Surrealismo no gelo - Onda de frio intenso insiste em ignorar o aquecimento global e leva caos à Europa! Chamem Al Gore para tom

Publicado em 20/12/2010 16:21 e atualizado em 08/03/2020 20:39

Surrealismo no gelo - Onda de frio intenso insiste em ignorar o aquecimento global e leva caos à Europa! Chamem Al Gore para tomar uma providência!

No Estadão, com Reuters e AFP:

O secretário dos transportes britânico, Philip Hammond, consultou especialistas em meteorologia do país para saber se a Grã-Bretanha está vivendo uma mudança em seus padrões climáticos. Este dezembro promete ser o mais frio registrado desde 1910. Hoje, a expectativa é de que a temperatura baixe a até -6º C. E 20 cm de neve devem cair no país.

Nos últimos dias, o frio vem trazendo problemas principalmente no sistema de transportes do continente europeu. Outros setores, porém, também estão sofrendo. Na França, a Torre Eiffel ficou fechada para visitações ontem e um show de Lady Gaga que ocorreria na cidade acabou cancelado - o volume de neve não permitiu que os veículos pesados que transportavam o material da apresentação chegassem a tempo.

Jogos do Campeonato Italiano de futebol também foram adiados. Congestionamentos e obstruções em ferrovias e rodoviasocorreram em vários países do continente.

Aeroportos. O caos no transporte aéreo provocado pelas intensas nevascas teve ontem seu pior dia na Europa. Aeroportos de outros continente, incluindo os brasileiros, sofreram com o atraso dos voos europeus.

Na Alemanha, mais de 600 voos foram cancelados. Do aeroporto de Heathrow, na Grã-Bretanha, apenas poucos voos decolaram. Em Paris, o aeroporto Charles de Gaulle teve 40% de seus voos suspensos.

Operadores do transporte aéreo de Frankfurt informaram que até a tarde de ontem, 560 voos não decolaram. E a expectativa da chegada de outra grande nevasca poderia causar ainda mais cancelamentos.

No segundo maior aeroporto do país, em Munique, o mau tempo de Amsterdã, Paris e Bruxelas provocou o cancelamento de pelo menos 75 voos.

Em Heathrow, aproximadamente 30 toneladas de neve eram retiradas das pistas - que foram fechadas no sábado - durante o dia de ontem. O gelo que se acumulava, porém, tornava perigosa a movimentação das aeronaves no local. “Chega um momento em que o clima tem tamanho impacto que voar torna-se inseguro”, disse Andrew Teacher, porta-voz da empresa britânica responsável pela gestão dos aeroportos. As pistas do terminal de Gatwick estavam liberadas, mas milhares de passageiros enfrentaram atrasos.

Cerca de 700 mil pessoas eram esperadas nos dois principais aeroportos de Paris no fim de semana. Mas estima-se que menos da metade chegou à capital francesa.

Depredação da Cutrale pode ficar sem punição

Por José Maria Tomazela, no Estadão:
A depredação de 12 mil pés de laranja da fazenda da Cutrale pelo Movimento dos Sem-Terra (MST) - ocorrida em outubro de 2009, em Borebi, no interior de São Paulo - pode ficar sem punição. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) entendeu que os 22 militantes acusados de formação de quadrilha, furto e dano qualificado não podem ser responsabilizados por atos que não praticaram diretamente e anulou o processo.

Sete militantes acusados de liderar a ação já haviam sido soltos em 11 de fevereiro, por liminar do próprio TJ. Para o tribunal, a investigação da Polícia Civil, usada pela promotoria para oferecer a denúncia, não individualizou a prática criminosa. Ou seja, não disse qual o crime praticado por cada um dos acusados.

Pelo mesmo motivo, o tribunal decidiu cancelar o indiciamento dos réus e anular o processo. A sentença, dada há três meses, passou praticamente despercebida. Agora, por meio de um recurso especial ao TJ, a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado tenta reverter a decisão.

Se o entendimento do TJ for mantido, os réus saem livres, incluindo os sete militantes que ficaram presos preventivamente, no início do ano, durante 16 dias. O Estado também pode ser processado.

