Lula e a sua maneira muito particular de respeitar os adversários

Publicado em 14/09/2010 11:30 e atualizado em 05/03/2020 16:17


Luiz Inácio Lula da Silva, o republicano, foi a Santa Catarina — em Criciuma — inaugurar a duplicação de um trecho da BR 101. Mantendo a prática em si escandalosa de casar a agenda administrativa com a eleitoral, seguiu depois para Joinville, onde participa de um comício em favor da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência e de Ideli Salvatti (PT) ao governo do Estado. Quem paga o deslocamento? De Brasília até Criciuma, eu e você — afinal, era o presidente viajando. De Criciuma a Joinville, em tese, é o PT — aí já é o militante do PT. De Joinville a Brasília, a gente paga de novo.

entourage que se desloca sempre que o chefe do Executivo deixa o Palácio do Planalto também entra na nossa conta — tanto a do presidente como a do militante. Todos contribuímos com o caixa de campanha do PT. É a forma que tomou o socialismo do partido, entenderam?

Sigamos. Ao inaugurar uma estrada como presidente, Lula não resistiu e falou como militante. Ao exaltar pela enésima vez as suas próprias virtudes, como nunca antes etc, afirmou:
“Pra não ir muito longe, pode ir a São Paulo, onde o meu principal adversário político é de São Paulo. E veja se, quando eles [PSDB] tinham um presidente da República, ele [Serra] foi tratado com respeito e com a decência que eu dou a ele e dei a ele até agora. Porque é assim que eu sou, e a gente não muda depois de velho”.

Um presidente, que é quem inaugurava o trecho da estrada, não tem “adversários”; um militante tem. Para um presidente, não existem “eles”, apenas “nós” — já que ele governa a todos, os que votaram e os que não votaram nele. “Eles” são o “oposto” de “nós” apenas para o militante político. Não havia como Serra ter sido menos ou mais bem-tratado por FHC na comparação com o governo Lula porque a relação era outra: o agora candidato à Presidência pelo PSDB era ministro daquele presidente e foi prefeito e governador durante a gestão Lula.

O “respeito” e a “decência” dispensados a Serra compreendeu a ida de Lula à TV para acusar o “adversário” de ser o “candidato da turma do contra” e aquele que “entorta o nariz para tudo”. E o fez quando sobravam evidências de que familiares do presidenciável tiveram a sua vida vasculhada de modo ilegal por petistas. Pior: as ilegalidades ocorreram na Receita Federal, um órgão do Estado.

Referindo-se a supostas críticas que recebe da imprensa local, afirmou: 
“Vira e mexe, eu recebo os jornais aqui do Estado, recebo colunas e, vira e mexe, vejo um engraçadinho dizer que não veio pra cá o dinheiro que nós liberamos para emergência. Não é justo comigo isso e não é justo com o governo”.

Que coisa!

Quem eventualmente critica Lula é um “engraçadinho”. Ele não suporta “injustiça”. Bom mesmo é tentar destruir, dia após dia, a reputação de seu antecessor, negando-lhe os feitos óbvios. Ontem mesmo, no debate da Rede TV, viu-se a sua criatura eleitoral — que está agora com ele em palanque — a afirmar que o governo anterior não investiu em saneamento. Investiu! Mais do que Lula.

Mas Lula é assim: quer acabar com os injustos do mundo para ser injusto ele só.

Por Reinaldo Azevedo

Eu vou falar de algo acontecido em Santa Catarina. Mas quero que vocês vejam antes este vídeo.

Transcrevo a fala de José Dirceu:

“E nós vamos dar a eles esta reposta: mais e mais mobilização, mais e mais greve, mais e mais movimento de rua, e vamos derrotar eles nas urnas também porque eles têm de apanhar nas ruas e nas urnas”.

O ex-ministro e atual assessor de Dilma Rousseff fez esse discurso em 2000, durante uma assembléia de professores em greve. O sindicato era presidido por Bebel — sim, aquela da greve eleitoreira deste ano, que foi até multada pelo TSE. Dias depois, em 1º de junho daquele ano, seguindo as ordens do chefão, os trogloditas agrediram covardemente o governador Mário Covas, agressão física mesmo, como vocês vêem acima! Já bastante debilitado pelo câncer — morreu nove meses depois —, ele chegou a ter um ponto de sangramento no lábio e outro na cabeça.

