A MÃE DE TODOS OS ESCÂNDALOS 1 - FILHO DE ERENICE, QUE É SOMBRA DE DILMA, COMANDA INTERMEDIAÇÃO MILIONÁRIA DE VERBA PÚBLICA.

Publicado em 12/09/2010 19:14

Veio à luz a mãe de todos os escândalos do governo Lula-Dilma. É muito mais grave do que o mensalão. Israel Guerra, filho da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra — sucessora de Dilma na pasta e seu braço-direito, como todos sabem —, montou um grupo para fazer a intermediação de verbas públicas. Ele cobra uma taxa de sucesso: 6%. É pouco? Erenice, que já andou metida em outros casos nada republicanos do governo Lula, participou de reuniões. IMPORTANTE: a um empresário com o qual o grupo fez negócios, Erenice deixou claro: a dinheirama cobrada era para “saldar compromissos políticos”.

A matéria de  capa da VEJA é de estarrecer. Posts abaixo, reproduzo trechos da reportagem de Diego Escosteguy, que contou com a colaboração de Rodrigo Rangel, Daniel Pereira, Gustavo Ribeiro e Paulo Celso Pereira. Ainda que espantosos, dão uma idéia pálida do que vai na revista. Eis um exemplar que se deve ter à mão como documento de um tempo.

A “Carta ao Leitor” de VEJA, que segue abaixo, faz uma síntese do caso. Leiam:

“A reportagem desta edição de VEJA revela que Israel Guerra, filho de Erenice Guerra, braço direito de Dilma Rousseff enquanto ela foi a incontrastável ministra-chefe da Casa Civil e sua sucessora na pasta, comanda um escritório de lobby em Brasília que trabalha azeitando negócios de empresários com o governo. A Casa Civil fica no 4° andar do Palácio do Planalto, exatamente acima do gabinete do presidente da República. Fossem os tempos que correm menos relativos em termos éticos, isso bastaria para deixar clara a inadequação do arranjo familiar montado no ministério mais próximo de Lula e mais poderoso da hierarquia administrativa do país.

Existem evidências de que a ministra, pessoa da intimidade e da mais estrita confiança de Dilma Rousseff, é responsável pelo sucesso dos negócios do filho com órgãos públicos. Empresários que desfrutaram da confiança de Israel e Erenice contam que a ministra participa de reuniões com clientes do filho e se compromete a abrir portas. O caso assume feições nigerianas de gestão pública quando a reportagem desce a detalhes do que se passa logo acima da cabeça do presidente. Um empresário do setor aéreo contou como conseguiu contratos de 84 milhões de reais nos Correios mediante a intervenção direta de Erenice Guerra, a cuja presença ele foi levado pelo filho. O negócio só saiu depois de assinado compromisso de pagamento de uma “taxa de sucesso” de 6% do valor dos contratos, cujo destino manifesto pelos lobistas-familiares-assessores-militantes petistas seria saldar “compromissos políticos”‘.

Dois assessores montaram um balcão de negócios na Casa Civil. Eles foram nomeados funcionários públicos, mas atuam como lobistas, recebendo ordens do filho de Erenice Guerra. A publicação da reportagem a vinte dias do primeiro turno das eleições fará brotar acusações de que o objetivo é prejudicar a candidata oficial, Dilma Rousseff. São especulações inevitáveis. Mas quais seriam as opções? Não publicar? Só publicar depois das eleições? Essas não são opções válidas no mundo do jornalismo responsável, a atividade dedicada à busca da verdade e sua revelação em benefício do país.

Por Reinaldo Azevedo

Na Veja:
A empresa do filho da ministra chama-se Capital Assessoria e Consultoria e foi aberta oficialmente em julho do ano   passado.   No papel, constam como sócios Saulo Guerra, outro filho da ministra, e Sônia Castro, mãe de Vinícius Castro, assessor jurídico da Casa Civil. São dois laranjas. Sônia Castro é uma senhora de 59 anos que reside  no interior de Minas  Gerais  e  vende queijo. A reportagem entrevistou empresários, lobistas, advogados,  funcionários de estatais para tentar entender a história de sucesso da Capital. Na junta comercial, informa-se que ela encerrou suas atividades recentemente. No endereço onde deveria funcionar, na periferia de Brasília, existe um sobrado residencial, e, numa primeira visita, ouve-se do morador que ali é uma casa de família. Uma verificação mais minuciosa, porém, revela que no endereço registrado oficialmente como sede da Capital mora Israel Guerra.

