Quando “Cabrocra” enfrenta os poderosos, quem paga a conta são os desdentados

Publicado em 06/12/2010 16:31 e atualizado em 06/12/2010 19:41

Pô, pessoal, uma coisa sem a menor importância, com relevância zero, anunciada na sexta-feira, não mereceu registro da mídia conservadora, reacionária e de direita, que só pensa nos interesses do capital e se subordina ao imperialismo decadente. Refiro-me ao anúncio feito por Tereza Cruvinel, a “Cabocra Tereza”, de que a Lula News estreará oficialmente nos EUA no próximo dia 15.

A Lula News expande, assim, os seus domínios. Consumindo a fábula — esse é só o dinheiro do Orçamento — de R$ 400 milhões por ano, a emissora JÁ NÃO É VISTA HOJE no Brasil, em vários países da África, da América Latina e em Portugal! Cabrocra, diretora da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), espalha o traço pelos quatro cantos do planeta. Chegará o dia em que o mundo inteiro NÃO VERÁ a Lula News.

Dois dias antes, ela havia enviado um comunicado aos funcionários da EBC rasgando elogios ao próprio trabalho. Segundo disse, a emissora foi criada enfrentando “poderosos adversários externos”, mas segue fazendo os seu trabalho “longe das pressões do poder público e do mercado”. Ela tem razão. O “poder público”, entendido como o estado republicano, realmente não apita ali. Quem manda é o PT. E o mercado, que costuma exigir que uma emissora de TV, afinal de contas, fale para alguém, tenha um público, também é ignorado.

Os programas da Lula News são bons demais para o público a que se destina. Por isso, ninguém vê. A medida do sucesso de Tereza Cruvinel é esse desafio diário ao mercado. A principal objetivo da EBC, hoje em dia, é empregar os funcionários da EBC. Quando Cabrocra enfrenta “os poderosos”, quem paga a conta da mistificação e do empreguismo são os desdentados.

Por Reinaldo Azevedo

O tamanho do desperdício

A Lula News, a TV feita para ninguém (ver abaixo), consome R$ 400 milhões do Orçamento. Há outras dotações que elevam a grana a quase R$ 700 milhões. Mas fiquemos na verba oficial para a conta ser incontroversa. O teto pago hoje pelo Bolsa Família é de R$ 200 —  no ano, pois, R$ 2.400. A dinheirama investida na emissora pública de TV, que ninguém vê, garantiria a assistência a quase 167 mil pessoas. Caso se faça a conta pelo piso — R$ 68 —, seriam 490.160!!! Isso dá a medida do desperdício.

Não que eu ache que se deva agora transformar o valor do Bolsa Família em moeda para avaliar qualquer política pública. Fosse assim, bastaria pegar o Orçamento e dividir entre os brasileiros. Com o tempo, é até possível que o dinheiro tivesse melhor destinação do que aquela que lhe dá o estado, mas seria difícil administrar a coisa. O estado, sob controle, é uma coisa útil… O problema da tal emissora pública é existir para si mesma, não para os brasileiros. Não é uma política púbica, mas a obsessão privada de um partido.

Por Reinaldo Azevedo

Alunos da UnB vaiam Lula e o chamam de “demagogo” na inauguração do… beijódromo!!! Ou: estatizando o tesão!

Leiam o que vai abaixo. Volto em seguida.

Por Simone Iglesias, na Folha Online:
A inauguração do Memorial Darcy Ribeiro, batizado de “beijódromo”, foi marcada por manifestação dos alunos contra o reitor da UnB (Universidade de Brasília), José Geraldo Sousa Júnior e contra a obra. O presidente Lula também foi alvo dos manifestantes. Enquanto discursava, o reitor foi vaiado e teve que ouvir gritos dos manifestantes, que são estudantes da universidade. “UnB sucateada”, “chega de mentira” e “fora repressão” foram algumas das expressões gritadas em coro pelos alunos.

Quando foi discursar, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, pediu um acordo com os manifestantes, que parassem de gritar em respeito a Lula e Mujica. “A hora é de saudar o mestre Darcy Ribeiro”, afirmou Ferreira, que desistiu de discursar por causa do calor. Disse que publicará seu discurso no site do Ministério da Cultura. Os manifestantes ensaiaram vaiar o ministro e não suspenderam a manifestação.

O beijódromo custou cerca de R$ 8,5 milhões e ficou pronto em poucos meses. Por conta da rapidez das obras, os alunos criticavam o fato de a Casa do Estudante não ter ficado pronta como foi prometido pela reitoria. A cerimônia foi realizada ao lado do memorial e a cobertura montada pela organização do evento era de plástico transparente, o que deixava vazar o sol para os convidados.

DEMAGOGO
Ao começar a discursar, Lula também foi alvo dos manifestantes. Enquanto falava da biografia de Darcy Ribeiro, os alunos gritavam “demagogo”. O presidente pareceu irritado e o volume do microfone foi aumentado, abafando a voz dos manifestantes que foram barrados pela segurança e ficaram do lado de fora das grades que separavam o palco e convidados dos alunos da universidade. “Ô Lula, deixa a galera entrar”, gritaram, durante boa parte do discurso presidencial.