Inquérito. A Polícia Civil indiciou 52 militantes - parte deles foi reconhecida por imagens registradas em um helicóptero da Polícia Militar. Em 26 de janeiro, a Justiça concedeu mandados de prisão contra sete pessoas, entre eles o ex-prefeito de Iaras, Edilson Granjeiro Xavier (PT), a vereadora Rosimeire Pan D”Arco de Almeida Serpa (PT) e seu marido Miguel da Luz Serpa, coordenador regional do MST.

Um mês depois da libertação dos presos, a juíza Ana Lúcia Graça Lima Aiello, da 1.ª Vara Criminal de Lençóis Paulista, aceitou denúncia contra os réus pelos crimes de formação de quadrilha, furto e dano qualificado.

Os advogados do MST alegaram que houve imputação generalizada de crimes que os militantes não praticaram. O promotor Henrique Varonez, de Lençóis Paulista, argumenta que há jurisprudência determinando que os líderes de um grupo respondam por ações coletivas.

Por Reinaldo Azevedo

Que herança é esta, Dilma? Empresas e centrais cobram ação do novo governo contra importações

Por Marcelo Rehder, no Estadão:
Sob ameaça da invasão de importados, capital e trabalho deixaram as diferenças de lado para juntar forças numa cruzada em defesa do produto brasileiro. A aliança entre representantes das indústrias e das centrais sindicais começou a ser articulada nas mesas de negociação salarial, avançou em reuniões setoriais conjuntas e deve ganhar força no início de 2011, com a posse do governo Dilma Rousseff.

Empresários e sindicalistas pretendem convencer o novo governo a adotar medidas de proteção contra as importações e de incentivo fiscal e tributário a setores afetados pelo avanço do processo de substituição da produção local por estrangeiros. Entre eles, estão a cadeia de abastecimento do setor automotivo, bens de capital, eletroeletrônicos, calçados e têxteis.

“Queremos falar com a presidente Dilma, a equipe econômica e os parlamentares para mostrar o mal que isso está causando à economia “, diz o presidente da Força Sindical e deputado federal, Paulo Pereira da Silva.

A ideia é ter um diagnóstico sobre a situação e identificar os setores afetados, além da apresentação de propostas. Nesse sentido, os presidentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, e da categoria em São Paulo, Mogi das Cruzes e Região, Miguel Torres, vão propor hoje ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, eventos para debater a competitividade da indústria nacional.

“Estamos pensando em promover, entre janeiro e fevereiro, um debate com esse tema reunindo a visão dos trabalhadores, dos empresários e do governo”, conta Nobre. “Num momento como este, não dá para cada um ter a sua agenda. É necessário ter uma agenda única, um diagnóstico comum das medidas importantes para reverter o quadro.”

A atuação conjunta do capital e do trabalho faz sentido. Nas negociações salariais deste ano, os trabalhadores chegaram a conquistar aumentos superiores a 6% além da inflação. Mas o ganho poderia ter sido maior. “As empresas alegam que perdem competitividade com o aumento dos salários”, afirma Torres.

Os sindicalistas temem que, no caso de uma eventual reviravolta no mercado interno, as empresas, além de importar, passem a demitir. Há preocupação ainda sobre os novos investimentos e a criação de empregos. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Dilma deve manter programa de rádio de Lula

Por Rui Nogueira, Vera Rosa e Tânia Monteiro, no Estadão:
A presidente eleita, Dilma Rousseff, estuda com a futura ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social, a jornalista Helena Chagas, como vai estruturar os contatos diários com a imprensa e os recados periódicos ao País. A mudança, entre outros fatores, deve-se a uma questão de estilo: Dilma não tem o gosto e desenvoltura para falar em público como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Pelo menos no início do governo, o mais provável é que sejam mantidos o programa de rádio Café com o Presidente e a coluna impressa O Presidente Responde. Em especial no segundo mandato, Lula intensificou o contato direto com os jornalistas e encarou o “paredão da imprensa” e as entrevistas em chegadas e saídas de eventos públicos como parte da comunicação institucional da Presidência da República.

Em contato com fontes da equipe da transição, o Estado apurou que a presidente eleita dá valor a essa comunicação quase diária e quer “manter uma relação que permita sinalizar as intenções do governo”.

No entanto, Helena Chagas deve ter mais voz e mais presença pública do que tem hoje o também jornalista Franklin Martins, titular da Comunicação Social no governo Lula. A jornalista pode vir a funcionar mais como uma autêntica porta-voz da Presidência.