Na última quinta-feira, VEJA localizou Israel em sua casa - ou melhor, na sede da empresa. Empresa? Segundo ele, não havia empresa alguma funcionando ali. Capital? Nunca ouviu falar. Vinícius? Não se lembrava ao certo do nome. Stevan? Este, salvo engano, era amigo de um amigo. O Vinícius, de quem ele não se recordava, era Vinícius Castro, funcionário da Casa Civil, parceiro dele no escritório de lobby. O advogado Stevan Knezevic, o amigo do amigo, o terceiro parceiro, é servidor da Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac, cedido à Presidência da República desde setembro de 2009. Os três se conheceram quando trabalharam na burocracia de Brasília  se tornaram amigos inseparáveis - amizade que voou a jato para o mundo dos negócios.

Como a sede da empresa funciona em uma residência, quando precisam despachar com os clientes, os três lobistas recorrem ao escritório da banca Trajano & Silva Advogados, que fica num shopping de Brasília. O escritório não tem placa de identificação, mas, em cima da mesa de reunião, há vários cartões de visita que indicam que lá trabalha gente famosa e importante. Um dos sócios é o advogado Márcio Silva, ninguém menos que o coordenador em Brasília da banca que cuida dos assuntos jurídicos da campanha presidencial de Dilma Rousseff. Quem mais trabalha lá? Antônio Alves Carvalho, irmão de Erenice Guerra e, portanto, tio de Israel Guerra. Há um terceiro sócio, Alan Trajano, que dá expediente no gabinete do deputado mensaleiro João Paulo Cunha. Eles admitem que a turma do filho da ministra usa as dependências do escritório - e até que já tentou intermediar negócios com a banca. “O Israel tinha sido procurado por uma construtora mineira, que queria contratar um escritório de advocacia, mas acabou não dando certo”, disse Márcio Silva.

Por Reinaldo Azevedo

Na Veja:
VEJA localizou um empresário que participou de reuniões com o filho, os funcionários da Casa Civil e Erenice. Em abril do ano passado, o paulistano Fábio Baracat, dono da Via Net Express, empresa de transporte de carga aérea e então sócio da MTA Linhas Aéreas, queria ampliar a participação de suas empresas nos Correios. A idéia era mudar as regras da estatal, de modo que os aviões contratados por ela para transportar material também pudessem levar cargas de outros clientes. Isso elevaria o lucro dos empresários. Baracat também desejava obter mais contratos com os Correios. Ele chegou ao nome do filho de Erenice por indicação de um diretor dos próprios Correios. Diz Baracat: “Fui informado de que, para conseguir os negócios que eu queria, era preciso conversar com Israel Guerra e seus sócios”.

O empresário encontrou-se com o filho da então secretária executiva de Dilma e o assessor Vinícius Castro. Explicou a eles o que queria - e ouviu a garantia de que poderiam entregar ali o que se encomendava. “Bastava pagar”, lembra Baracat. Nos encontros que se seguiram, Israel disse que poderia interceder por meio do poder da Casa Civil: “Minha mãe resolve”. Conta o empresário: “Impressionou-me a forma como eles cobravam dinheiro o tempo inteiro. Estavam com pressa para que eu fechasse um contrato”.

Após algumas conversas de aproximação, segundo o relato de Baracat, os sócios da Capital informaram: “Está na hora de você conhecer a doutora”. Os dois levaram o empresário para o apartamento funcional onde Erenice morava até março deste ano. Para entrar, Baracat teve de deixar do lado de fora celulares, relógio, canetas - qualquer aparelho que pudesse gravar o encontro. Erenice foi amável, abriu um vinho. “Ela conversou sobre amenidades e assuntos do governo. Erenice não mencionou valores ou acordos. Deixou evidente, porém, que seu filho e o sócio falavam com o aval dela”, diz. “Depois que eles me apresentaram a Erenice, senti que não estavam blefando”, admite Baracat, em conversas gravadas. “Israel e Vinícius passaram a me cobrar um pagamento mensal e exigiam que somente eles me representassem em Brasília.”

