Nesta terça-feira, o jogo começará para Dilma

Publicado em 15/11/2010 17:05

Reza a lenda que o melhor momento para um político é o que vai da vitória nas urnas até a posse. Seria um tempo de lua de mel com a população e poucas cobranças.

Pode ser verdade para quem não precisa encarar apetites por cargos como os que excitam PT e PMDB. Não é, portanto, o caso de Dilma Rousseff. Sua lua de mel, se de fato ocorreu, acaba na terça-feira quando começará a montar de fato o seu ministério.

Durante a campanha, o PMDB reclamou de várias coisas – como, por exemplo, não ser ouvido pela cúpula que conduzia a estratégia eleitoral de Dilma. Mas os peemedebistas não iam além de determinado ponto. Agora, não. No processo de escolha de ministros, presidentes de estatais, diretorias de agências reguladoras e de outro tantos cargos, o PMDB vai bater mais duro. E, justiça se faça ao partido, é um jogo que o partido sabe jogar.

O PMDB não para de mandar recados. O PT idem. Na semana passada, quem teve paciência de acompanhar o noticiário político, notou: nas frases cifradas das entrevistas ou em declarações mais diretas, todos exercitaram a busca por espaços.

O que o PMDB e o PT querem é uma coisa só: ampliar seus espaços no governo. Não só os dois, aliás: é só perguntar ao PSB se o partido acha de bom tamanho manter os feudos que têm no governo Lula. Não acha. Quer mais.

Os três partidos sentem-se como os vitoriosos das eleições e querem que tal triunfo se traduza em cargos — ou, numa palavra, em mais poder. O problema é que a conta não fecha. Alguém terá que ceder cadeiras.

Dilma Rousseff, marinheira de primeira viagem na urna, chegou lá pegando carona na bonança econômica e no colo largo de Lula. A partir de terça-feira, terá que domar todas essas ambições sem nunca ter tido experiência em negociações deste tipo. Não é coisa fácil.

Em 2002, também na transição, Lula, que já possuía uma bagagem de negociador seja como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, seja como presidente de um partido dividido em vários grupos, errou na mão na primeira formação de seu governo. Inicialmente, dera a José Dirceu carta branca para negociar alguns ministérios com o PMDB. Dirceu chegou a convidar peemedebistas ilustres para alguns postos — Roseana Sarney, por exemplo. Só que na última hora, Lula o desautorizou e não chamou ninguém. Mais tarde, já pilotando a presidência, foi obrigado a render-se aos encantos do PMDB. Até porque, só se despreza o PMDB quem não precisa dele para governar. E Dilma  precisa.

A partir dessa terça-feira, Dilma começa de fato a ser presidente da República.

Por Lauro Jardim

Do Blog Ricardo Setti:Se Adams for para o STF, será quarto defensor do governo a integrar o tribunal

Muitos candidatos tentaram e ainda tentam se credenciar, mas os meios jurídicos consideram que os mais fortes candidatos à indicação para o Supremo Tribunal Federal pelo presidente Lula são o advogado-geral da União, Luís Inácio (que não se perca pelo nome) Lucena Adams, o ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça até setembro, ministro César Asfor Rocha, e o advogado carioca Luís Roberto Barroso.

Se Adams for o indicado ao Senado, será o quarto advogado-geral da União a chegar ao Supremo. O mais recente deles é o ainda ministro Gilmar Mendes, advogado-geral entre 200 e 2002 e indicado neste mesmo ano de 2002 para a corte pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

Uma fonte bem informada comentou com o colunista que “incrivelmente” o setor privado não se manifestou nos bastidores diante dessa possibilidade. (E no Supremo ainda está a ministra Cármen Lúcia, com toda uma carreira de procuradora — defensora dos interesses do estado, portanto — em Minas Gerais).

A fonte pergunta:

– E quem é que vai defender o contribuinte? Depois de muito tempo defendendo o estado, qualquer um fica com o reflexo condicionado de um leão….

Diz-se que o poder engorda. Pelo visto, a ausência do poder também.

Amigos do deputado em final de mandato e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP) calculam que desde que deixou de comandar a economia brasileira, em 2006, carrega pelo menos mais 8 quilos.

Palocci, que como se sabe é médico, pilotou a economia de 1º de janeiro de 2003, dia da posse de Lula no primeiro mandato, até 27 de março de 2006, quando deixou o Ministério da Fazenda no bojo do escândalo da quebra de sigilo bancário de Francenildo Santos Costa, caseiro de uma mansão em Brasília onde supostamente se realizariam acertos irregulares entre funcionários do governo com lobistas, e encontros com garotas de programa.

