Lula manda carta ao Foro de São Paulo, que fundou junto com Fidel Castro e as Farc

Publicado em 18/08/2010 16:09 e atualizado em 18/08/2010 18:07


Começa hoje, em Buenos Aires, o XVI Encontro do Foro de São Paulo, entidade fundada por Lula e Fidel Castro, para reunir as esquerdas da América Latina e Caribe. O “mui civilizado” José Eduardo Martins Cardozo, secretário-geral do PT, lerá à noite a carta que o presidente brasileiro envia à entidade, que tem, entre os seus fundadores, as Farc — Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia —, um grupo militar dedicado exclusivamente ao narcotráfico. Segundo Lula, a “direita não se conforma com a democracia” no continente. Leiam o texto. Volto em seguida:

Queridas Companheiras e Companheiros,

Há 20 anos, 42 partidos e movimentos progressistas da América Latina e do Caribe reuniram-se em São Paulo - convidados pelo Partido dos Trabalhadores - para um Encontro sem precedentes na recente história política de nosso Continente.

Nascia o que um ano depois, no México, seria chamado de Foro de São Paulo.

Vivíamos tempos difíceis no início dos anos noventa.

Em muitos países ainda persistiam fortes marcas das ditaduras que se haviam abatido nas décadas anteriores sobre nossos povos. Esses resquícios autoritários impediam a constituição de democracias vigorosas e dificultavam a luta dos trabalhadores.

Pairava sobre nosso Continente a hegemonia do ideário do Consenso de Washington.

Primazia do mercado, enfraquecimento do Estado, desregulamentação das relações de trabalho, sacrifício da noção de desenvolvimento e de políticas sociais em nome de uma suposta estabilidade, buscada a qualquer preço, com enormes sacrifícios para os trabalhadores do campo e das cidades.

A predominância dessas idéias conservadoras era reforçada pela profunda crise das referências tradicionais das esquerdas - as comunistas e os socialdemocratas. Suas políticas não permitiam explicar a realidade mundial mas, sobretudo,  mobilizar as grandes massas.

A reunião de São Paulo e tantas outras que se seguiram nestes 20 anos tiveram como mérito fundamental criar um espaço democrático de conhecimento e de discussão das esquerdas. Esse espaço não existia, muitas vezes, nem mesmo em nossos países.

Não criamos uma nova Internacional.

Conhecíamos a história das internacionais e sabíamos que era mais importante termos um Foro no qual pudéssemos intercambiar experiências, discutir acordos, mas também desacordos.

As transformações pelas quais passaram a América Latina e o Caribe nestas duas décadas têm muito a ver com os debates que realizamos.

Hoje, nossa região vive uma situação radicalmente diferente daquela de vinte anos atrás. Muitos dos que nos encontramos no passado nas reuniões do Foro de São Paulo como forças de oposição, hoje somos Governo e estamos desenvolvendo importantes mudanças em nossos países e na região como um todo.

Experiências como a UNASUL e a Comunidade da América Latina e do Caribe são herdeiras dos debates que levamos no Foro. Elas abrem o caminho para uma verdadeira integração de nossos países fundadas sobretudo nos valores da democracia, do progresso econômico e social e da solidariedade.

Uns poucos tentam caracterizar o Foro de São Paulo como uma organização autoritária. É o velho discurso de uma direita que foi apeada do poder pela vontade popular. Não se conformam com a democracia de que se dizem falsamente partidários.

A contribuição de meu partido e outros partidos progressistas do Brasil para esta nova realidade do Continente é de todos conhecida.

Nosso Governo retomou o crescimento, depois de décadas de estagnação.

Crescemos distribuindo renda. Incluímos 30 milhões de brasileiros que viviam abaixo da linha da pobreza. Criamos 14 milhões e meio de empregos formais e aumentamos substancialmente o salário real dos trabalhadores e a renda dos trabalhadores do campo.  Mantivemos a inflação sob controle. Reduzimos nossa vulnerabilidade internacional. Não mais dependemos do Fundo Monetário Internacional. E pudemos fazer esta grande transformação com expansão da democracia, aumento da participação popular e fortalecimento de nossa soberania nacional.

