O jeca metido a novo rico aplica o conto da saúde para financiar a gastança federal

Publicado em 08/11/2010 17:19 e atualizado em 09/11/2010 07:42

“Eu acho que não está longe da gente atingir a perfeição no tratamento de saúde deste país”, disse o presidente Lula em 19 de abril de 2006, ao inaugurar com outro comício o serviço de emergência de um hospital em Porto Alegre. Menos de quatro anos bastaram para que o sistema ficasse tão perfeito que merecia ser exportado para os Estados Unidos. “Na próxima vez que eu estiver com ele, vou dizer: Obama, faça um SUS”, gabou-se em novembro de 2009 o fundador do Brasil Maravilha.

Na discurseira para os 2.500 participantes do Congresso Brasileiro de Saúde Pública reunidos em Olinda, Lula explicou que o Sistema Único de Saúde resolveria boa parte dos problemas enfrentados por Barack Obama. “Ah, se tivesse um SUS nos Estados Unidos, como seria bom para os 50 milhões de pobres que não têm direito a nada”, disse o presidente à plateia estupefata com o antimilagre da multiplicação dos miseráveis em inglês. Cinquenta milhões. Nem mais, nem menos.

No país que Lula inventou sobra dinheiro, recitou Dilma Rousseff do começo ao fim da campanha eleitoral. A pobreza foi promovida a classe média, há crédito até para bebês de colo, falta espaço nos cofres do Banco Central para o estoque de dólares e o Brasil, que devia a meio mundo, virou credor internacional. Depois de socorrer o FMI com um empréstimo de bom tamanho, e de perdoar as dívidas de ditaduras africanas amigas, o governo federal segue financiando a construção de hidrelétricas, estradas e metrôs nos países da vizinhança, impede a falência de Cuba e reconstroi o Haiti. Fora o resto.

Se o sistema de saúde é de matar de inveja presidente americano, se a potência emergente sul-americano nada em dinheiro, como entender a ideia de ressuscitar a CPMF? Os motivos são dois. Primeiro: Lula faz questão de vingar-se dos senadores que, ao extinguirem o imposto do cheque, enterraram o sonho do terceiro mandato. Segundo: o governo planeja, como sempre, desviar do destino original os R$ 40 bilhões a mais para reduzir o rombo aberto pela gastança de jeca metido a novo rico.

Em vez de enxugarem o mamute estatal, estancarem a sangria da corrupção institucionalizada, desativarem  ministérios inúteis, em vez de criarem juízo, os perdulários patológicos tentam aplicar o conto da saúde para avançar de novo sobre o bolso de quem trabalha. Os governadores e parlamentares eleitos pelo PSDB assumiram publicamente o compromisso de impedir a criação de mais impostos e lutar pela imediata diminuição da carga tributária colossal. Convém cumprir a promessa.

Quem não combater  abertamente a exumação da CPMF será enquadrado por estelionato político e convidado a transferir-se para a base alugada pelos milhões de brasileiros exaustos de partidos que não querem ou não sabem opor-se ao governo federal.  Depois de 31 de outubro, já não há lugar para oposicionistas de araque.


(comentário de Ricardo Setti):

O assanhamento dos governadores pela volta da CPMF e o compromisso de Dilma com a “atenuação” tributária

O comentarista Carlos Alberto Sardenberg assinalou na rádio CBN, muito a propósito, que a volta do odiado imposto do cheque não foi defendida, proposta ou sequer discutida por nenhum dos novos governadores durante a campanha eleitoral — e, no entanto, a maioria deles mostra agora grande assanhamento pela reintrodução da CPMF, com o consequente aumento da carga tributária.

“Isso é traição”, definiu, acertadamente, Sardenberg.

As coisas, no Brasil, precisam ser definidas como elas de fato são, e o blog cumprimenta Sardenberg, excelente jornalista e caráter.

Aproveito para lembrar as solenes palavras da presidente eleita Dilma Rousseff em seu primeiro pronunciamento à nação, na noite do dia de sua vitória, 31 de outubro (o grifo é nosso):

“Cuidaremos de nossa economia com toda responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável. Por isso, faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação e pela qualificação dos serviços públicos”.

Ou seja, a presidente não apenas não mencionou elevação de impostos, mas acenou, explicitamente, com uma “atenuação” nesse terreno.

Antes de reintroduzir a CPMF sob a alegação de que os recursos se destinarão à saúde, a presidente tem a obrigação de checar e rechecar o que ela mesma chama de qualidade do gasto público.

Como lembrou o próprio Sardenberg em seu comentário, o Distrito Federal é a unidade da Federação que proporcionalmente mais gasta dinheiro em saúde — mais de mil reais por habitante, por ano –, e tem serviços de saúde de má qualidade. Estados que gastam menos atendem melhor o público.

Ou seja, o DF gasta mal os recursos que tem. Antes de avançar no nosso bolso, pois, que venha uma melhoria de gestão.