Por Reinaldo Azevedo

Por Reinaldo Azevedo

Começo repetindo um trecho da Carta ao Leitor, de VEJA:

A publicação da reportagem a vinte dias do primeiro turno das eleições fará brotar acusações de que o objetivo é prejudicar a candidata oficial, Dilma Rousseff. São especulações inevitáveis. Mas quais seriam as opções? Não publicar? Só publicar depois das eleições? Essas não são opções válidas no mundo do jornalismo responsável, a atividade dedicada à busca da verdade e sua revelação em benefício do país.

A imprensa que se preza não publica ou deixa de publicar uma reportagem com base nos números de pesquisas eleitorais. Isso não é fazer jornalismo, mas administrar simpatias  — ou vendê-las. A função da imprensa independente é publicar o que apura, doa a quem doer. Se uma notícia é boa para o líder, quem está atrás pode acusar o adesismo do veículo; se é ruim, aí o que lidera a corrida tende a apontar a suposta tentativa de mudar o resultado.

Este escriba, por exemplo, não está preocupado com isso. Num texto de ontem em que comentava os números do Datafolha, escrevi de modo quase premonitório, depois de apontar algumas lambanças:
“Sé é assim a cada canto, em cada coisa, nos mínimos detalhes, por que supor que seria diferente no coração mesmo do poder? É uma questão de lógica. Não se trata de teoria conspiratória, de acusar os superpoderes do petismo para fazer guerrinha eleitoral - não disputo o poder; não é problema meu; eu diria até que essa gente me fornece matéria-prima para muito divertimento -, mas de reconhecer que existe um grupo no poder que tem um método. E ele não é bom porque despreza o estado de direito e rebaixa as instituições.
A farsa de uma “guerra ideológica” é só o cenário onde se dá, de fato, a guerra por recursos, por bens, pela grana, pelas benesses do estado.
Outros governos poderão ter manipulado o dinheiro público em benefício de grupos, mas duvido que tenha havido algo parecido com isso ao que se assiste hoje. O estado está se desconstituindo. Nada mais se resolve nos canais tradicionais da administração. LULA É SÓ A FACHADA DE UM GOVERNO PARALELO. E Dilma é candidata a substituí-lo.”

Assim, não tenho a menor idéia se o que chamo “a mãe de todos os escândalos” vai ou não interferir no comportamento do eleitor. O que sei é que os eleitores têm o direito de saber o que aconteceu. Esse é o nosso trabalho. Nos posts que seguem, cumpre lembrar quem é Erenice.

Por Reinaldo Azevedo
Erenice é Dilma 1 - O Caso da Venda da Varig. Ou: os US$ 24 milhões que viraram US$ 320 milhões

Erenice Guerra não tem existência autônoma. Substituta de Dilma Rousseff na Casa Civil, ela sempre fez o que a “chefa” mandou. Assim, a suposição de que pudesse comandar um esquema independente, ignorado pelos petistas — e pela “chefa” — chega a ser ridícula. E o que o prova? A sua biografia. Não é o primeiro rolo em que se mete essa patriota. Erenice e Dilma foram personagens centrais da tumultuada venda da Varig, operação de que participou Roberto Teixeira, o já lendário e onipresente “compadre” de Luiz Inácio Lula da Silva. Denise Abreu, ex-diretora da Anac, botou a boca no trombone e contou como se deu a operação nos bastidores. Detalhe: um dos compradores da Varig confirmou o relato de Denise — que, acreditem, chegou a ser ameaçada por um “dossiê”. Segue uma síntese do caso em reportagem publicada pelo Estadão no dia 4 de junho de 2008, com links para outras reportagens caso vocês queiram se aprofundar no caso.
*
Uma briga entre sócios da empresa de transporte aéreo de cargas VarigLog está trazendo à tona informações que circulavam apenas no submundo dos negócios, relacionadas à venda da Varig, em 2006 e 2007. O fundo de investimentos americano Matlin Patterson e os sócios brasileiros Marco Antônio Audi, Marcos Haftel e Luiz Gallo disputam na Justiça o comando da VarigLog. No bate-boca entre os sócios, surgiram histórias de tráfico de influência, abuso de poder pelo primeiro escalão do governo, acusações de suborno e a elaboração de um dossiê falso. As denúncias envolvem o Palácio do Planalto e o advogado Roberto Teixeira.

