Datafolha aponta 20 pontos de vantagem para Dilma

Publicado em 26/08/2010 09:24


Bem, bem, bem, o tucano José Serra vencia a disputa no primeiro turno, e boa parte dos escribas dava como certa a eleição de Dilma. Hoje, então, estão à beira de anunciar o resultado de suas predições, mesmo antes do pleito. Nova pesquisa Datafolha aponta uma vantagem de 20 pontos da candidata petista, que teria oscilado, na margem de erro, em relação à pesquisa de sexta, de 47% para 49%; ele, que aparecia com 30%, teria agora 29%. A pesquisa anterior do Datafolha foi feita na sexta; esta, na segunda e na terça.

O jogo não estava jogado com 17 pontos de diferença e não está com 20 — até porque, convenham, tanto faz. Mas os tucanos terão de mudar o comportamento em campo se querem tentar levar a disputa para o segundo tempo. É um momento muito delicado. O partido tem lideranças regionais importantes que têm demonstrado um comprometimento não mais do que regulamentar com a campanha. Sem um efetivo engajamento, não há saída.

O horário eleitoral na TV não responde, sozinho, pelos números, mas tem grande importância, como se nota. Não se pode dizer que a campanha de Serra seja um desastre em si, longe disso — ela até apresenta propostas! Vejam que coisa antiga em política, não é mesmo? Mas não parece adequada para o momento.

Não pensem que ignoro as dificuldades. O partido de Serra tem no seu currículo algumas das conquistas mais importantes do país, como o Plano Real, a criação dos programas ditos de transferência de renda, as privatizações, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a universalização da saúde, a universalização do ensino fundamental, a criação dos genéricos. A lista é grande. Lula fulminou essa memória ao longo de oito anos de governo. E se apropriou de tudo o que lhe parece bom. O PSDB, se notam, parece um partido sem passado. Evocá-lo seria, na prática, fazer o jogo de Lula, diz-se, já que ele reescreveu a memória dos adversários como bem quis.

Temas mais propriamente políticos, alguns deles que evidenciam falhas óbvias da gestão Lula ou escolhas perigosas para o país, também ficam fora da campanha porque, afinal, estão aí as pesquisas indicando quase 80% de popularidade e a crítica poderia sugerir uma trombada com o Demiurgo. Fica-se numa espécie de beco sem saída: criticar o governo se mostra impossível por causa de Lula, e Lula segue incólume, então, transferindo prestígio para a sua candidata. Nenhum homem público tem um currículo como o de Serra, com tantas realizações. Mas é um indivíduo contra a máquina — que nunca mentiu tanto na TV.

Isso caracteriza o problema, mas não resolve, dirá alguém. Pode ser. Mas não é menos verdade que as armas escolhidas estão se mostrando ineficientes. Tendo a considerar que é a hora de Serra se expor mais, conversar mais com o eleitor, dizer por que quer ser o presidente. E também é preciso politizar mais a campanha, expondo, com serenidade, mas com firmeza, as escolhas temerárias feitas pelo governo federal em muitas áreas. É arriscado? Claro que é. Mas não deve ser menor do que o risco de deixar o petismo  a exaltar livremente os seus feitos — sobretudo o não-feito.

O discurso em que Lula afirma que Bolsa Família deixa o sujeito vagabundo, sem vontade de plantar macaxeira!!! E a prova documental de quem foi o criador do programa

Como é mesmo? Segundo um novo Datafolha, a diferença entre Dilma e Serra oscilou para 20 pontos? Os petralhas não descansam nem de madrugada — creiam (devem ganhar bem!) — e anunciam que eu já perdi a eleição? Então eu vou lhes mostrar como me comporto em meio àqueles que já disputam o seu lugar à grama. E por que vou fazer o que segue? Por apreço à verdade. E porque, como escrevi naquele texto quanto estava em Dois Córregos, Corisco só se entrega na morte de parabelo na mão, hehe.

Ontem, na impressionante coleção de invencionices a que se entregou em cima do palanque, Lula afirmou que setores “elitistas” o criticaram por causa do Bolsa Família. Também é mentira. O único “elitista” contrário ao programa era… Lula!!! E dá para provar. Quando o Babalorixá chegou ao poder, inventou que o Brasil padecia de uma fome africana — que já havia sido superado havia duas décadas ao menos. E criou o natimorto programa Fome Zero, lembram-se? O que era mero golpe publicitário de Duda Mendonça virou estandarte do governo. Havia quatro programas de renda do governo FHC: Auxílio-Gás, Bolsa Alimentação, Bolsa Escola e Bolsa Renda. Lula os juntou depois e os chamou de Bolsa Família. Isso é história. Mas, antes de fazê-lo, falou muita bobagem. E depois também.

