Bingo! O Código Florestal deve ser a saída de emergência de Marina

Publicado em 07/10/2010 19:18 e atualizado em 08/10/2010 06:13

Bingo! O Código Florestal deve ser a saída de emergência de Marina

Leiam o que informa Daiene Cardoso, no Estadão Online. Comento em seguida:
“Noiva” mais cobiçada do segundo turno da sucessão presidencial, a senadora Marina Silva (PV-AC) sinalizou hoje, três dias após o primeiro turno, que não abrirá mão de pelo menos dois pontos para negociar um possível apoio a Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB): propostas concretas para melhorar a educação no País e a posição dos seus ex-adversários sobre a proposta do novo Código Florestal.

Em entrevista coletiva realizada na tarde de hoje, em São Paulo, Marina disse que as discussões sobre um possível apoio no segundo turno serão baseados em propostas - já que nem Dilma nem Serra apresentaram uma plataforma de governo até agora - e rechaçou a possibilidade de negociação em torno de cargos. “É preciso traduzir isso (preocupação com educação e meio ambiente) não só em números e palavras de ordem”, disse. “Não basta ser algo declaratório.”

Segundo Marina, o PV - que vai preparar amanhã um documento com dez propostas que serão encaminhadas ao PT e ao PSDB - não tem a pretensão de que os candidatos assumam um compromisso com todas as suas propostas. “Vamos ver como é que os compromissos serão internalizados (nas plataformas de Dilma e Serra)”, afirmou. Ela lamentou que a petista e o tucano não tenham se posicionado sobre o Código Florestal no primeiro turno. “O que foi um retrocesso, no meu entendimento.”

Marina disse que, durante o debate interno sobre a posição do partido no segundo turno, o que tem prevalecido é a preocupação de como atender às expectativas e provar estar à altura dos 20 milhões de votos dados à candidatura verde. “O que pesa para mim é a responsabilidade”, admitiu.

Ela destacou que neste momento o mais importante é entender o recado das urnas. “Há um recado sendo dado que precisa ser aprendido”, disse, referindo-se à posição contrária de seus eleitores ao que vem chamando de “velha política” e à derrota dos senadores tucanos Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgílio (AM).

Para Marina, além de corresponder aos seus simpatizantes, o PV está tendo a oportunidade agora de falar aos mais de “100 milhões de eleitores”. Ela evitou comentar às recentes declarações de Serra de que sempre defendeu a causa ambientalista. “A sociedade vai olhar para atitudes e posturas. Não posso julgar”, desconversou.

”Coração sangrando”
Ao recordar sua saída do PT em “nome de seus valores” e comentar sua ligação pessoal com ex-colegas do partido, Marina segurou as lágrimas e se emocionou, admitindo que falava com o “coração sangrando”. “O coração está tranquilo”, disse, se recompondo em seguida. Ela reforçou que sua ligação com o PT não influirá na decisão que tomará nos próximos dias. “O que vai pesar para mim são os compromissos com a nova postura.”

Marina voltou a admitir que poderá, ao final do processo de discussão interna no PV, discordar de seu partido. “Espero que eu possa convergir com o partido.”

De acordo com ela, o processo eleitoral mostra que a sociedade amadureceu porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (detentor de 80% de aprovação popular) “não conseguiu fazer com que sua candidata fosse eleita no primeiro turno” e o segundo colocado só foi para o segundo turno graças aos eleitores do PV. “(O segundo turno) é uma bênção, é uma aprendizagem.”

Ela lembrou que no sábado, um dia antes do primeiro turno, visitou cinco Estados e se esforçou ao máximo para chegar ao segundo turno. “Eu lutei até o final”, comentou, em tom melancólico.

Comento
Pois é… No dia 4, escrevi:
“Como obteve um resultado bastante expressivo nas urnas, Marina pode tentar vender muito caro o seu apoio. Durante os debates, ela tentou arrancar dos demais candidatos o comprometimento, por exemplo, com o tal Código Florestal, cuja aplicação seria desastrosa para a agricultura do país. Marina tentará impor a sua agenda como se tivesse sido ela a passar para o segundo turno? Se caminhar por aí, as coisas se complicam bem. Vamos ver.”

Ainda no dia 3, naqueles comentários gravados para a VEJA Online, afirmei que Marina tentaria impor o seu Código Florestal como condição para declarar o apoio a alguém. É uma forma de encontrar uma boa explicação para não apoiar ninguém. No que lhe concerne, acho que seria um erro histórico. Mas não serei eu a dar conselhos a Marina, certo? Ela parece tão à frente deste vale de atrasados em que estamos todos nós…

Por Reinaldo Azevedo

Lula dá os votos de Marina como favas contadas. Ou: Baixarias do passado e do presente

Lobo pode mudar de pêlo, mas não de vício. Leiam esta. Volto em seguida:

Por Cirilo Junior, na Folha Online:
Lula diz que boa parte dos votos de Marina irá para Dilma

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira acreditar que boa parte dos votos dados à candidata derrotada do PV, Marina Silva, serão transferidos para Dilma Rousseff (PT) no segundo. Para Lula, os eleitores deixaram claro que querem uma mulher na presidência da República, pelo fato de que Dilma e Marina, somadas, tiveram 67% dos votos válidos. “Como se tem uma mulher e um homem no segundo turno, subentende-se que a mulher possa levar uma vantagem.”

Ele elogiou Marina, a quem se referiu como uma “companheira extraordinária”, e disse entender que a senadora ainda vai demorar um tempo para tomar posição em relação ao segundo turno. “Convidei a Marina para ser minha ministra, e ela saiu quando quis. Entendi isso, assim como entendi quando ela quis sair do PT”, afirmou, após participar da expansão do Cenpes (Centro de Pesquisas da Petrobras). Lula, no entanto, não mencionou se vai pedir o apoio de Marina.