Para falar sobre esse tumultuado período da aviação brasileira, a reportagem procurou a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu. Ela deixou o cargo em agosto de 2007, sob pesadas críticas e acusações durante a CPI do Apagão Aéreo. Chegou a ser responsabilizada pelo caos aéreo e pelo acidente da TAM. Também foi acusada de fazer lobby para a TAM. Embora não fosse presidente da agência, por seu estilo agressivo, era considerada a diretora mais forte.
(…)
Denise conta que foi pressionada pela ministra Dilma Rousseff e pela secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, a tomar decisões favoráveis à venda da VarigLog e da Varig ao fundo americano Matlin Patterson e aos três sócios brasileiros. Como a lei brasileira proíbe estrangeiros de ter mais de 20% do capital das companhias aéreas, a diretora queria documentos comprovando a origem de capital e a declaração de renda dos sócios brasileiros para verificar se tinham recursos para a compra. “A ministra não queria que eu exigisse os documentos. Dizia que era da alçada do Banco Central e da Receita e falou que era muito difícil fazer qualquer tipo de análise tentando estudar o Imposto de Renda porque era muito comum as pessoas sonegarem no Brasil.”

Quem representava os compradores da VarigLog e da Varig era o escritório do advogado Roberto Teixeira, amigo do presidente Lula. Na Anac, a filha e o genro de Teixeira, os advogados Valeska Teixeira e Cristiano Martins, circulavam livremente, conta Denise. Ela descreve a atuação de Valeska como truculenta. “Ela liga direto da reunião para o pai. Sabe pressão psicológica? Ao fim da reunião, ela diz: agora temos de ir embora porque papai já está no gabinete do presidente Lula.”

Outro personagem importante desse período da aviação brasileira, o empresário Marco Antônio Audi, sócio da VarigLog, também falou sobre o episódio. Hoje afastado da gestão da VarigLog pela Justiça de São Paulo - que acusa ele e dois sócios de serem “laranjas” do fundo americano -, Audi diz que só foi possível aprovar a compra da VarigLog pela influência de Teixeira no governo e na Anac. “Paguei US$ 5 milhões ao Roberto Teixeira para cuidar do caso”, diz Audi.

Com a aprovação da compra da VarigLog pelo fundo Matlin e seus sócios brasileiros, eles puderam levar a Varig, em leilão, por US$ 24 milhões. Meses mais tarde, a empresa foi revendida à Gol, por US$ 320 milhões.

Hoje, Teixeira advoga para o maior inimigo de Audi, Lap Chan, representante do Matlin Patterson. “Tenho medo do Roberto Teixeira.”, diz Audi.
- Íntegra deste reportagem do Estadão aqui e aqui;
- Íntegra da entrevista em que Denise Abreu acusa Erenice e Dilma aqui;
- Íntegra em que um dos sócios da Vargi diz ter pagado US$ 5 milhões ao compadre de Lula aqui

Por Reinaldo Azevedo

No começo de 2008, a farra com os cartões corporativos fervia no noticiário. Fiel a seu espírito, caráter e moralidade, o que fez o governo Lula, por intermédio da Casa Civil, de que Dilma era ministra? Mobilizou funcionários que trabalham para o Estado brasileiro e os colocou para fazer um dossiê contra FHC e, pasmem!, Ruth Cardoso — talvez a figura mais correta e avessa a mundanismos que já pisou em Brasília. E quem comandou a armação? Erenice Guerra, aquela que não existe, aquela que é nada mais do que um dos braços operativos de Dilma. Abaixo, uma reportagem da Folha de 8 de abril de 2008, que faz uma boa síntese do caso.

*
Os primeiros extratos do dossiê sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que a Casa Civil chama de banco de dados, foram montados em dez dias.
Segundo a Folha apurou, a primeira reunião de trabalho para definir como o material seria organizado ocorreu logo após o Carnaval, na semana encerrada na sexta-feira, dia 8 de fevereiro. Da reunião participaram a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, o secretário de Administração, Norberto Temóteo Queiroz, o secretário de Controle Interno, José Aparecido Nunes Pires, a chefe-de-gabinete de Erenice, Maria de La Soledad Castrillo, que também responde pela Dilog (Diretoria de Logística), e o responsável pela Dirof (Diretoria de Orçamento e Finanças), Gilton Saback Maltez.

