Por Dora Kramer, no Estadão:
Só porque é popular uma pessoa pode escarnecer de todos, ignorar a lei, zombar da Justiça, enaltecer notórios malfeitores, afagar violentos ditadores, tomar para si a realização alheia, mentir e nunca dar um passo que não seja em proveito próprio?
Depende. Um artista não poderia, sequer ousaria fazer isso, pois a condenação da sociedade seria o começo do seu fim. Um político tampouco ousaria abrir tanto a guarda.
A menos que tivesse respaldo. Que só revelasse sua verdadeira face lentamente e ao mesmo tempo cooptasse os que poderiam repreendê-lo, tornando-os dependentes de seus projetos dos quais aos poucos se alijariam os críticos, por intimidação ou desistência.
A base de tudo seria a condescendência dos setores pensantes e falantes, consolidada por longo tempo.
Para compor a cena, oponentes tíbios, erráticos, excessivamente confiantes, covardes diante do adversário atrevido, eivados por ambições pessoais e sem direito a contar com aquele consenso benevolente que é de uso exclusivo dos representantes dos fracos, oprimidos e ignorantes.
O ambiente em que o presidente Luiz Inácio da Silva criou o personagem sem freios que faz o que bem entende e a quem tudo é permitido - abusar do poder, usar indevidamente a máquina pública, insultar, desmoralizar _ sem que ninguém se disponha ou consiga lhe pôr um paradeiro - não foi criado da noite para o dia.
Não é fruto de ato discricionário, não nasceu por geração espontânea nem se desenvolveu apenas por obra da fragilidade da oposição. É produto de uma criação coletiva.
Da tolerância de informados e bem formados que puseram atributos e instrumentos à disposição do deslumbramento, da bajulação e da opção pela indulgência. Gente que tem pudor de tudo, até de exigir que o presidente da República fale direito o idioma do País, mas não parece se importar de lidar com gente que não tem escrúpulo de nada.
Da esperteza dos arautos do atraso e dos trapaceiros da política que viram nessa aliança uma janela de oportunidade. A salvação que os tiraria do aperto no momento em que já estavam caminhando para o ostracismo. Foram todos ressuscitados e por isso são gratos.
Da ambição dos que vendem suas convicções (quando as têm) em troca de verbas do Estado, sejam sindicalistas, artistas, prefeitos ou vereadores.
Da covardia dos que se calam com medo das patrulhas.
Do despeito dos ressentidos.
Do complexo de culpa dos mal resolvidos.
Da torpeza dos oportunistas.
Da pusilanimidade dos neutros.
Da superioridade estudada dos cínicos.
Da falsa isenção dos preguiçosos.
Da preguiça dos irresponsáveis.
Lula não teria ido tão longe com a construção desse personagem que hoje assombra e indigna muitos dos que lhe faziam a corte, não fosse a permissividade geral.
Nada parece capaz de lhe impor limites. Se conseguir eleger a sucessora, vai distorcer a realidade e atuar como se presidente fosse. Se não conseguir, não deixará o próximo governo governar.
Agora, é sempre bom lembrar que só fará isso se o País deixar que faça, como deixou que se tornasse esse ser que extrapola.
Advogado diz que funcionária da Receita cumpria ordens superiores
Por Fausto Macedo e Bruno Tavares, no Estadão:
Adeildda Ferreira Leão dos Santos, servidora do Serpro que abriu dados fiscais de 2.949 contribuintes entre 1.º de agosto e 8 de dezembro de 2009, pode ter acessado as declarações da empresária Verônica Allende Serra, mas seu advogado ressalta que ela desconhecia que se tratava da filha de José Serra, candidato à Presidência pelo PSDB.
Segundo Marcelo Panzardi, que defende Adeildda, “o trabalho era esse, ela efetivamente acessava esse tipo de informação rotineiramente, todos os dias, sempre atendendo a ordens superiores”.
O advogado acusa a Receita de querer “abafar o caso porque sua imagem já está no chão e não quer afundar ainda mais” - a suspeita de manobra de abafa foi levantada por tucanos.
Desde quando estourou o escândalo esse é o pronunciamento mais contundente da defesa de um dos alvos da investigação. Panzardi joga toda a responsabilidade sobre os superiores de Adeildda, a quem a Receita formalmente imputa envolvimento em atos de violação de sigilo. O advogado não se intimida e põe a Receita contra a parede. Sustenta que a a apuração do Fisco está “sendo direcionada”.
Em sua avaliação, é irrelevante o número de acessos aos arquivos. “O que tem que ser identificado é a motivação. Isso a Receita ainda não apurou e maldosamente divulga que foram acessados dados de quase 3 mil pessoas jurídicas e físicas de fora da jurisdição de Mauá como se fosse irregular”.
Adeildda dava expediente desde 1987 na Agência do Fisco em Mauá (Grande São Paulo), foco central da trama. A comissão de inquérito da Corregedoria da Receita constatou que a invasão do sigilo de Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB, foi executada no terminal da servidora do Serpro, em 8 de outubro, com uso da senha da chefe do setor, Antônia Aparecida Rodrigues Neves, analista tributária.
“O ponto não é necessariamente ter sido Adeildda ou não”, anota Panzardi. “Afirmo taxativamente que ela foi usada, não cometeu crime algum.”
No total, 2.591 acessos atribuídos a Adeildda atingiram pessoas que não têm domicílio fiscal em Mauá, o que reforça indícios de busca imotivada, sem amparo em procedimentos do Ministério Público ou Polícia Federal.