Sobre a polêmica sobre a posição de Dilma em relação ao aborto, Lula disse que é comum haver jogo sujo na reta final de campanha. “Sofri isso em 89, o submundo da política é assim”, observou, ao lembrar das acusações feitas pelo então adversário Fernando Collor, de que teria proposto um aborto para uma antiga namorada. Lula reiterou que Dilma é contrária ao aborto, e ressaltou que essa posição ficará ainda mais explicitada na campanha.

Questionado sobre a intenção de o PSDB expor o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula disse apoiar a medida. Para ele, isso vai servir para que haja uma comparação entre seu governo e o de FHC, neste segundo turno. O presidente disse que pretende participar ativamente da campanha de Dilma, e que o segundo turno é positivo para a consolidação das propostas.

“Acho ótimo [ter segundo turno]. Estou comemorando. Agora no domingo vai ter o primeiro debate, depois tem carreatas e comícios. E pretendo participar de muita coisa nessa campanha”. Lembrou ainda que participou de três disputas no segundo turno, e que essa fase da campanha permite que as posições fiquem mais claras.

“Agradeço por duas coisas na minha carreira: não ter ganho (sic) em 1989 e ter ido para o segundo turno em 2006. Se ganho no primeiro turno, com 51% dos votos, sempre ia ter uma contestação. Foi importante ir para o segundo turno e ter uma maioria mais expressiva”.

Comento
Bem, se é assim como Lula diz, então não há por que disputar o apoio de Marina, não é mesmo? Eu não sabia, e ninguém sabia, que havíamos tido uma eleição de gênero no Brasil. Teria havido um plebiscito: “Queremos uma mulher na Presidência”.

Eu não sei o que o repórter Cirilo Junior quis dizer com “a intenção de o PSDB expor o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (…)”. Certamente não significa que os tucanos cairão no truque óbvio de Lula de fazer apenas uma disputa sobre o passado. Não que tivessem motivos para se envergonhar: é que a memória daquele governo já vai um tanto longe, distorcida por oito anos da antipropaganda petista e suas mistificações.

Não! A disputa continua a ser entre Serra e Dilma, CADA UM DELES, SIM, COM O SEU PASSADO E AS ESCOLHAS QUE FIZERAM AO LONGO DA VIDA. E, igualmente, os tucanos não podem deixar os petistas se tornarem os donos da narrativa sobre o seu passado. Dá para fazer um confronto bem emocionante.

Quanto à sua frase sobre 1989… Ai, ai, ai…  Certa feita escrevi que, naquele ano, dos males, deu-se o menor. Foi uma gritaria danada! “Olhem o Reinaldo elogiando o Collor!!!” Eu não! Ele até me processou uma vez. Ganhei. Só estava afirmando que, naquele  caso (votei no Doutor Ulysses), o destrambelhado ainda era menos perigoso para o país do que o abestado socialista. Fez o que fez e caiu. Brecar o “socialismo” de Lula, então, teria custado bem mais caro. E vejam que curioso: ele concorda!

Quanto a essa história da baixaria de que foi vítima… Pois é. O vídeo abaixo fala por si mesmo. Está na internet faz algum tempo. Não fui eu que montei, não. A colagem das falas e dos fatos é bastante pertinente.

Dilma não pode ficar fugindo do embate religioso como o diabo foge da Cruz, ué!

Leiam o que informa Gabriela Guerreiro na Folha Online. Volto em seguida:

Temer grava participação em TV Evangélica manifestando posição contrária ao aborto

O candidato a vice-presidente da República na chapa de Dilma Rousseff (PT), o deputado Michel Temer (PMDB), gravou nesta quinta-feira participação na TV Evangélica Gênesis, da Igreja Sara Nossa Terra, manifestando posição contrária ao aborto. Em meio à polêmica sobre o tema na corrida presidencial, Temer disse que, como o Estado brasileiro é laico (sem vínculo religioso), o presidente eleito no dia 31 de outubro deve governar para todos, sem divisões religiosas.

“Eu acho muito grave que se coloque a questão da fé com a questão do Estado. Que vença o melhor, mas o melhor para o país. A Dilma não vai ser presidente de evangélicos ou de católicos; vai ser presidente do Brasil. Portanto, de todas as confissões, de todos os setores sociais. Acho inadequado você misturar religião com Estado, até porque o Estado é laico.”

Temer gravou depoimento a pedido do deputado Rodovalho (PP-DF), que é bispo da Igreja Sara Nossa Terra. O bispo já declarou formalmente apoio à candidatura de Dilma, mesmo depois de críticas à candidata por setores evangélicos sobre a posição do PT favorável ao aborto.

O peemedebista disse que conversou por telefone com o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) - eleito no último deputado federal com quase 700 mil votos no Rio. A campanha de Dilma busca o apoio do novo deputado, evangélico, especialmente depois de sua expressiva votação.

“Eu acho que ele pode ajudar com os 700 mil votos que ele conquistou no Rio. Nem sei se eram evangélicos ou não. Mas foi uma votação significativa que pode ajudar na obtenção de votos”, disse Temer.

Sem bater no principal adversário de Dilma, José Serra (PSDB), o peemedebista disse acreditar que a oposição tenha iniciado a discussão sobre o aborto para tirar votos da petista. “É muito provável, não quero falar dos objetivos da oposição. Eu falo como brasileiro, como alguém que verifica a gravidade de confundir política com religião. Nos Estados em que isso acontece não é útil para o Estado. A Dilma já declarou, e eu declarei que sou contra. Acho que tem que manter o sistema legal vigente.”

