em que Lula, com ar enfezado, ia à televisão defender o socialismo, o calote na dívida, o fim do Plano Real, a punição para aqueles que fizeram o Proer, o fim da Lei de Responsabilidade Fiscal — aquela baboseira toda que já constituiu o discurso do PT e que hoje é vocalizado por Plínio de Arruda Sampaio.

O fato de Serra, Dilma e Marina falarem muitas coisas parecidas é uma boa notícia  porque, afinal de contas, já superamos a fase do candidato que ia à TV para declarar que, se vencesse, iria virar a mesa. Eleição ruim, desastrosa, foi a de 1989. Se Lula tivesse vencido, teria levado o Brasil à breca. Se Brizola tivesse vencido, teria levado o Brasil à breca. Como o vitorioso foi Collor, então o Brasil foi à breca. Entenderam? Mas os debates eram quentíssimos, do tipo que deixaria acordados alguns analistas que cochilaram anteontem e que depois escreveram os comentários com os joelhos ou com o copo, sei lá eu.

Debate chato é um bom sinal. Esta foi a grande conquista do governo Fernando Henrique Cardoso: não há mais espaço para porras-loucas na política. O da vez é um velhinho de 80 anos, que diz mais irresponsabilidades do que algum sectário de 17, mas que não consegue nem mesmo pontuar na pesquisa  embora se diga representantes dos “movimentos sociais”. De quais, cara pálida? Que “movimentos” são esses que não conseguem tirá-lo do traço? O governo FHC, que conquistou a estabilidade da economia, que conseguiu pôr fim à inflação crônica, coisa de que o povo gostou, estreitou o espaço dos aventureiros.

O GOVERNO FHC, EM SUMA, CIVILIZOU UM TANTO O PT, QUE FOI OBRIGADO A ADERIR À CARTILHA DO ADVERSÁRIO E FAZER UM GOVERNO DE CONTINUIDADE.

Quem quiser emoção em política que migre para o Iraque, o Irã ou o Afeganistão.

Tudo igual?
Isso quer dizer, então, que todos os candidatos são mesmo iguais, exceção feita a Plínio? Ora, é claro que não. O PT tem uma visão autoritária da política e ainda não desistiu de se constituir, para todos os feitos, como o Partido Único, transformando a democracia num ritual apenas homologatório. Sonha juntar racionalidade econômica com ditadura. Mas não vai confessá-lo, é óbvio. O discurso de Marina é uma colcha de patchwork do onguismo. Na política, o discurso de Serra é o mais adaptado àquilo que o Ocidente conhece por democracia. E seria, sim, conveniente que essas diferenças ficassem mais claras.

Não obstante isso, a tal “chatice” de algumas respostas consensuais em matéria de economia é, à diferença do que dizem os tolos, um bom sinal. Lula já falou as bobagens que Plínio diz hoje, e havia o risco efetivo de que ganhasse a eleição. Aquele era um período perigosamente… emocionante!

Por Reinaldo Azevedo

Se, na economia (ver post acima), não há mais chance para os porras-loucas, e isso é um avanço inequívoco, é evidente que há coisas fora do lugar na política, o que não é bom, caracterizando um atraso. Repararam? No debate da Band, uma candidata era do PT, e dois outros tinham sido petistas — fundadores do partido, diga-se, o que Dilma, uma recém-convertida, não foi. Vale dizer: eram três candidatos de esquerda.

E Serra? Sua origem também é a esquerda, como todo mundo sabe. E não creio haver razões, ainda hoje, para se dizer que esteja à direta de Dilma ou de Marina. Numa leitura convencional, diria até que, em certos temas, elas é que estão à sua direita.

Isso quer dizer que os três principais candidatos à Presidência — Plínio é tão “principal” quanto a penca de nanicos, mas estava lá… — são, com matizes diversos, de esquerda. Podem-se distinguir, e se distinguem, na competência, na experiência, no alcance da visão que têm sobre o Brasil etc, mas a matriz ancestral é a mesma.

Cadê o candidato “conservador” ou, se quiserem, “de direita”? Não existe! E isso, obviamente, é uma anomalia. Li outro dia o texto de um bobalhão afirmando que a direita não consegue se estruturar no Brasil porque as desigualdades, as carências, a distribuição de renda etc, tornam um discurso conservador difícil. Trata-se, claro, de uma bobagem. As democracias de todo o mundo, as ricas e as pobres, têm candidatos conservadores viáveis.

Não! Isso não é bom para o país. As idéias começam a ficar fora do lugar. Na semana passada, a VEJA publicou uma entrevista notável com Aldo Rebelo, o deputado do PC do B que foi relator do Código Florestal. Sua fala, tão sensata!, não seria considerada “de esquerda” em lugar nenhum do mundo. Até aí, tudo bem! Saudemos a racionalidade de alguém que se diz comunista. A questão é saber por que as coisas corretas e prudentes que diz sobre a terra, o agronegócio e o latifúndio não são um dos eixos estruturantes de um partido — que seria considerado, sim, “conservador”. Vejam o medo que os partidos têm de defender o relatório de Algo sobre o código.

Querem outro exemplo? A Constituição brasileira vem sendo continuamente aviltada por cotas racialistas. Elas se tornaram um “valor”, e poucos são aqueles que se aventuram a enfrentar o falso consenso, a suposição de que é essa “a vontade da sociedade”. Não é! Trata-se da vontade de grupos militantes. Como o debate não é feito — a não ser por iniciativa de um ou outro líder político, mas não de um partido ou de partidos —, o suposto “progressismo” avança sem resistência, como se fosse mesmo uma vontade coletiva.

Alguém poderia dizer: “Como pode haver uma direita no Brasil, Reinaldo, se, no Maranhão, o PT se aliou a Sarney?” Bem, resta-me responder que eu torço pelo surgimento de um partido conservador, de direita, no Brasil. E isso exclui Sarney, é claro. O Brasil precisa de conservadores. Quem precisa do atraso é o PT.

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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