O Brasil mudou e vai continuar mudando nos próximos anos.

Mudou junto com seus países irmãos do Continente.

Mudou como está mudando a Argentina que agora acolhe mais este encontro do Foro de São Paulo.

Recebam, queridos amigos, o abraço do seu irmão e companheiro

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República Federativa do Brasil

Comento
Trata-se de uma carta escandalosa. A palavra “Internacional”, como substantivo, é uma referência às Internacionais comunistas, a reunião de organizações comunistas de todo o mundo, que orientava a ação dos partidários dessa ideologia.  De fato, não se tratava de uma nova “Internacional” porque o Foro veio justamente para tomar o lugar dela, uma vez que o comunismo soviético tinha morrido — para honra e glória da humanidade.

As Farc estão apenas “afastadas” do Foro, mas o grupo é membro-fundador da entidade. Hugo Chávez, Daniel Ortega e Evo Morales são alguns dos “democratas” abrigados no Foro. A eventual melhoria das condições de vida em alguns países não decorre das propostas originais das esquerdas, é claro — e o Brasil é a maior evidência disso.

A referência à Argentina, país-anfitrião do Foro, ilustra bem o “espírito democrático” do grupo. O casal Kirchner resolveu destruir a imprensa do país, contando com o auxílio de  tropas-de-choque que se comportam como hordas fascistas.

E pensar que, até outro dia, a imprensa brasileira quase não falava do Foro. Ele parecia uma entidade inventada, como diria Lula, “pela direita”.

Zelaya, o golpista maluco, chavista e anti-semita, é um dos destaques do Foro

As referências de Lula à “democracia” da turma do Foro de São Paulo e ao suposto inconformismo da direita passarão em branco em boa parte da imprensa nativa porque, bem, porque essa gente concorda com isso, entenderam? Afinal, uma das estrelas do Foro é o golpista maluco e anti-semita Manuel Zelaya, que ficou abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa. Tentou dar um golpe em Honduras à moda Chávez. Foi convertido em herói por aqui também.

Justiça bloqueia ativos financeiros de tesoureiro do PT

Da Agência Estado;

A Justiça decretou bloqueio on line de ativos financeiros do presidente licenciado da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. A decisão da 4.ª Vara Cível se baseia no artigo 28 do Código de Defesa do Consumidor e atende a cooperados que alegam ter sido lesados. O valor congelado chega a R$73,8 mil, segundo ofício eletrônico enviado dia 5 ao Banco Central (BC).

A ordem é extensiva a Wagner Castro, sucessor de Vaccari na Bancoop, e a Ana Ernica, diretora financeira da entidade. Eles podem recorrer. A Justiça acolheu pedido de desconsideração da personalidade jurídica da Bancoop - dirigentes passam a ser responsabilizados com patrimônio pessoal. Vaccari não foi localizado pela reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dilma quer falar do passado? Eu topo. Pergunta: com ou sem arma na mão?

Voltei. Leiam o que informa Anne Warth, da Agência Estado. Volto em seguida:

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, disse hoje que é preciso olhar para o passado para valorizar as conquistas do presente e planejar o futuro. Em entrevista à imprensa após participar do debate entre os candidatos à Presidência promovido pela Folha e pelo UOL nesta manhã, Dilma respondeu à acusação de Serra de que a candidata “olha apenas pelo retrovisor”.

“Essa história de que não dá para olhar para o retrovisor é um perigo enorme para um País que tem a história que nós temos”, disse Dilma. “Temos uma história de ditadura e temos de olhar para ela para valorizar a democracia. Temos uma história de baixo crescimento e, por isso, valorizamos o alto crescimento. Temos uma história de desigualdade de renda vergonhosa. Por isso, temos de perseguir a erradicação da pobreza. Quem não tem história e passado, não tem presente nem futuro. Temos de aprender com o que fizemos”, acrescentou.