Comento
Vejam que coisa esquisita. O comando do PT terceirizou o embate religioso. Ora manda o neolulista Gabriel Chalita, deputado eleito pelo PSB, dar entrevista, ora manda Michel Temer, o peemedebista candidato a vice… Nem mesmo um petista, ainda que não Dilma, parece ter autoridade para fazer esse embate. A candidata foge da questão como o diabo foge da cruz! Isso é só uma metáfora, hein? Os petralhas logo vão dizer que estou sugerindo associações com satanismo ou sei lá o quê! Até as metáforas estão hoje em dia sob forte policiamento.

Ontem, indagada a respeito da questão, Dilma virou as costas e não respondeu. Obedecia a instruções de Sérgio Cabral, governador reeleito do Rio, convertido em marqueteiro, que lhe soprava ao ouvido o que fazer e dizer.

Não entendi a intervenção de Temer — ou melhor, entendi, mas é esquisita. Não se trata de um embate entre várias religiões ou denominações cristãs, não! Não se trata de uma guerra entre católicos e evangélicos. O que aconteceu é que setores majoritários das várias igrejas cristãs demonstraram seu inconformismo com as opiniões de Dilma sobre o aborto, expressas de forma inequívoca em entrevistas, de viva-voz, sem ambigüidade. Até agora, ela também não disse: “Sou contra a descriminação do aborto e, se eleita, lutarei contra, ainda que alguém apresente a proposta ao Congresso”.

Como fazê-lo? O busílis é esse. Não há como. Porque há os testemunhos da própria candidata.

Quanto a Garotinho, parece que Temer, político experiente, deixou que percebêssemos mais do que estava determinado a mostrar. A forma como se refere ao deputado eleito — cuja eleição ainda está sub judice — deixa claro qual dos lados da disputa tem uma relação, digamos, meramente instrumental com a religião.

Temer também não precisa temer (ops!) pela laicismo do estado. Ninguém está propondo uma teocracia. O aborto é tema político em qualquer democracia do mundo. O jogo é o seguinte: os políticos falam o que pensam. E o eleitorado também. Quem, como Dilma, defendia até o ano passado a descriminação do aborto tem todo o direito de se manifestar e de tentar convencer os brasileiros. O que não pode — sem que tal postura seja denunciada — é atuar num sentido e afirmar ao leitor que atua no sentido contrário.

Parece que Temer tem andado meio longe das igrejas e dos assuntos de Deus. Que eu saiba, nenhuma delas quer ser estado, quer ditar as leis. Os cristãos se organizam para interferir no processo eleitoral, como fazem os sem-isso e sem-aquilo, os trabalhadores, os empresários, os movimentos sociais etc. Ou será que eles deveriam se calar? É o tipo de pensamento que a gente combate com água benta.

Por Reinaldo Azevedo
Franklin , este incansável defensor do “controle da mídia”; o homem do “antiprojeto (!) da liberdade de imprensa”!

Há um texto no Estadão Online sobre Franklin Martins que tem algumas graças involuntárias. Leiam, com atenção aos negritos. Volto em seguida:

“Imprensa é livre, o que não quer dizer que é boa”, diz Franklin


O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, acredita que é “ideologização” dizer que a proposta de regulação da mídia é um atentado à liberdade de imprensa. “Neste governo, publica-se o que quiser. A imprensa é livre, o que não quer dizer que é boa”, afirmou em Londres.

Ele está na Europa para colher experiências para as novas regras do setor e convidar entidades estrangeiras para participar do seminário sobre meios eletrônicos a ser realizado no Brasil no próximo mês. Segundo o ministro, o governo quer apresentar um anti-projeto de regulação da mídia entre o final de novembro e o início de dezembro.

Caberá ao próximo presidente decidir se a proposta será mantida ou não. O ministro, que não quis comentar sobre o processo eleitoral no Brasil, afirmou que deixará o cargo no final do ano.

Martins acredita que o processo de convergência das mídias e a chegada de novas tecnologias impõem a necessidade de regras atualizadas para o setor, tema que afeta o mundo todo, não apenas o Brasil. As normas nacionais em vigor foram criadas em 1962, quando não existiam a TV a cores nem o satélite.

Sem a regulação, o setor vira “terra de ninguém”, avalia. O ministro cita que a radiodifusão faturou R$ 13 bilhões no País em 2009, enquanto a área de telefonia obteve receitas de R$ 180 bilhões. “As empresas de radiodifusão serão atropeladas”, disse o ministro, ao defender mais regras para quem tem maior poder de mercado e um “olhar específico” para a radiodifusão, que cumpre papel social no Brasil.

Para ele, o primeiro nó a desatar é “fazer as pessoas entenderem que a regulação faz bem para todo mundo”. Martins citou países como a Inglaterra e os Estados Unidos, onde o setor é regulado e a imprensa é livre. “Nos EUA é assim, e ninguém achou que a liberdade de expressão estava em risco.

A idéia é que a fiscalização da mídia fique por conta de agência reguladora. Na Europa, existem experiências com agências para normatizar o espectro, como a Anatel, e o conteúdo da mídia. “Entendendo conteúdo não enquanto censura, mas é dizer o seguinte: tem que ter produção regional, produção independente, produção nacional, tem que ter certas regras de equilíbrio.”

O ministro descartou a existência de um “tribunal da mídia” para tratar de conteúdo da imprensa e chamou a ideia de “ficção”, além de falar em “paranoia” dos jornais sobre o projeto do governo. Ele disse que é favorável à auto-regulação do setor, mas avalia que isso só pode acontecer se houver regras estabelecidas para o segmento. Segundo Martins, não está na pauta a alteração do limite de participação do capital estrangeiros nas empresas do setor.