No dia 9 de abril de 2003, com o Fome Zero empacado, Lula fez um discurso no semi-árido nordestino, na presença de Ciro Gomes, em que disse com todas as letras que acreditava que os programas que geraram o Bolsa Família levavam os assistidos à vagabundagem. Querem ler? Pois não!

Eu, um dia desses, Ciro [Gomes, ministro da Integração Nacional], estava em Cabedelo, na Paraíba, e tinha um encontro com os trabalhadores rurais, Manoel Serra [presidente da Contag - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura], e um deles falava assim para mim: “Lula, sabe o que está acontecendo aqui, na nossa região? O povo está acostumado a receber muita coisa de favor. Antigamente, quando chovia, o povo logo corria para plantar o seu feijão, o seu milho, a sua macaxeira, porque ele sabia que ia colher, alguns meses depois. E, agora, tem gente que já não quer mais isso porque fica esperando o ‘vale-isso’, o ‘vale-aquilo’, as coisas que o Governo criou para dar para as pessoas.” Acho que isso não contribui com as reformas estruturais que o Brasil precisa ter para que as pessoas possam viver condignamente, às custas do seu trabalho. Eu sempre disse que não há nada mais digno para um homem e para uma mulher do que levantar de manhã, trabalhar e, no final do mês ou no final da colheita, poder comer às custas do seu trabalho, às custas daquilo que produziu, às custas daquilo que plantou. Isso é o que dá dignidade. Isso é o que faz as pessoas andarem de cabeça erguida. Isso é o que faz as pessoas aprenderem a escolher melhor quem é seu candidato a vereador, a prefeito, a deputado, a senador, a governador, a presidente da República. Isso é o que motiva as pessoas a quererem aprender um pouco mais.

Notaram a verdade de suas palavras? A convicção profunda? Então…

No dia 27 de fevereiro de 2003, Lula já tinha mudando o nome do programa Bolsa Renda, que dava R$ 60 ao assistido, para “Cartão Alimentação”. Vocês devem se lembrar da confusão que o assunto gerou: o cartão serviria só para comprar alimentos?; seria permitido ou não comprar cachaça com ele?; o beneficiado teria de retirar tudo em espécie ou poderia pegar o dinheiro e fazer o que bem entendesse?

A questão se arrastou por meses. O tal programa Fome Zero, coitado!, não saía do papel. Capa de uma edição da revista Primeira Leitura da época: “O Fome Zero não existe”. A imprensa petista chiou pra chuchu.

No dia 20 de outubro, aquele mesmo Lula que acreditava que os programas de renda do governo FHC geravam vagabundos, que não queriam mais plantar macaxeira, fez o quê? Editou uma Medida Provisória e criou o Bolsa Família? E o que era o Bolsa Família? A reunião de todos os programas que ele atacara em um só. Assaltava o cofre dos programas alheios, afirmando ter descoberto a pólvora. O texto da MP não deixa a menor dúvida:

(…) programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação - “Bolsa Escola”, instituído pela Lei n.° 10.219, de ir de abril de 1001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação - PNAA, criado pela Lei n.° 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde - “Bolsa Alimentação”, instituído pela medida provisória n.° 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás,instituído pelo Decreto n.° 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto n.° 3.877, de 24 de julho de 2001.

Compreenderam? Bastaram sete meses para que o programa que impedia o trabalhador de fazer a sua rocinha virasse a salvação da lavoura de Lula. E os assistidos passariam a receber dinheiro vivo. Contrapartidas: que as crianças freqüentassem a escola, como  já exigia o Bolsa Escola, e que fossem vacinadas, como já exigia o Bolsa Alimentação, que cobrava também que as gestantes fizessem o pré-natal! Esse programa era do Ministério da Saúde e foi implementado por Serra.

E qual passou a ser, então, o discurso de Lula?
Ora, Lula passou a atacar aqueles que diziam que programas de renda acomodavam os plantadores de macaxeira, tornando-os vagabundos, como se aquele não fosse rigorosamente o seu próprio discurso.