Comento
Você não entendeu direito, leitor amigo? Eu tento explicar o que tem explicação. O “Beijódromo” é um centro de vivência que também abriga o museu Darcy Ribeiro, primeiro reitor da UnB, que tinha, entre seus delírios tidos como poéticos, a criação de um troço assim… E aconteceu, como se vê. Ao custo de R$ 8,5 milhões. Quase R$ 9 milhões para os estudantes poderem dar um ralo, como se precisassem desse tipo de estímulo, não é mesmo? Um estado totalitário reprime o tesão. Um estado demagogo o estatiza. Não é o fim da linha porque Tiririca está errado, e pior sempre pode ficar.

Havia, não sei há ainda, uma turma na UnB que sempre achava um pretexto para ficar pelada. Se o beijódromo era uma ousadia na década de 60, qual será a transgressão possível no segundo decênio do século 21? Já sei! A heterossexualidade monogâmica, hehe…

Dá pra levar a sério?

Pobre UnB! A universidade viveu o seu auge sob o comando de José Carlos de Almeida Azevedo, que morreu, aos 78 anos, no dia 23 de fevereiro deste ano. Ocupou o cargo de 1976 a 1985. Era mestre em física,  engenharia e arquitetura naval, e engenharia nuclear pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Ex-oficial da Marinha, era visto como o “interventor” da ditadura na Universidade.

Na gestão Azevedo, criaram-se muitos cursos de graduação e pós-graduação, construíram-se bibliotecas, contrataram-se professores de renome internacional, e a Editora da UnB se tornou uma referência na publicação de livros acadêmicos. Aí começou a fase da “democratização” da universidade, entenderam? Em 1985, Cristovam Buarque foi eleito para o cargo. É o senador que quer incluir na Constituição a garantia da felicidade. Hoje, ela é dirigida por José Geraldo Souza Júnior, grande expoente do “direito achado na rua”. Ele entrou na Universidade quando Azevedo estava deixando a reitoria. A coisa tem seu simbolismo.

É improvável que se faça um prédio em homenagem a Azevedo. Caso acontecesse, não poderia ser um beijódromo, mas um centro de pesquisa, coisa impensável para uma universidade…

Por Reinaldo Azevedo

A boa resposta de Dilma ao Washington Post sobre o Irã: “Meu adversário estava certo; aliás, isso sempre acontece…”

Como estarão se sentindo agora os petralhas, incluindo algumas cabeças coroadas da universidade? Afinal, as eleições aconteceram há pouco mais de um mês. O PT e sua então candidata, Dilma Rousseff, defenderam sem reservas a política de aproximação com o Irã, empreendida pelo megalonanico Celso Amorim, seguindo a orientação de Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao Washington Post como presidente eleita, Dilma afirmou discordar da decisão do governo brasileiro, que se absteve na sessão da ONU que censurou o país por violar os direitos humanos.

Se Dilma é contra o apedrejamento, certamente deve se opor ao enforcamento de opositores. Quando lhe foi dado falar a respeito durante a campanha, preferiu atacar a política americana — o que ela faz de novo, diga-se —, sem qualquer restrição ao indecoroso apoio incondicional do país a Ahmadinejad e seus terroristas. O alinhamento do Brasil com o Irã era tomado como evidência da altivez do Brasil. Os vazamentos do WikiKeaks só serviram para confirmar o desgaste a que foi submetido o país.

Durante a campanha, o tucano José Serra atacou com dureza as posições do governo brasileiro. Dilma as defendeu. A se manter o padrão de análise de Eliane Cantanhêde — segundo quem, ao criticar o Irã agora, Dilma assume uma posição mais à esquerda (!) do que o governo Lula —, o candidato “esquerdista”, então, era Serra… Menos, vejam bem, para Chico Buarque, o sambista, não era bem assim.

Para o seqüestrador de Jabutis, a política externa anterior ao governo Lula preferia falar fino com Washington e grosso com países do Terceiro Mundo. Como bom esquerdopata, ele acredita que deva ser o contrário: falar grosso com os EUA e fino com facínoras da periferia. Disse isso num encontro de “artistas & intelectuais” em apoio a Dilma. Ao lançar a sua antítese primária, a platéia zurrou de satisfação, muitos com o bolso cheio de grana por leis de “incentivo” à cultura. A coisa mais fácil do mundo é comprar certo tipo de “intelectual & artista”…

É preferível que Dilma diga o que diz agora àquilo que diz antes? É, sim!  Mas isso evidencia o descompromisso dessa gente com os fatos, com a história e com a sua própria história. Dilma deveria ter começado a sua resposta assim: “Meu adversário estava certo sobre o Irã; aliás, os adversários do PT costumam estar certos, mas temos sido bem-sucedidos nos nossos truques…”

Por Reinaldo Azevedo

Alckmin e Aécio propõem mudanças no programa do PSDB

Por Gustavo Uribe, da Agência Estado:
O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu na tarde desta segunda-feira, 6, a refundação do PSDB, com atualização do programa partidário da legenda. Após almoço com o senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) na capital paulista, Alckmin pregou a união dos quadros da legenda e sustentou a necessidade de o PSDB atuar como uma oposição propositiva e inteligente. “Nós vivemos momentos diferentes. O partido foi fundado na década de 80 e hoje nós estamos em um outro momento”, disse o governador eleito. “Então, é importante atualizar o programa partidário (do PSDB) para fazer uma oposição propositiva, inteligente, que ajude o Brasil”, completou.