Ele contou que entidades da França, Espanha, Portugal e Estados Unidos já aceitaram convite para o seminário marcado para os dias 9 e 10 de novembro, em Brasília. O ministro acredita que as empresas de comunicação aceitarão participar desta vez, ao contrário do evento realizado pelo governo há dez meses, porque “amadureceram”. Depois de passar por Londres, amanhã (8) o ministro estará em Bruxelas.

Comento
Vamos lá. Há um erro engraçado no texto. Naturalmente, Franklin pretende apresentar um “anteprojeto”, com “e”, aquilo que antecede o projeto, que vem antes, que será ainda um projeto.  Mas o erro faz todo sentido: sempre que este ex-militante do MR-8, que gargalha ainda hoje quando trata da possibilidade de matar um refém seqüestrado, fala de liberdade de imprensa, ele está pensando mesmo é num “antiprojeto da liberdade” ou num “projeto antiliberdade”.

O “antiprojeto” de Franklin é formulado com base das propostas liberticidas da Confecom, aquela que aprovou o “controle social dos meios de comunicação”. O ministro da Verdade pretende emprestar roupagem técnica à sua cascata autoritária, como se estivesse preocupado apenas com a normatização do setor. E daí que alguns marcos sejam do tempo em que não havia TV “em” (e não “a”) cores”? O que isso tem a ver com a questão essencial? Nada!

Franklin gostaria de ter os EUA ou a Europa como referência? Pois é… “Normatizar o espectro”, que é uma questão de natureza técnica, nada tem a ver com o conteúdo — que foi o que se debateu na conferência feita pelo companheiro. O órgão regulador americano, a FCC (Comissão Federal de Comunicação), já multou uma emissora porque uma cantora mostrou o seio num programa… Mas a simples sugestão de que se possa ameaçar a Primeira Emenda, a que garante a liberdade de expressão, é impensável. Há leis para reparar e punir excessos. Não se usa a ameaça da cassação da concessão para tentar resolver divergências.

O tal “espectro” tem limitações; não dá para cada um chegar e ir abrindo a sua TV, como se podem abrir cafés, supermercados, quitandas, firmando-se o mais competente. O fato de a radiodifusão ter de ser uma concessão não implica que o governo, depois, possa meter o nariz na programação com base na premissa de que “é uma concessão”. Os EUA são o exemplo? Vá ver se algum banana, por lá, ameaça a Fox News mesmo quando as suas críticas a Obama podem resvalar na histeria ou quando a babação da CNN resvala na sabujice. O estado, como concessionário, não tenta regular a opinião de ninguém.

Quanta à suposta “paranóia” dos meios de comunicação, dizer o quê? Eis aí Franklin Martins, tentando “naturalizar” um debate cuja raiz é essencialmente autoritária: o inconformismo do governo com a liberdade de expressão. Se nada pode fazer — não numa democracia — contra revistas e jornais, tenta ameaçar as emissoras de rádio e TV com o fantasma de um ente estatal que as mantenha na rédea curta.E que se acrescente: não há país do mundo em que o governo federal - juntando estatais e administração propriamente - seja o maior anunciante do país; a soma, aliás, deve fazer deste ente pantagruélico o maior anunciante do mundo. Isso, sim, requer regulação e controle.

Por Reinaldo Azevedo

ABORTO OU ERENICE? ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE IMPRENSA. OU: “É O JORNALISMO, IDIOTA!”

Eis um post que é de interesse geral; mas ouso dizer que interessa especialmente aos jornalistas e ao jornalismo.
*
Vou reproduzir aqui, em azul, um pequeno post que escrevi no domingo, quando ficou claro que haveria segundo turno. Leiam ou releiam com bastante atenção. Volto em seguida.
Como não cansei de escrever aqui, eu nunca soube se iria haver segundo turno ou não; continuo a não saber quem vai vencer as eleições presidenciais. “Eles” sempre souberam, não é mesmo? Eles sempre estiveram convictos de tudo.
Depois escreverei com mais vagar a respeito disso tudo, mas os arquivos estão por aí: as previsões dos “especialistas” falavam em até 20 pontos de vantagem para Dilma. Institutos de pesquisa chegaram a se comportar como verdadeiras quadrilhas.
“Violação de sigilo não tem importância”, dizia um. “Erenice não muda nada”, dizia outro. Agora, muitos estão em busca de uma desculpa: os evangélicos e a opinião de Dilma sobre o aborto teriam definido o segundo turno… Talvez fosse mais prudente admitir: erramos.
Aqui e ali, as pesquisas acertaram. Na média, houve um naufrágio. É preciso pensar sobre as causas. Teremos tempo de falar sobre essas coisas todas. O fato é: “eles” erraram.

Voltei
Eu levo uma ligeira vantagem em relação a alguns coleguinhas — não a todos, mas a alguns: tenho memória. Quem inventou a pauta “religião-voto-aborto” foi o PT. No dia 23 de agosto, Dilma lançou a ridícula “Carta ao Povo de Deus”, onde se podia ler o seguinte:
Cabe ao Congresso Nacional a função básica de encontrar o ponto de equilíbrio nas posições que envolvam valores éticos e fundamentais, muitas vezes contraditórios, como aborto, formação familiar, uniões estáveis e outros temas relevantes, tanto para as minorias como para toda sociedade brasileira”.

Vale dizer: ela supostamente não pensava nada a respeito; o Congresso que decidisse. Mas todos, na imprensa, sabiam que ela já havia se posicionado sobre o tema. Silêncio!!! Não sei se fui o único, mas certamente terei sido dos poucos, a lembrar o que ela de fato pensava sobre o aborto. A “polêmica” não havia se instalado ainda. Com a perspectiva de ser eleita e de ter uma maioria folgada no Congresso, os religiosos — que alguns ateus crêem menos inteligentes do que seu pares — somaram dois mais dois e chegaram à legalização do aborto. Conta simples, de somar apenas.