Na segunda-feira seguinte, 11 de fevereiro, segundo arquivo digital gerado dentro da Casa Civil, ao qual a Folha teve acesso, os trabalhos de desarquivar os documentos do arquivo morto e lançá-los nas planilhas paralelas começaram a ser feitos nas dependências da Dilog. Entre a sexta-feira daquela semana, dia 15, e a segunda-feira da semana seguinte, dia 18, as primeiras cópias em papel dos relatórios parciais do banco de dados paralelo começaram a ser feitas. Na quarta-feira, dia 20, como depois relatou a Folha, a ministra Dilma Rousseff disse a empresários em um jantar promovido pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) que o governo coletava dados sobre gastos da gestão Fernando Henrique Cardoso. “Não vamos apanhar quietos”, disse ela.

Começo
A Casa Civil reconhece que a ordem para o início da preparação do banco de dados, baseado em um conjunto de planilhas paralelo ao Suprim (Sistema de Controle de Suprimento de Fundos), foi dada por Erenice. A própria Dilma admitiu, em entrevista na semana retrasada, que a direção do trabalho ficou a cargo de sua subordinada direta. A Casa Civil não nega que tenha havido uma reunião de trabalho logo após o Carnaval. Também não nega que a coordenação dos trabalhos de desarquivar os documentos referentes ao período de 1998 a 2002 e lançá-los nas planilhas paralelas foi delegada a Soledad, chamada pelos colegas de Marisol. Mas nega que Erenice tenha participado dessa reunião e não explica como as ordens foram dadas nem como a equipe foi montada. Íntegra aqui

Por Reinaldo Azevedo

Em agosto do ano passado, Lina Vieira, ex-secretária da Receita —  foi substituída por este incrível Otácílio, o Cartaxo do PT —, denunciou que a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, havia pedido a ela que, digamos, aliviasse o cerco à família Sarney, que estava sob investigação. Quem foi à sala de Lina e fez o primeiro contato, convidando-a a ir falar com a ministra no Palácio do Planalto?  Bidu! A faz-tudo Erenice Guerra. Um trecho da entrevista de Lina para lembrar este momento edificante da República dos Companheiros:

FOLHA - A Folha obteve a informação de que a sra. foi chamada pela ministra Dilma ao Planalto e que ela lhe pediu para encerrar logo uma fiscalização nas empresas da família Sarney. Como foi a conversa?
LINA VIEIRA
 - O encontro ocorreu, mas não posso dar detalhes.

FOLHA - O próprio Fernando Sarney, em carta enviada à Folha e publicada no dia 26, confirmou a investigação da Receita nas empresas da família.
LINA
 - Tenho que respeitar o sigilo fiscal previsto no CTN [Código Tributário Nacional].

FOLHA - Vamos nos ater apenas ao encontro com a ministra. Como foi a conversa?
LINA
 - Na verdade, a chefe de gabinete dela, a Erenice, foi até a Receita e disse que a ministra queria conversar comigo. Eu perguntei do que se tratava, e Erenice disse que não sabia. Foi uma conversa muito rápida, não durou dez minutos. Falamos sobre algumas amenidades e, então, ela me perguntou se eu podia agilizar a fiscalização do filho de Sarney. Eu disse que não sabia da auditoria e que ia verificar.

FOLHA - Mas o que sra. respondeu?
LINA
 - Não fiz comentário, nem se eu ia atender, se não ia atender. Fui embora e não dei retorno.

FOLHA - Qual o recado que a sra. entendeu ali?
LINA
 - Para encerrar [a fiscalização]. Estava no processo de eleição do Senado, acho que não queriam problema com Sarney. 

Bingo!!! Conforme antevi, Baracat agora nega o que está gravado; mas o áudio é só a evidência sonora; há a documental, parte dela ainda inédita

