“Caraca! Que dinheiro é esse? Isso aqui é meu mesmo?” Eram R$ 200 mil em dinheiro vivo!

Publicado em 19/09/2010 18:23

Na Casa Civil, na gestão Dilma, a metros do gabinete de Lula: “Caraca! Que dinheiro é esse? Isso aqui é meu mesmo?” Eram R$ 200 mil em dinheiro vivo!

caso-erenice-vinicius1Estão preparados? Antes, uma pequena consideração.

Na noite de ontem, num comício em Juiz de Fora (MG), Lula voltou a um de seus divertimentos favoritos: atacar a imprensa (ver post nesta página). Segundo disse, se ele dependesse do jornalismo, em vez de 80%, teria zero de aprovação. É mentira, claro! Os feitos de seu governo são reconhecidos sem reservas — e até com exagero. Ocorre que ele quer ser amado também pelos seus defeitos, o que já é um vício dos tiranos. Ora, para os rapapés, ele já tem a imprensa que não depende de leitores, mas da generosidade oficial. Ninguém conspira contra Lula. O seu governo é que tem conspirado contra a decência, o que é coisa bem diferente. Agora ao ponto.

A revista VEJA que está chegando à casa dos assinantes e às bancas traz o caso mais escabroso de corrupção registrado até agora em quase oito anos. Com um agravante: desta vez, dinheiro vivo de propina circulou a alguns metros do gabinete presidencial., quando a chefe da Casa Civil era Dilma Rousseff. Chamo a atenção para o “até agora”. Eles sempre podem nos surpreender — ou melhor: já não surpreendem!

Lembram-se de Vinícius de Oliveira Castro (foto), um dos sócios de Israel Guerra, filho de Erenice? Foi o primeiro a cair na Casa Civil. Pois bem. Leiam agora um trecho da reportagem de  Diego Escosteguy e Otávio Cabral. Ajeite-se na cadeira, leitor. Respire fundo.
*
Numa manhã de julho do ano passado, o jovem advogado Vinícius de Oliveira Castro chegou à Presidência da República para mais um dia de trabalho. Entrou em sua sala, onde despachava a poucos metros do gabinete da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e de sua principal assessora, Erenice Guerra. Vinícius se sentou, acomodou sua pasta preta em cima da mesa e abriu a gaveta. O advogado tomou um susto: havia ali um envelope pardo. Dentro, 200 000 reais em dinheiro vivo - um “presentinho” da turma responsável pela usina de corrupção que operava no coração do governo Lula. Vinícius, que flanava na Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac, começara a dar expediente na Casa Civil semanas antes, apadrinhado por Erenice Guerra e o filho-lobista dela, Israel Guerra, de quem logo virou compadre. Excitado com o pacotaço de propina, o neófito reagiu em voz alta : “Caraca! Que dinheiro é esse? Isso aqui é meu mesmo?”. Um colega tratou de tranqüilizá-lo: “É o ‘PP’ do Tamiflu, é a sua cota. Chegou para todo mundo”.

PP, no caso, era um recado — falado em português, mas dito em cifrão. Trata-se da sigla para os pagamentos oficiais do governo. Consta de qualquer despacho público envolvendo contratos ou ordens bancárias. Adaptada ao linguajar da cleptocracia, significa propina. Tamiflu, por sua vez, é o nome do remédio usado para tratar pacientes com a gripe A1N1, conhecida popularmente como gripe suína. Dias antes, em 23 de junho, o governo, diante da ameaça de uma pandemia, acabara de fechar uma compra emergencial desse medicamento — um contrato de 34,7 milhões de reais. O “PP” entregue ao assessor referia-se à comissão obtida pela turma da Casa Civil ao azeitar o negócio.

É isso, leitor! Leia na revista os detalhes dessa história. Entenda por que Lula detesta a imprensa independente e por que seu governo tenta criar mecanismos para cerceá-la. 

Por Reinaldo Azevedo

caso-erenice-maridoA VEJA desta semana traz outra história edificante, desta vez envolvendo o atual marido de Erenice Guerra, José Roberto Camargo Campos (foto). Ele convenceu uns amigos, que tinham uma minúscula empresa, a disputar o mercado de telefonia móvel em São Paulo. Em 2005, a Unicel, tendo Camargo como diretor comercial, conseguiu uma concessão da Anatel para operar em São Paulo. Por decisão pessoal do então presidente da agência, Elifas Gurgel, a empresa ganhou o direito de entrar no mercado. A decisão foi contestada na Anatel, mas Erenice entrou na parada, e tudo foi resolvido. Os que eram contra mudaram de idéia e foram promovidos.

Sim, foi assim mesmo, leitor. A empresa está no vermelho e acumula dívidas de R$ 20 milhões. Desastre? Não! Leia a revista para saber como o Plano Nacional de Banda Larga — que apelidei aqui de “Bandalheira Larga” —pode render à Unicel a bolada de R$ 100 milhões. Quem cuidava do PNBL, para o qual se anunciou a dinheirama de R$ 14 bilhões? Erenice! Quem é o operador do programa? Gabriel Boavista Lainder. Quem é Lainder? Um ex-funcionário da Unicel. Quem o indicou para o cargo? O marido de Erenice. “O marido da Erenice é um cara que admirava meu trabalho. Ela me disse que precisava de alguém para coordenar o PNBL”. Qual é o endereço da Unicel? Um modestíssimo escritório onde também funciona uma empresa de mineração do… marido de Erenice.

Leia a reportagem. Os detalhes são deliciosamente (para eles) sórdidos.

A revista traz ainda toda a ramificação da Família Erenice no governo e nas estatais. É  impressionante! Chegou a hora de Dilma repetir a declaração de Lula de 2005: “Fui traída”

Por Reinaldo Azevedo

caso-erenice-baracatFábio Baracat (foto de Manoel Marques), uma das fontes dos jornalistas na revelação da  existência do esquema de arrecadação de propina na Casa Civil. narrara, em conversas gravadas, as minúcias de suas tratativas com a família Guerra, que tinham por objetivo facilitar a obtenção de contratos da  empresa MTA nos Correios. No sábado, depois de, como disse,  sofrer “fortes pressões”, Baracat divulgou uma nota confusa, na qual “rechaçava oficialmente a reportagem”, mas, em seguida, confirmava os fatos relatados. Com medo de retaliações por parte do governo, o empresário refugiou-se no interior de São Paulo.