Voltemos a 2010 e vamos para Santa Catarina.

Lula participou ontem de um comício em Joinville em apoio à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência e de Ideli Salvatti (PT) ao governo do estado. E petralhou:“Nós precisamos extirpar o DEM da política brasileira”. Pouco antes, numa solenidade de governo, em Criciuma, havia cantado as próprias glórias porque, disse, é um homem que respeita os adversários. Lula foi adiante e explicou por que é preciso “extirpar” o DEM: “Não quero crer que esse povo extraordinário de Santa Catarina vá pensar em colocar no governo alguém de um partido que alimenta ódio…” Demonstrando, então, que ele próprio é uma pessoa que só tem Jesus no coração, petralhou de novo: “Nós já aprendemos demais, já sabemos quem são os Bornhausen. Eles não podem vir disfarçados de carneiros. Já conhecemos as histórias deles”.

Pois é… Como se nota, ele não odeia!

Em 2005, à esteira do mensalão, o então senador Jorge Bornhausen era presidente do PFL e chegou a ter, assim, uma espécie de epifania que, infelizmente, não se cumpriu. Referindo-se aos petistas, afirmou que a gente ia “se ver livre dessa raça por uns 30 anos”. Apanhou barbaridade! Os “inteliquituais” petistas saíram gritando “Racista! Nazista!” Bornhausen processou um deles e ganhou!

Os colunistas progressistas e “outro-ladistas de um lado só” também ficaram indignados. Atentem para a ironia: eles realmente achavam que o PT era uma… raça! Não! Não é! Felizmente, não estamos diante de características transmitidas pelos genes. Pode até ser uma doença moral, psicológica e social, mas não física. Há esperanças.

Pois bem! Digamos que o sentido da afirmação de ambos fosse o mesmo — não é, mas não entro nessa particularidade agora para não me desviar do essencial —, há uma diferença básica de pessoa e de circunstâncias: Bornhausen era só o presidente de um partido de oposição — e, pois, como tal, representava mesmo uma “parte” da sociedade. Lula é o presidente da República. São condições distintas, que pedem decoros distintos. Ele é presidente em tempo integral. Imaginem se, em qualquer democracia do mundo, um chefe de governo e de estado fala em “extirpar” um partido da oposição. É absolutamente inconcebível!

E desta vez? Lula vai apanhar como apanhou Bornhausen, embora as circunstâncias tornem a sua fala muito mais grave? Ora, é claro que não! Vão dizer que é só uma reação, que está devolvendo na mesma moeda. Ocorre, e isto é muito importante, que o tratamento dispensado a Bornhausen não é muito diferente do dispensado a Serra na TV, a quem chamou de “candidato da turma do contra”, que “entorta o nariz para tudo”. Mas ai daquele que apontar o risco de mexicanização da política brasileira e a tentativa do PT de destruir a oposição! O Elio Gaspari e os efebos, os gasparzinhos, logo se excitam. Se preciso, arranjam até alguns “intelequituais” independentes (independentes, mas do PT, é claro!) para dizer que isso não é verdade, que é coisa da direita raivosa…

Lula está bravo porque Ideli Salvatti amarga um terceiro lugar em Santa Catarina. Perde para Angela Amin, do PP, e para Raimundo Colombo, do DEM. Como todos sabemos, em matéria de eleição, Lula só acha feio perder. O resto ele topa.

Bornhausen respondeu: “É triste ter um presidente sem compromisso com a verdade e sem respeito pelo cargo. Pior ainda é que ele venha a Santa Catarina só para destilar ódio, o que é próprio dos embriagados”.

Para arrematar
Notem que o estilo de Dirceu em 2000, quando o partido era oposição, e o de Lula em 2010, quando é governo, são idênticos. Nos dois casos, o objetivo é um só: A ELIMINAÇÃO DO OUTRO. E foi com ações dessa natureza que ele foram seqüestrando ou minando a reputação alheia. É claro que essa gente, no melhor de sua forma, deveria ser exibida no horário eleitoral da oposição. Hoje, a população só tem acesso à história do PT contada pelo próprio PT. Eu defendo que ela passe a ser exibida contada pelos próprios petistas — entenderam a sutileza?