Escândalos
Já se vivia em meio às evidências de violação de sigilo. O escândalo Erenice viria logo em seguida, com um caso gravíssimo denunciado pela VEJA e outro, logo depois, pela Folha. E os “analistas” não se fartavam: “Não muda nada! O eleitor não quer saber disso!” Houve até um que desenvolveu o gênero “lirismo existencialista de boteco”. Estava numa birosca, onde se vende a comida baratinha que os “ruralistas” combatidos pelo MST, cujo boné Dilma põe na cabeça, produzem. Dizia ele que o Jornal Nacional noticiava os escândalos, mas ninguém ali dava bola — com a exceção, entendi, dele próprio. Não sei se alcancei o texto em sua extensão, mas me parecia que se dizia ali que o jornalismo investigativo, quando o PT era o investigado, tornava-se irrelevante. Como é mesmo o clichê? “É a economia, idiota!” — uma crença bem diferente da deste escriba, que dirá sempre: “É a política, idiota!”

Justiça se faça, o próprio Datafolha chegou a detectar uma certa mudança de humor do eleitorado, embora eu tenha a impressão de que não acreditou no próprio taco. Mas os “analistas” não se davam por vencidos porque a realidade contestava a doxa a que quase todos haviam se agarrado, com algumas exceções: para não lembrar a prata da casa, cito  a excelente Dora Kramer, no Estadão, que nunca entrou na onda. A que atribuir a mudança de “última hora”? Aos escândalos? Não! Afinal, a sociedade dos consumidores não daria bola para isso!

Surgiu, então, a hipótese da migração do voto evangélico, uma tese que contentava o PT — porque, afinal, o partido prefere que não se fale de seu estoque moral — e também os “analistas” e “especialistas em pesquisa”, que haviam assegurado a vitória de Dilma no primeiro turno, com contas até bem precisas: oito ou nove milhões teriam de mudar seu voto em uma semana ou sei lá o quê, coisa que davam como impossível.

Assim, o voto evangélico entrou como uma espécie de fator exógeno, “artificial” (como diz o pró-legalização do aborto José Eduardo Cardozo), a forçar uma mudança de posição do eleitorado. Poucos perceberam que se estava diante de um grande movimento de autojustificação, que poderia ser sintetizado assim: “Nós estávamos certos! Nem Receita nem Erenice! O jornalismo continua irrelevante. A mudança que está aí foi decidida pelos evangélicos”.

Isso é tão verdadeiro que o Datafolha, justamente o instituto que detectou a mudança de humor do eleitorado, jogou fora o seu próprio achado para se fixar nessa hipótese, registrando no TSE uma pesquisa eleitoral como nunca se fez na história destepaiz: não quer saber apenas em quem o brasileiro vai votar, não; pergunta também se o faz sob a influência de alguma confissão religiosa — e quer saber de qual: docemente inquisitorial; involuntariamente persecutório.

Tiro pela culatra
O PT está acostumado a sair como vítima das situações em que é originalmente algoz. Pegue-se o caso exemplar da Receita. A partir de um certo momento, era o tucano José Serra quem se via na contingência de responder se não estaria fazendo baixa exploração política do episódio; de vítima, passava a culpado! Um escândalo ético que entrará para os anais do jornalismo.

No caso do aborto e do voto evangélico, o partido mobilizou suas franjas na imprensa — as voluntárias e as involuntárias — para criar a onda: “Socorro! Estamos sendo vítimas de um ataque dos reacionários, os obscurantistas! Ajudem-nos!” Durante um bom tempo, a esmagadora maioria da imprensa referia-se à opinião de Dilma, favorável à legalização do aborto, como “boato”, como se não tivesse concedido entrevistas a respeito; como se a própria Carta ao Povo de Deus não fosse ambígua o suficiente. Foi esta carta, diga-se, que despertou os cristãos das mais variadas confissões para o que estava em curso.

Só que o tiro saiu pela culatra. Quando petistas, jornalistas e “especialistas” em pesquisa decidiram dar relevo ao voto “cristão”, evangélico ou não, os cristãos despertaram, então, para a sua real importância no processo eleitoral. Boa parte resolveu saber o que Dilma pensava a respeito do aborto. Excepcional, desta feita, foi o truque ter dado errado. Foi a falsa questão que trouxe à luz a verdadeira opinião de Dilma e os truques para escondê-la. Paradoxal, não?

O meu ponto
Ainda que o Datafolha que vai à rua com sua estranha pesquisa aponte a vitória de Serra e que se chegue à conclusão de que isso foi obra de padres e pastores, eu continuarei fiel à minha convicção de que os brasileiros podem querer um pouco mais do que comer torresmo, salsicha e ovo colorido baratos no boteco da esquina. Ainda que o debate sobre o aborto tenha contribuído para tirar votos de Dilma Rousseff, ele entra como fator multiplicador de desgaste — ou como divisor de prestígio — numa base que vinha abalada por uma sucessão de escândalos.

A comprovada dubiedade de Dilma sobre o aborto pode, entendo, no máximo, convidar uma parte do eleitorado a flertar com a evidência de que a figura imaculada, inventada por Lula e pela marquetagem, não corresponde à realidade — porque jamais corresponde, em qualquer caso. E isso “é jornalismo, idiota!”
*
Texto publicado originalmente na noite de ontem.