“O nosso programa foi construído em cima de uma realidade que não é mais a do Brasil. Então, isso tem de ser visto de forma absolutamente natural”, disse Aécio que sugeriu ao PSDB que o processo de refundação seja coordenado pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, pelo ex-governador José Serra e pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). “É fundamental que contemos para a reconstrução do projeto do programa partidário com as principais lideranças do partido”, ressaltou, defendendo a unidade da legenda. “Nós sabemos que a nossa unidade é essencial para que nós possamos construir um projeto viável para o Brasil.”

O senador eleito por Minas Gerais pregou a defesa pelo PSDB do que chamou de “ideias novas”, como uma economia sustentável, a profissionalização do setor público e a qualificação de jovens.

Em clima de coleguismo, os tucanos trocaram elogios entre si e minimizaram as recentes trocas de farpas entre integrantes do PSDB de Minas Gerais e de São Paulo. “Não há nenhuma divisão, estamos unidos para trabalhar pelo Brasil”, disse Alckmin. “É uma alegria rever o Aécio, um amigo querido.” O ex-governador de Minas Gerais retribuiu os afagos e considerou de “menor importância” as rusgas entre tucanos dos dois Estados. “É um prazer sempre muito grande conversar com Geraldo, o meu amigo de muitos anos. Uma das lideranças mais expressivas do PSDB”, avaliou. “Nós sempre tivemos muitas afinidades. Essa disputa que volta e meia se lê nos jornais entre PSDB de Minas Gerais e de São Paulo não existe. Isso é da cabeça de uma ou outra figura.”

Num encontro de cerca de 1h30, Alckmin e Aécio anteciparam temas que serão discutidos, na quarta-feira da próxima semana (dia 15), entre os oito governadores eleitos pelo PSDB. O evento será realizado em Maceió (AL) e visa afinar o discurso da oposição ao governo de Dilma Rousseff.

Por Reinaldo Azevedo

Mas o que quer o PSDB?

O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador eleito de Minas Aécio Neves, ambos do PSDB, se reuniram para debater o futuro do PSDB, do país etc. (ver abaixo). A conversa é sempre oportuna. Há dias, representantes do partido dos dois estados andaram se bicando. No que concerne à disputa federal, os maiores inimigos dos tucanos têm sido os tucanos. Quando conseguem alguma unidade nos estados, o resultado é bom. O PSDB é o partido que elegeu, por exemplo, o maior número de governadores.

A conversa é boa, mas tudo está um tantinho confuso, como se percebe. Ao mesmo tempo em que se fala de uma oposição “propositiva”, há o tal flerte com a “refundação” do partido, seja lá o que isso signifique. Aécio, por exemplo, acredita que a tarefa dos novos prolegômenos deva ficar para FHC e Tasso Jereissati, que já anunciaram que não disputarão mais cargo nenhum, e para José Serra, que não anunciou nada disso. O modelo vem lá das ancestralidades, do tempo em que havia o Conselho de Anciãos da tribo para lembrar aos moços os valores dos antepassados. Não me parece que nenhum dos três se encaixe no perfil. Mas vá lá.

Eu estou entre aqueles que acreditam que uma oposição deva, sim, ser propositiva. O que me pergunto é se o PSDB tem sido outra coisa ao longo desses oito anos. Tem? Acho que não! O contrário seria a oposição destrutiva? Acho que não. Precisa é ser clara e presente, o que não tem acontecido. O  Câmara dos Deputados aprovou, em votação final, na semana passada, o regime do pré-sal, com a instituição do regime de partilha. Não se ouviu um pio do PSDB, que é mais forte hoje no Congresso hyoje do que será a partir de 2011. Por que não falou? Não falou por quê? O mais formidável é que se abandona um regime, o de concessão, que é sucesso comprovado. Por quê?

Não sou tucano, como todo mundo sabe. Eles são “progressistas” demais para o meu gosto. Mas acho a alternância de poder uma virtude e, por isso, fme ocupo deles. Eu tomo como referência as grandes democracias do mundo. Em todas elas, existe oposição claramente definida. Nenhuma delas precisa provar para tribunal nenhum, especialmente o do governismo, que é “propositiva”. A grande proposição de uma oposição é, no fim das contas — e desculpo-me pela tautologia — opor-se. Sua função não é apresentar propostas para o governo, mas para a sociedade. Governo governa, e oposição se opõe. Essa invenção da democracia tem valor universal.

Noto, para encerrar, que o próprio PT faz  ”oposição propositiva” a si mesmo — o país nem precisa do PSDB para isso. Tomem como exemplo a entrevista de Dilma Rousseff ao Washington Post. Pronto! Agora ela também é uma crítica das posições que o governo brasileiro tem assumido em relação ao Irã. E há quem não seja. O partido está lá e cá. A depender do que seja essa “proposição” tucana, a atuação da legenda vai apenas ser diluída na voragem de um Congresso onde o governismo tem maioria esmagadora. Vamos ver.

