A mistificação militante, a Folha e os ecologistas que acreditam que comida nasce em gôndola de supermercado...

Publicado em 24/01/2011 18:15

(por Reinaldo Azevedo, blogueiro de Veja)


A Folha e a jornalista Miriam Leitão descobriram que a proposta de Lei Ambiental de Aldo Rebelo (PC do B) ampliaria as chances de desastres como o ocorrido na região serrana do Rio. Como eu defendo o texto de Rebelo, como o considero sensato, fiquei preocupado. Eu também sou um ser humano bom, como Miriam e os jornalistas que fizeram aquela reportagem. A exemplo deles, quero o bem da humanidade, da floresta, dos passarinhos etc e tal. E fui reler o texto (íntegraaqui). Teria eu me tornado um militante cego da mudança? Teria eu deixado de ler alguma coisa — ou, pior, lido pelo avesso, induzindo meus milhares de leitores a erro?

Não sou do tipo que muda fácil de idéia. Mas sempre me rendo à Sua Majestade o fato. E tome mais de 240 páginas de código outra vez! E não encontrei a passagem que justifica a afirmativa da reportagem da Folha e o comentário de Miriam Leitão na CBN — talvez ela tenha escrito a respeito, não sei. E tenho pedido ao jornal e à jornalista que sejam, então, o meu Virgílio nos Círculos do Inferno ambiental. Mas nada! Nem um nem outra me contam onde está escondido o trecho que flexibiliza as ocupações urbanas. Tudo o que eu encontro na proposta de Rebelo, no que concerne a ocupações urbanas, remete para texto específico. Descobiram a “coisa” e guardam só para eles, os egoístas!

Ou eu estou me comportando como mero militante ou eles. Há uma diferença importante. Eu já demonstrei aqui que eles estão errados. E eles se negam a demonstrar que estão certos ou que errado estou eu. A esta altura, viraram sonegadores de informação, o que é grave no jornalismo. Não se trata de sustentarem que o texto diz “A”, e Aldo Rebelo, exercendo o “direito” ao “outro lado”, negar. Há entre uns e outro uma realidade objetiva: O TEXTO! E o texto trata do Código Florestal em face da agricultura e da pecuária. Nada tem a ver com ocupação urbana. Não muda uma vírgula da legislação que trata do assunto.

Pois bem. Sem fazer o seu “Erramos”, e isso seria louvável, a Folha resolveu escrever um editorial a respeito: “Lei ambiental”. Há bons  editorialistas por lá. O diabo é ter de provar  a quadratura do círculo. E ninguém jamais será bom o bastante para isso. A Folha consagra, nesta segunda, o “Editorial Enrolation-tion-tion”. Segue um vermelho-e-azul.

As chuvas torrenciais que se abatem sobre o Sudeste do Brasil transformaram encostas e córregos em veículos de morte e devastação. A tragédia ambiental, a um só tempo natural e humana, representa oportunidade única para retomar com serenidade o debate sobre o código florestal.
A tragédia humana havida no Rio diz respeito a ocupações irregulares em áreas sob influência urbana, que nada têm a ver com a mudança proposta por Aldo Rebelo. As áreas rurais afetadas estavam ocupadas havia décadas. Há um óbice, quando menos, de natureza lógica: o desastre se dá justamente na vigência do Código que se quer preservar. Logo, estamos falando de falta de planejamento das cidades e da fragilidade da fiscalização.

De pronto, é bom destacar que uma ocupação mais ordenada desses ambientes, e em maior conformidade com a legislação ambiental, poderia ter evitado muitas mortes. A cobertura florestal no topo e na vertente de morros, assim como na beira de cursos d’água, atua como barreira de amortecimento. Onde há mata não se formam enxurradas violentas. Ali, a água penetra no solo com mais facilidade, alojando-se nos lençóis freáticos.
A informação é mais do que imprecisa: é errada. Ao contrário: os maiores deslizamentos ocorreram nos morros florestados, como provam todas as imagens a respeito — isso é verdade na serra fluminense e em Santa Catarina. As favelas do Rio não vão abaixo, por exemplo, porque a cobertura florestal foi para a cucuia. Há 30 milhões de anos a mata atlântica se liquefaz em determinadas áreas quando chove muito. E deve continuar assim por mais alguns milhões. O QUE NÃO PODE É HAVER GENTE MORANDO POR ALI.