No dia 23 de março de 2005, em Cuiabá, atirava contra as pessoas supostamente contrárias ao Bolsa Família. Leiam e confrontem com o que ele próprio dizia em 2003:
Eu sei que tem gente que fala: “Não, mas esse presidente está com essa política do programa Fome Zero, do Bolsa Família, isso é proselitismo, isso é esmola.” Eu sei que tem gente que fala assim. Lógico, o cidadão que toma café de manhã, almoça e janta todo santo dia, para ele Bolsa Família não significa nada, ele não precisa. E ainda mais se ele puder fazer uma crítica a mim tomando uma Coca-Cola em um bar, um uísque ou uma cerveja. Agora, tem pessoas que, se a gente não der essa ajuda, não conseguem comer as calorias e as proteínas necessárias à vida humana. E se for uma criança de antes de seis anos de idade, nós sabemos que essa criança poderá ter o seu cérebro atrofiado e nunca mais se recuperar.

Quando eu vou parar de evidenciar as mistificações de Lula? Nunca! Quanto mais “popular” ele fica, mais considero este trabalho uma obrigação moral.

Por Reinaldo Azevedo

Os inimigos inexistentes do perseguido imaginário

No post abaixo, Lula atribui esta ou aquela críticas a seu governo, que quase não existem, a setores elitistas. Como ele não é questionado por quase ninguém mesmo quando diz o que lhe dá na telha — e como abusa do expediente! —, então fica combatendo inimigos imaginários. Digam aí, leitores: quem são os inimigos do Bolsa Família, hein?

Vocês sabem: aqueles 3% que acham o governo ruim ou péssimo — o que motivou até um blogueiro pançudo a pedir que essas pessoas sejam identificadas — me estimulam, assim, a brincar de os 300 de Esparta. Eu já disse que gostaria de ser o traço estatístico para continuar a apontar as imposturas do oficialismo, como tenho feito nesses dias — e sem contestação. Eles não me contestam não porque não queiram ou porque não me dêem bola (ao contrário: ele até gostam de me encher o saco): eles não contestam os números porque não podem. Adiante.

Eu já disse que nem me encontraria entre os 3% que acham o governo “péssimo”. Ele é, em muitos aspectos, medíocre; em outros, especialmente em questões de médio e longo prazos, temerário. Mas, para todos os efeitos, junto-me, então, àquela minoria extrema se isso serve para que “eles” não tenham a menor dúvida a meu respeito.

Farei um post nesta madrugada lembrando um tantinho a história do Bolsa Família. E então nós vamos ver quem era um crítico feroz desses programas compensatórios, que começaram a ser chamados no Brasil de “programas de transferência de renda”. Também essa questão está assentada sobre uma grande mentira.

Aí aquela gente que adora me odiar baba sua raiva do triunfalismo precoce: “Você acha que isso muda o resultado da eleição?” Quem tem de pensar nisso é a oposição, não eu. No que me diz respeito, até prefiro dar bordoadas num governo robusto como esse. Feio é chutar cachorro morto. Prefiro os vivos.

Por Reinaldo Azevedo

Por alguns minutos, Lula transformou o diretor de Redação da Folha no seu FHC. Ou: a mentira como método e a imprensa como alvo

Eu mesmo já escrevi aqui, como vocês sabem, que parte da responsabilidade por essa quase unanimidade burra e injustificada de que goza Lula cabe às oposições, em particular ao PSDB, que fez de tudo para evitar o confronto. Há, eu sei, quem ache que faltou foi aderir mais. Cada um na sua. Amplos setores da imprensa podem oferecer o seu ombro para dividir o que tem tudo para se transformar num fardo. Também colaboraram para isso. Que o presidente fosse aprovado pela maioria, vá lá. A economia, como é sabido, pode explicar — e nem cabe aqui entrar no mérito do que se pode ou não atribuir a Lula. Que a aprovação atinja os níveis que estão sendo apontados pelas pesquisas — com a conseqüente transferência de voto para a candidata que ele inventou —, bem, aí a explicação requer um pouco mais do que aquele clichê chatinho: “É a economia, idiota!”.

Todas as mentiras que Lula contou e conta sobre o seu governo passaram quase sem contestação. Não raro, quando confrontadas, buscava-se encontrar um fundo que fosse de verdade no que ele dizia para evidenciar sabe-se lá a que tribunal que não havia preconceito nenhum contra ele. O lulo-petismo conseguiu seqüestrar a independência de jornalismo, que passou a se preocupar mais em não parecer antipetista — ainda que a verdade pudesse ser a primeira vítima desse procedimento — do que em se ater aos fatos. Escrevi anteontem um texto com dados sobre as universidades federais — dados que estão no Ministério da Educação e no IBGE. Eles provam a falácia da suposta revolução que ele fez na área. Até leitores habituais deste blog se surpreenderam. E daí? Lula falou o que bem quis nestes oito anos. A oposição não conseguiu se organizar de maneira eficiente para contestá-lo com fatos que estavam à sua disposição. Boa parte do jornalismo fez o mesmo.