Ele aceitou voltar à capital paulista na última quinta-feira para mais uma entrevista. Disse ele na semana passada: “Temo pela minha vida. Vou passar um tempo fora do país”. O empresário aceitou ser fotografado e corroborou, diante de um gravador, as informações antes prestadas à revista. Leia na VEJA.

Por Reinaldo Azevedo

Leia na VEJA:

Israel Guerra, o filho de Erenice, cobrou propina de um corredor de Motocross que descolara um patrocínio de 200 000 reais com a Eletrobrás, estatal sob a influência de Mamãe Gansa. Taxa de sucesso paga: 40 000 reais. “Israel chamava a Dilma de tia”, contou Luís Corsini, o desportista que pagou a taxa de sucesso.

Por Reinaldo Azevedo

Documentos em poder da Polícia Federal envolvem o governador do Ceará, Cid Gomes, e seu irmão, o deputado Ciro Gomes (PSB) em um esquema de corrupção que desviou 300 milhões de reais das prefeituras do estado entre 2003 e o fim do ano passado. Raimundo Morais Filho, empresário que participava da lambança, deixou tudo registrado em 27 gigas de memória, de que VEJA tem cópia. Laurélia Cavalcante, delegada federal que investiga o caso, foi atropelada por um carro não-identificado nas ruas de Fortaleza. Morais Filho escreveu um outro relato em que se diz ameaçado.

Cid nega qualquer irregularidade. Ciro, que já anunciou a disposição de construir “uma nova hegemonia moral e intelectual no país” diz não conhecer o empresário: “Jamais fiz com ele ou com qualquer pessoa essa sórdida prática que estão querendo me imputar”.

Por Reinaldo Azevedo

O petismo identifica seus inimigos

Caso a petista Dilma Rousseff vença a eleição, banqueiros, industriais, comerciantes, estudantes, trabalhadores não têm muito a temer a não ser a incompetência, o loteamento de cargos, a falta de planejamento — a mesma que hoje já provoca gargalos na infra-estrutura — e outras coisinhas do país real. Já a liberdade de imprensa tem muito a temer. Eles estão naquela fase que o camarada José Dirceu chama “acúmulo de forças”. E, tendo as condições, tentarão desfechar o golpe.

Aquele discurso de Dirceu na segunda-feira da semana passada a sindicalistas da Bahia não saiu da sua cachola, do nada. Reflete uma cultura interna. Se bem se lembram, o deputado cassado e “chefe da quadrilha do mensalão” vê um certo abuso no exercício da liberdade de expressão no país. Para ele, a “mídia” está alinhada com o “poder econômico” — ele só não disse, e nem poderia, qual “poder econômico” não está hoje alinhado com o governo Lula e com a candidata Dilma. O PT alimenta a fantasia de que essa tal “mídia” — excluindo-se aqueles setores que o governo hoje financia, é evidente — tem uma agenda política, o que a transformaria num partido de oposição.

Ontem, no comício em Campinas, Lula vociferou:
“Eu queria pedir para você Dilma e para você Mercadante, não percam o bom humor, deixa eu perder. Eu já ganhei. Se mantenham tranqüilo porque, outra vez, nós não vamos derrotar apenas os nossos adversários tucanos; nós vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partido político e não tem coragem de dizer que têm partidos políticos, que têm candidatos; que não tem coragem de dizer que candidatos, que não são democratas e pensam que são democratas. Democrata é este governo que permite que eles batam.”

De imediato, cumpre lembrar que há, sim, veículos que, claramente, têm candidata: Dilma. São aqueles aquinhoados com a publicidade oficial numa proporção muito superior a seus leitores, telespectadores, ouvintes ou internautas. Os áulicos são hábeis em puxar o saco e levar a grana, mas são ruins de serviço e não conseguem a adesão do público. Imagino a irritação dos petistas, e de Lula em particular, ao constatar que a revista mais lida, a TV mais vista, os jornais mais lidos etc são aqueles que buscam fazer um trabalho independente. Independente do quê? Do poder de turno, ora essa! Para Lula, a independência é “partidarismo”. Queria as empresas de comunicação viciadas na verba oficial de publicidade, a exemplo do que acontece com suas revistas sem leitores, suas TVs sem telespectadores, seus rádios sem ouvintes.

Todos os veículos que hoje deixam Lula furioso são os mesmos que fizeram críticas contundentes a governos passados, o que certamente colaborou para a ascensão do petismo. É do jogo.  Naquele tempo, Dirceu, o Babalorixá e demais petistas consideravam que os repórteres cumpriam a sua obrigação. O presidente afirmou outra coisa curiosa, aí referindo-se aos jornalistas: “Não existe neutralidade”. Digamos que não. Então eles sempre teriam um lado, inclusive o “lado petista” — nesse caso, ele não reclama… Registro à margem: lembrem-me de escrever um texto demonstrando que o que costuma faltar à imprensa é justamente ter um lado — no caso, o lado certo. Sigamos.

O generoso
Lula acredita que é ele quem nos concede licenças de cidadania. Como é? O governo permite que a gente bata nele??? Errado, presidente! Estupidamente errado! É a Constituição! Vossa Insolência bem que tentou instituir a censura no Brasil, mas a sociedade rejeitou. Sim, vocês vão tentar de novo, sabemos.

Lula também se referiu à VEJA de modo oblíquo: “Existe uma revista que não lembro o nome dela. Ela destila ódio e mentira.” E Lula demonstrou que só tem amor no coração nestes termos: “Essa gente não me tolera. Mesmo lendo pesquisas de opinião pública, mesmo vendo que tem apenas 4% que acham o governo ruim e péssimo. Deve ser na casa do Serra e na casa do Alckmin”. É um presidente da República falando, aquele que, até anteontem, era chefe de Erenice Guerra. Mais um pouco: “Se o dono do jornal lesse seu jornal ou o dono da revista lesse sua revista eles ficariam com vergonha do que estão escrevendo exatamente nesse momento”.

Ora, é claro que dá vergonha ter uma Casa Civil que abriga um lobby liderado pelo filho da ministra! É claro que dá vergonha saber que essa ministra se encontrava com os clientes de seu rebento. É claro que dá vergonha ter de ler que dinheiro vivo circula num ministério que fica a alguns metros da sala do presidente da República. É claro que dá vergonha saber que o marido de uma ministra usa o cargo da mulher para alavancar seus negócios privados.

A imprensa tem de se orgulhar de trazer esses fatos à Luz. Com 20% ou com 80% de popularidade, Lula é quem deveria se envergonhar. O fato de ele contar com ampla aceitação popular não torna virtudes os crimes de seu governo. O presidente foi e é fartamente elogiado por seus acertos. Ocorre que ele quer ser aplaudido também por seus erros.