Por Reinaldo Azevedo

Dilma, o governo do Irã e uma bobagem espetacular!

No dia 19 do mês passado, a ONU votou uma resolução que condenou o governo do Irã por violações aos direitos humanos, dando especial destaque ao apedrejamento de mulheres. O Brasil se absteve. Em vez de se alinhar com EUA, Japão, países da Europa e Argentina, preferiu ficar com Angola, Benin, Butão, Equador, Guatemala, Marrocos, Nigéria, entre outros. Dei uma das merecidas chicotadas em Celso Amorim naquele dia (Aqui). Os petralhas, como sempre, defenderam o nosso diplomata circense — vocês sabem, eles acham que tenho inveja da estatura de Amorim… Pois bem: agora eu espero que a canalha dirija sua fúria contra a presidente eleita, Dilma Rousseff. Em entrevista ao jornal americano Washington Post, ela afirmou discordar do voto dado pelo Brasil (ver post na home), ainda que tenha defendido a política externa do governo Lula e reiterado os compromissos do Babalorixá de Banânia com os direitos humanos — o que é absolutamente falso no que concerne à política externa brasileira. Também defendeu o diálogo com o Irã e criticou os EUA etc e tal.

O discurso é, sem dúvida, de alguém neófito na área, mas melhor do que aquilo que se tem hoje. A presidente eleita disse não concordar com “as práticas medievais características que são aplicadas quando se trata de mulheres” e que não fará “nenhuma concessão em relação a isso”. Afirmou ainda: “Não sou a presidente do Brasil, mas ficaria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não me manifestar contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando assumir.” Huuummm… Vamos ver.

Não é o sexo do mandatário do Brasil que torna “confortável” ou “desconfortável” o voto dado pelo país na ONU. Não interessa o que se encontra no baixo ventre do mandatário, mas o que vai no cocuruto. A forma de matar, se medieval ou pós-moderna, tem menos relevância do que o fato de que há países, como o Irã, que enforca opositores políticos e homossexuais simplesmente por serem opositores e homossexuais e que apedreja mulheres em defesa dos “costumes”.

Mohammad-Javad Larijani, representante do Irã naquela reunião, defendeu a prática do apedrejamento como uma manifestação do humanismo: “Significa que você deve fazer alguns atos, jogando um certo número limitado de pedras, de uma forma especial, nos olhos de uma pessoa. Apedrejamento é uma punição menor que a execução porque há a chance de sobreviver. Mais de 50% das pessoas podem não morrer”. É com esse tipo de gente que Celso Amorim anda de braços dados. Larijani também fez outra acusação, e é ela que diz respeito ao lixo moral em que Amorim transformou a nossa diplomacia: “Essa resolução não é justa e não contribui com os direitos humanos. Essa resolução é fruto da hostilidade americana contra o Irã. É a politização dos direitos humanos”.

O caso escandaloso do documento
Prefiro, obviamente, a posição de Dilma à de Amorim, mas é um reducionismo tolo, pueril, a presidente eleita evocar a sua condição de mulher para criticar a escolha feita pelo Brasil. Fosse ela um homem, a decisão teria sido menos infeliz? O problema é bem outro. O voto dado pelo Brasil na ONU está ancorado num documento.

No fim de julho, o Itamaraty enviou uma carta a todos os países-membros da ONU defendendo, atenção!, que o organismo evitasse condenar os países por violação dos direitos humanos. Segundo Amorim, o fio-terra da raça (é o outro extremo das antenas), a condenação é contraproducente. Deve-se buscar sempre o diálogo. Escrevi a respeito no dia 4 de agosto (aqui). No documento, sustenta o Itamaraty:
“Hoje, o Conselho de Direitos Humanos da ONU vai diretamente para um contencioso (…). Elas [as condenações] servem aos interesses daqueles que estão fechados ao diálogo, já que lhes dá uma espécie de argumento de que há seletividade e politização”.
Como se nota, a opinião de Amorim coincide com a daquele poeta do apedrejamento iraniano,  que vê até certa suavidade em “jogar pedras nos olhos de uma pessoa”.

O primeiro passo, então, do Ministério das Relações Exteriores do governo Dilma é revogar aquela carta. Se Antônio Patriota, o substituto de Amorim, não o fizer,  o Brasil ficará por conta da “sensibilidade feminina” de Dilma… Caso ela não seja ofendida por alguma “violência medieval”, tudo bem! Não se esqueçam de que o Brasil se negou a condenar até o governo patologicamente homicida do Sudão pela morte de 400 mil pessoas em Darfur, mas jamais perdeu um chance de condenar Israel.

A bobagem espetacular
Não! Não foi dita por Dilma, mas escrita pela colunista Eliane Cantanhêde, da Folha, que assina um texto sob a rubrica “Análise”. Sempre que esses termos se estreitarem num abraço insano, como diria o poeta, a lógica treme.