O advogado cobra responsabilidade direta de Antônia Aparecida, que era superior de Adeildda. “Antônia chegava com uma lista de CPFs. Adeildda não ia verificar se as solicitações eram motivadas ou não. Cumpria ordens da chefe. Não cabia a ela indagar se havia procuração ou não. Presumia que estava tudo dentro da legalidade. Não era nem função dela questionar. Adeildda era uma auxiliar. Quem acessou os dados de Verônica? Pode ter sido Adeildda e pode não ter sido. Ela apenas executou determinações de Antônia.”
“Três mil ou 10 mil acessos é irrelevante”, pondera o advogado. “O que tem que ser apurado é a motivação. Quem tinha que saber se era motivado ou não era a chefe. Querem encobrir situação mais grave, desviar o foco da Receita, a grande responsável. Antônia é o estopim de tudo. Da senha dela os dados foram abertos.”
Leiam o que informa Mariângela Gallucci no Estadão online. Volto em seguida:
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou nesta terça-feira, 7, que o candidato do PSDB, José Serra, baixou o nível da campanha e que ela não fará o mesmo. “Eu não comento (sobre) o candidato José Serra. Ele resolveu baixar o nível, ele fica com o nível baixo dele. Eu não vou ter esse nível”, disse.
Segundo Dilma, “tem gente que torce contra o Brasil”. “Tem gente que sempre acha que, quanto pior, melhor. Tem gente que passou o governo inteiro do presidente Lula torcendo para o Brasil dar errado. Eu acho que o Brasil está dando certo. Se eles acham que está dando errado, eles tentem convencer o povo disso”, afirmou a candidata do PT.
Dilma fez hoje um pronunciamento no jardim da casa onde funciona o seu comitê de campanha, em Brasília. Ela respondeu a poucas perguntas, alegando que estava com problemas de voz por ter enfrentado temperaturas muito diferentes nos últimos dias - calor em Brasília e frio em Osório, no Rio Grande do Sul.
A petista afirmou que não se considera eleita presidente da República, apesar de pesquisas de intenção de voto indicarem que se a eleição fosse hoje ela seria escolhida no primeiro turno. “Estou fazendo campanha, disputando dia a dia. Só dia 3 de outubro alguém se considerará eleito e depois da apuração. Nem às 5 horas dá para a gente se considerar eleito. Tem de apurar”, disse.
Dilma fez uma “reflexão” sobre o Sete de Setembro. Segundo ela, existem algumas “idéias-força” por trás da situação nacional, como independência, soberania, desenvolvimento e inclusão social. “Um dos eventos que eu considero mais simbólicos da afirmação da nossa independência e da nossa soberania foi o fato de que nós rompemos com a tutela do Fundo Monetário Internacional (FMI)”, disse.
Segundo ela, antes do governo Lula, o Brasil era um país que dependia do fundo para definir políticas, como o salário mínimo e investimentos em estradas e saneamento, por exemplo. “Hoje o Brasil é um país que é respeitado internacionalmente porque ninguém respeita devedor. E o Brasil não é devedor. Hoje o Brasil é credor”, afirmou. “É uma conquista do presidente Lula que o meu compromisso é preservar”, disse.
Comento
Nível? O comportamento do PT e do governo nessa história do sigilo diz bem em que nível essa gente faz política. A fala está abaixo de um “nível” mínimo para suscitar um comentário. O mesmo se diga sobre essa conversa do FMI, que definiria a política no Brasil. Isso é uma mistificação grosseira. A ser assim, o Brasil, que ampliou um pouco a sua participação no fundo, estaria, então, patrocinando a intromissão em outros países. Que se diga uma boçalidade dessas no horário eleitoral, a exemplo de outras tantas, vá lá. Que isso seja dito a jornalistas numa entrevista coletiva, bem, aí é de lascar!
Vamos ao tema seguinte. Dilma e os petistas não sabem o que é democracia. Usam o voto para desmoralizá-la. Para eles, fazer a oposição é o mesmo que “torcer para o Brasil dar errado”; logo, a única maneira de defender o país é pertencer ao PT.
Que partido passou mais de 20 anos apostando no “quanto pior, melhor?” Desnecessário lembrar que o PT combateu até o Plano Real, que reestruturou a economia brasileira. Em São Paulo, onde é oposição, o partido vota sistematicamente contra as propostas do governo do Estado. Não quer nem saber quais são. Os petistas transformam, como se vê, os adversários em inimigos. E, por isso mesmo, tentam destruí-los.
Por Reinaldo Azevedo
Telmo Heinen Formosa - GO
A tática para manter o povo DOMINADO contiua a mesma: "Pão, Vinho e Circo" era o trinômio empregado já no tempo dos romanos, a.C. - Amigos meus foram comprar cerveja para uma festa, e notaram que os engradados tinham desconto de 10%. - Como era uma festa grande, compraram 2 engradados. - O caixa multiplicou 10% por 2 e lhes deu um desconto de 20%.
- Ele também vota! === E meus amigos, mesmo percebendo o “erro” do caixa, pagaram e saíram rindo! Mas eles também votam... E nós ficamos aí nos perguntando, quem elege os nossos politicos?Cristiano Zavaschi Cristalina - GO
Quando um povo é dominado pela mídia , pelo peleguismo, por meia dúzia de reais de uma bolsa qualquer se chega a conclusão de que muita coisa continua igual a época do descobrimento quando os portugueses levavam daqui ouro, madeira e outras riquezas e em troca davam aos nativos objetos como espelhos, colares fajutos e outras quinquilharias. Lula é tão bom na arte de interpretar e de se fazer de coitado , "homem do povo" e tem marketeiros tão competentes que poderia eleger até mesmo uma arara para presidente da república. Bem,pelo menos uma arara gaguejaria menos que a sua presidenciável.
Valter Antoniassi Fátima do Sul - MS
Sinceramente,não sei o que é pior ...Se com o Lula vivo,ou quando ele se "for" e seus seguidores o transformá-lo em o santo dos necessitados...
miguek