Por Reinaldo Azevedo

No debate Folha/Rede TV, indagada se punha a mão no fogo por Erenice Guerra, a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, resolveu ficar longe da chama, e respondeu naquele seu tom solecista-condoreiro:
“Agora, eu quero deixar claro aqui: eu não concordo, não vou aceitar, que se julgue a minha pessoa baseado com o que aconteceu com o filho de uma ex-assessora minha. Até porque eu perguntaria pra você: você acha correto responsabilizar o diretor-presidente da tua empresa pelo que foi feito pelo filho de um funcionário dele? Eu, pessoalmente, não acho. Acho que isso cheira a manobra eleitoreira,sistematicamente feita contra mim e a minha campanha.”

Entendo. “Ex-assessora minha (dela)???” Eis o busÍlis. Enquanto se efetivava aquela lambança toda, Erenice não era ex-assessora coisa nenhuma! Era o braço-direito de Dilma Rousseff. O que não se tem destacado com a devida clareza — e as informações estão todas na reportagem da VEJA — é que A LAMBANÇA ACONTECEU ENQUANTO DILMA ROUSSEFF ERA MINISTRA DA CASA CIVIL.

Pensemos agora nas personagens envolvidas. Um dos sócios da empresa Capital é Israel, o filho de Erenice, que era quem era e é quem é. O segundo é Stevan Knezevic, originalmente da Anac, mas cedido desde setembro de 2009 à Casa Civil, onde também trabalhava o terceiro, Vinicius Castro, aquele que se demitiu ontem. Como se nota, o esquema estava plantado na Casa Civil.

Ou Dilma foi miseravelmente traída por Erenice ou sabia de tudo. As duas já tinham feito uma dobradinha de sucesso no dossiê contra FHC e Ruth Cardoso, lembram-se? É aquele que Dilma passou a chamar de “base dados”, que vem a ser, em linguagem delubiana, um “dossiê não-contabilizado”…

E onde a tropa se encontrava para cuidar de negócios? No escritório de advocacia em que trabalhava um tio de Israel, aquele irmão de Erenice contratado pelo Ministério das Minas e Energia em razão do parecer de uma irmã de Erenice — os irmãos “Eus” têm vocação para a coisa pública! Um dos sócios do escritório é Márcio Silva, coordenador jurídico da campanha eleitoral de… Dilma!

Mas o solecismo condoreiro da candidata “não admite” de jeito nenhum que se lhe tente atribuir qualquer responsabilidade. Ela fica indignada! Como também não admite que se tente ligar a tramóia de dossiês e violações de sigilo à sua candidatura, embora o de Eduardo Jorge estivesse com a turma que faz a sua campanha.

Vênia máxima com a agora candidata e  então ministra Dilma Rousseff, mas o fato é que, enquanto ela era a titular da Casa Civil, o ministério serviu para, como posso chamar?, a VENDA DE FACILIDADES. Ou foi enganada — e é de se temer, então, que possa ser eleita presidente da República, com maiores e mais graves responsabilidades — ou foi conivente. Afinal, numa coisa todos concordam — até Israel, que admitiu ter recebido, sim, por serviços prestados: o rapaz atuava como “intermediário”, exercendo, pois uma atividade incompatível com a sua condição de filho da secretária-geral da Casa Civil, braço-direito da ministra Dilma Rousseff.

Segundo revelou Baracat à VEJA, em entrevista gravada, em abril, já ministra — Dilma havia saído para se candidatar à Presidência —, Erenice reclamou do atraso de pagamento: “Entenda, Fábio, que nós temos compromissos políticos a cumprir”.

Era uma reunião de trabalho. Numa padaria.

Na Folha:
O filho da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, Israel Dourado Guerra, 32, disse ontem à Folha que foi “enganado” pelo consultor de empresas Fábio Baracat. “Eu fui enganado por aquele rapaz. Ele se dizia dono da empresa, se dizia ser sócio. Ele se mostrava como um empresário bem-sucedido, bem-intencionado”, afirmou o filho de Erenice.