Ao comentar a fala da presidente eleita sobre o Irã e depois de lembrar que o Brasil tem se negado sistematicamente a condenar tiranias, escreve Cantanhêde este primor:
“Enquanto Lula tenta escapulir de rótulos ideológicos, ela assume claramente uma opção pela esquerda. Essa opção tende a se revelar não na política econômica, mas na área de direitos humanos, por exemplo.”

Meu Jesus (Manuel Bandeira) Cristinho! Lula estaria apenas tentando “escapulir de rótulos ideológicos”, como se as escolhas feitas pelo Brasil — e até os vazamentos do WikiLeaks o evidenciam — não fossem a opção pelo confronto com os EUA, além, evidentemente, da busca de apoio a uma vaga no Conselho de Segurança da ONU. Tanto é assim que Amorim tentou transformar as decisões brasileiras numa Teoria Geral do Diálogo com os Facínoras, conforme evidencia o documento a que aludi.

Mas isso é quase nada perto do que vem depois. Dilma estaria claramente assumindo, segundo Cantanhêde, “uma opção pela esquerda” ao criticar o Irã! Entendi. O governo Lula evitou, entre outras barbaridades, censurar Cuba, Sudão e Irã por… falta de esquerdismo, certo? Não fosse Lula tentar “escapulir de rótulos”, talvez não tivesse comparado os dissidentes cubanos a bandidos comuns, certo? Ao não perder uma só chance de condenar Israel, vai ver é por direitismo que o Itamaraty o faz…

Não é uma questão de opinião, não! Trata-se de uma monumental bobagem mesmo, mas que tem sua história. Na raiz dessa tolice está a suposição de que direitistas atacam direitos humanos, centristas (como Lula) são pragmáticos, e esquerdistas os defendem. Nem digam! Olhemos para os esquerdistas que ainda há hoje, recuperemos alguns do passado e tentemos contar a sua história a partir dos direitos humanos. Será um espetáculo! Desde Robespierre, os mais mansos matam a sua sede de humanismo tomando um copo de sangue!

Por Reinaldo Azevedo

Sérgio Cabral, a defesa da legalização das drogas e o pacto com o capeta

Sérgio Cabral, este assombroso governador do Rio de Janeiro, avaliou que o momento é bom para retomar uma antiga tese sua: a defesa da descriminação das drogas. Não de todas elas, claro! Afinal, ele é um senhor responsável: só daquelas leves. “Droga leve”, no Brasil, costuma ser sinônimo de maconha. Ele nada disse sobre o crack, por exemplo, um verdadeiro flagelo nacional.

No dia 27 de outubro do ano passado, escrevi aqui um texto intitulado “Drogas - Um pacto com o demônio”. Recomendo a releitura ou, a depender do caso, a leitura. Notem que eu me referia ali ao Complexo do Alemão, às obras do PAC, à tese da legalização, à questão do tratamento dos drogados e, muito importante!, à subcultura das drogas, que também é um flagelo, só que moral. E que fique uma vez mais registrado, porque, nesse caso, sem qualquer pretensão bobinha, é um registro que fica para a história: Cabral está pondo em prática a sua tese. As UPPs, como vêm sendo implementadas, legalizam as drogas no Rio de Janeiro. Diz José Mariano Beltrame que o objetivo de sua política é recuperar território. Sem dúvida, isso é importante! Só que é preciso recuperar o território e exercer a soberania, não é mesmo?

Se o tráfico continua, e continua, quem manda é o traficante. A polícia apenas faz a segurança… Vamos ao texto do dia 27 de outubro de 2009, que abre com um magnífico vídeo de Carlos Minc.

As drogas estão se tornando um flagelo no país. Sob o olhar cúmplice das autoridades brasileiras. Mais do que isso: há uma cultura de tolerância com o consumo — e, por conseqüência, com o tráfico. Quem cheira mata! No Ministério da Justiça, há um estudo, que deve se converter num projeto de lei assinado por um deputado do PT, que tira da cadeia o chamado “pequeno traficante”. Um ministro de Estado, Carlos Minc, não só participou de uma tal “Marcha da Maconha” como subiu num palco e discursou em defesa da descriminação das drogas num ambiente visivelmente relaxado, descontraído… O vídeo está publicado acima. Um ministro de estado é a representação do presidente da República. Minc continuou ministro.

No Rio, fica evidente que o narcotráfico domina vastos territórios, onde a polícia não entra a não ser em operações que lembram ações de guerra. O Complexo do Alemão — que chamo “Complexo da Ideologia Alemã — não recebe a visita da Polícia há 13 meses para não atrasar as obras do PAC… O narcotráfico, como deixarei claro aqui nos próximos dias, desenvolveu até uma estética, que se confunde com uma ética, que chegou à industria do entretenimento: o funk. “O que o funk tem com isso, Reinaldo?” Ok. Tentar combater o mal exaltando os seus valores e sua visão de mundo é perda de tempo. Muitas ONGs, todo mundo sabe, mas ninguém diz, se tornaram fachadas legais do poder paralelo do tráfico. Estamos começando a colher os efeitos da incúria, da irresponsabilidade, do erro de análise e da ideologização do crime.