Por Reinaldo Azevedo

Petista infiltrado em comissão da CNBB dá declaração a favor de Dilma e contra Serra como se falasse em nome de católicos

Vamos botar as coisas nos seus devidos lugares? Vamos!

A Comissão Brasileira Justiça e Paz, órgão da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), divulgou uma nota ontem à noite condenando o que chamou de “uso eleitoral da fé cristã”. Sei, sei… Transcrevo alguns trechos. Não percam o que vem depois:

O MOMENTO POLÍTICO E A RELIGIÃO
“A Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP) está preocupada com o momento político na sua relação com a religião. Muitos grupos, em nome da fé cristã, têm criado dificuldades para o voto livre e consciente. Desconsideram a manifestação da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil de 16 de setembro, “Na proximidade das eleições”, quando reiterou a posição da 48ª Assembléia Geral da entidade, realizada neste ano em Brasília.
(…)
Continua sendo instrumentalizada eleitoralmente a nota da presidência do Regional Sul 1 da CNBB, fato que consideramos lamentável, porque tem levado muitos católicos a se afastarem de nossas comunidades e paróquias.
(…)
Os eleitores têm o direito de optar pela candidatura à Presidência da República que sua consciência lhe indicar, como livre escolha, tendo como referencial valores éticos e os princípios da Doutrina Social da Igreja, como promoção e defesa da dignidade da pessoa humana, com a inclusão social de todos os cidadãos e cidadãs, principalmente dos empobrecidos.
(…)
Compartilhamos a alegria da luz, em meio a sombras, com os frutos da Lei da Ficha Limpa como aprimoramento da democracia. Esta Lei de Iniciativa Popular uniu a sociedade e sintonizou toda a igreja com os reclamos de uma política a serviço do bem comum e o zelo pela justiça e paz.

Voltei
Em primeiro lugar, a Justiça e Paz, como órgão da CNBB, fala, no máximo, em nome da CNBB, não de todos os cristãos. Mas, até aí, tudo bem. O que os blogs explícitos do PT e outros nem tão explícitos reproduziram não foi tanto o conteúdo da nota, mas este trecho de uma reportagem de João Domingos, da Agência Estado:
“Para o secretário-executivo da Comissão Justiça e Paz, Daniel Veitel, Dilma foi a única candidata que se declarou claramente a favor da vida. ‘O José Serra (presidenciável do PSDB) não tem uma posição clara’, criticou. Veitel lembrou que a CNBB não impôs veto a ninguém nas eleições. Afirmou ainda que alguns grupos continuam induzindo erroneamente os fiéis a acreditarem nisso.”

Não existe nenhum “Veitel” na Comissão. O repórter errou o nome do secretário-exectuvo. Trata-se de Daniel Seidel — na verdade, Carlos Daniel Dell Santo Seidel. Taí! Eis um homem que sabe tudo sobre uso político da religião.

Daniel Seidel: contador, especialisa em psicodrama, petista, usa camisa amarela e gravata multicolorida

Daniel Seidel: contador, especialisa em psicodrama, e petista, ele usa camisa amarela com gravata multicolorida e coruscante

O bom de a gente ter um blog com milhares de leitores — os blogueiros de aluguel não sabem o que é isso — é que tem, também, milhares de repórteres. Igor Veltman me manda este link, do site Às Claras, que traz a prestação de contas de Seidel. Prestação de contas?

É! O valente foi candidato a deputado federal pelo Distrito Federal em 2002. Pelo PT, é claro! Por isso ele diz que Dilma é a “única candidata que se declarou claramente a favor da vida” e que “José Serra não tem posição clara”. Como bom petista, mas péssimo cristão, ele vê a verdade pelo avesso.

Pergunta Igor: “Que credibilidade tem um candidato, um político do PT, para dar declarações como essa, que circulam como se fossem a palavra da CNBB?” A resposta está na pergunta, meu caro! Nenhuma! A história é sempre a mesma. Estão em todos os lugares. São uma legião!

Em homenagem a Seidel, o vídeo em que Dilma “se declarou claramente a favor da vida”. Volto para encerrar.


Que coisa, hein!? Segunda desmascarada em sete horas! Primeiro foi a “mulher (!!!) da TFP” no encontro das oposições, como se isso existisse. Agora, o candidato frustrado do PT se fazendo de cristão indignado. Espero que a direção da CNBB puxe a orelha do rapaz e lhe aplique ao menos a penitência do silêncio obsequioso, depois do pedido de desculpas, é claro! 

Por Reinaldo Azevedo

07/10/2010

 às 6:15

A nota dos bispos em defesa da vida que gerou o protesto dos petistas

Acima, há um post que trata da nota divulgada pelo petista Daniel Seidel, secretário-geral da Comissão Justiça e Paz. Ele se refere a uma outra nota, esta da Comissão em Defesa da Vida da Regional Sul 1, da CNBB.

O que a comissão escreveu de tão grave? Afirmou que os católicos não devem votar em candidatos favoráveis ao aborto. Por que o espanto? Até onde sei, trata-se de um dever dos que professam essa religião. Não pediu votos para este ou aquele; afirmou um princípio. Leiam um pequeno informa da comissão e a íntegra da nota.
*

A Presidência e a Comissão Representativa dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, em sua Reunião ordinária, tendo já dado orientações e critérios claros para “VOTAR BEM”, acolhem e recomendam a ampla difusão do “APELO A TODOS OS BRASILEIROS E BRASILEIRAS” elaborado pela Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 que pode ser encontrado no seguinte endereço eletrônico www.cnbbsul1.org.br
São Paulo, 26 de Agosto de 2010.