Na entrevista, Dilma ironizou o jingle de campanha de José Serra, exibido no programa do horário eleitoral de TV ontem, que diz “depois de Lula quero o Serra lá (na Presidência)”. “Eu acho interessante o pessoal que fala mal do governo Lula e coloca, na primeira estrofe do seu jingle, o nome do presidente Lula”, disse.

A candidata afirmou ter gostado do debate e afirmou que o ponto alto foi a interatividade com os internautas. Dilma afirmou também que os próximos programas eleitorais dela na TV vão exibir a realização de obras, como rodovias, ferrovias e usinas hidrelétricas e estaleiros em todo o País. “Vamos ter a oportunidade de mostrar tudo aquilo que fizemos e o Brasil ainda não conhece”, disse.

Dilma considerou “deselegante” a pergunta de uma jornalista que participou do debate sobre seu estado de saúde, após o tratamento para combater um câncer linfático. “Vocês podem ficar descansados. Ninguém com alguma doença segura uma campanha eleitoral, como eu seguro”, afirmou.

Dilma não quis comentar as acusações sobre a suposta ligação entre o PT e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) - questão que foi levantada pelo vice de Serra, Indio da Costa (DEM). “Eu lamento, mas não vou responder a esse senhor”, afirmou.

Comento
Vamos por itens?

1 - Se é para considerar o passado, então cumpre lembrar que o PT se opôs a todos os princípios de macroeconomia que agora segue. E só os segue porque seus adversários tucanos os implementaram, contra o voto do partido. De todas as tentativas do PT de sabotar o governo FHC, creio que a mais vigarista foi a campanha contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Chegaram a recorrer ao Supremo. Vamos olhar o passado?

2 - Se é para olhar o passado, é preciso olhar o passado de Dilma Rousseff, não é mesmo?, do qual ela se orgulha. E isso significa orgulhar-se de ter pertencido a grupos terroristas que mataram pessoas. Ou lembrar esse “passado” é “baixaria”, coisa de “mau gosto”? O passado do PSDB foi a estabilização da economia. Dilma nega ter lutado de arma na mão. Os documentos sobre o período revelam que ela foi uma espécie de caixa dos que lutaram de arma na mão, vitimando inocentes. Vamos falar sobre o passado?

3 - Dilma não quer comentar as relações do PT com as Farc? Poderia ao menos ter repudiado o terrorismo daquela organização. Por que não o repudia? Hoje, uma carta de seu chefe será lida no Foro de São Paulo, que reúne ditadores da América Latina.  As  Farc são fundadoras do Foto,  com Lula e Fidel Castro. Vamos falar sobre o passado?

- É “mau gosto” lembrar sua doença? Quem foi que fez proselitismo a respeito até em debate na televisão? Dilma Rousseff. Quer dizer que o câncer é virtuoso se é para se colocar como vítima e ganhar votos, mas deve ser assunto vetado caso se lembre que, com efeito, pode-se eleger Dilma e ser governado por Michel Temer? Nem oposição nem jornalismo transformaram o câncer em assunto eleitoral. PT e Dilma o fizeram. Tão logo se ficou sabendo da doença, Marco Aurélio Garcia - ele mesmo! - chegou a tratar a coisa como um ativo eleitoral. Vamos falar sobre o passado?

A mentira histórica contada por Dilma no debate Folha/UOL

“Aprovamos o Plano Real e, mais do que isso, levamos à frente e o utilizamos de forma adequada”.

De quem é a frase? Da petista Dilma Rousseff no debate da Folha/UOL. Caso Serra dissesse uma flagrante mentira, dessas escandalosas, contra todas as evidências dos fatos, contra a história, contra o modo como se organizou a política de 1994 a esta data, o jornalismo online estaria noticiando a mentira em letras garrafais. Amanhã, os colunistas isentos fariam a festa no jornalismo impresso.