No extremo da onipotência, teve tempo de acrescentar:
“Eles não se conformam que o pobre não aceita mais o tal do formador de opinião pública. (…). Nós somos a opinião pública e nós mesmos nos formamos.”
É evidente que se refere aos petistas. Mas digamos que estivesse mesmo falando dos “pobres”. Não! Ainda que maioria, eles não são a “opinião pública”. Uma coisa ou outra reflete uma concepção fascistóide de poder, a mesma que o leva a tratar como inimigos ou cidadãos de segunda categoria os que consideram “péssimo” o seu governo.

Minimizar crimes
O que Lula está querendo é minimizar os crimes descobertos na Casa Civil, no coração do poder, no ministério que tem tentáculos e ramificações em todas as áreas da administração pública. Trata-se de uma operação para jogar a sujeira debaixo do tapete, como já se faz hoje na investigação das invasões de sigilo.

Para encerrar
Caso Dilma vença a eleição, é a imprensa que vai decidir o tamanho da sua liberdade: 
ficará com aquela que lhe faculta hoje a Constituição, que Dirceu considera excessiva, ou cederá à pressão oficial, fechando os olhos a desmandos para que, em retaliação, o governo não tente impor restrições ou fazer pressões de outra natureza? Não custa lembrar que a autocensura é pior do que a censura porque nem dá ao outro — ao ogro — o trabalho de ser bruto. A sujeição voluntária é sempre a mais aviltante.

O pacote de maldades está quase pronto. Franklin Martins se encarrega de transformar em projetos de lei propostas das tais conferências, que reuniram brucutus ideológicos, ressentidos profissionais e profissionais ressentidos. O alvo é um só: a liberdade! Lula, pelo visto, está convencido que ela é uma tolice e uma desnecessidade quando a maioria apóia o governo.

No caso de vitória da criatura eleitoral de Lula, preparem-se para fortes emoções. Naquela conversinha de Erenice Guerra com Silas Rondeau (vejam posts abaixo), ela expressou o inconformismo do governo com o Ministério Público e com o Judiciário também.

É isto: imprensa, Judiciário, Ministério Público, oposições, os 4% da população mais o Tribunal de Constas da União deixam Lula irritado. É preciso dar um jeito nessa gente! É o que se tem feito à farta hoje na América Latina, a exemplo dos arreganhos fascistóides que se vêem na Argentina e que tanto deixam Franklin Martins excitado. Naquele filme que exibi aqui sobre o sequestro de Charles Elbrick, ele gargalha quando fala da possibilidade de matar o embaixador americano. Imaginem, então, se for para matar só a liberdade…

Por Reinaldo Azevedo

Um governo convincente em forçar a mudança da história. Ou: Uma nova língua para um novo tempo

Certos “inteliquituais” petistas e outros candidatos a entrar na fila apontam o governo Lula como uma “nova era democrática”. Algumas das características dessa “nova era” estão aí, aos olhos de todos. Contam-se em milhões, bilhões e porcentagens.

Um novo tempo, como vocês sabem, requer um vocabulário específico. A Stálin se atribui ter afirmado: “Fizemos a revolução, mas preservamos a bela língua russa”. O lulismo vai inovar: “Fizemos a revolução e deixamos a bela ainda mais inculta”. Delúbio Soares,  lembram-se?, não deu sua contribuição apenas à ética. Ele também inovou na linguagem: chamou “caixa dois” de “recursos não-contabilizados”. Nas atuais lambanças, propina ganhou um apelido haurido da linguagem dos negócios: “taxa de sucesso”.

Na semana passada, VEJA trouxe as lambanças de Israel Guerra junto à Anac para “regularizar” a situação da estranhíssima empresa MTA (leia post nesta página). Fábio Baracat contou como agia a quadrilha. Logo depois, ele próprio emitia uma nota confusa, chamada impropriamente de “desmentido”, em que confirmava a atuação de Israel, mas se dizia vítima de um jogo político e tal. Cheirava mal. Baracat tinha sido pressionado. Em nova entrevista à VEJA, igualmente gravada, confirmou suas denúncias, deixou-se fotografar e disse que pensa em sair do país por uns tempos. Teme por sua vida, afirmou.

A reportagem da VEJA de ontem sobre os horrores da Casa Civil também trazia a história do patrocínio a uma equipe de motocross de Brasília. A Eletrobras — onde Dilma e Erenice mandam soltar e prender — soltou R$ 200 mil para os motociclistas, que só ficaram com R$ 160 mil. Quarenta mil foram parar nas mãos de Israel Guerra: era a “taxa de sucesso”. Uma grande gulodice, né? À MTA, o filhote da Mamãe Gansa pediu 6%; à EDRB, 5%; aos  motoqueiros, coitados!, 20%!!! Parece que Israel trabalhava com uma tabela regressiva. Exposta no português da turma, seria assim: “Menas grana, mais porcentagem”. Luís Corsini, chefe da equipe, revelou a operação à VEJA.

A Folha ouviu duas outras pessoas envolvidas na negociação, que confirmaram tudo. Corsini, talvez submetido ao mesmo trabalho de “convencimento” de que fora vítima Baracat, tentou voltar atrás e disse ontem que não falaria mais sobre o assunto. Os entrevistados pelo jornal confirmaram o que Corsini havia contado à revista. Israel costuma se referir à mãe e a presidenciável Dilma Rousseff nestes termos: “Minha mãe resolve, minha tia resolve”. Pelo visto, sim…

Prestem agora atenção a este trecho da reportagem de hoje da Folha e vejam se isso lembra, ainda que longinquamente, uma República:
Na sexta-feira, a Folha pediu à Eletrobrás para ter acesso ao processo do patrocínio. O coordenador geral da presidência da empresa, Luiz Augusto Figueira, disse que a estatal “não tem obrigação de fazer isso porque entende que não é um documento de interesse público”.
Figueira, no entanto, afirmou que “se existe pedido político [de liberação de patrocínio], não fica no processo administrativo”. Segundo ele, nos anos em que o patrocínio foi negado a escolha dos projetos que receberiam verba era feita mediante edital.
Em 2008, quanto houve a liberação, a diretoria é quem escolhia quais os projetos que seriam patrocinados pela estatal. A Federação de Motociclismo do Distrito Federal informou que só repassou os recursos do patrocínio mediante a apresentação de notas fiscais e esclareceu que a prestação de contas foi aprovada pela Eletrobrás.