Dom Nelson Westrupp, scj
Presidente do CONSER-SUL 1

Dom Benedito Beni dos Santos
Vice-presidente do CONSER-SUL 1

Dom Airton José dos Santos
Secretário Geral do CONSER SUL 1

APELO A TODOS OS BRASILEIROS E BRASILEIRAS

Nós, participantes do 2º Encontro das Comissões Diocesanas em Defesa da Vida (CDDVs), organizado pela Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB e realizado em S. André no dia 03 de julho de 2010,

- considerando que, em abril de 2005, no IIº Relatório do Brasil sobre o Tratado de Direitos Civis e Políticos, apresentado ao Comitê de Direitos Humanos da ONU (nº 45) o atual governo comprometeu-se a legalizar o aborto,

- considerando que, em agosto de 2005, o atual governo entregou ao Comitê da ONU para a Eliminação de todas as Formas de Descriminalização contra a Mulher (CEDAW) documento no qual reconhece o aborto como Direito Humano da Mulher,

- considerando que, em setembro de 2005, através da Secretaria Especial de Política das Mulheres, o atual governo apresentou ao Congresso um substitutivo do PL 1135/91, como resultado do trabalho da Comissão Tripartite, no qual é proposta a descriminalização do aborto até o nono mês de gravidez e por qualquer motivo, pois com a eliminação de todos os artigos do Código Penal, que o criminalizam, o aborto, em todos os casos, deixaria de ser crime,

- considerando que, em setembro de 2006, no plano de governo do 2º mandato do atual Presidente, ele reafirma, embora com linguagem velada, o compromisso de legalizar o aborto,

- considerando que, em setembro de 2007, no seu IIIº Congreso, o PT assumiu a descriminalização do aborto e o atendimento de todos os casos no serviço público como programa de partido, sendo o primeiro partido no Brasil a assumir este programa,

- considerando que, em setembro de 2009, o PT puniu os dois deputados Luiz Bassuma e Henrique Afonso por serem contrários à legalização do aborto,

- considerando como, com todas estas decisões a favor do aborto, o PT e o atual governo tornaram-se ativos colaboradores do Imperialismo Demográfico que está sendo imposto em nível mundial por Fundações Internacionais, as quais, sob o falacioso pretexto da defesa dos direitos reprodutivos e sexuais da mulher, e usando o falso rótulo de “aborto - problema de saúde pública”, estão implantando o controle demográfico mundial como moderna estratégia do capitalismo internacional,

- considerando que, em fevereiro de 2010, o IVº Congresso Nacional do PT manifestou apoio incondicional ao 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3), decreto nª 7.037/09 de 21 de dezembro de 2009, assinado pelo atual Presidente e pela ministra da Casa Civil, no qual se reafirmou a descriminalização do aborto, dando assim continuidade e levando às últimas consequências esta política antinatalista de controle populacional, desumana, antisocial e contrária ao verdadeiro progresso do nosso País,

- considerando que este mesmo Congresso aclamou a própria ministra da Casa Civil como candidata oficial do Partido dos Trabalhadores para a Presidência da República,

- considerando enfim que, em junho de 2010, para impedir a investigação das origens do financiamento por parte de organizações internacionais para a legalização e a promoção do aborto no Brasil, o PT e as lideranças partidárias da base aliada boicotaram a criação da CPI do aborto que investigaria o assunto,

RECOMENDAMOS encarecidamente a todos os cidadãos e cidadãs brasileiros e brasileiras, em consonância com o art. 5º da Constituição Federal, que defende a inviolabilidade da vida humana e, conforme o Pacto de S. José da Costa Rica, desde a concepção, independentemente de sua convicções ideológicas ou religiosas, que, nas próximas eleições, deem seu voto somente a candidatos ou candidatas e partidos contrários à descriminalizacão do aborto.

Convidamos, outrossim, a todos para lerem o documento “Votar Bem” aprovado pela 73ª Assembléia dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, reunidos em Aparecida no dia 29 de junho de 2010 e verificarem as provas do que acima foi exposto no texto “A Contextualização da Defesa da Vida no Brasil”(https://www.cnbbsul1.org.br/arquivos/defesavidabrasil.pdf), elaborado pelas Comissões em Defesa da Vida das Dioceses de Guarulhos e Taubaté, ligadas à Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB, ambos disponíveis no site desse mesmo Regional.

COMISSÃO EM DEFESA DA VIDA DO REGIONAL SUL 1 DA CNBB

Por Reinaldo Azevedo

07/10/2010

 às 6:13

PT é oportunista sobre aborto, diz dom Luiz

Por Estelite Hass Carazza, na Folha:

O bispo de Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini, disse que não vai recuar em seu posicionamento contra a candidata Dilma Rousseff (PT) e que o partido está sendo “oportunista” ao estudar voltar atrás na defesa da descriminalização do aborto.
O religioso foi o primeiro nesta eleição a se manifestar publicamente contra a presidenciável do PT -em julho, escreveu um artigo recomendando que os católicos não votassem em Dilma.
Durante a campanha, outros líderes católicos e evangélicos pregaram votos contra ela. Para Bergonzini, 74, a mobilização foi decisiva na votação e deve ter grande influência no segundo turno.



Folha - O PT anunciou que estuda retirar do programa partidário a defesa da descriminalização do aborto. Isso pode alterar seu posicionamento em relação a Dilma?
D. Luiz Gonzaga Bergonzini -
 Da minha parte, não muda absolutamente nada. Ela tem declarações claríssimas a respeito do aborto. Ou ela não falava com sinceridade naquela época, ou não está falando agora. Outra coisa: o partido, não é de hoje que eles têm essa questão fechada. Em dois congressos que o PT fez, eles aprovaram o aborto como plano de governo. Como é que se explica agora que ela venha falar isso? O fato de mudar agora é de interesse meramente político. Ela está levando a questão conforme as circunstâncias. Ela vai para o lado que o vento sopra. A minha posição é a mesma.