A quebra de sigilo se destinaria a intimidar uma testemunha incômoda.

O ex-ministro seria processado pelo Ministério Público Federal mas, em agosto do ano passado, por 5 votos a 4, os ministros do Supremo Tribunal Federal rejeitaram o pedido de abertura de uma ação penal contra ele.

BOMBARDEADO POR DIRCEU — O relator do caso, ministro Gilmar Mendes, considerou que, a despeito da ocorrência da quebra irregular de sigilo, e de os dados do caseiro terem sido mostrados a Palocci pelo então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, não havia provas suficientes de que o ex-ministro tivesse ordenado a ilegalidade. O processo contra Mattoso prossegue.

Contra o ex-ministro da Fazenda ainda pesam acusações de recebimento de propinas de empresas contratadas pela prefeitura de Ribeirão Preto (SP), cidade que governou duas vezes, para uma caixinha destinada a financiar campanhas.

As contas do ex-prefeito no período em que teria ocorrido o crime (2001 a 2004), porém, passaram pelo crivo do Tribunal de Contas do Estado e o caso, embora não encerrado, não prosperou.

Apesar de permanentemente bombardeado nos bastidores pelo ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, Palocci tem força junto à presidente eleita Dilma Rousseff e é cotadíssimo para voltar a ter poder e ser importante em seu governo — fala-se nele para a própria Casa Civil, para a Secretaria-Geral da Presidência, para um novo e ainda mais poderoso e rico Ministério das Comunicações.

Resta saber como, uma vez de volta ao poder, se comportará o peso de Palocci.

Os integrantes do Supremo podem estar empatados em 5 a 5 quando se trata de decidir sobre a Lei da Ficha Limpa.

Em matéria de abotoaduras nas camisas sociais dos ministros, porém, o placar é de 5 a 3 para os botões.

Usam abotoaduras o presidente da Corte, Cezar Peluso, e os ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski. Mais adeptos dos  botões são os ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa, Carlos Ayres de Britto e Dias Toffoli.

Não se computam, claro, as duas mulheres integrantes da Corte, as ministras Ellen Gracie e Cármen Lúcia.

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Phillip Knightley: a história dos correspondentes em duas dezenas de guerras produziu uma obra-prima

Amigos, como este blog não tem compromissos com a chamada “indústria cultural”, os livros que pretendo indicar não são necessariamente os recém-lançados, os principais dos quais toda a imprensa comenta.

Mas vou falar de um livro que você precisa sair correndo para buscar nos sites de sebo da internet, como o excelente Estante Virtual. Trata-se de A Primeira Vítima, de Phillip Knightley. É um dos melhores livros que já li — sobre jornalismo, sobre a guerra, sobre História, sobre a condição humana. É um livro escrito em 1975 e lançado no Brasil em 1978. Mas você encontra facilmente pela Web.

Trata-se de um livro demolidor de mitos. Alguém ainda acredita que o correspondente de guerra seja, como nos filmes antigos de Hollywood, um galante bonitão, que dedilha, seu teclado no front, imperturbável, enquanto balas silvam sobre sua cabeça?

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A capa de \"A Primeira Vítima\", escrito por Knightley em 1975

Pois bem, não é isso. Em compensação, foram correspondentes de guerra até mesmo J. A. Daugherty, do Louisville Journal, e William Furay, daCincinNatti Gazette, que, durante a Guerra Civil americana (1860-1865), sofreram um desastre de trem ao voltar de um combate – e se surpreenderam às apalpadelas no escuro, um tentando roubar as anotações do outro, que julgava morto. Eram também correspondentes de guerra os jornalistas americanos que, na Guerra da Coreia (1950-1953), desinibidamente proclamavam, pistola à cinta, sua gana de “pegar um china”. Felizmente para a classe, foi ainda um colega de profissão – Reginald Thompson, do britânico The Daily Telegraph – quem passou aos leitores barbaridades como essa.

Phillip Knightley, jornalista do The Times e do The Sunday Times de Londres à época do lançamento de A Primeira Vítima, em 1975, lança-se aqui à tão corajosa como árdua empreitada de avaliar o trabalho dos colegas de profissão que cobriram duas dezenas de guerras, desde a da Criméia, que opôs a Grã-Bretanha à Rússia entre 1854 e 1856, até a do Vietnã (1965-1975) – passando pelas duas mundiais, a Primeira (1914-1918) e a Segunda (1939-1945).