Vocês entenderam agora como se vive na prática uma “nova era democrática?” Só pare encerrar: a imprensa não pode exigir os documentos da Eletrobras, mas o Ministério Público pode.

Por Reinaldo Azevedo

“Eu digo que o problema do Brasil é o excesso de liberdade de José Dirceu”

Até que Diogo Mainardi não termine seu livro, a gente vai se contentando com uma coluna a cada 15 dias. A desta semana traz uma dasquelas sínteses de que só ele é capaz.
*
O problema do Brasil é o excesso de liberdade da imprensa. Quem disse isso, em outras palavras, durante um encontro com sindicalistas baianos, foi José Dirceu. Eu digo o contrário. Eu digo que o problema do Brasil é o excesso de liberdade de José Dirceu.

Duas semanas atrás, em sua página no Twitter, Indio da Costa publicou uma fotografia que resume perfeitamente o excesso de liberdade de José Dirceu. Ele está no Rio de Janeiro, na pista do Aeroporto Santos Dumont, embarcando num jato particular, um Citation 10 com o prefixo PT-XIB. O excesso de liberdade da imprensa permite indagar quem sustenta o excesso de liberdade de José Dirceu.

O plano de José Dirceu para eliminar o problema do excesso de liberdade da imprensa tem duas partes. A primeira parte é a montagem de um sistema estatal que controle a atividade das empresas jornalísticas e que puna qualquer tentativa de fazer aquilo que ele chamou de “abuso do poder de informar”. Isso mesmo: Conselho Federal de Jornalismo. Isso mesmo: Ancinav. Isso mesmo: Confecom.

A segunda parte do plano de José Dirceu é aliar-se a empresários do setor da imprensa exatamente como o PT se aliou a José Sarney e a Renan Calheiros no Congresso Nacional. “O momento histórico que estamos vivendo”, segundo José Dirceu, é ruim para o “movimento socialista internacional”. Por isso, em vez de tentar fazer seu próprio jornal, o PT deve continuar negociando com alguns grandes grupos. Na prática, isso significa garantir o excesso de liberdade do bispo Edir Macedo e da Rede Record.

No mesmo encontro em que apresentou seu plano para eliminar o excesso de liberdade da imprensa, José Dirceu apresentou também seu plano para a reforma política. De acordo com ele, é necessário duplicar ou triplicar imediatamente a quantidade de dinheiro público destinada aos partidos. Ele advertiu que, sem esse dinheiro, o PT prosseguirá com suas práticas de “caixa dois, corrupção, nomeação dirigida, licitação dirigida, emenda dirigida, superfaturamento e tráfico de influência”.

José Dirceu disse que, no poder, o PT valorizou o servidor público. Claro que é verdade: o filho de Erenice Guerra valorizou-se, o outro filho de Erenice Guerra valorizou-se, o irmão de Erenice Guerra valorizou-se, a irmã de Erenice Guerra valorizou-se. José Dirceu falou até sobre a saúde de Dilma Rousseff, desmentindo o que ela própria diz sobre o assunto: “Ela passou por um câncer. E sente muito isso ainda”.

No fim de seu encontro com os sindicalistas baianos, José Dirceu voltou a tratar da imprensa. Ele antecipou que pretende dizer o seguinte, quando Dilma Rousseff estiver eleita: “Ó, não adiantou nada. Estamos aqui mais quatro anos”.

José Dirceu está certo. Ó, não adiantou nada.

Por Reinaldo Azevedo

Escândalo na Casa Civil: Procurador vê indício de tráfico de influência e pede investigação sobre compra do Tamiflu

No Globo Online:
O procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Marinus Marsico, pedirá abertura de investigação nos contratos de compra do Tamiflu (medicamento contra a gripe suína), porque considera que as denúncias são graves e precisam ser apuradas. Marsico vê indícios de tráfico de influência. A investigação da denúncia feita pela revista “Veja” ficará a cargo da Polícia Federal e do TCU.

“Pela sucessão de indícios, observamos que há realmente tráfico de influência. É difícil que cada fato desses seja apenas uma mera coincidência”, afirmou o procurador ao Jornal Nacional, da TV Globo.

Segundo a revista, funcionários da Casa Civil teriam recebido, em 2009, propina pelo contrato emergencial de compra do Tamiflu. Entre os funcionários, estaria Vinicius de Oliveira Castro, apontado como sócio de Israel Guerra, filho da ex-ministra Erenice Guerra.

A denúncia, segundo a revista, partiu de Marco Antônio Oliveira, tio de Vinícius, e ex-diretor dos Correios, demitido do cargo por Erenice. A declaração de Marco Antônio foi gravada, de acordo com a revista.

Neste sábado, os ministros José Gomes Temporão (Saúde) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) negaram qualquer irregularidade na compra do Tamiflu.

Por Reinaldo Azevedo

Preparando a impunidade

A VEJA desta semana traz uma matéria fundamental para entender estes tempos, assinada por Fernando Mello e Laura Diniz. O título: “Como varres escândalos para debaixo do tapete”. Trata dos mecanismos empregados pelo governo para NÃO investigar o que tem de ser investigado. VEJA teve acesso ao inquérito da Polícia Federal para investigar a violação de sigilo dos tucanos. Leiam um trecho da reportagem:

(…)
Na semana passada, VEJA teve acesso ao inquérito aberto na Polícia Federal sobre o caso. A leitura das páginas causa espanto - sobretudo pelo que revela de inapetência da parte da PF por investigar de verdade. Os depoimentos dos petistas Fernando Pimentel e Rui Falcão, por exemplo, são um primor de superficialidade. Ambos eram comandantes da equipe da pré-campanha de Dilma, para a qual se destinam a papelada montada com base nos dados ilegalmente acessados na Receia Era de supor, portanto, que a PF tivesse grande interesse em ouvi-los. Pois a transcrição das declarações de Pimentel ocupa exíguas 23 linhas, das quais catorze são formalidades destinadas a confirmar dados como o nome e o endereço do depoente. As nove linhas restantes foram ocupadas com uma sucinta negação de envolvimento de Pimentel com o crime. A fala de Rui Falcão, um pouco maior, ocupa 25 linhas, quinze de formalidades. Como Pimentel, ele só declara que não sabe nada sobre quebra de sigilo fiscal nem sobre produção de documentos fajutos. Para o delegado Hugo Uruguai, responsável pela investigação, foi o suficiente.

Pergunto
Será essa mais uma manifestação da “nova era democrática”?

Por Reinaldo Azevedo

18/09/2010

 às 21:35

Vocês sabem que eles são bichos feios e sujos

Uau!

