Proibido de entrevistar Marconi Perillo, jornalista da TV goiana denuncia ao vivo os censores da aliança governista e se demite

Publicado em 21/10/2010 07:52

Lula ordenou ao eleitorado catarinense que tratasse de erradicar o DEM da paisagem política. O candidato a governador do partido, Raimundo Colombo, elegeu-se já no primeiro turno. Nesta terça-feira, o presidente que abandonou o emprego baixou em Goiás para exigir, aos berros, a derrota do senador Marconi Perillo, candidato do PSDB e franco favorito na disputa com Iris Rezende, do PMDB. Os desdobramentos do palavrório avisam que o eleitorado goiano vai reprisar o corretivo aplicado pelo povo de Santa Catarina, para ensinar ao reizinho nu que a monarquia acabou.

Outro tiro no pé, atestam os dois vídeos que ilustram o post. No primeiro, gravado nesta quarta-feira, o jornalista Paulo Beringhs denuncia ao vivo a ressurreição da censura na TV Brasil Central, controlada pela administração estadual. Atendendo a uma ordem do governador Alcides Rodrigues, a direção da emissora comunicara a Beringhs, minutos antes, que a entrevista com Perillo, marcada para esta quinta-feira, deveria ser cancelada. No ar, jornalista identificou os responsáveis pelo atentado à liberdade de expressão, cometido para anabolizar a claudicante candidatura de Iris Rezende, e pediu demissão. Confiram:

O segundo vídeo consuma o desastre. Na cena inicial, Lula ergue o braço de Iris Rezende no palanque e pede à plateia que olhe o rosto do candidato: é num companheiro com essa cara de gente simples e sincera que os goianos devem confiar, ensina. Na cena seguinte, gravada numa das incontáveis campanhas eleitorais de Iris, o exemplo de retidão e coerência explica por que não pode pedir ao povo que vote em Lula. Não perca:

A louvação da intolerância feita por Lula na terça-feira conseguiu, em 24 horas, açular milícias petistas no Rio e ressuscitar a censura em Goiás. Agredidos, José Serra e Marconi Perillo saíram ganhando. Se o passageiro do ressentimento mantiver o ritmo e o estilo, a nau dos insensatos vai acabar naufragando sem a ajuda de adversários.

“Politica a gente não pode fazer com ódio, com agressão, mas ninguém aguenta mentira!”, mentiu no falatório desta terça-feira o palanqueiro que trocou a Presidência da República para assumir o comando de uma facção ─ e agredir com singular virulência todos os que ousam divergir da palavra do Mestre. O alvo imediato da discurseira foi o ex-governador Marconi Perillo, candidato a mais um mandato pelo PSDB. Mas ondas de ódio se propagam na velocidade do som, confirmou nesta tarde oataque boçal de milícias do PT à passeata de José Serra no Rio.

“Uma coisa que a gente aprende no berço, na relação familiar, é a questão de caráter, de respeito!”, continuou o berreiro em Goiânia. “Não tem nada pior que um politico sem caráter algum, que não colocou um trilho na Ferrovia Norte-Sul, dizer que ele que fez a ferrovia!”. Lula gosta de falar perigosamente: Perillo deveria ser o último nome na lista das vítimas do animador de comícios.

Na improvável hipótese de que tenha reivindicado a execução de uma obra federal, o acusador continuaria em débito com o acusado. Em 2003, como atesta o vídeo, o ex-governador propôs a Lula a criação do Bolsa Família, cuja paternidade seria roubada pelo beneficiário da ideia. Em 2005, foi o mesmo Perillo quem sugeriu ao presidente que procurasse informar-se sobre uma nova modalidade de bandidagem em curso no Congresso. Fora batizada de “mensalão”.

O tom colérico da voz, o rosto crispado, o cortejo de insultos, o desfile de bazófias e bravatas ─ a soma de sinais inconfundíveis gritou que Lula apareceu em Goiás nem tanto para reeleger-se com o nome de Dilma Rousseff, ou para anabolizar a candidatura cada vez mais anêmica do companheiro Iris Rezende, mas para impedir a vitória de Perillo. Se o PSDB perder a eleição, o ressentido incurável terá matado simultaneamente o mensageiro de más notícias e o real criador do Bolsa Família.

Para tanto, Lula não reluta em assassinar a verdade e o próprio passado. A obra cuja autoria reclama aos berros é a mesma em que o oposicionista do século passado enxergou um monumento à corrupção. Em 6 de setembro de 1987, num comício em Aracaju, o deputado federal Luiz Inácio Lula da Silva, presidente nacional do PT, disse o que pensava da Ferrovia Norte-Sul e do presidente José Sarney, que a concebera:

“Ademar de Barros e Paulo Maluf poderiam ser ladrão, mas eles são trombadinhas perto do grande ladrão que é o governante da nova República, perto dos assaltos que se faz”, garantiu o candidato crônico. “O presidente da República ao invés de fazer açude, ao invés de fazer cacimba, ao invés de fazer poço artesiano ou fazer irrigação no Nordeste, vai gastar 2 bilhões e meio de dólares pra construir uma ferrovia, Norte-Sul, ligando a casa dele no Maranhão até a casa dele em Brasília”. A “ferrovia do Sarney” hoje é a Ferrovia do Lula. Não é falta de memória. O que sempre faltou é vergonha.

Nesta quarta-feira, o ataque físico a José Serra confirma que, agora mais do que nunca, falta polícia, falta Ministério Público e falta Poder Judiciário.

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Fonte:
Blog Augusto Nunes

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