Incrível!!! Quando fiz o post abaixo afirmando que o governo dispõe de “instrumentos” para tornar influentes as suas versões, não sabia ainda que o empresário Fábio Baracat havia divulgado uma nota “desmentindo” a VEJA. Reproduzo-a e volto em seguida com algo bastante importante:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Fui foi surpreendido com a matéria publicada na revista Veja neste sábado, razão pela qual decidi me pronunciar e rechaçar oficialmente as informações ali contidas.
Primeiramente gostaria de esclarecer que não sou e não fui funcionário, representante da empresa Vianet, ou a representei em qualquer assunto comercial, como foi noticiado na reportagem. Apenas conheço a empresa e pessoas ligadas a ela, assim como diversos outros empresários do setor.
Destaco também que não tenho qualquer relacionamento pessoal ou comercial com a Ministra Erenice Guerra, embora tivesse tido de fato a conhecido, jamais tratei de qualquer negócio privado ou assuntos políticos com ela.
Acerca da MTA, há 3 meses não tenho qualquer relacionamento com a empresa, com a qual tão somente mantive tratativas para compra.
Importante salientar que durante o período em que mantive as conversas com a mencionada empresa aérea atuei na defesa de seus interesses, porém o fiz exclusivamente no âmbito comercial, ficando as questões jurídicas a cargo da própria empresa e sua equipe.
Inicialmente, quando procurado pela reportagem da revista Veja, os questionamentos feitos eram no sentido de esclarecer a relação da MTA com o Coronel Artur, atual Diretor de Operações dos Correios, em razão de matéria jornalística em diversos periódicos, nesta oportunidade ratifiquei o posicionamento de que embora tivesse conhecimento de alguns assuntos que refletiam no segmento comercial da empresa (que de fato atuava), não podia afirmar categoricamente a extensão do vínculo dela com o Coronel Artur.
Durante o período em que atuei na defesa dos interesses comerciais da MTA, conheci Israel Guerra, como profissional que atuava na organização da documentação da empresa para participar de licitações, cuja remuneração previa percentual sobre eventual êxito, o qual repita-se, não era garantido e como já esclarecido, eu não tinha o poder de decisão da empresa MTA.
Enfim, na medida que a MTA aumentava sua participação no mercado, a aquisição da empresa se tornava mais onerosa para mim, até que culminou, além de parecer legal negativo, na inviabilidade econômica do negócio.
Acredito que tenha contribuído com o esclarecimento dos fatos, na certeza de que fui mais uma personagem de um joguete político-eleitoral irresponsável do qual não participo, porém que afetam famílias e negócios que geram empregos.
São Paulo,11 de setembro de 2010..
Fabio Baracat”

Voltei
Como se vê, também Baracat resolveu se engajar na tese de Erenice — tudo seria uma questão eleitoral. Coincidência! Comentei a nota de Erenice — eu, não a VEJA. Agora, publico uma resposta oficial da revista. Prestem atenção ao que vai em destaque.

“Por norma, todas as informações dadas a VEJA são gravadas. Não seria diferente com relação à reportagem em questão. A reportagem não foi construída com base em declarações, mas em intensa apuração jornalística e sobre documentação, parte da qual ainda não foi publicada.”

Encerro
É isto: “parte da documentação ainda não foi publicada”.

Dilma tomou bastante cuidado ao comentar o caso hoje, evitando atacar a revista, como fez Erenice, o seu braço-direito. A ministra preferiu afirmar o seguinte: “Eu não escutei os lados. Agora, até hoje, ela [Erenice] tem a minha confiança”.

Por Reinaldo Azevedo

Considerando que a máquina de guerra do governo dispõe de instrumentos muito convincentes para, digamos, tornar “influente” a sua versão dos fatos, cumpre destacar:
1 - VEJA gravou o depoimento de Fábio Baracat;
2 - Reproduzo um outro trecho da reportagem:
“Nas últimas semanas, VEJA entre vistou clientes do esquema e lobistas que participaram dos negócios. Também teve acesso a e-mails, contratos, notas fiscais e comprovantes bancários relacionados a essa central de lobby. Dessa investigação, emergem contun dentes evidências de que o filho de Erenice e seus sócios usam a influên cia dela para fechar negócios com o governo.”

Por Reinaldo Azevedo

A ministra Erenice Guerra divulgou uma nota virulenta conta a VEJA. Segue em vermelho. Comento em seguida — eu mesmo, Reinaldo. Não falo, obviamente, em nome da revista.

