Bornhausen responde a Lula: Não ingerir excessivamente bebidas alcoólicas antes dos discursos em comícios…

Publicado em 15/09/2010 05:43

Bornhausen responde a Lula, que quer exterminá-lo: “Não me envolvo com a violência, com corrupção nem contemporizo com ladrões públicos”

O ex-senador Jorge Bornhausen (SC), presidente de honra do Democratas, escreve um artigo em resposta ao presidente Lula, que defendeu ontem, num comício em Joinville, a necessidade de “extirpar o DEM” da vida pública. Também fez um ataque pessoal a Bornhausen e à sua família. Segue o artigo:
*
Espero que não seja um grito da 25ª hora, quando tudo está perdido. De qualquer forma, antes que se cumpra a promessa de eliminação anunciada em praça pública pelo presidente da República, peço a palavra. E espero que me seja concedida a mesma audiência dada à agressão nominal que me atingiu junto com milhões de companheiros de partido espalhados pelas 27 unidades da Federação.

Quero dispor da expectativa democrática a que, mal nos acostumamos, nos querem tirar, e reagir com legítima indignação à ameaça estúpida — e que se cumprirá, sem dúvida, quando for efetivada a prometida transformação deste país em república bolivariana à moda do tão estimado “companheiro Chávez”. Então, a intolerância já terá sufocado os jornais e eliminado as redes de televisão “que transmitem novelas”, conforme prometeram os oradores na inauguração da primeira TV sindical, no ABC.

Por enquanto, porém, os cidadãos ainda podem reagir a agressões e provocações. Mesmo que venham do presidente República e apesar de proferidas em momento de explosão de ódio político para constranger o povo de Santa Catarina. Ela são inaceitáveis num chefe de estado no exercício do mandato — e que, portanto, não pode e não deve discriminar uma parcela dos seus cidadãos, prometendo fazê-los desaparecer como expressão política legítima de uma parcela da população.

Na última segunda feira, 13 de setembro, em Santa Catarina o presidente abandonou o triunfalismo absolutista — de que tem usado e abusado como se fosse um ditador anedótico de republiqueta — para favorecer o PT e aliados e foi além. Especificamente, deixou de atender a recomendações que o bom senso aconselha a quem quer que se apresente ao povo de Santa Catarina. No seu discurso em Joinville, ele incidiu em quatro preceitos que, de nenhuma maneira, poderia ter violado:
1º - Não faltar à verdade;
2º - Não reinaugurar obras;
3º - Não desrespeitar as famílias catarinenses, pois, terra de emigrantes, todos sabem quem são, de onde vieram e como construíram suas vidas:
4º - Não ingerir excessivamente bebidas alcoólicas antes dos discursos em comícios…

Por que faço política com idéias — respeito com rigor quem pensa diferente e até me honro de ter amigos entre eles —, não me envolvo com a violência, com corrupção nem contemporizo com ladrões públicos. Orgulho-me de haver participado da fundação da Nova República, em 1985, com o reconhecimento dos que a criaram de fato, como Tancredo Neves e Ulysses Guimarães, quando muitos a renegaram para depois dela  usufruir. Pouco me importa não contar com a simpatia de presidente.

Estamos em campos diametralmente opostos, do ideológico ao ético, e nunca estivemos juntos em coligações ou projetos. Acho que tal divergência é legítima, democrática, e a República é suficientemente tolerante para que convivamos civilizadamente. E não há nada que a Constituição, a Justiça e eleições livres e periódicas não dirimam.  O respeito, porém, é essencial e indispensável, e não é conferido aos presidentes da República o direito de explosões grosseiras, difamatórias, ameaçando cidadãos e partidos adversários de eliminação.

Finalmente, quando disse, em Santa Catarina, que “conhece os Bornhausen”, sugerindo ter a chave de segredos privilegiados e suspeitas ignominiosas, o presidente cometeu um ato de extrema presunção. Raro será o catarinense, em todos os partidos, regiões e classes, que não conheça os Bornhausen, uma família que, através de gerações, não renega o passado de trabalho dos seus fundadores, emigrantes como meus avós. E sempre contei com respeito de todos, retribuindo-o.