Sabem aquelas noites de calor em que as cascudas vão saindo dos bueiros? Pois os petralhas estão assim hoje. Só para a gente se divertir um pouquinho, volto a lembrar uma peça publicitária de 1971.

Voltei
Queridos leitores,

há mais de 500 comentários na fila. Eu e Dona Reinalda ainda daremos conta de todos  — e de outros que chegarem. Mas, agora, a gente vai sair para bater um papo com uns amigos. Sei que vocês compreenderão. Há bastante coisa para ler aí abaixo.

Ah, sim, os petralhas: pô, em São Paulo, faz um frio dos diabos! Voltem para o seu ambiente! De todo modo, temos cá os nossos métodos. Não é tão difícil usar o Reinaldox. Mais: sempre que uma ou outra cascuda escapam, um dos milhares de leitores detecta e “pimba!” Podem desistir! Vão fazer corrente no blog que os pariu!

Até a volta, humanos!

Por Reinaldo Azevedo

Conforme eu previ, uma diz que “não sabia”, e a outra, que foi “traída”. E respondo a uma indagação de Erenice

Eu fico realmente impressionado — e vou me dedicar com afinco a encontrar as causas do fenômeno, mais do que tenho feito até agora — que essa gente tenha se criado no governo e no país, mesmo sendo tão primitiva e previsível como é.

Ontem, como vocês devem ter lido, afirmei que estava na hora de Dilma sacar da algibeira a Desculpa nº 1 do Petista: “Eu não sabia”. Pois Dilma fez isso hoje.

Num texto publicado nesta manhã, afirmei também que Dilma poderia recorrer a outra desculpa dos petistas — “Fui traída!” —, celebrizada por Lula quando estourou o escândalo do mensalão.

Ela ainda não fez isso. Mas, ACREDITEM!, Erenice fez. Em entrevista à revista IstoÉ, ela diz que foi “traída” pelo jovem Vinícius Castro, aquele que, diante da bolada de R$ 200 mil, em dinheiro vivo, exclamou: “Caraca!” Até anteontem, o rapaz era amigo íntimo de Israel Guerra, o filhote da Mamãe Gansa. Mais do que isso: é seu compadre. Leiam trecho:

ISTOÉ - A sra. chegou a se encontrar com um representante da EDRB do Brasil, que teria tentado obter empréstimo no BNDES com a ajuda de seu filho?
Erenice - Eu nunca recebi. Ele foi recebido na Casa Civil pelo meu assessor, o chefe de gabinete à época. Foi lá apenas para fazer a demonstração de um projeto de energia alternativa. É tudo o que eu sei sobre esse assunto. Mas efetivamente a Casa Civil está investigando a conduta do ex-servidor Vinícius Castro e a possibilidade de ele ter praticado algum tráfico de influência nesse caso.

ISTOÉ - Esse servidor poderia se passar por um funcionário capaz de influir nas suas decisões?
Erenice - É. Poderia dizer “trabalho na Casa Civil, posso conseguir isso e aquilo…” Isso não é desarrazoado não. E, exatamente por isso, a Casa Civil está, a partir de hoje, investigando esse caso com bastante rigor.

ISTOÉ - Significou uma traição à sra.? Afinal, Vinícius era um funcionário muito próximo, além de ser sócio de seu filho.
Erenice - Foi uma traição. Uma completa traição

A indagação cínica
Pois é… Vinicius andou contando a interlocutores o que se passava na Casa Civil. De fato, uma traição…
Com toda a família pendurada no serviço público, a ex-ministra indaga:
“Meus filhos vão ter que viver todos à minha custa?”

Respondo, dona Erenice:
Claro que não! Eles não podem é viver À NOSSA CUSTA!

Por Reinaldo Azevedo

Nomeado por Erenice, diretor dos Correios se une a argentino misterioso, para controlar transporte aéreo, projeto que tem apoio do governo Lula

Vamos lá, leitor. Tente não perder o fio da meada:

1 - No sábado passado,VEJA publicou uma reportagem demonstrando que Israel Guerra, filho de Erenice, fez lobby para que a Anac renovasse a licença da empresa MTA para que ela trabalhasse para os Correios;
2 - A revista informava também que, numa demonstração de força, foi Erenice quem nomeou Eduardo Artur Rodrigues diretor de Operação dos Correios;
3 - E quem era Rodrigues? Nada menos do que o testa-de-ferro da MTA: o homem passou a ser, ao mesmo tempo, o contratado e o contratante;
4 - ATENÇÃO: Lula e os petistas querem transformar a MTA no núcleo de uma grande empresa de logística;
5 - O Jornal Nacional passou três dias procurando a sede da MTA no Brasil. Sem sucesso!;
6 - Reportagem no Estadão deste domingo prova que, contrariando as leis brasileiras, a MTA não é uma empresa de capital nacional. Rodrigues, nomeado por Erenice, é só um testa-de-ferro de um misterioso argentino. Leiam a reportagem do Estadão deste domingo. É de estarrecer.

Por Leandro Colon:
O diretor de Operações dos Correios, coronel Eduardo Artur Rodrigues, que assumiu o cargo em 2 de agosto numa “reformulação administrativa” comandada pela ex-ministra-chefe Erenice Guerra, é testa de ferro do empresário argentino Alfonso Conrado Rey. Alfonso, que mora em Miami, é o verdadeiro dono da empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA).

Ex-coronel da Aeronáutica, Rodrigues faz parte de um grupo de executivos e advogados que tem uma rede de empresas de fachada espalhadas pelo Uruguai, EUA e Brasil. Eles movimentam dinheiro para um casal de laranjas brasileiros, como provam documentos do Banco Central e trabalham para fazer da MTA o embrião da empresa de logística e carga aérea que o governo Lula promete criar após as eleições. O negócio atiça os empresários porque os Correios pretendem comprar dessas empresas aéreas os aviões da nova estatal.

O Estado teve acesso e juntou documentos da Justiça e do Banco Central e da própria MTA que revelam o papel duplo do diretor dos Correios e ajudam a entender como a empresa já abocanhou R$ 60 milhões em contratos públicos. A MTA ganhou as manchetes nas últimas semanas por causa do tráfico de influência de Israel Guerra, filho da ministra Erenice, a seu favor. A ministra caiu na quinta-feira, depois de a revista Veja ter revelado que Israel intermediou junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a devolução da certificação de voo da MTA, que fora suspensa.