A droga é, sem dúvida, um flagelo. A maioria dos brasileiros acompanhou a história terrível de Bárbara, uma jovem de 18 anos, assassinada pelo namorado, Bruno Prôa, de 26, que havia acabado de consumir crack. Foi o próprio pai do rapaz, Luiz Fernando, quem chamou a polícia. Numa carta ao jornal O Globo e, ontem, no Jornal Nacional, ele reclamou da impossibilidade de se internar, contra a vontade, um viciado em drogas. A lei que força a internação existe, mas todos sabem que não é aplicada.

Jornal Nacional resolveu debater o assunto com dois especialistas: o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, considerado uma das maiores autoridades sobre o assunto no país, e Pedro Gabriel Delgado, coordenador da área de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Basta assistir à entrevista de ambos para se constatar que Laranjeira tem razão: “Essa lei não é seguida aqui no Brasil. O sistema público de saúde não tolera esse tipo de atitude. Então acaba desassistindo uma parte da população. O crack é uma doença grave, em que é preciso uma série de recursos, inclusive a internação involuntária, em que as pessoas que não têm recursos no Brasil estão sendo privadas de receber o tratamento necessário para essa doença tão incapacitante.

O representante do Ministério da Saúde tentou contestá-lo sem sucesso e só evidenciou que é mesmo impossível internar, contra a vontade, um drogado que esteja fora do controle. Sem ter saída, o valente se aproveitou do fato de Laranjeira ser de São Paulo e fez o quê? Ora, política!!! Atacou o sistema de saúde paulista, como se isso estivesse em debate. É com gente assim que o Brasil está lidando. Isso explica por que chegamos aqui. As reportagens do Jornal Nacional estão aqui e aqui.

O país brinca com fogo. Seja num drama quase privado, uma tragédia que colhe de modo avassalador duas famílias — mas que representam milhares —, seja no episódio do abate do helicóptero e das mais de 40 mortes do Rio, estamos constatando a falência do… Não! Estamos constatando a inexistência de políticas oficiais que cuidem do assunto, que abrange, como se nota, várias áreas: da segurança pública à saúde mental. E as falácias vão se acumulando.

Imaginar que se possa combater o grande tráfico de drogas sem combater o consumo e os pequenos traficantes é dessas bobagens que vão se tornando influentes apenas porque ganham uma roupagem de “progressismo”. A tese prospera não porque comprovadamente eficiente, mas porque parece apelar a um senso de Justiça superior, que as pessoas comuns não alcançariam.Imaginar que se pode descriminar a maconha, por exemplo, mas manter na ilegalidade as demais drogas, é outra dessas vigarices influentes que adquirem ares de fina sapiência. Considerar que a política de redução danos — que levaria a um consumo mais “responsável” das drogas, com um manual de instrução — substitui a política de repressão é outra dessas  mentiras que tentam ser convincentes. Lembro-me do embate aqui com um grupo que dizia defender tal procedimento no consumo de ecstasy. Raramente li tanta bobagem. Naqueles dias, o professor Laranjeira foi um dos que se colocaram ao lado deste blogueiro na censura a certas considerações que eram nada menos do que apologia das drogas — sob o pretexto de combatê-las.

Estudos demonstram, por exemplo, que boa parte dos moradores de rua de São Paulo — e isso deve ser verdade em todas as grandes cidades — são doentes mentais. Em alguns casos, a doença é efeito da droga; em outro, os males se conjugaram. Não há local para recolher e tratar essas pessoas ainda que a Prefeitura se dispusesse a tirá-las das ruas. Ao contrário: aqui em São Paulo, certa Escatologia da Libertação, cobrindo o rabo do capeta com a batina, advoga justamente o contrário: o “direito” que essas pessoas teriam de morar nas ruas. ONGs chegam ao requinte de distribuir cachimbos para o consumo de crack e um kit com seringa, água esterilizada e outros apetrechos para o uso de drogas injetáveis. Só falta fornecer mesmo a droga. A suposição, sempre, é a de que, já que o consumo é inevitável, que seja feito de maneira segura. Iniciativas como essas costumam contar com ajuda oficial.

Entenderam a perversidade da coisa? Já que o Estado brasileiro não pode estatizar a segurança e o combate às drogas, então ele, na pratica, estatiza o drogado, a doença. Não deriva o Bem do Mal. Não há hipótese. Cedo ou tarde, o que se supõe um Bem, derivado do Mal, vai cobrar o seu preço. Estamos começando a pagá-lo agora. Os anos todos de tolerância com a cultura da droga já corroeram também as instituições.

A tolerância com o estado paralelo da droga e os flertes com a sua “cultura alternativa” não poderiam dar em outra coisa. Diante do crime, há duas alternativas: combatê-lo ou fazer com ele o pacto que o demônio costuma fazer com seus eternos subordinados. O Brasil tem escolhido reiteradamente o rabudo.

Mas Dilma disse que outros bairros ainda ficarão com inveja do Complexo do Alemão, lá onde a polícia não entra e onde o presidente, FB, nem precisa de eleição.