A mentira grotesca contada por Dilma ficará por isso mesmo. O Plano Real não se resumiu a uma ou duas medidas. Tratou-se de um conjunto. O PT se opôs a todas, a rigorosamente todas, em especial ao plano de estímulo à reestruturação dos bancos, o Proer, que garantiu a saúde do sistema financeiro brasileiro e foi fundamental para assegurar a estabilidade da moeda. Só para lembrar: a reestruturação custou o fim do Banco Nacional, de que netos de FHC eram herdeiros. É isto: FHC chegou ao poder com netos herdeiros de bancos (sua então nora era da família Magalhães Pinto, que controlava a instituição); quando saiu, aqueles mesmos netos eram, como a maioria de nós,  do MSB, o Movimento dos Sem-Banco.

Nota à margem: a família Lula da Silva deu mais sorte. O patriarca chegou ao poder, e um de seus filhos era monitor de jardim zoológico. Hoje, o mesmo filho, Lulinha, é o dono da Gamecorp, aquela empresa que recebeu uma generosa injeção de dinheiro da então Telemar, hoje Oi, de que o BNDES era e é sócio. A história do “movimento operário” nestepaiz é realmente muito linda!!!

Adiante. O PT afirmava que o Proer não passava de mamata para banqueiros — e com o endosso de setores do jornalismo; aqueles mesmos que se calarão, agora, diante da mentira contada por Dilma.

O partido se opôs ao Plano Real, sim, tanto que fez a campanha eleitoral de 1994 tentando demonstrar os malefícios todos que ele causaria ao Brasil. E passou os oito anos seguintes tentando sabotar a estabilidade.

No máximo, a petista poderia dizer que seu partido “aprovou” o Real depois que estava no poder, sem jamais reconhecê-lo. Ao contrário. Teve lugar o discurso no qual ela navega até hoje: “Nunca antes na história destepaiz”.

É impressionante que a mentira seja dita de modo tão explícito, tão escancarado, e que a reação seja praticamente nenhuma. Mas vá Serra lançar no ar um dado impreciso que seja… Vira manchete. De novo: isso nada tem a ver com as minhas afinidades com esse ou com aquele. Contentem-me demonstrando quem é que está dando destaque à mentira histórica.

Ora, se o PT tivesse aprovado o Plano Real, a clivagem que hoje existe na política brasileira não teria como seus principais protagonistas o PT e o PSDB. Sem essa! Depois de ter tentado apagar da memória do país as conquistas dos adversários, os petistas agora tentam roubá-las.


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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (veja.com

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2 comentários

  • Emanuel Geraldo C. de Oliveira Imperatriz - MA

    Reinaldo, manda essa carta de Lula que sera lida no Foro de São Paulo para Obama, que disse que Lula era o " cara". Talvez os americanos, como o fazem em todo o mundo, decida agir no Brasil contra a instalaçaõ de uma Ditadura e a morte de uma Democracia 90% consolidada ja que nem o povo, nem a imprensa, nem o congresso e nem os militares fazem nada para impedir! Os EUA terão que agir pois com a eleição da terrorista Dilma, o narcotrafico e as ditaduras sul-americanas, com certeza ficarão muito mais forte e terão muitos mais jovens americanos viciados em droga.

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  • Valter Antoniassi Fátima do Sul - MS

    Se os petralhas lerem esta matéria, dirão que FHC é burro,e que as falcatruas do Lula é porque ele é inteligente e bem relacionado,veja onde chegamos,existe uma inversão de valores e vamos acostumando e parece tudo tão natural...Fico indignado não consigo ler e ficar calado,sofri até uma advertencia de minha esposa para que não leia mais,pois quando o governo ressuscitar o DOI-COD eu serei procurado ,talvez ela tenha razão e seja um conselho sábio.

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