Os documentos mostram que o coronel Artur envolveu-se pessoalmente no esquema montado para a empresa MTA funcionar no Brasil. Era, inclusive, consultado sobre decisões a serem tomadas. A legislação brasileira é clara: o capital estrangeiro não pode superar 20% em empresas aéreas. Para viabilizar a MTA com recursos externos e driblar autoridades, foi criada, de 2005 para cá, a tal rede com pelo menos seis empresas de fachada com sede em apenas dois endereços: um em Campinas e outro em Montevidéu, no Uruguai.

Em outra ponta, sustenta o esquema um grupo de empresas com sede nos EUA, ligadas ao argentino Alfonso Conrado Rey. Ele é o dono do grupo norte-americano Centurion Cargo, que é quem movimenta o dinheiro e fornece os aviões da MTA.

Resumindo: é tudo a mesma coisa, e bancado com dinheiro externo. Quem aluga o avião para a MTA é o dono da MTA e quem “empresta” os dólares que chegam de fora é a própria empresa.

Dono oculto da MTA fora do Brasil, Alfonso Rey esteve em Brasília em para prestigiar a posse do coronel Artur como diretor de Operações dos Correios. Até pouco antes de assumir essa diretoria, o coronel dirigia a MTA no País. Agora, o diretor é o peruano Orestes Romero, mas, no papel, os ex-sogros da filha do diretor dos Correios, Tatiana Silva Blanco, são os donos, como “laranjas”. O “casal de Ipanema”, Anna Rosa Pepe Blanco Craddock e Jorge Augusto Dale Craddock, como é conhecida a dupla de “laranjas” da MTA, mora no Rio e não entende nada de transporte aéreo de carga.

O uso do casal como “laranja” fica evidente pelos documentos do BC, pois, além da MTA, são eles que “recebem” os empréstimos milionários, em dólares, remetidos do Uruguai para a MTA. Os papeis do BC, obtidos pelo Estado na sexta-feira, mostram como os dólares são movimentados. No mês passado, a MTA simulou empréstimo de US$ 2,5 milhões junto à Viameral Sociedad Anônima, com sede na Avenida 18 de Julho, 878, em Montevidéu, repetindo transações semelhantes ocorridas desde 2006, quando entraram pelo menos outros US$ 2 milhões. Só que essa empresa uruguaia não existe na prática. Sua filial no Brasil, a Viameral Participações, fica no mesmo endereço da MTA em Campinas. Na “sede”, em Montevidéu, funciona ainda a Deadulus Aviation Financing, matriz da “campineira” Deada Investimentos Ltda, outra companheira de sede da MTA.

Coincidentemente, no mesmo endereço uruguaio estão registradas a DC-Quatro Cargo S.A e a CD-Cinco Pax, que alugam os aviões para a MTA funcionar no Brasil. É o que revelam os contratos assinados no Uruguai e obtidos pela reportagem nos autos de um processo na Justiça brasileira. Segundo a Junta Comercial de São Paulo, os advogados da MTA, Marcos de Carvalho Pagliaro e Bruno Fagundes Vianna, são os procuradores das empresas de Campinas que não existem.

Além do peruano Orestes Romero, os negócios da MTA no Brasil são hoje dirigidos pelo advogado argentino Eduardo Galasio e o brasileiro Fernando Barbosa, amigo do diretor dos Correios. Todos são homens de confiança de Alfonso Rey.

Em e-mail enviado aos operadores da MTA no Brasil em 6 de abril, Galasio informa que já consultou o coronel Artur sobre possíveis mudanças na sociedade da MTA para que saia tudo planejado em nome da propriedade de Alfonso Rey. “Hoje falei com coronel Artur e confirmo que devemos efetuar tudo como havíamos planejado ou seja com todos os documentos que garantissem ao Alfonso a propriedade e o controle da MTA”, disse.

Então consultora da MTA, Tatiana, a filha do coronel Artur, é copiada na mensagem. Em outro e-mail, de 2 de março, ela é alertada sobre os documentos de possíveis mudanças no quadro societário, tratadas como “saída dos Craddock”.

Por Reinaldo Azevedo

Uma impressionante conversa de Erenice, então braço-direito de Dilma Rousseff

Abaixo, há uma conversa de Erenice Guerra com Silas Rondeau, então acusado de corrupção. O material foi publicado pela Folha Online. A reportagem é de Andreza Matais e Hudson Corrêa. É tudo, realmente, muito POUCO surpreendente — inclusive a confissão da então secretária-geral da Casa Civil: pensava em “ganhar dinheiro” quando deixasse o governo dedicando-se a defender acusados de corrupção. Na conversa, ela fala de um tal “Cardeal”. Ah, sim: notem a crítica ao Ministério Público e ao Judiciário. Volto depois.

*
A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra pretendia trabalhar como advogada quando saísse do governo e “ganhar dinheiro” apontando erros em processos contra investigados por corrupção. Foi o que ela confidenciou em conversa telefônica gravada, com autorização da Justiça, pela Polícia Federal no dia 14 de maio de 2008. Na época, Erenice ocupava o cargo de secretária-executiva da Casa Civil e era braço-direito da ministra Dilma Rousseff, hoje candidata à Presidência pelo PT.

O alvo da escuta era o interlocutor dela no diálogo, o ex-ministro das Minas e Energia Silas Rondeau, que havia sido exonerado do governo um ano antes, depois de a PF acusá-lo de receber propina dentro do gabinete. Em 2008, Rondeau era também investigado pela PF por suspeita de tráfico de influência num esquema com o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Por isso o telefone dele tinha sido grampeado.

Ouça a gravação

Na conversa interceptada pela polícia, porém, o ex-ministro tratava de uma terceira acusação: Rondeau havia sido denunciado pela Procuradoria da República ao Superior Tribunal de Justiça sob acusação de envolvimento em desvios de dinheiro de obras públicas.No telefonema, Erenice procurou acalmar Rondeau:
Isso [a denúncia] não se sustenta, Silas. Um dia eu ainda vou sair daqui e ganhar dinheiro com essas coisas fora, viu? Fica tranquilo, que acho que isso vai resolver fácil, porque não se sustenta de jeito nenhum.”

Em seguida, acrescentou:
“Eu fico completamente impressionada com a capacidade de instrução de inquérito falho que a polícia faz e a aceitação por parte do Ministério Público. É lamentável. Nós estamos vivendo uma disputa política e de politização do Judiciário, que é um negócio escandaloso”.

A ligação partiu dela e foi feita do seu então gabinete na Casa Civil.