Por ser ministro de um presidente que “fala sobre tudo”, Franklin Martins tem sido mais um conselheiro político e estrategista de imagem do governo Lula. No fim de mandato, coordenou trabalhos como o anteprojeto do marco regulatório das telecomunicações.

Publicidade. A tarefa de controlar e distribuir a verba pública de publicidade ficará a cargo de Yole Mendonça, atual secretária de comunicação integrada da Secretária de Comunicação Social. Yole Mendonça substitui Ottoni Fernandes Júnior, que deixa o governo no fim do ano.

Yole Mendonça está na Secom desde 2007, onde chegou depois de ocupar o posto de gerente executiva do Banco do Brasil. É formada em jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem um MBA em marketing pela Coppead-UFRJ e outro em Formação para Altos Executivos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Por Reinaldo Azevedo

Partidos custarão R$ 418 milhões para os cofres públicos em 2011. Ou: a cascata vigarista do financiamento público de campanha.

Vejam o que informa Daniel Bramatti no Estadão de hoje. Volto em seguida:

Nas noites de 48 quintas-feiras do ano de 2011, líderes de 25 partidos vão ocupar redes nacionais de rádio e televisão para fazer propaganda de seus próprios feitos. Metade dessas legendas terá ainda direito a mais 40 aparições de 30 segundos em todas as emissoras do País. Essas exibições custarão zero para os políticos e R$ 217 milhões para o conjunto dos contribuintes brasileiros. Outros R$ 201 milhões em recursos públicos serão destinados para o custeio de despesas de partidos com viagens, aluguel de imóveis e pagamento de funcionários, entre outras. No total, o financiamento público dos partidos - não confundir com o de campanhas, ainda um projeto em discussão - terá um impacto de R$ 418 milhões, o equivalente ao que o programa Bolsa-Família gasta, em média, para atender durante um ano a 430 mil famílias, ou mais de 1,6 milhão de pessoas. Aqui

Comento
Vai-se tentar debater uma reforma política no ano que vem. Uma das idéias que há CONTRA NÓS, OS BRASILEIROS, é instituir o financiamento público de campanha — como se a atividade dos partidos já não fosse paga por todos nós. Eis aí: em quatro anos,  custa UM BILHÃO, SEISCENTOS E SETENTA E DOIS MILHÕES! E querem mais?

“Ah, democracia custo caro mesmo!” É, custa, sim! E nós já pagamos o suficiente por isso. O argumento tolinho, ingênuo — ou malandro —, é que, se o Estado financiar também as campanhas eleitorais, os partidos não precisarão correr atrás da grana dos bancos, das grandes indústrias, o que diminuirá a corrupção etc. Não há um único motivo lógico para assegurar que o caixa dois será extinto se houver financiamento público. Ele pode até aumentar: muitos candidatos poderiam fazer seus “negócios” ao arrepio até de suas respectivas legendas.

Financiamento público? Ele já está aí, inclusive para partidos que só existem no papel. Dessa bolada, PT do B, PTC, PSL, PRTB, PRP, PSDC, PTN, PSTU, PCB e PCO levarão R$ 29,4 milhões. Na prática, temos um cartório para garantir a existência de legendas de aluguel. Algumas são verdadeiras empresas familiares, em que se candidatam o pai, a mãe, a filha, a avô, a tia…

A democracia brasileira, sem dúvida, tem suas peculiaridades. Os sindicatos são financiados não pelos associados, mas por um Imposto Sindical, pago pela “categoria”, sejam os trabalhadores sindicalizados ou não. E a atividade partidária não é bancada pelos militantes, mas pelo Tesouro. Mesmo quando o partido não tem voto!!!  Segundo entendi, entrou nas contas do Estadão apenas o custo dos programas políticos, não dos eleitorais, outra fábula paga pelo conjunto dos brasileiros.

Sempre que alguém defender financiamento público, não tenha dúvida: é  uma tentativa de bater a sua carteira.

Por Reinaldo Azevedo

Quanto vale a palavra de Lula?

A manchete da Folha de hoje é esta: “Lula não descarta voltar ao Planalto”. Bem, ficaria melhor um “Lula não descarta voltar a se candidatar ao Planalto”. O “não descarta voltar” dá a entender que o retorno depende apenas de sua vontade: “Ah, quero voltar”. E volta! Pode não parecer, mas há eleições no país.