Mais do que o protesto, de que tomo a iniciativa por considerá-lo indispensável, já que a agressão foi pública e insolente, quero lamentar profundamente a falta de compostura e civilidade de quem deveria se orgulhar de ser o presidente de todos os brasileiros, mas que optou por se tornar um raivoso chefe de facção, mesmo que eventualmente majoritária, pois, em termos democráticos, os mandatos têm tempo e atribuições limitadas. Por exemplo, não lhe confere o direito de eliminar os adversários e extinguir partidos.

Por Reinaldo Azevedo

Lula age como “militante e chefe de facção”, diz FHC

Por Anne Warth, da Agência Estado:

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse hoje que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem agido como “militante e chefe de facção” durante a campanha eleitoral e defendeu que o Supremo Tribunal Federal (STF) atue para impedir esses excessos. Em entrevista ao Rede Mobiliza, portal de internet do PSDB utilizado para interagir com os eleitores, FHC acusou Lula de “extrapolar” e afirmou que ele abusa do poder político.

“Eu vejo um presidente que virou militante, chefe de uma facção política, e acho que isso esta errado”, afirmou. “Acho até que caberia uma consulta ao STF porque, se você não tiver instrumentos para conter essa vontade política, fica perigoso”, disse. “Alguma instância tem de dizer que presidente está extrapolando e abusando do poder político de maneira contrária aos fundamentos da democracia.”

FHC criticou também as recentes declarações de Lula, segundo as quais o DEM é um partido que deve ser “extirpado” da política brasileira. “Claro que tem de ter posição e defender ideias, mas outra coisa é querer massacrar o outro lado. Acho que isso ultrapassa o limite do Estado democrático de direito”, disse.

O ex-presidente afirmou que Lula age com “autoritarismo”. “Acho que, na medida em que o presidente quer eliminar o competidor, liquidar, ele quer o poder total. É autoritarismo isso, não tem outra palavra. É uma tremenda vontade de poder que se expressa de forma incorreta. Um presidente não pode fazer isso.”

O ex-presidente teceu comparações entre sua postura, em 2002, quando José Serra (PSDB) também concorreu à Presidência, e a de Lula, neste ano, em relação a Dilma Rousseff (PT). “Eu apoiei Serra, mas não fiz isso (extrapolar os limites), nunca, porque quando o presidente fala envolve o prestígio dele não como líder de um partido, mas da instituição que ele representa”, afirmou.

FHC chegou a comparar Lula ao ex-primeiro-ministro italiano Benito Mussolini, que também tinha grandes índices de popularidade. “Faltou quem freasse Mussolini. Claro que o Lula não tem nada a ver com o Mussolini, mas o estilo ”eu sou tudo e quero o poder total” não pode. Ele tem de parar.”

Quebra de sigilo

Ao falar sobre a quebra do sigilo fiscal de integrantes do PSDB e familiares de Serra, FHC deu a entender que o episódio não tem sido bem explorado pela campanha tucana. “Sigilo fiscal pouca gente vai entender, até porque pouca gente preenche o formulário da Receita”, afirmou.

“Sigilo fiscal é uma palavra abstrata. Nesse sentido, temos de ser claros: é um acúmulo de coisas erradas, você se sente violado, sua vida devassada. Isso o povo entende. Se você disser que estão entrando na sua vida privada, na vida da sua família, que amanhã vai ter fiscal entrando nas suas coisas, vendo o valor do seu salário na sua carteira de trabalho, falsificando documentos em seu nome para criar intrigas”, recomendou.