É claro que eventos extremos de precipitação podem sobrepujar até mesmo essa capacidade natural de absorção. Isso ficou patente nos muitos deslizamentos em áreas florestadas da região serrana do Estado do Rio de Janeiro.
Sei. Então o editorialista andou lendo a respeito, e temos aí o estilo “nem-nem” de opinião, em que um argumento anula o outro.

À vista do desastre recente, contudo, não parece boa ideia flexibilizar o código florestal para afrouxar normas que já deixam de ser cumpridas com deplorável frequência - tanto no meio rural como no urbano. Essas concessões comprometem o substitutivo do relator Aldo Rebelo (PC do B-SP) aprovado em julho de 2010 por comissão especial da Câmara.
Epa! Aqui está o centro da enrolação, que precisa dar como certa uma informação falsa para que possa prosseguir. É mentira que a proposta de Aldo flexibilize o “Código Florestal tanto no meio rural como no urbano”. Pra começo de conversa, o que é “floresta do meio urbano”? É a da Tijuca? Quanto ao meio rural, o texto apenas atualiza e racionaliza  a legislação, o que o editorial não reconhece — nem as reportagens que tratam do assunto, boa parte delas pautada pelo poderoso, e rico!, lobby ambiental.

No que diz respeito à agricultura e à pecuária, o texto leva é segurança jurídica para o campo. Ora, segundo a atual lei, toda propriedade rural deve ter uma área de preservação que vai de 20% a 80% da propriedade, dependendo da região. E aquela que não tiver, ainda que dedicada à atividade agrícola há décadas, deve se ocupar de “reflorestar” a terra, uma exigência obviamente estúpida, antieconômica. De saída, se aplicada na ponta do lápis, haveria uma diminuição da área plantada no país, luxo a que nenhum outro país do mundo se dedicaria.  Mas atenção para o que vem agora.

Rebelo nega que seu projeto, ainda por ser votado nos plenários do Legislativo, tenha implicações para zonas de risco nas cidades, o que é discutível.
Viram? Rebelo nega, o editorial considera a negativa “discutível”, e tudo fica por isso mesmo. Cadê o trecho do texto, senhor editorialista? A ocupação do solo urbano é regulada pela leifederal nº 6.766/79, além das leis municipais. Na seqüência, vem o escorregão do distraído.

De todo modo, é difícil não reconhecer que seu substitutivo pende em demasia a favor de interesses ruralistas.
Ah, bom! Se o editorial quer condenar o que considera pendor “em demasia a favor dos interesses ruralistas”, então o texto é outro, com outros argumentos. Mas esperem: o objetivo do editorial não era tratar da nova lei ambiental em face da tragédia havida no Rio? O que os ditos “interesses dos ruralistas” têm a ver com a ocupação do solo urbano, que teria sido flexibilizada na proposta de Rebelo? Fosse redação do Enem, levaria pau! A argumentação não sustenta a tese! Na verdade, elas se renegam!

Proprietários de todos os portes, de posseiros a latifundiários, estão em guerra contra o atual código florestal. Até 2001, limitavam-se a desobedecê-lo, sem muito risco de sofrer autuação.
Pronto! Já se chegou ao vilão de sempre, o vilão de plantão! O editorial não deixa de ser útil. Ele revela que a tragédia da região serrana do Rio estavam sendo usada mesmo como pretexto pelo lopbby ambientalista, conforme afirmei há uma semana.

Naquele ano a lei de 1965 foi modificada por medida provisória. Tornou-se mais rigorosa, elevando para 80%, por exemplo, a exigência de reserva legal nas propriedades em região de floresta amazônica. A partir de 2008, para combater desmatamentos, o governo passou a fiscalizar o cumprimento da norma com maior eficácia. Foi quando a bancada ruralista no Congresso tornou-se mais estridente, encontrando em Rebelo um porta-voz dedicado.
Vocês sabem como a bancada ruralista é composta de uma gente má, que não respeita a natureza, prejudicando freqüentemente os interesses do Brasil, não é mesmo? Por alguma razão, o comunista Aldo Rebelo resolveu se aliar a esses plutocratas. É impressionante!