Por que isso é manchete? Ah, porque ele dizia que seria um ex-presidente como nunca antes na história destepaiz… Novidade zero! No dia 9 de 12 dezembro, escrevi este pequeno post:

“Se eu quisesse disputar a eleição em 2014, eu teria escolhido um candidato para perder e não para ganhar (em 2010)”.

A frase é de Lula em café da manhã com parlamentares do PT. Não vale uma migalha de pão. Quem falou a verdade a respeito foi Gilberto Carvalho, atual chefe de gabinete, futuro secretário-geral de Dilma e espião-mor do lulismo no novo velho governo. Em entrevista publicada pelo Estadão no domingo, ele foi indagado sobre a volta do Babalorixá de Banânia. A resposta foi está:
“Ele não planeja nem voltar nem não voltar.
 Vai depender muito do que vai acontecer. Uma coisa é um governo Dilma bem-sucedido, e outra, com dificuldades. Uma coisa é ele articular um papel internacional muito mais amplo ou não. Tudo é possível. Agora, ambição automática de voltar não existe”.

Entenderam?

Imaginem a hipótese de  uma Dilma concluindo o mandato, com baixa popularidade e sem um candidato petista forte. Vocês acham o quê? Que Lula vai ficar assando coelho em casa? Essa conversa só serve para confundir as oposições. Sem um Lula no horizonte, elas podem brincar de se matar à vontade, até o último bobalhão.

Por Reinaldo Azevedo

ESTE BLOG LANÇA MAIS UMA CAMPANHA CÍVICA: “MERCADANTE, DEVOLVA O DOUTORADO”

O grande momento da defesa — e sem se pendurar no saco!

O grande momento da defesa — e sem se pendurar no saco!

No dia 16 de agosto de 2006, este blog surpreendia o mundo (!!!) com o postMercadante doutor pela Unicamp? É mentira!. Pois é… Estava lá na sua biografia, e ele repetia essa inverdade no horário eleitoral. Teve de se corrigir logo depois, acrescentando que havia cursado apenas “um ano”, sem entregar a tese. Era um falso doutor. Na semana passada, ele corrigiu a questão no “cartório” da Unicamp. E continua um falso doutor.

Como vocês devem ter lido, ele apresentou uma “tese” sobre o… governo Lula! Convidou para a banca Delfim Netto, João Manoel Cardozo de Mello, Luiz Carlos Bresser Pereira e Ricardo Abramovay. E deitou falação à vontade em defesa das conquistas do governo Lula, em tom de comício, atacando, como não poderia deixar de ser, o governo FHC. Até os camaradas ficaram um tanto constrangidos e se viram obrigados a algumas ironias.

Informou a Folha no sábado:
Coube ao ex-ministro Delfim Netto, professor titular da USP, a tarefa de dar o primeiro freio à pregação petista. “Esse negócio de que o Fernando Henrique usou o Consenso de Washington… não usou coisa nenhuma!, disse, arrancando gargalhadas. “Ele sabia era que 30% dos problemas são insolúveis, e 70% o tempo resolve.” Irônico, Delfim evocou o cenário internacional favorável para sustentar que o bolo lulista não cresceu apenas por vontade do presidente. “Com o Lula você exagera um pouco, mas é a sua função”, disse. “O nível do mar subiu e o navio subiu junto. De vez em quando, o governo pensa que foi ele quem elevou o nível do mar…”

“O Lula teve uma sorte danada. Ele sabe, e isso não tira os seus méritos”, concordou João Manuel Cardoso de Mello (Unicamp), que reclamou de “barbeiragens no câmbio” e definiu o Fome Zero como “um desastre”. À medida que o doutorando rebatia as críticas, a discussão se afastava mais da metodologia da pesquisa, tornando-se um julgamento de prós e contras do governo. Só Luiz Carlos Bresser Pereira (USP) arriscou um reparo à falta de academicismo da tese: “Aloizio, você resolveu não discutir teoria…”. Ricardo Abramovay (USP) observou que o autor “exagera muito” ao comparar Lula aos antecessores. “Não vejo problema em ser um trabalho de combate”, disse. “Mas você acredita que o país estaria melhor se as telecomunicações não tivessem sido privatizadas?”