Cheque em branco

FHC disse ainda que é preciso esclarecer a população sobre a interação entre a Casa Civil e a Presidência da República e até propôs um novo slogan para o caso: “”É o mensalão de novo”. Tem de falar assim, que o homem (Lula) estava ao lado, como não viu ou não ouviu?”. “Tem de dizer claramente: é uma sala ao lado da do presidente em que ficam tramando para beneficiar empresas. Não pode falar lobismo que ninguém entende”, afirmou.

O ex-presidente disse ainda que a campanha não acabou e cobrou dos militantes um trabalho diário e persuasivo junto a amigos e familiares. “Campanha é todo dia, o dia inteiro, até o final. Tem de ter fé e convencer os outros. Ninguém ganha de repente, sem persistência. Tem de estar na luta o tempo todo e tentando mudar a opinião dos outros, se for o caso”, afirmou.

Sem citar o nome de Dilma, ele disse que votar na candidata corresponde a assinar um cheque em branco. “Agora é hora de buscar o voto. Tem de bater o bumbo mesmo, vão dar um cheque em branco? O nosso candidato tem história, realizações e futuro.”

O ex-presidente voltou a criticar a ocupação de cargos públicos por membros do PT e comparou a ação dos militantes a de cupins. “As agências reguladoras não regulam mais nada, estão penetradas por interesses partidários”, afirmou. “É como um cupim, vai comendo por dentro e, quando você acha que é uma tora, aperta e está oco.” FHC disse ainda que, para Lula, “tudo é terra arrasada”. “Ele diz que começou com tudo. Eu não tenho esse temperamento. As bases do governo foram lançadas no passado.”

Por Reinaldo Azevedo

Aprenda como se investiga um petista no governo Lula

Queridos, quando vocês forem elencar todos os meus defeitos, só não poderão me acusar de uma coisa — todo o resto pode estar sujeito a controvérsia: DE NÃO CONHECÊ-LOS.  Leiam o informa Gabriel Castro, na Veja Online:

PF abre inquérito para apurar lobby na Casa Civil, mas livra Erenice Guerra

A Polícia Federal irá investigar a denúncia de tráfico de influência dentro da Casa Civil, mas a ministra Erenice Guerra não será ouvida nem é suspeita de envolvimento no caso. O ministro da Justiça, Luis Paulo Barreto, fez o anúncio na tarde desta terça-feira, 14. “Ela não está diretamente envolvida nos fatos narrados nos últimos dias”, justificou Barreto.

Na edição desta semana, VEJA denunciou que o filho de Erenice, Israel Guerra, atuava como lobista para empresários interessados em firmar contratos com o governo. Ele cobrava uma comissão de 6% sobre o valor dos negócios.

Durante entrevista coletiva nesta terça, o ministro foi confrontado com o óbvio: só pode haver tráfico de influência se a ministra tiver atuado. Ainda assim, disse que Erenice não é investigada: “Essa é a última etapa do processo. Num primeiro momento, você apura o que aconteceu”, afirmou. Segundo ele, a própria ministra pediu que o caso fosse apurado.

A investigação sobre o envolvimento de Erenice também dependeria de uma autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). Como ministra, ela tem direito a foro privilegiado. Na segunda-feira, a Comissão de Ética Pública da Presidência iniciou um procedimento preliminar para apurar se houve desvio ético de Erenice no episódio.

Luis Paulo Barreto não deu prazo para a investigação na PF. Disse apenas que a resposta virá “o mais rápido possível”. O pronunciamento durou cerca de 5 minutos; ele não respondeu a todas as perguntas feitas pelos jornalistas.

O anúncio de Barreto ocorre depois de uma reunião em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a ele e a Guido Mantega, ministro da Fazenda, que dessem respostas sobre as denúncias recentes feitas pelos dois órgãos. Mais cedo, Mantega concedeu coletiva à imprensa para anunciar mudanças no acesso a dados da Receita Federal.

Comento
No domingo, ao comentar a resposta da candidata Dilma Rousseff no debate Folha/Rede TV, segundo a qualas denúncias diziam respeito ao filho de Erenice, não à ministra, ironizei: “(…) como se Israel pudesse fazer tráfico de influências sozinho”. Ora, dos dois, quem tem “influência” para eventualmente ser traficada é ela.