Suas propostas, no entanto, despertaram forte reação da comunidade científica e de organizações ambientais. Foram encaradas como sinal aberto para aumentar o desmatamento, a custo contido nos anos anteriores.
Não vai aumentar nada! O mais impressionante é que o editorialista sabe disso. Querem ver?

Já se defendeu, neste espaço, que o código precisa de revisão para adequar-se à realidade do agronegócio e de sua relevância para a economia. Não faz sentido, por exemplo, criminalizar cultivos realizados há décadas em áreas de preservação permanente, anteriores ao próprio conceito.
Então qual é o busílis? Mais uma vez, a tática “nem-nem”: um argumento anula o outro. Por que isso acontece? Tenho uma hipótese, que desenvolvo abaixo.

O encaminhamento racional do debate depende em grande medida da iniciativa do governo federal. O Ministério do Meio Ambiente já trabalhava numa proposta alternativa. É preciso apresentá-la.
Grande Folha de S. Paulo!!! Aldo Rebelo, deputado eleito pelo povo, e os chamados “ruralistas”, alguns deles representando cinco milhões de propriedades rurais e milhões de brasileiros, não têm legitimidade para debater! O “encaminhamento racional”, segundo o editorial, só pode ser dado pelo “governo federal”! Todo o resto seria irracionalidade! Esse é o jornal que, no fim dos anos 70, teve a sensibilidade de descobrir que a sociedade civil estava viva no país e pedia para aparecer. Passados 30 anos, o Palácio do Planalto e a Esplanada dos Ministérios viraram sede da “racionalidade”. É espantoso! Nesse trecho, a Folha trocou a planície da sociedade civil pelo poder do Planalto.

Mas por quê?
A Folha tentou escrever um editorial justificando o injustificável — o texto de Aldo predisporia o país a novas tragédias como a do Rio — e terminou satanizando os “ruralistas”, inimigos de plantão de alguns supostos bem-pensantes. A argumentação evolui por meio de contradições. O leitor, no entanto, percebe: o jornal é contra o texto de Aldo.

Mas por que é contra se nem mesmo consegue argumentar solidamente contra, preferindo o “nem-nem”? Ora, só se é moderno hoje em dia fazendo o “discurso verde”, mesmo quando suas propostas são indefensáveis. E a “consciência ecológica”, certa de que comida nasce nas gôndolas do Carrefour e do Pão de Açúcar, é contra os “ruralistas”…

Para encerrar: agora espero da reportagem da Folha, do editorial da Folha e, claro!, de Miriam Leitão que apontem o trecho do relatório do Aldo Rebelo que flexibiliza as ocupações urbanas. Eu estou que não me agüento de vontade de ser uma pessoa bacana como eles são. Também quero  criticar a proposta por predispor o país à tragédia, mas não encontro o diabo do trecho. Eles não serão tão egoístas a ponto de guardar só para si o que descobriram, certo? Estou aqui, um Dante ignorante à espera da condução dos meus Virgílios!

Rápido, coleguinhas! Também quero ser bom e justo como vocês!

Por Reinaldo Azevedo

Por Leila Coimbra e Sheila D’Amorim:
Diante da incapacidade da indústria brasileira de atender a demanda por equipamentos e dos altos preços praticados no país, a Petrobras quer reduzir de 65% para 35% a meta de utilização de itens e serviços nacionais na exploração das novas reservas do pré-sal. Segundo a Folha apurou, a estatal já pediu ao governo para rever as chamadas metas de nacionalização, um compromisso de campanha de Dilma Rousseff. O tema da nacionalização no setor de petróleo é recorrente desde a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
Programa de televisão do então candidato criticava a Petrobras por encomendar plataformas em Cingapura durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Ainda no governo, Lula era um entusiasta do aumento da nacionalização.

No final de 2010, durante inauguração da P-57, no Rio de Janeiro, Lula desafiou o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, a aumentar o conteúdo nacional de plataformas, chegando a projetos 100% brasileiros. A plataforma fora construída partir do casco de navio holandês convertido em um estaleiro de Cingapura.