PS: Publiquei, à época, o tal vídeo com Carlos Minc. Mas acho que ele merece circular de novo como evidência da miséria intelectual, ética e moral que tomou conta do Brasil também nessa área. Quem não entender o que isso tem a ver com o helicóptero abatido e com a tragédia da jovem Bárbara não tem o que fazer neste blog. E peço moderação nos comentários, por razões óbvias.

Por Reinaldo Azevedo

Apoio ao Irã na ONU foi erro, diz Dilma

Por Luciana Xavier, no Estadão:
A presidente eleita Dilma Rousseff criticou, em entrevista publicada ontem no jornal The Washington Post, o comportamento do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), em 18 de novembro, ao se abster de votar uma condenação às violações de direitos humanos no Irã. “Não concordo com o modo como o Brasil votou. Não é a minha posição”, afirmou Dilma, que vinha evitando fazer comentários sobre a decisão do Itamaraty.

Na votação, a ONU aprovou uma censura ao regime iraniano por violações de direitos humanos e pediu o fim dos apedrejamentos, da perseguição a minorias e de ataques a jornalistas. O Brasil foi um dos 57 países que se abstiveram na votação - outros 80 votaram a favor da condenação e 44 foram contrários. A aproximação do Brasil com o Irã tem sido vista com preocupação por Estados Unidos e Europa.

A censura da ONU a Teerã foi motivada pela condenação à morte por apedrejamento de Sakineh Achtiani, acusada de adultério e de envolvimento no assassinato do marido. Em sua primeira entrevista como presidente eleita, Dilma havia criticado a sentença.

Na entrevista ao Post, ela voltou a condenar o apedrejamento de mulheres no Irã. “Não concordo com as práticas medievais características que são aplicadas quando se trata de mulheres. Não há nuances e eu não farei nenhuma concessão em relação a isso”, garantiu. “Não sou a presidente do Brasil (hoje), mas ficaria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não me manifestar contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando assumir.”

As declarações de Dilma foram antecipadas no site do jornal americano na sexta-feira, pouco depois da notícia de que o atual chanceler, Celso Amorim, deve mesmo deixar o comando do Itamaraty. O ministério das Relações Exteriores provavelmente será comandado por Antônio Patriota - que já foi embaixador do Brasil em Washington.

A despeito da inflexão do discurso em relação ao Irã, a presidente eleita defendeu o diálogo com o governo dos aiatolás e criticou a política externa americana para a região. “O que vemos no Oriente Médio é a falência de uma política de guerra: estamos falando do Afeganistão e o desastre que foi a invasão do Iraque”, criticou. A presidente eleita defendeu as negociações de paz na região, sugerindo que seu governo manterá a estratégia atual de intermediar conflitos. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Irã anuncia que já produz urânio concentrado

Por Jamil Chade, no Estadão:
O Irã deu ontem um claro sinal de que não desistirá de seu programa nuclear ao anunciar ter enviado o primeiro lote de urânio produzido no país a uma de suas usinas que pode enriquecê-lo. Teerã se tornaria, pela primeira vez, autossuficiente na produção completa do ciclo do combustível nuclear, driblando as sanções da ONU, que proibia a importação do material.

Segundo o chefe do programa nuclear iraniano, Ali Akbar Salehi, o país passou a utilizar urânio da mina de Gaichin. O material seria enviado para ser enriquecido na cidade de Isfahan, em um passo significativo de seu programa atômico e uma demonstração de que o país não ficará dependente de fornecimento de urânio do exterior.

A declaração foi feita às vésperas da primeira negociação entre Teerã e os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU (França, Rússia, Grã-Bretanha, EUA e China) mais a Alemanha, hoje em Genebra, depois de mais de um ano de impasses. Fontes do governo iraniano revelaram ao Estado que o país chega com a intenção de defender a retomada do acordo negociado entre o Brasil e a Turquia, em maio, que havia sido rejeitado por europeus e americanos.

De acordo com diplomatas iranianos, anunciar que já dominam o ciclo do combustível completo, portanto, ajudaria a pressionar Washington e Bruxelas a considerar o plano assinado por Luiz Inácio Lula da Silva como o mais viável hoje.

“A partir de agora, o Irã já não terá problemas no abastecimento de urânio”, disse Salehi. Para o chefe do programa nuclear do Irã, o assassinato, na semana passada, de um alto cientista nuclear do país e dos inúmeros ferimentos causados a outro em duas explosões não atrasarão o avanço atômico iraniano. “Não importa o quanto eles se esforcem para impor sanções. Nossas atividades nucleares continuarão e eles testemunharão feitos muito importantes no futuro.Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Mais uma do WikiLeaks que todo mundo sabia: Hillary diz que sauditas financiam terroristas

A AP, no Estadão Online:
De acordo com documentos divulgados ontem pelo WikiLeaks, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, elaborou um memorando em que aponta a Arábia Saudita como o país de onde sai a maior fatia de verbas para grupos fundamentalistas islâmicos, como o Taleban, no Afeganistão. Para Hillary, os EUA e seus aliados no Oriente Médio falharam na tentativa de interromper esse financiamento.