Erenice disse que havia chegado a pensar no ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos para defender o ex-colega de governo. Mas aconselhou Rondeau a manter José Gerardo Grossi como seu advogado, e não usasse os escritórios que os demais acusados estavam acionando. “Acho o seu mais experiente”, afirmou Erenice.

DOSSIÊ
Quando a conversa ocorreu, Erenice enfrentava a acusação de ter elaborado na Casa Civil um dossiê sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso –documento que tinha como objetivo constranger a oposição e impedir a instalação da CPI dos Cartões Corporativos.

Posteriormente, a PF comprovou que a planilha de fato foi confeccionada dentro do Planalto e em formato atípico. A investigação, porém, ficou 15 meses suspensa e só foi retomada em março deste ano, com pedido de acareação e depoimentos do Ministério Público. A Folha tenta falar com Erenice desde o fim de semana passado, sem sucesso

Voltei
E Cardeal?
Relembro quem é ele recorrendo a uma biografia muito sintética escrita por Diogo Mainardi em uma coluna:

“Dilma Rousseff é associada a dois nomes. O primeiro nunca dependeu dela para fazer carreira, por isso tenho de calar o bico. O segundo - Valter Cardeal - é mais constrangedor. Em 2003, ele foi nomeado por Dilma Rousseff para a diretoria da Eletrobrás. No mesmo período, tornou-se presidente do conselho da CGTEE e da Eletronorte. Em 2006, ganhou o cargo de presidente da Eletrobrás. Sempre na esteira de Dilma Rousseff. No ano seguinte, foi acusado de envolvimento com o esquema de propinas da Gautama, depois de ser grampeado pela PF. Sim: ele foi grampeado. Sim: pela PF.”

Encerro
Vocês viram que a braço-direito de Dilma não gosta da atuação do Ministério Público e da Justiça. Pois é… Certamente “eles” tentarão dar um jeito nisso se obtiverem sucesso nas urnas.

Por Reinaldo Azevedo

A negativa de Temporão

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, negou, em princípio, que haja qualquer irregularidade na compra do Tamiflu, aquela que rendeu a dinheirama — “Caraca! Que dinheiro é esse?” A VEJA já havia publicado a negativa na reportagem. Mesmo assim, o ministro pediu para a Polícia Federal investigar a denúncia.

Pois é… Às vezes, a investigação da Polícia Federal anda; às vezes, não anda. Falarei a respeito mais tarde. A VEJA desta semana traz uma reportagem muito reveladora sobre esse assunto também.  Aliás, as três edições recentes, que chamo “A Trilogia do Polvo”, têm de ser guardadas e protegidas como documento histórico. O Brasil, com freqüência, terá de voltar a essas revistas.

Voltemos a Temporão. Em primeiro lugar, é evidente que cabe ao ministro fazer o óbvio: negar as irregularidades. Com efeito, o Ministério é quem decide. Mais: as circunstâncias justificam a compra sem licitação. No melhor dos mundos, onde as leis funcionam e onde os governos seguem o padrão da moralidade, da impessoalidade e da eficiência, as coisas se dão assim mesmo.

Ocorre que a ministra Erenice Guerra não caiu por causa dessas virtudes, não é mesmo? Temporão sabe que a Casa Civil tem seus, como posso chamar?, “braços” no Ministério da Saúde — e em todos os outros. Na Anvisa, por exemplo, aboletam-se mil e poucos petistas. Temporão sabe que é verdade.

Como se explica a “interferência” da Casa Civil nos Correios? Ou na Anac? Ou nas empresas sob o controle do Ministério das Minas e Energia? Ou no Ministério das Comunicações? Então vamos ficar assim:
- A dinheirama “Caraca!” circulou na Casa Civil;
- entrou como prêmio pela operação Tamiflu;
- Temporão nega a interferência da Casa Civil na compra, mas pede investigação da PF.

Recomendo prudência ao ministro — a sua entrevista até que foi moderada. A razão é simples, não é, doutor Temporão? A matéria da VEJA, segundo o governo, era “factóide”; a da Folha era “coisa de bandido”. Faz uma semana hoje que a revista revelou o esquema que operava na Casa Civil. Erenice acordou naquele sábado como um dos indivíduos mais poderosos da República e hoje é uma ex-ministra que tem de explicar o inexplicável.

Por Reinaldo Azevedo

A fala que fica bem na boca dos tiranos

Queridos, há uma avalanche de comentários. Vocês terão de ter um pouquinho de paciência. Adiante. No comício em Campinas, Lula demonstrou a sua vocação para tirano. Na madrugada, escreverei com mais vagar sobre o seu particularíssimo entendimento de democracia, compartilhado pela corriola.
“Eu queria pedir para você Dilma e para você Mercadante, não percam o bom humor, deixa eu perder. Eu já ganhei. Se mantenham tranquilo porque outra vez nós não vamos derrotar apenas os nossos adversários tucanos, nós vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partido político e não tem coragem de dizer que têm partidos políticos, que tem candidatos que não tem coragem de dizer que candidatos, que não são democratas e pensam que são democratas. Democrata é este governo que permite que eles batam.”

Por Reinaldo Azevedo

Sempre que o presidente do PT fala, a lógica se espanta

Num comício em Campinas, interior de São Paulo, o presidente do PT, José Eduardo Dutra,  afirmou, referindo-se à oposição:
“[são] falsos defensores da liberdade que acusam o senhor [Lula] de governar em cima de palanques, mas eles sentem falta dos que governavam em cima de tanques”.

Bobalhão! Zé Mané!

As pessoas que estão hoje na oposição ajudaram a construir a democracia mais do que as que estão na situação. O partido do sr. Dutra votou contra Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, expulsou os três deputados do partido que votaram a favor e se saiu com a desculpa de que só aceitava eleições diretas.

Vamos ser claros, não? A disputa era entre Paulo Maluf e Tancredo Neves. E o PT decidiu se abster. Verdade ou mentira?

“Ah, mas o sindicalista Lula foi importante para fraturar o regime…” Nunca ninguém lhe negou o seu papel, mas a democracia que temos foi fruto dos que investiram na reconstrução das instituições. Eleito deputado, a sua única grande obra foi acusar a existência de 300 picaretas no Congresso. Os comícios das diretas, que tornaram popular a causa, foram obra de governadores da oposição — que não eram do PT.

Bem, então poderíamos comparar biografias: a de Dilma, candidata do PT, e a de Serra, da oposição. Dilma, militante comunista, queria ditadura, não democracia. Se era contra os tanques no Brasil, era a favor dos tanques na União Soviética, em Cuba e onde mais se espalhasse o horror. E, como nunca fez um mea-culpa, deixa claro que considera ter feito o certo até hoje.