Barreto inaugura um novo marco no âmbito da PF: de “polícia judiciária”, ela passa a ser uma espécie de Câmara Especial do Judiciário, que já inocenta sem nem investigar, a despeito dos indícios. Se bem que, vamos ser justos, nesse caso, o juiz é o próprio ministro, né?

Sobre a eventual investigação das ações de Erenice, disse uma frase fabulosa: “Essa é a última etapa do processo. Num primeiro momento, você apura o que aconteceu”. Perfeito! Você elimina os protagonistas dos fatos para tentar saber o que são eles sem a ação dos agentes, entenderam?

Deve ser mais ou menos como romance de vanguarda francês…

Ontem, em Santa Catarina, além de pregar que seus adversários sejam exterminados, Lula também se referiu à moralidade de seu governo. Afirmou que não tem perdão: errou, dançou.

Como se vê.

Por Reinaldo Azevedo

Dirceu na Bahia: o problema do Brasil é o “excesso de liberdade de expressão e de imprensa”. Mais: Renan e Sarney, que podem dividir o governo com Dilma, não são éticos

Por Tiago Décimo, no Estadão Online. Volto em seguida:

Em palestra para sindicalistas do setor petroleiro da Bahia, na noite desta segunda-feira, 13, em Salvador, o ex-ministro da Casa Civil e líder do PT José Dirceu criticou o que chamou de “excesso de liberdade” da imprensa.

Além disso, disse que a eleição de Dilma Rousseff à Presidência “está carimbada”, apesar dos recentes escândalos envolvendo o governo, admitiu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é “duas vezes maior” que o PT e atacou os peemedebistas Renan Calheiros e José Sarney - apesar de atribuir à aliança do PT com o PMDB parte do mérito pela ascensão de Dilma nas pesquisas eleitorais.

Dirceu disse aos cerca de 100 líderes sindicais que acompanharam sua apresentação que o primeiro ano de governo de Dilma “será certamente marcado pela política”, por causa da imprensa. “O problema do Brasil é o monopólio das grandes mídias, o excesso de liberdade e do direito de expressão e da imprensa”, disse.

Depois, Dirceu avaliou que a possível eleição de Dilma é fruto, entre outros fatores, da atração do PMDB para a chapa presidencial, mas criticou duramente dois líderes do partido, Renan Calheiros e José Sarney. “Vocês não vão acreditar que eles são éticos, né?”, ironizou.

Comento
Convenham: as camadas, digamos assim, mais esclarecidas da população não podem dizer que os petistas estão escondendo o jogo. Ao contrário: eles o estão revelando com absoluta clareza. A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa atrapalham. Se é assim, eles vão tentar corrigir essa “falha”.

Mais: todos sabem que, desta vez, o PMDB vai querer uma fatia maior de poder se Dilma for eleita. Vem mesmo para dividir. E Dirceu está anunciando: não são éticos. Se bem que a gente tem de ser justo: petista não precisa de peemedebista para ser aético, certo?

Por Reinaldo Azevedo
Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (veja.com

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • Telmo Heinen Formosa - GO

    Autor: Andrei Pleshu, filósofo romeno. < “No Brasil, ninguém tem a obrigação de ser normal. Se fosse só isso, estaria bem. Esse é o Brasil tolerante, bonachão, que prefere o desleixo moral ao risco da severidade injusta. Mas há no fundo dele um Brasil temível, o Brasil do caos obrigatório, que rejeita a ordem, a clareza e a verdade como se fossem pecados capitais. O Brasil onde ser normal não é só desnecessário: é proibido. O Brasil onde você pode dizer que dois mais dois são cinco, sete ou nove e meio, mas, se diz que são quatro, sente nos olhares em torno o fogo do rancor ou o gelo do desprezo. Sobretudo se insiste que pode provar”. > É de "se rir" ou de "se chorar?"

    0