Ridículo
Mercadante, um homem destemido, comprovadamente sem medo do ridículo, não teve dúvida: respondeu a questão — ou melhor: não respondeu — atacando o preço dos pedágios em São Paulo!!! E saiu de lá com o título de “doutor”, conquistado com uma peroração de caráter puramente político. E ATENÇÃO PARA O QUE VEM AGORA.

COMO SABEM TODOS OS JORNALISTAS DE ECONOMIA DESTEPAIZ, Mercadante se esforçou brutamente ao longo de 2003 para derrubar Antônio Palocci. Não houve repórter da área a quem não tenha dado um off pregando o que se chamava, então, “Plano B” na economia. E, agora, faz-se doutor defendendo o que combateu. Um portento.

Grande momento
No sábado, o economista Alexandre Alexandre Schwartsman escreveu um post em seu blog, 
Mão Visível, que faço questão de reproduzir aqui — aliás, a ilustração e a legenda também vêm de lá. Leiam. Volto em seguida.

Minha primeira reação à defesa de tese do Mercadante foi, confesso, de escárnio. Pensei: “se restava ainda alguma dúvida que um doutorado em Economia[corrigi depois que fui alertado] pela Unicamp e nada fossem a mesma coisa, o senador a dirimiu e, com isso, finalmente fez alguma coisa servindo ao interesse público”.

Entretanto, a conclusão lógica é bem pior do que minha afirmação (não que ela deixe de ser verdadeira, longe disso). A rigor, se ele conseguiu o título de doutor em Economia “defendendo” uma tese que consiste numa inédita homenagem à sabujice, para que vale o título mesmo?

A mensagem (apropriada para que demonstra tamanha subserviência a um presidente que, sempre que pode, louva sua própria falta de educação) é simples e direta: todos vocês que ralaram para completar seus doutorados, passando noites em claro, conciliando (como vi de perto) a necessidade de trabalhar com a ambição de terminar uma tese, são uns otários.

Basta colocar no papel uns tantos elogios ao governante de plantão, juntar meia dúzia de compadres dispostos a participar da farsa, achar um departamento que se sujeite a este tipo de coisa e, parabéns, você é o mais novo doutor em Economia do Brasil, sem ter feito qualquer, minúscula, mísera migalha de contribuição para o desenvolvimento da ciência. De quebra, desmoralizou um título que muita gente boa teve que trabalhar duro para conquistar.

Talvez dê para descer um pouco mais, mas, sinceramente, vão ter que se esforçar.

Voltei
Bem, meus caros, o que resta a este blog? Lançar mais uma campanha cívica, de caráter nacional: “MERCADANTE, DEVOLVA O DOUTORADO”!

Por Reinaldo Azevedo

Mercadante, Páris, Helena de Tróia e Safo de Lesbos

Os petralhas, para não variar, estão torrando a minha paciência, perguntando quais são as minhas credenciais acadêmicas. Huuummm… Eles gostam tão pouco de mim que me acusam de estar com inveja até de Aloizio Mercadante!!! Já escrevi aqui e reitero: inveja eu tenho é do Brad Pitt e do George Clooney (ver último post da madrugada).

A única inveja decente de um homem é a do poder de atração de outros machos sobre as fêmeas, se me permitem reduzir a questão ao vocabulário de nossa natureza animal. Brad tem certo apelo “mocinha”, com suas caras e bocas, mas há Angelina, né?, que parece ter renunciado aos amores que Safo de Lesbos prodigalizava em poemas só para ficar com ele. Safo escreveu, aliás, o poema erótico mais quente da Antigüidade — e não era para um rapaz. Epa! Acabei me distraindo.

Antigamente, esse tipo de inveja dava em histórias com muito sangue. Praticamente fundou a literatura ocidental. AIlíada nasce de um rapto. Páris, o troiano, brindado pelos deuses com uma beleza única, toma para si a também inigualável Helena, casada com Menelau, rei de Esparta. E pronto! Temos o poema épico. Não foi bem um rapto, né? Ela foi porque já estava “perdida”, como se dizia antigamente em Dois Córregos sobre a moça ou mulher que desse o mau passo. As mulheres podem até fantasiar — sempre no universo dos símbolos — com a disputa sangrenta dos machos pelo privilégio de visitar o seu leito: ao vencedor, o banquete! A gente dispensaria a batalha e se contentaria com a humilhação do perdedor. De volta à vida sem charme.