E vejam bem, amigos: quem escreve é alguém que defende a volta da CPMF com alíquota mínima — 0,01%, por exemplo, em vez dos absurdos 0,38% vigentes quando o Congresso a derrubou, no final de 2007 –, como arma de fiscalização de maracutaias financeiras.

Obstáculo à CPMF

Deputados estão reticentes com a ideia de “brindar” seus eleitores com a aprovação de um novo tributo para financiar a saúde. Querem que a proposta seja debatida com todos os governadores eleitos, na próxima legislatura. O assunto está parado na Câmara desde 2008, depois que o governo sofreu uma derrota no Senado quando tentava prorrogar a CPMF no ano anterior.

Por Lauro Jardim

Ministro trucida o Enem e desmoraliza o palavrório eleitoreiro de Dilma Rousseff

Em 18 de agosto, durante o debate entre os candidatos à Presidência promovido pela Folha e pelo portal UOL, Dilma Rousseff irritou-se com as críticas de José Serra ao bisonho desempenho do Ministério da Educação na condução do Exame Nacional do Ensino Médio. E resumiu a indignação numa frase:

Acho um absurdo um candidato à Presidência vir aqui dizer que o Enem está desmoralizado”.

Em 16 de outubro, Dia do Professor, Dilma voltou ao tema em Belo Horizonte. A irritação com Serra não amainara, como informam três trechos do falatório:

“Serra não gosta do Enem porque é o caminho acertado por todas as universidades federais e é pré-condição para o Prouni. Houve um crime contra o Enem. Ele quer acabar com o Enem para que a gente não tenha o ProUni”.

“O partido do vice do candidato do PSDB chegou a entrar na justiça contra o Enem, o que poderia comprometer 700 mil estudantes no Brasil. Dizer que o Enem tem uso eleitoreiro é desconsiderar o papel que ele teve nestes anos todos”.

“Estão absolutamente incorretas as afirmações do candidato Serra contra o Enem, que tem sido o caminho pelo qual nós selecionamos as pessoas que vão fazer o ProUni”.

Em 17 de outubro, no debate na RedeTV!, a candidata do PT elogiou o ministro Fernando Haddad e fustigou novamente o inimigo:

“Quando se fala em vazamento é necessário que se perceba que o crime está sendo investigado. O Enem tem sido essencial como uma forma de controle da qualidade do ensino e é pré-condição para o ProUni. Atacar o Enem é uma forma indireta de atacar o ProUni”.

Em 3 de novembro, Dilma Rousseff revelou as duas prioridades do futuro governo: saúde e segurança pública. E a educação? “Está muito bem encaminhada”, resumiu a presidente eleita. Além de transformar o Enem num caso exemplar de sucesso, o ministro botara ordem na casa inteira. “Eu acho que o Haddad deve continuar”, decidiu Lula na mesma quarta-feira. E o administrador admirável foi dormir com o emprego garantido.

Começou a perdê-lo no dia seguinte, com a divulgação do Índice de Desenvolvimento Humano da ONU. No ranking da educação, o Brasil ocupa um modestíssimo 102° lugar. Ao longo da quinta-feira, Haddad tentou atribuir a performance lastimável à mudança dos critérios usados pelos organizadores do levantamento. E decerto acreditou que recuperaria os pontos perdidos no fim de semana, com as duas etapas do Enem.

Deu tudo errado. Troca de cabeçalho, erros de digitação, informações equivocadas, vazamentos, questões com números duplicados ─ houve um pouco de tudo na comédia de péssimo gosto que reduziu o Enem a outro caso de polícia. Mais de 3 milhões de inscritos ainda não sabem se as provas serão anuladas ou não. O que se sabe é que nem Lula conseguirá manter o ministro no cargo em 2011.

Dilma Rousseff não deu um pio sobre o assombroso espetáculo da incompetência. Ainda bem que a campanha eleitoral acabou em outubro. Se não tivesse terminado, estaria proibida de acusar José Serra de querer destruir o Enem. Fernando Haddad já conseguiu.

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Fonte:
Blog Augusto Nunes (Revista Veja

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1 comentário

  • Adriel A. S. Silva São José do Rio Preto - SP

    È ridículo como o fato desse jornalistazinho ( jornalistazinho porque nem de diploma mais precisa para ser um) trata um governo. Se manca retardado, enquando você é um "blogueiro" um que nem tem ensino superior como tu é PRESIDENTE DO BRASIL. Fica defendendo os seus ideais medilcre de sua próle. E mais, vai tirando o chapeuzinho porque estamos chegando a 7ª Economia do Mundo.

    Tenho certeza que seus arquivinhos de um blog esquerdista está contribuindo muito para a formação de pessoas como você;

    Coragem seria muita se você deixasse comentários como esse em seu blog

    Acessa o meu:

    www.blogdoadriel.wordpress.com

    Posso não escrever pra Veja ou outros portais, porém tenho muito mais a mente aberta do que você.

    #ficaadica ;***

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