“É preciso fazer mais porque a Arábia Saudita continua sendo um financiador importante de grupos militantes islâmicos, como a Al-Qaeda, o Taleban, o Lashkar-i-Taiba (grupo paquistanês) e outros grupos terroristas”, diz o documento secreto de dezembro de 2009, assinado por Hillary.
De acordo com Hillary, é preciso criar vontade política para que as autoridades desses países envolvidos cortem o fluxo de dinheiro. Outros países árabes do Golfo Pérsico também são importantes no financiamento aos extremistas, informaram os documentos, indicando que as autoridades do Catar e do Kuwait são displicentes em investigar e processar seus cidadãos que fazem doações a grupos extremistas.

O despacho de Hillary afirma que o Catar é “o pior país na região” em matéria de cooperação com Washington. A atitude do Catar, de acordo com o documento, é, em grande parte, “passiva” na abordagem do problema do financiamento ao extremismo, com as forças de segurança “hesitantes em agir contra terroristas manifestos” porque os governantes temem ser vistos pela população como amigos dos EUA.

Financiamento. Hillary também não poupou outros tradicionais aliados. Os Emirados Árabes Unidos, segundo a secretária de Estado, são “uma brecha estratégica” que os terroristas aproveitam. O Kuwait, de acordo com ela, é “um ponto importante de passagem” de extremistas.

Em outro documento, Hillary e diplomatas de alto escalão dos EUA mencionam uma longa lista de métodos pelos quais transcorre o financiamento dos terroristas. Entre eles estão o roubo de um banco no Iêmen, no ano passado, sequestros para obter resgate, os lucros do tráfico de drogas no Afeganistão e as peregrinações anuais a Meca, onde são arrecadados milhões de dólares.

Um membro da família real saudita exigiu ontem que a fonte dos documentos confidenciais da embaixada americana publicados pelo site WikiLeaks seja “rigorosamente punida” e sugeriu que a credibilidade dos diplomatas dos EUA foi prejudicada pelo vazamento. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Mais de 40% dos beneficiários do Bolsa-Família continuam miseráveis

Por Marta Salomon, no Estadão:
A presidente eleita, Dilma Rousseff, não terá dificuldade para encontrar a pobreza absoluta que ela prometeu erradicar até o fim do mandato, como um dos principais compromissos da campanha. Quase 5,3 milhões de famílias - a grande maioria dos brasileiros que permanecem na condição de miseráveis - já são beneficiárias do programa Bolsa-Família, de transferência de renda.

O valor pago mensalmente pelo Bolsa-Família, que varia de R$ 68 a R$ 200 para as famílias que vivem em pobreza mais aguda, não é suficiente para pouco mais de 40% dos atendidos pelo programa superarem a miséria. A condição de pobreza extrema é definida pela renda de até R$ 70 mensais por pessoa da família, segundo as regras do programa; miseráveis são pessoas que vivem com renda de até R$ 2,30 por dia.

O número de famílias que permanecem na extrema pobreza apesar de receberem o benefício do Bolsa-Família aparece em levantamento inédito do Ministério do Desenvolvimento Social, feito a pedido do Estado. Nos últimos anos, o ministério vinha se recusando a divulgar esse tipo de informação.

Entre as 12,7 milhões de famílias beneficiárias do Bolsa-Família, 7,4 milhões (58%) encontram-se na faixa de renda entre R$ 70 e R$ 140 mensais por pessoa da família. Dessas, 4,4 milhões (35% do total dos beneficiários) superaram a condição de extrema pobreza com o pagamento do benefício. Mas ainda restam 5,3 milhões (42%) de miseráveis no programa.

Gasto extra. Acabar com a extrema pobreza entre os beneficiários do Bolsa-Família significaria ter de mais do que dobrar o valor do benefício básico, de R$ 68, pago apenas às famílias que têm renda per capita de até R$ 70. “O piso do benefício teria de ir para R$ 138″, calcula Lúcia Modesto, secretária de Renda de Cidadania do ministério, responsável pelo programa.

A média dos pagamentos, hoje em R$ 96 mensais, também teria de aumentar. O impacto nas contas públicas seria um gasto extra de R$ 8 bilhões, segundo estimativa preliminar. “Está muito acima das nossas possibilidades”, disse a secretária.

A presidente eleita recorrerá a uma medida provisória, no início do mandato, para fixar reajuste nos pagamentos do Bolsa-Família. Um reajuste acima da inflação acumulada, de cerca de 9%, está em estudo, conforme antecipou o Estado. Mas a possibilidade de pagar um benefício que elimine imediatamente a extrema pobreza entre os beneficiários nem sequer é considerada.

Política de reajuste. Uma das ideias em estudo é estabelecer uma política de reajustes para o Bolsa-Família, como acontece com o salário mínimo. Atualmente, eventuais reajustes dependem da vontade do presidente da República.

O último reajuste do Bolsa-Família se deu em maio de 2009. Desde então o programa paga entre R$ 22 e R$ 200. O valor varia de acordo com o grau de pobreza e o número de crianças e jovens em idade escolar das famílias. Nada recebem aquelas que não são consideradas extremamente pobres nem têm filhos até 17 anos. O Orçamento de 2011, enviado ao Congresso sem previsão de reajuste, autoriza gastos de R$ 13,4 bilhões com o programa. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
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Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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