DEVASTADOR E FASCINANTE — O título vem da epígrafe – uma citação feita em 1917 pelo senador americano Hiram W. Johnson, da Califórnia, republicano, depois um dos fundadores do desaparecido Partido Progressista, conhecido isolacionista: “A primeira vítima, quando começa a guerra, é a verdade”.

Para concluir o livro, Knightley realizou um infernal trabalho de pesquisa, que incluiu o mergulho nos 2 milhões de recortes de jornais do departamento de pesquisa do The Sunday Times (estávamos, é claro, na era pré-informática), incontáveis dias de consulta a coleções de revistas e jornais velhos, a leitura de dezenas de livros especializados e entrevistas pessoais com dezenas de ex-correspondentes de guerra.

Também trocou cartas com diversos deles que não puderam ser contatados pessoalmente, sem contar a digestão de quilômetros de documentários de guerra de todo tipo. O resultado é devastador, em muitos sentidos – e fascinante, em todos.

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Lênin: a imprensa americana noticiou três vezes sua prisão e uma vez sua morte, durante a Revolução de 1917. Mas o líder bolchevique morreu, no poder, em 1924

ASNEIRAS SOBRE A RÚSSIA, A PRIMEIRA GUERRA, A ARGÉLIA, A SEGUNDA… –Talvez seja duro, para um jornalista, encarar o elenco de omissões praticadas pelos correspondentes de guerra no exercício de sua profissão – mas desfiá-las, uma a uma, é com certeza um serviço que Knightley está prestando ao jornalismo e à própria História.

Algumas são cômicas, vistas a uma confortável distância no tempo. Em setembro de 1917, por exemplo, Roberto Wilson, correspondente doThe Times na Rússia, achando que nada de grave estava para acontecer, saiu em férias – e a tomada do poder pelos bolcheviques o apanhou em Londres.

A Revolução Bolchevique, aliás, foi pródiga em matéria de asneiras de parte da imprensa, em grande medida devido ao wishful thinking do Ocidente capitalista. Só entre novembro de 1917 e novembro de 1919, oThe New York Times noticiou nada menos de 91 vezes que os bolcheviques estavam prestes a cair ou, mesmo que já tinham caído; por quatro vezes Lênin e Trotski estariam planejando fugir, em três já teriam fugido – e Lênin foi preso três vezes, e assassinado uma, pela imprensa americana.

A imprensa alemã manteve o público tão mal informado sobre o andamento da Primeira Guerra Mundial que, quando finalmente começou a noticiar a verdade – a derrota do Kaiser –, provocou estupefação nacional.

Do outro lado do conflito — Reino Unido, França, Estados Unidos e, até 1917, a Rússia — passaram-se anos depois do final da guerra para que se soubesse, por exemplo, que só na batalha do Somme, na França, em 1916, opondo forças franco-britânicas a alemãs, se perderam 600 mil homens. A imprensa francesa foi espantosamente omissa na divulgação dos massacres praticados pelo Exército na Guerra da Argélia (1952-1964). O que se divulgou sobre os campos de extermínio nazistas durante a II Guerra – só para ficar num aspecto – foi ridículo, em comparação com a imensidão do horror sistemático neles efetivamente praticado pelo III Reich.

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Ernest Hemingway: o protótipo por excelência do correspondente de guerra teria feito cobertura \"medíocre\" da Guerra Civil da Espanha

MITOS, E GENTE QUE CUMPRIU BEM O DEVER – Aqui e ali, na trajetória do trabalho de Knightley, vão desabando personagens-mitos. Para o autor, Ernest Hemingway – talvez o protótipo universalmente aceito do correspondente de guerra – foi medíocre na cobertura da Guerra Civil espanhola (1936-1939), apesar da beleza e pungência de seu estilo e de sua nobreza de sentimentos.

Os veneráveis britânicos Rudyard Kipling e H. G. Wells mostraram claramente racistas ao escrever sobre os alemães na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O melhor que o grande escritor também britânico Evelyn Waugh pôde fazer durante a invasão da Abissínia pela Itália fascista (1935) foi recolher material para seu romance Scoop (“Furo”).

Incansável, Knightley desmascara a adesão de correspondentes à propaganda de governos, o comodismo de muitos, a desonestidade dos que inventaram histórias nunca acontecidas e omitiram fatos relevantes que testemunharam. Esmiúça gente que aceitava subornos de chefes militares ou concordava em espionar para serviços de inteligência. Investe contra as guerras que acabaram sendo “bem cobertas”, como a da Coréia ou a do Vietnã, mas cuja finalidade foi tardiamente questionada pelos correspondentes mais bem informados.