“Sobre a matéria caluniosa da revista VEJA, buscando atingir-me em minha honra, bem como envolver familiares meus, cumpre-me informar:

1) Procurados pelo repórter autor das aleivosias, fornecemos - tanto eu quanto os meus familiares - as respostas cabíveis a cada uma de suas interrogações. De nada adiantou nosso procedimento transparente e ético, já que tais esclarecimentos foram, levianamente, desconhecidos;

2) Sinto-me atacada em minha honra pessoal e ultrajada pelas mentiras publicadas sem a menor base em provas ou em sustentação na verdade dos fatos, cabendo-me tomar medidas judiciais para a reparação necessária. E assim o farei. Não permitirei que a revista VEJA, contumaz no enxovalho da honra alheia, o faça comigo sem que seja acionada tanto por DANOS MORAIS quanto para que me garanta o DIREITO DE RESPOSTA;

3) Como servidora pública sinto-me na obrigação, desde já, de colocar meus sigilos fiscal, bancário e telefônico, bem como o de TODOS os integrantes de minha família, à disposição das autoridades competentes para eventuais apurações que julgarem necessárias para o esclarecimento dos fatos;

4) Lamento, por fim, que o processo eleitoral, no qual a citada revista está envolvida da forma mais virulenta e menos ética possível, propicie esse tipo de comportamento e a utilização de expediente como esse, em que se publica ataque à honra alheia travestido de material jornalístico sem que se veicule a resposta dos ofendidos.

Brasília, 11 de setembro de 2010.
Erenice Guerra
Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República.”

Comento
1 - As negativas da ministra e de seu filho estão devidamente registradas na revista, a saber:

Erenice responde a VEJA

- Por escrito, Renato Hoffmann, da Casa Civil, respondeu às perguntas enviadas por VEJA a Erenice Guerra e esclarece que a ministra: Só recebe empresários, na condição de empresários, em seu Gabinete, com agenda prévia e pública, na forma preconizada no Código de Ética do servidor público. Em sua residência, a ministra recebe familiares e amigos, nunca pessoas na condição de empresários, e nessas ocasiões jamais trata de assuntos institucionais. Eventualmente, algum empresário pode ter comparecido à residência da ministra, mas como convidado de seus filhos, em momento social, jamais para tratar de qualquer negócio.

- Jamais esteve com empresários em conversas não republicanas, e jamais cobrou ou permitiu que cobrassem em seu nome qualquer valor para conceder qualquer tipo de vantagem. Qualquer ilação nesse sentido carece de prova. A ministra desde já dispõe o seu sigilo bancário para verificação, se for o caso.

- Nunca recebeu qualquer valor de qualquer empresa com a qual não tenha vínculo de prestação de serviços, que se restringe às empresas nas quais atua como membro do Conselho de Administração. Novamente informa que seu sigilo bancário está disponível para comprovar que jamais recebeu qualquer pagamento de qualquer empresa privada.

- Estranha o tom das perguntas formuladas e repudia qualquer ilação sobre uso indevido do seu cargo, seja direta ou indiretamente.

No caso de Israel, diga-se, as suas duas verdades aparecem na reportagem, como se nota num post abaixo. Primeiro, ele não sabia de nada: depois, ele se lembrou de tudo — embora tenha considerado a sua atuação muito natural. Erenice parece ter uma estranha concepção de jornalismo: acredita que, se ela negar uma evidência, essa evidência desaparece. Não é assim. A levar a sério essa visão muito particular do jornalismo, os veículos publicariam apenas “confissões”, uma vez que qualquer “outro lado” derrubaria “o lado”. Mas e quando não derruba, ministra?

2- Considerando que o Brasil ainda é uma democracia, onde vigora o estado de direito, recorrer à Justiça é um direito de todo cidadão. Erenice certamente espera do estado brasileiro independência e isenção, aquelas que até agora não foram demonstradas, por exemplo, pela Receita Federal, que tem faltando com a verdade reiteradamente, o que protege bandidos violadores de sigilo.

3 - A abertura de sigilos pode, eventualmente, provar alguma coisa, mas nem sempre é a evidência que nega a irregularidade. Falando em tese, não sobre a ministra em particular, o bom mentiroso tem sempre álibis fortes, que podem ser desmontados com investigação rigorosa e independente. A reportagem da VEJA traz fatos. Não podem ser contestados só com xingamentos.

4 - Erenice decidiu ser juíza da revista VEJA. Nas democracias - e, por enquanto, estamos numa democracia -, o juiz da qualidade de uma publicação são os seus leitores. Sei que os petistas não se conformam com isso. Por isso, tentam criar mecanismos que imponham censura ao jornalismo independente. A imprensa que se preza só é adversária de um governo se esse governo é adversário dos fatos e, em certos casos, da legalidade, da moralidade e do decoro.