E Lula se mostra, por isso, menos agressivo, virulento, com a imprensa — que o PT chama “mídia” — por isso? De jeito nenhum! O partido já tem pronto um estoque de maldades legais, que pretende apresentar na forma de projetos de lei, para tolher a liberdade de imprensa e intimidar as empresas de comunicação. Há exemplos no continente elogiados pelos petistas e considerados virtuosos por eles: a Venezuela e a Argentina.

Se alguém acredita que o partido está conformado com a liberdade de imprensa, pode tirar o cavalo da chuva. Na última reunião do Foro de São Paulo, realizada em Buenos Aires sob o comando do PT, o grupo tirou uma moção de apoio a Cristina Kirchner, que tenta liquidar o grupo Clarín.

Um episódio ocorrido ontem dá o que pensar. Reproduzo trecho de uma reportagem da Folha de hoje. Leiam com atenção:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou anteontem a imprensa em comício em Campo Grande (MS) ao lado da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.
Lula disse que foi vítima de preconceito da mídia que, segundo o presidente, não acreditava que ele seria capaz de governar por não ter curso universitário e por não saber falar inglês.
“Uma vez eu estava almoçando na Folha de S.Paulo e o diretor da Folha de S.Paulo perguntou para mim: “Escuta aqui, candidato, o senhor fala inglês?” Eu disse não. “Como é que você quer governar o Brasil se não fala inglês?” Eu falei: “Mas eu vou arrumar um tradutor”. “Mas assim não é possível. O Brasil precisa ter um presidente que fala inglês”. E eu perguntei para ele: “Alguém já perguntou se o Bill Clinton fala português?”, afirmou.
“Eles achavam que Bill Clinton não tinha obrigação de falar português. Era eu, o subalterno, o país colonizado, que tinha que falar inglês. Teve uma hora que eu me senti chateado e levantei da mesa. E falei: “Não vim aqui para dar entrevista, vim para almoçar. Se é entrevista eu vou embora”. E levantei, larguei o almoço, peguei o elevador e fui embora.”

Lula afirmou ainda que vai terminar o mandato “sem precisar ter almoçado em nenhum jornal, em nenhuma televisão”. “Também nunca faltei com respeito com nenhum deles, já faltaram com respeito comigo. (…) Se dependesse de determinados meios de comunicação, eu teria zero na pesquisa e não 80% de bom e ótimo como nós temos neste país.”

Método
Em 2002, num almoço na Folha de S. Paulo, irritado com perguntas que lhe foram feitas por Otavio Frias Filho, diretor de Redação do jornal, Lula, de fato, levantou-se e foi embora. To do o resto que ele conta é mentira, não aconteceu. Otavio jamais fez aquelas perguntas. Aquele diálogo nunca aconteceu. O colunista Clóvis Rossi escreve a respeito hoje. Conheço várias pessoas que estavam presentes e que me relataram o episódio à época. O próprio jornal publicou reportagem.

Otavio perguntou, aí sim, por que ele optara por não estudar, tomando o cuidado de lembrar que Lincoln, o presidente americano, também não tinha formação superior e fizera um bom governo — notem que a ressalva era favorável ao então candidato. Ele não respondeu e acusou desrespeito. Pouco depois, o jornalista quis saber se a união com o PL não caracterizava uma adesão a práticas fisiológicas — o mensalão revelaria mais tarde como se deu esse casamento. Lula levantou e foi embora. Esse é o fato. Essa é a verdade.

Agora voltem ao trecho em vermelho e leiam a versão que ele levou ao palanque. Ontem, por alguns minutos, Otavio se transformou no FHC de Lula. O petista resolveu contar a história como bem quis. Não na Folha certamente, mas em outros veículos por aí, é provável que prospere a versão lulo-petista do episódio — afinal, jornalismo afora, não prosperou a versão fantasiosa de que as privatizações não passaram de “privataria”?  Trata-se de uma lulice. Sim, haverá os porta-vozes da mistificação que se encarregarão de espalhar a mentira. Para muita gente, o diretor de Redação da Folha será aquele que perguntou a Lula como ele se atrevia a ser presidente sem falar inglês.