“É triste fazer parte de um joguete. A gente está vendo aí essa onda de denuncismo, essa coisa baixa, essa campanha sem propostas, só com acusações, com ilações, com documentos falsos. Enfim, é uma coisa muito triste o que a gente está vivendo hoje no Brasil, com o país se desenvolvendo na forma que vai. Mas a política, alguns veículos [de comunicação] se comportando da forma mais aética possível.”

Ele também negou ter recebido recursos da empresa de transporte aéreo de cargas MTA. Já em e-mail que ele próprio enviou à revista “Veja” na sexta, Guerra admite a emissão de notas fiscais.

Procurado pela revista para falar sobre os negócios mantidos com Baracat e a empresa MTA, Israel Guerra confirmou ter trabalhado para a empresa MTA. Disse que a autorização da empresa para voar estava vencida, e que Baracat pediu sua ajuda para resolver o problema. Guerra explicou ter apresentado a Baracat a possibilidade de fazer um pedido direto à presidência da Anac, desde que a empresa MTA estivesse em situação regular na Receita Federal. Para ser remunerado pelo serviço, Guerra diz no e-mail ter emitido notas em nome da empresa de seu irmão, Saulo, a Capital Consultoria.

Guerra escreveu na mensagem à revista: “Eu construí a argumentação e o embasamento legal da referida peça e a encaminhei ao representante legal da empresa aqui na cidade de Brasília, que a protocolou no órgão competente. Por razão deste serviço prestado, solicitei a gentileza de meu irmão, que a Capital emitisse nota fiscal contra a pessoa jurídica indicada pelo senhor Fábio Baracat para cobrança do pagamento”.

Ontem, numa curta entrevista à Folha, Guerra apresentou nova versão. Ele contestou as informações, divulgadas por “Veja”, de que a MTA repassou dinheiro à sua empresa. “Elas não procedem. E o meu sigilo vai comprovar. Não só o sigilo meu, como o da própria empresa.” Guerra fez críticas a Baracat.

Por Reinaldo Azevedo

Por Leonencio Nossa e Tânia Monteiro, no Estadão:

O Palácio do Planalto recorreu ontem a uma tradicional manobra usada em tempos de escândalos para reduzir o impacto do suposto envolvimento da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, com um esquema de lobby.

Para mostrar reação, o Planalto acionou a Comissão de Ética Pública para analisar a denúncia de que Israel Guerra, afiançado pela mãe, intermediou, em troca de propina, negócios de empresários com o governo.
Com poderes limitados, a investigação acaba produzindo sanções morais. Ontem, a comissão se reuniu pela manhã. Diante dos holofotes, o presidente da comissão, José Sepúlveda Pertence, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, anunciou que os integrantes do grupo decidiram abrir procedimento preliminar para investigar a ministra.

O advogado Fabio Coutinho foi designado relator do caso e terá 10 dias para apresentar o resultado da análise.

O prazo poderá ser prorrogado. A partir daí, se o relator apontar falta ética por parte de Erenice, a comissão abre novo processo de investigação.

Ao final da reunião, realizada no Planalto, Coutinho disse que o grupo aceitou um pedido da própria Erenice para ser investigada, mas que independentemente da solicitação, a comissão iria analisar o caso, diante da repercussão da denúncia.

Em uma declaração de pouco efeito prático, Erenice disse que abriria seus sigilos - providência que a comissão não pode tomar.

Coutinho avaliou que o ideal é que o caso seja analisado antes das eleições de 3 de outubro. Ele disse que não poderia fazer comentários sobre a denúncia envolvendo Erenice, porque não pode antecipar o mérito do julgamento. Afirmou ainda que há uma norma objetiva, em relação à questão do nepotismo no serviço público, mas disse não saber se essa norma também se aplicaria no caso.

O advogado refere-se à denúncia de envolvimento de parentes de Erenice na contratação de escritório de advocacia, sem licitação, que tinha entre os sócios o irmão da ministra, como noticiou o Estado.

O relator disse que poderá seguir dois caminhos: mostrar que houve ou que não houve problema ético por parte da ministra. “Se houve falta ética, haverá recomendação de que existiu uma quebra de conduta e evidentemente haverá uma recomendação nesse sentido.” Coutinho ainda aguardava os documentos fiscais prometidos publicamente por Erenice.