O senhor não acha que a iniciativa do PT em mudar o programa do partido indica um amadurecimento?
Não é amadurecimento, é oportunismo. Mero oportunismo. Por que eles não fizeram isso antes?

Na sua opinião, a questão do aborto e dos valores cristãos influenciou a votação de Dilma no primeiro turno?
Influenciou, sim. Porque eu bati firme nesse sentido, antes do primeiro turno, bem antes. O artigo que eu escrevi atingiu até a imprensa internacional. A partir daí, começou. A Dilma falando que não tinha nada a ver, que era posição do bispo… Não é minha posição, é a posição do Evangelho. Não tenho dúvida nenhuma de que os votos dos cristãos foram decisivos. Se isso vai se repetir, não sei, mas influência vai ter.

Por Reinaldo Azevedo

07/10/2010

 às 6:11

O “aborto de 2010″ não é a “privatização de 2006″

No Estadão de hoje, sob a rubrica “Análise”, Marcelo de Moraes faz uma associação absolutamente indevida entre a questão do aborto na eleição de 2010 e a boataria criada pelo PT em 2006, segundo a qual Alckmin privatizaria a Petrobras, o Banco do Brasil e a CEF. A comparação parece redondinha. Mas está errada. A palavra “análise”, diga-se, remete à idéia de pegar um todo e dividi-lo em partes, que podem, então, ser descritas no detalhe. É no detalhe que Moraes erra. A análise falhou. Ele vai em vermelho.; vou de azul.

Há pelo menos duas semanas, a campanha da petista Dilma Rousseff não consegue se livrar dos efeitos políticos provocados pela discussão da legalização do aborto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou mensagens em que Dilma defendia a família. Dirigentes petistas deram declarações de que a candidata era contra a proposta. Ela própria afirmou que valoriza a vida em todas as suas dimensões. Pouco importa. Nada funcionou até agora, e Dilma segue sangrando por conta do tema. Simplesmente porque a versão não convence. Historicamente, setores expressivos do PT defendem a legalização e isso chegou ao conhecimento do conservador eleitorado cristão.
Moraes esqueceu de dizer que, até agora, ela não disse que é contra o descriminação do aborto. E não pode dizê-lo porque há uma fartura de provas de que é a favor: um vídeo confrontado com outro traria uma palavrinha incômoda ao debate: “MENTIRA”. Ou  ainda: “FINGIMENTO”. Ou uma terceira para os mais escolarizados: “OPORTUNISMO”. O texto de Moraes diz tudo: “dirigentes petistas deram declarações de que a candidata era contra a proposta”. Falam por ela. Ocorre que ela já falou por si mesma..

Trata-se, rigorosamente, do mesmo problema enfrentado pelo tucano Geraldo Alckmin em 2006, quando disputou a eleição presidencial contra Lula. Na ocasião, os petistas divulgaram que Alckmin e o PSDB privatizariam todas as grandes empresas do País, incluindo Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
“Erradíssimo”, como diria o agregado José Dias, de Dom Casmurro! Atenção, Moraes: era simplesmente mentira que Alckmin tivesse a intenção de privatizar aquelas estatais! É simplesmente verdade que Dilma é favorável à descriminação do aborto. Entendeu? Aquela foi uma peça de propaganda criada por marqueteiros; esta foi uma corrente de protesto iniciada por cristãos de várias confissões. Cuidado com as palavras, Moraes! Especialmente numa “análise”, que tem de se ligar a detalhes. Os petistas não “divulgaram” que… Eles “inventaram” que… As provas de que Dilma defende a descriminação do aborto estão em toda parte; as de que Alckmin privatizaria estatais não estava em lugar nenhuma. Uma coisa se assenta num fato; outra se assentava numa central de boato que tinha origem definida.

Em nenhum momento Alckmin, ou qualquer integrante do comando de sua campanha, haviam anunciado proposta parecida com essa, mas não fez a menor diferença. Sem conseguir apresentar um discurso convincente sobre o assunto, Alckmin desidratou nas urnas e ficou com a pecha de vendedor do patrimônio nacional.
Viu como você sabe a diferença? De fato, em nenhum momento Alckmin havia enunciando aquelas coisas. Você diria o mesmo sobre Dilma? Em nenhum momento ela se disse favorável à descriminação do aborto? Ora…

O impacto dos dois casos é semelhante porque a resposta dada é igualmente enviesada. Em vez de falar abertamente sobre privatizações, que tinham casos positivos como a telefonia, o PSDB preferiu desconversar.
É a  coisa certa do seu texto.

Os petistas seguem a receita. Em vez de assumir a discussão difícil, recuaram, temendo a perda do eleitorado cristão, contrário ao aborto. Pelo que o eleitor mostrou no primeiro turno, esse voto antiaborto já está perdido.
Aqui as coisas já se complicam um pouco. O que você espera que Dilma faça? Que explique por que era favorável à descriminação até o ano passado e por que mudou de idéia agora? Ou que tente convencer a opinião pública sobre as vantagens da descriminação? Eu até torço para que ela faça isso, se e que você me entende.

Não, Moraes! São coisas muito diferentes. Ao comparar uma à outra, ou você torna verdadeiro o boato que colheu Alckmin, como verdadeiro é o fato de que Dilma é favorável à descriminação do aborto, ou você torna boato o fato, como boataria era aquela traquinagem sobre as privatizações. Percebeu como os petistas ganham nos dois casos? A razão é simples: antes como agora, a mentira lhes é  útil.

A comparação, como se demonstra aqui, não procede.

Por Reinaldo Azevedo



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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (veja.com

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