Mas existe, é claro, o outro lado. Pretendendo cumprir seu dever de melhor forma possível, nada menos que 45 correspondentes morreram e oito desapareceram no Vietnã. Por ousar ter uma atitude desassombrada sobre o papel da França na Guerra da Argélia, o francês Jean Daniel, então na revista L’Express, foi alvejado por pára-quedistas de seu próprio país, teve metralhada a ambulância que o socorreu e, no hospital onde foi atendido, recebeu uma transfusão com sangue errado – mas sobreviveu.

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O francês Jean Daniel foi alvejado por pára-quedistas de seu próprio país, mas sobreviveu

Já em 1871, tinha havido um jornalista – Archibald Forbes, do Daily News londrino –capaz de arriscar tudo para deixar registrado o final brutal da Comuna de Paris. Outro correspondente do mesmoNews, Aloysius MacGahan, em 1877, narrou com tal riqueza o massacre de milhares de cidadãos búlgaros por tropas turcas que acabou precipitando o início da guerra russo-turca de 1877, desencadeadora da independência da Bulgária. Os relatos do italiano Luigi Barzini sobre a guerra russo-japonesa (1904) são até hoje estudados nas escolas de Estado-Maior, tamanho seu grau de percepção sobre as modificações qualitativas observadas no conceito de guerra. E como esquecer Dez Dias que Abalaram o Mundo, de John Reed – documento jornalístico inigualável sobre a Revolução Russa de 1917, apesar do nunca escondido partidarismo do autor? Ou a agudíssima cobertura de Edgar Snow sobre a resistência da China à invasão do Japão e a guerra civil chinesa, um inferno que começou em 1927, interrompeu-se durante a Segunda Guerra, retomou seu ímpeto em 1945 e terminou com a vitória do chamado Exército Popular de Libertação, em 1949?

PRODUZIR INQUIETAÇÕES – Uma questão fundamental percorre todo o livro: qual é o dever do correspondente de guerra? Seria sua meta a sempre desejável mas inalcançável “objetividade”. Ou, como quer Herbert Matthews, o grande correspondente do The New York Timesdurante a Guerra Civil espanhola, ou, mais modesta e realisticamente, “optar sempre por preferências honestas, abertas”?

Durante a guerra do Vietnã, a maioria dos correspondentes americanos não considerava tarefa sua especular sobre a natureza moral da guerra – enquanto, na Guerra Civil espanhola, a maioria deles considerou ser precisamente este o seu dever. Como deve, diante de tudo isso, postar-se o correspondente?

Quando o livro foi lançado nos EUA, em 1975, houve quem se decepcionasse pelo fato de Knightley não oferecer suas próprias respostas a tais indagações. Mas, além do inigualável levantamento que realizou, talvez esteja aí o melhor de seu trabalho: fazer perguntas, levar à reflexão quem faz jornalismo e história, questionar, produzir inquietações.

O que talvez tenha faltado a Knightley – que, ao contrário do que erradamente informa a editora na orelha do livro, nunca foi correspondente de guerra – é serenidade para analisar a imprensa como uma instituição humana tão vulnerável, corruptível e necessária como os Parlamentos, os Exércitos, os partidos políticos ou os Estados nacionais.

Lamentar-se de que a imprensa britânica da época não tenha percebido que a guerra dos Bôeres (1899-1902) consagrou a guerrilha como tática, por exemplo, não é algo que se possa debitar aos jornalistas como entidade. É um problema que toca a natureza e precariedade do conhecimento humano. E, por sua vez, as deficiências apontadas na abordagem da guerra do Vietnã – para ficar nesta guerra – não impediram que o papel da imprensa tenha sido central, decisivo, insubstituível no sepultamento de uma das páginas mais tristes da história.

Knightley, hoje com 81 anos e dividindo seu tempo entre Londres, Sydney e Goa, na Índia, infelizmente não retomou seu trabalho para nele incluir pelo menos três importantes guerras contemporâneas ocorridas após o lançamento do livro: a do Golfo (1990), primeiro grande conflito transmitido ao vivo pela TV e com um rígido controle do movimento dos correspondentes, e as invasões do Afeganistão (2001) e do Iraque (2003), nas quais muitos correspondentes foram conduzidos em veículos das tropas invasoras, propiciando um problema ético e um conflito de interesses nunca visto antes.

Mesmo assim, seu livro, indispensável, é um colosso. Se você começar a ler, não para mais.

A edição de VEJA já em circulação informa, já no Índice:

“Inglaterra — O governo quer desocupados na limpeza e conservação urbana”.

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Fonte:
Blog Lauro Jardim (Veja)

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