Notem mais: a mentira que conta nada tem de primitiva ou impensada. Ao contrário: ao se colocar como aquele que foi discriminado por um diretor de redação de jornal por não falar inglês — e por ter origem operária; é o subtexto —, convoca a solidariedade dos ouvintes, que, nesses dois particulares, estão mais próximos dele próprio do que de Otavio e do jornal. Investe, assim, na clivagem vigarista e falsa entre “o povo”, que ele representaria, e as elites, para as quais falaria a Folha — e, por extensão, todos os jornais, revistas, TVs, sites e blogs que não estão alinhados com a causa petista.

Os oito anos de gestão Lula têm, é claro, qualidades. Seria estúpido supor — e aqui nunca se disse isso — que ele é aprovado pela maioria da população apenas porque mente com o desassombro que se vê acima, sem hesitar, tremer o lábio, nada, emprestando às suas fantasias muito bem-articuladas aquele ar de verdade de que só um grande ator — eis o grande talento de Lula! — é capaz. Não! A aprovação tem explicações bastante objetivas. Mas os contornos de mito em que ele tem investido com fúria, especialmente no segundo mandato,  esses foram desenhados com a falsificação sistemática do passado, do presente e, se querem saber, até do futuro. E, para tanto, ele contou com muita ajuda.

Não é gratuito
O ataque, nos termos em que ele o faz, não é gratuito. Deve ser visto, entendo, como um sinal de alerta pela imprensa brasileira, que tem de olhar com atenção o que se passa ao redor. Lula é hoje o principal aliado de todos os governos latino-americanos que abriram uma verdadeira guerra contra a imprensa que não se conforma em ser mera extensão do Poder Executivo.

Há quatro dias, Franklin Martins — aquele que nunca teve a menor dúvida de que o embaixador seria morto se as exigências dos terroristas não fossem cumpridas, ´s gargalhadas — deixou claro, como é mesmo?, o propósito de “acabar com o poder dos aquários”. Não se trata de “política do medo”, como dizem alguns cretinos e áulicos, mas de realismo: se eleita, a criatura de Lula tentará fazer o trabalho que não se fez nos dois mandatos do chefe. Eles partirão para o enfrentamento com a imprensa independente: em uma das mãos, trarão as ameaças legais; na outra, o “incentivo” às empresas amigas que estão sendo criadas ou robustecidas para disputar leitores, telespectadores e internautas. Quais empresas? Aquelas que não têm compromisso nenhum com a liberdade de imprensa e entendem que todos são livres para aderir ao governo.

Encerro: a economia pode ter feito o governo popular; mas foram as omissões que fizeram o mito. E o mito está assanhado.

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (veja.com

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4 comentários

  • Jorge da Silva Campos Borges - RS

    Será que os nobres colunistas nã0 tem o que escrever, pois sou tecnico agricola e agricultor fico até triste de ter que ler uma nota deste tipo, não sou petista mas acho que se as pequisas estão falando por si próprio, quando o FHC estava no poder e mostrava as cinco metas de governo ao mesmo tempo estava entando terminar com as escolas técnicas como a de EAFS de sertão/RS , só que ele não teve poder e men corage para fazer isto.Comente este assunto

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  • Valter Antoniassi Fátima do Sul - MS

    Caro Augusto Mumbach de Goiania ,acho louvável sua colocação,também vejo que a campanha do Serra deixa a desejar,porém mesmo que houvesse um candidato mais audacioso e uma campanha mais arrojada,de nada adiantaria,pois o problema esta no eleitororado,que não ve, ou não queira ver além do nariz...Talvez pela conveniencia,ou pelo comodismo ou até mesmo pela própria ignorancia, e assim vai...Quem sabe,nossos descendentes verão dias melhores...

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  • Augusto Mumbach Goiânia - GO

    Apesar do comentário que vou fazer, quero que fique claro que não sou PT. Mas, para o Serra ganhar uma eleição, ele tinha que pelo menos querer. A campanha do Serra está seguindo a mesma linha picolé de chuchu do Alkmin e vai ter o mesmo resultado. Seria uma ótima campanha para prefeito ou, no máximo, para o governo de São Paulo. Ou ele não quer ganhar ou talvez o limite dele seja esse mesmo, o de Governador.

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  • Valter Antoniassi Fátima do Sul - MS

    Reinaldo,não tem mais jeito eu me entrego , diga para o corisco fazer o mesmo, a voz do povo é a voz de Deus.Que assim seja,amém...

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