Quando, em 2006, na outra derrota eleitoral de Mercadante ao governo de São Paulo, denunciei o seu falso doutorado, já vieram com essa história da “inveja”. E indagavam: “Qual é a sua formação acadêmica, seu idiota (o xingamento varia)?”. Respondo o mesmo que respondi então. Estudei uma coisinha ou outra. Quem sabe, ok. A quem não sabe, agora não digo. Que fique assim: “Primário Incompleto”. Pronto! O curso mais importante que fiz até hoje foi o de datilografia — os superiores só me aborreceram por inferiores. Era obrigatório para os garotos da minha origem social, cujas mães nasceram analfabetas. Era pré-requisito para trabalhar em escritório, o que comecei a fazer aos 15 anos. Fiquei duas semanas no primeiro emprego. Mandei o dono tomar suco, achei o capitalismo uma droga e virei comunista. O pior é que ele tinha razão. Nenhum motivo será bom o bastante para você se tornar um esquerdista!

Com o advento dos computadores pessoais, a datilografia caiu de moda. Quase todo mundo usa dois dedos, no máximo quatro, numa velocidade que acho espantosa. Eu ainda tenho a destreza da antiga secretária exemplar, com os dez… Que fique registrado: o único diploma de que me orgulho é o de datilografia. Ele me basta para a disputa “sangrenta” com Mercadante, hehe…

É claro que não é o doutorado que faz o caráter, não é? Mas mentir é feio. E os petistas adoram fantasiar sobre suas credenciais acadêmicas. A própria presidente eleita já foi flagrada numa burla como essa. Chegará o dia em que também defenderá a sua tese à moda Mercadante, repetindo motes de campanha eleitoral e fazendo proselitismo o mais vagabundo e vexatório para um ambiente universitário? Em, Máximas de Um País Mínimo, afirmo que, no PT, que não tem diploma se orgulha de não tê-lo; quem se orgulha de tê-lo não o tem…

Não! Eu não tenho inveja de Mercadante, não! Sinto, por ele, a vergonha que ele não sente, compreendem? É a tal “vergonha alheia”. Por que, a esta altura da vida, ele precisa de uma láurea acadêmica sabidamente ilegítima, que lhe é conferida em razão de uma conjuntura política, a indicar a contaminação do ambiente acadêmico pela política a mais rasteira, o que não deixa de ser uma ofensa a outros que obtiveram o seu título depois de muito estudo, de muito esforço? Ora, para titulações dessa natureza, existem as honrarias “honoris causa”. Nesse caso, faz-se uma distinção que tem forte apelo político. Não! Ele quer fazer politicagem na universidade, mas ser reconhecido como acadêmico.

Inveja, ciúme, ressentimento, essas coisas, era aquilo que Menelau sentia de Páris, né?, cujos atributos para seduzir Helena eram reais e lhe haviam sido concedido pelos próprios deuses. Na Ilíada, a inveja do macho nascia, no fim das contas, da admiração. Como admirar Mercadante em seu patético momento?

PS - Sei… A partir do segundo parágrafo, boa parte não prestou atenção a mais nada e só quer saber qual era o poema safadinho da Safo… Mercadante consegue: quando ele é pauta, a gente só quer pensar em outra coisa.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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1 comentário

  • Telmo Heinen Formosa - GO

    Prezado Reinaldo Azevedo, o tal de "Aquecimento Global" é pura lenda. Uma parte bem grande da imprensa é muito ignorante neste assunto ao passo que os ambientalistas mentem, mentem e mentem para angariar a simpatia da maiorida da população, enganada por estes abobalhadore midiáticos, auxiliados por EQUIVOCADOS politicos e outros nem tanto... mas que posam com esta imagem. Hoje, para decepção minha ouvindo uma entrevista com um alto mentor do Instituto Ethos de ética de nome Itacarambi também está posicionado contra a aprovação de um novo código Florestal. João Batista, não podemos permitir que pessos deste naipe fiquem cacarejando vantagem em nome da ética... que ética é esta? [Tipo Código de ética dos médicos, só a favor de si mesmos?] Lembre-se: A ética faz a moral, a moral faz o costume e o costume faz a lei. Por força de meia dúzia que se autodeterminam como guardiães da ética... poderemos penar muito!!!

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