5 - Entendo certa visão de mundo… Há, sem dúvida, certa imprensa - que chamo de “subjornalismo” - que, diante do que apurou VEJA, olharia primeiro para o Datafolha e o Ibope e pensaria: “Ih, a amiga da Erenice pode ganhar no primeiro turno, né? Acho bom não publicar”. Isso, sim, seria envolver-se de forma “virulenta e pouco ética” no processo eleitoral. O nome desse vírus é oficialismo. O compromisso de VEJA é com seus leitores e com a Constituição, não com quem está atrás ou na frente nas pesquisas eleitorais.

Sem contar que vale a máxima de uma personagem do filme Casablanca, não é mesmo? Tivesse a VEJA outro interesse que não a verdade, o lado que está no poder, em tese, sempre pode pagar mais. Que isso fique para quem põe um preço na sua consciência.

Por Reinaldo Azevedo

11/09/2010

 às 17:23

“Ministério da Casa Civil é o centro da maracutaia no Brasil”, afirma Serra

No Estadão Online:
O presidenciável José Serra (PSDB) considerou gravíssima a denúncia publicada neste sábado, 11, envolvendo a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, seu filho Israel e mais dois servidores da pasta. “O Brasil tem que mudar e a época da eleição, é o momento para promover estas mudanças. Não é possível que alguns candidatos e alguns partidos achem natural que esse processo de corrupção em nosso País. Não é natural, não. Nós podemos mudar isso. Podemos mudar com eleição”, disse Serra.

Durante visita a Goiânia onde participou de comício seguido de carreata na capital e em duas cidades do interior (Piracanjuba e Morrinhos). Ele criticou duramente a Casa Civil do governo Lula: “A Casa Civil tem sido um foco de problemas para o Brasil. Eu lembro que no caso do mensalão, na época do José Dirceu, foi o centro de escândalo. Depois, esteve a Dilma, que deixou seu braço direito, uma pessoa muito próxima, e hoje de novo, é o centro da maracutaia é a Casa Civil”.

Serra prosseguiu em suas críticas: “Essas denuncias devem ser apuradas e tem que haver punição para os responsáveis. E não diversionismo e ocultamento”, e aconselhou que “para se terminar com estes escândalos que fazem pouco do povo brasileiro, só mesmo a eleição”.

“Eu me apresento com o candidato conhecido, que tem história, e são 27 anos do Brasil que eu ocupo cargos públicos, disse Serra elencando sua trajetória política, e afirmando que sua vida “é um livro aberto. Um livro aberto mesmo. De resto vocês tem na outra candidatura um envelope fechado”, como uma ironia sobre o caso dos correios.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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5 comentários

  • Claudio Luiz Galvão Cuiabá - MT

    Erenice é apenas mais um caixa de arrecadação do PT, e como vem aconteendo desda epoca de Jose Dirceu, e como aconteceu na epoca erenice também teve que ir para o falso sacrificio, e depois voltar como Jose Dirceu. A Mafia Cosa Nostra tem que fazer estagio com o PT.

    Não é possivel que o povo seja tão cego, aponto de não ver que O Brasi, está caminhando para a Venezuela de amanhã.

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  • Valter Antoniassi Fátima do Sul - MS

    Gente ,precisamos parar com essa hipocrisia,o que o Reinaldo Azevedo e a Veja mostrou ,independente de serem,tucanos,papagaios ou piriquitos,não vem ao caso,pois as notícias são gravíssimas,com forte indícios de corrupção...Este comportamento diminui nossa auto-estima e nos-dá vergonha de ser brasileiros...

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  • Pérsio Cupertino de Paiva Belo Horizonte - MG

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  • Pérsio Cupertino de Paiva Belo Horizonte - MG

    Acredito que o melhor seria esta tão estimada página não permitisse tamanho descalabro em favor da candidatura de José Serra. Volto a afirmar, não é confiável. Trata-se de uma literatura totalmente parcial e que nada tem de construtivo para o país.

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  • Pérsio Cupertino de Paiva Belo Horizonte - MG

    Lamento mas o missivista é tucano. O que ele escreve não tem nada de imparcial, não é confiável.

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