Por Reinaldo Azevedo

Por Fernanda Odilla, na Folha:


A Casa Civil pediu carta de apresentação ao Itamaraty para que o marido da hoje ministra Erenice Guerra viajasse ao exterior representando uma empresa privada em 2007, ano em que ela ocupava a secretaria executiva e a candidata Dilma Rousseff (PT) era a titular da pasta. Troca de e-mails a que a Folha teve acesso revela que Raymundo Magno, então assessor especial da Casa Civil, solicita “nota diplomática” de pedido de visto para os EUA e para a China para José Roberto Camargo Campos.

No texto, o assessor explica que o marido de Erenice viajaria à China e, na volta, passaria por Chicago. A Casa Civil informou que é “praxe que o Itamaraty emita nota diplomática à embaixada americana, comunicando a viagem de familiar de autoridade brasileira”. Afirmou que parentes de ocupantes de cargo de primeiro escalão têm direito a passaporte diplomático e que não há irregularidade nem privilégio.

No e-mail, Campos é identificado como “esposo da dra. Erenice” e diretor de telecomunicações da empresa Unicel”. A troca de mensagens foi feita em cerca de 15 dias antes da viagem. A pressa aparece no texto: “Vamos mandar também o passaporte da dra. Erenice para pedir visto para os EUA, mas este sem a urgência do marido”.

Destinatário do e-mail no Itamaraty, Eduardo Hosannah afirma não se lembrar do pedido. Mas esclarece que é muito comum o Itamaraty formular carta de apresentação de parentes de ocupantes de cargo público e diz que é a embaixada que decide sobre a concessão do visto e a celeridade do processo.

Por Reinaldo Azevedo

Por Fausto Macedo e Bruno Tavares:

A Justiça interrompeu ontem à noite a investigação da Polícia Civil de São Paulo sobre a fraude que levou à violação do sigilo fiscal de Verônica Allende Serra e Alexandre Bourgeois, filha e genro do candidato à Presidência da República José Serra (PSDB).
Em decisão de 45 linhas o juiz José Carlos Camargo, da 1.ª Vara Criminal de Santo André, barrou investida da Delegacia Seccional de Santo André e ordenou remessa à Justiça Federal do inquérito que fora aberto por ordem do Palácio dos Bandeirantes.
O magistrado alegou “incompetência absoluta” da Justiça estadual. A ordem frustra pedido de acesso ao histórico de chamadas telefônicas realizadas e recebidas por dois importantes personagens da trama, os contadores Antônio Carlos Atella Ferreira e Ademir Estevam Cabral - os dois são suspeitos de terem produzido documentos forjados para obter na Receita cópias de declarações de renda de Verônica e de Alexandre.

Instaurado em 3 de setembro, o Inquérito nº 1.406/10 teve vida curta - durou 10 dias. Por meio desse inquérito o governo paulista planejava mergulhar no caso que revolta Serra e abala a Receita. Para evitar polêmicas com a Polícia Federal, a Seccional de Santo André formalmente visava à autoria de dois crimes, falsidade ideológica e falsificação de documento. A competência sobre a invasão do sigilo é da PF.

“O pedido de quebra de sigilo dos dados telefônicos não pode ser albergado”, decidiu o juiz Camargo. “É que falece competência à Justiça Estadual para conhecê-lo.”

O delegado da Polícia Civil José Emílio Pescarmona, que conduzia o inquérito estadual, pretendia identificar os mentores da fraude por meio de rastreamento e cruzamento de contatos telefônicos de Atella e Cabral. Por isso recorreu à Justiça criminal. “Ora, se a Justiça Estadual não é competente para o processo principal, corolário é que não é, também, para a cautelar de quebra de sigilo de dados telefônicos, uma vez que esta é mera antecipação de provas destinadas àquele”, assinalou o juiz em seu despacho.

Camargo invocou o artigo 109, inciso IV, da Constituição, que confere aos juízes federais processar e julgar os crimes políticos e as infrações penais “praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União”. Segundo o juiz “o uso do documento falso atingiu serviços e interesses da União (Receita)”.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (veja.com

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