Dutra foi além:
“Estão tentando construir uma farsa para impedir o que o povo brasileiro já decidiu. Não adianta farsa, nem armação. Não adianta produzir manchetes contra nós”.

Produzir manchetes? Quer dizer que manchetes derrubam a ministra mais poderosa do governo? Foram as manchetes que empregaram toda a família de Erenice no governo? Foram as manchetes que fizeram brotar dinheiro vivo na Casa Civil?

Segundo a Folha Online, Dutra ainda chamou de “cabra” o consultor Rubnei Quícoli  — que acusa o filho da ex-ministra Erenice Guerra, Israel, de cobrar propina para viabilizar negócios no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) — e disse que é de ficar indignado que se dê crédito para alguém que já respondeu por crimes diversos.

Epa! A ficha criminal de Quícoli é ao menos conhecida. A de Dilma foi trancada num cofre. Quem abriu as portas do palácio a alguém com aquela ficha? Certamente candidatos a ter uma folha corrida maior do que a dele, por crimes mais graves. E só para lembrar: Dilma não foi presa porque brincava com bonecas. Brincava com armas. Pertenceu a movimentos terroristas que mataram inocentes. A hipocrisia brasileira, inclusive de setores da imprensa, poupa-a de sua história,  relevando só a heroína torturada — e é um absurdo que o tenha sido. Mas essa ferida o país curou, mandando torturadores para a lata do lixo moral. Ficamos com a indecência da glorificação do terror.

Chegou a hora da absoluta clareza com essa gente. Não, senhor Dutra! Quem gostava de ditadura é a sua candidata, que tem uma ficha criminal que inspira mais cuidados do que a de Quícoli. A razão é simples: ela pode ser presidente da República, ele não.

Algum petralha vê falha lógica aí? Não adiante me xingar. Isso, qualquer vagabundo faz. O meu desafio é que me contestem, Dutra inclusive. Mas ele não pode. Porque sua língua é solta para ofender, mas presa para argumentar. Aguardo contestação, vamos lá:
- provem que o PT construiu a democracia mais do que o PSDB ou outros oposicionistas à época;
- provem que Dilma sempre quis democracia;
- evidenciem que sua ficha criminal a habilita como notável democrata;
- neguem que ela tenha participado de movimentos que mataram inocentes e que tentaram infundir o pânico na sociedade como estratégia de luta política - eu chamo isso de terrorismo.

O PT poderia ganhar a eleição com 99,9999% (eu seria essa coisinha qualquer que faltaria pra os 100%), e o que escrevo aqui não seria menos verdadeiro.

Por Reinaldo Azevedo

Pois é… Reportagem da VEJA que os petistas chamam “mentirosa” já havia derrubado ministra e dois assessores; agora cai mais um! Nunca antes nestepaiz uma “mentira” pôde tanto, né?

Lembram-se daquela reportagem da VEJA da semana passada, chamada de “mentirosa” e “caluniosa” pelos petistas? Pois é… Ela “mentiu” tanto, mas tanto!, que já caíram a ministra mais poderosa do governo e dois assessores da Casa Civil. Mais um se vai agora, o diretor de Operações do Correio, que também é testa-de-ferro da MTA, empresa em favor da qual, mediante um pagamento generoso, agiu Israel Guerra, filho de Erenice. Vocês sabem, né? Reportagens mentirosas contumam derrubar, assim, as pessoas em penca, feito moscas… Leiam o que informa a Folha Online. No fim, faço uma pequena observação:

Envolvido no caso Erenice, diretor dos Correios pede demissão

O coronel Eduardo Artur Rodrigues Silva disse que vai apresentar sua carta de demissão do cargo de diretor de Operações dos Correios nesta segunda-feira. O coronel tinha ligações com a empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA), pivô da crise que derrubou a ex-ministra Erenice Guerra, e estaria atuando para transformar a MTA na empresa de carga aérea oficial dos Correios após as eleições. Silva seria ainda o testa de ferro do empresário argentino Alfonso Rey, dono da MTA. O coronel presidiu a empresa até assumir a diretoria da estatal.

“Peço demissão porque não aguento mais tanta pressão, tanta mentira. Tudo isso está destruindo minha vida e minha família”, afirmou Silva. Ele admitiu conhecer o empresário argentino, mas negou qualquer irregularidade. “Quero que mostrem provas, estou pronto para responder a qualquer investigação”, disse ele.

Origem
A crise na Casa Civil começou com uma negociação envolvendo a MTA (Master Top Airlines) e os Correios. Os planos envolviam a compra da empresa aérea pela estatal. Isso seria possível com a edição de uma medida provisória que transformaria os Correios em uma sociedade anônima, abrindo a possibilidade à empresa pública de ter participação acionária em outras companhias ou criar a sua própria transportadora aérea de cargas.

Vinte dias depois da posse de Silva, a MTA arrematou o contrato de uma das principais linhas dos Correios, a que opera o trecho Manaus-Brasília-São Paulo, com um lance de R$ 44,9 milhões. A entrada do ex-presidente da MTA na diretoria dos Correios fez ressuscitar os planos então enterrados de aquisição, pela estatal, de uma empresa aérea –no caso a própria MTA.

Comento
Ah, sim: os petistas chamam de “mentirosa” também a reportagem desta semana. Compreendo. Lula diz até que o mensalão não existiu e que tudo não passou de uma tramóia golpista do PSDB. Este blog apurou que ele está escrevendo um livro em que contesta os fundamentos da Lei da Gravidade.

Por Reinaldo Azevedo

ANJ e OAB reagem a ataque do presidente

Registro aqui com certo atraso, mas lá vai. Na Folha Online:
A ANJ (Associação Nacional dos Jornais) e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) reagiram aos ataques feitos pelo presidente Lula à imprensa neste sábado.

Em nota, a ANJ disse ser “preocupante” que o presidente manifeste desconhecimento em relação ao papel da imprensa em sociedades democráticas.

“O papel da imprensa, convém recordar, é o de levar à sociedade toda informação, opinião e crítica que contribua para as opções informadas dos cidadãos, mesmo aquelas que desagradem os governantes”, declarou a associação na nota.

“Ele [Lula] jamais criticou o trabalho jornalístico quando as informações tinham implicações negativas para seus opositores”, ressaltou a ANJ.

O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, também criticou o teor do discurso de Lula. “Esse é um país onde a imprensa é livre. Denúncias sempre existiram, hoje e antes, quando o presidente estava na oposição”, afirmou.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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