PRÉ-SAL
O pedido de redução da participação local se restringe às áreas do pré-sal cujos contratos ainda não foram firmados e não afeta os acordos já feitos. O Ministério de Minas e Energia agora estuda a flexibilização da regra. Reuniões entre a Petrobras e o ministro Edison Lobão foram feitas nas últimas duas semanas em busca de uma solução. O tema é considerado delicado, já que a presidente garantiu aos empresários brasileiros uma maior presença nacional no processo.

O principal problema é de prazo: na área de cessão onerosa, a Petrobras precisa extrair 5 milhões de barris para pagar ao governo pela sua capitalização até 2014. Nesse prazo, não há como fabricar sondas no país. Além disso, Gabrielli disse a interlocutores que os preços praticados no mercado interno são um problema: uma sonda, por exemplo, custa cerca de US$ 1 bilhão no Brasil. Lá fora, paga-se 30% menos. Por conta desses entraves, a Petrobras já encomendou no exterior parte das 28 sondas que vai utilizar.

A regra atual exige que, para equipamentos de perfuração, o índice de nacionalização comece em 55%, passe a 60% em uma etapa intermediária e chegue a 65% nas encomendas finais. A Petrobras afirma que não há negociação para reduzir os índices e diz que não há atraso no cumprimento das metas no que diz respeito ao conteúdo nacional. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Herança maldita de Lula-Dilma para Dilma 2 - Governo precisa economizar R$ 60 bil para obter superávit de 3,1% do PIB

Por Raquel Landim, no Estadão:
Para cumprir a promessa de fazer um superávit primário de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB), o governo Dilma vai precisar economizar cerca de R$ 60 bilhões, avaliam economistas ouvidos pelo “Estado”. O valor é superior às apostas do mercado financeiro, que variam de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões. O governo ainda não anunciou o contingenciamento deste ano.

No orçamento público, o superávit primário é obtido quando o governo gasta menos que arrecada, descontado o pagamento dos juros da dívida. Um superávit “cheio e limpo” - como prometido por Dilma Rousseff - significa cumprir a meta estabelecida integralmente, sem descontar os investimentos ou utilizar “manobras criativas”.

O mercado aguarda com ansiedade a divulgação de quanto Dilma pretende contingenciar do Orçamento em 2011. O valor será uma indicação importante do compromisso da nova presidente com a redução dos gastos públicos. Com uma política fiscal menos expansionista, o governo ajudaria a esfriar a economia e permitia que o Banco Central (BC) subisse menos os juros básicos (taxa Selic).

A Corretora Convenção estima que o contingenciamento necessário para cumprir a meta de superávit de 3,1% do PIB chega a R$ 64 bilhões. Pelas contas da LCA Consultores, o corte de gastos teria de atingir R$ 54 bilhões. A Tendências Consultoria Integrada também avalia que seria necessário um corte de mais de R$ 50 bilhões.

Todas essas contas foram feitas com base na receita prevista pelo próprio Executivo para 2011. Se surgirem receitas extraordinárias, a conta muda. Os cálculos também embutem projeções para PIB, saldo líquido de geração de empregos, resultado fiscal de Estados e municípios, entre outras variáveis.

Para chegar a mais de R$ 60 bilhões de contingenciamento, é preciso somar os investimentos que deixariam de ser abatidos (R$ 32 bilhões), as despesas que foram acrescentadas pelo Congresso ao aprovar o Orçamento (R$ 20 bilhões) e o corte de gastos que o Executivo pediu aos deputados, sem ser atendido (R$ 8 bilhões). Ainda seria preciso economia adicional de R$ 4 bilhões para completar a meta de superávit de 3,1% do PIB. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

O PT só faz bem ao país quando se desmente e governa com o programa dos adversários

A história demonstra que o PT só faz bem ao país quando se desmente. Vale dizer: sempre que o PT joga uma promessa sua no lixo para adotar  o programa dos adversários, o Brasil se dá bem. Sempre que tenta aplicar o próprio programa, os brasileiros se ferram. É impressionante! Essa regra não tem erro! Não falha nunca! Eu demonstrarei o que digo nos posts a seguir, e não há como os petistas me contestarem porque não faço juízo de valor, mas trato de fatos. O caso mais recente é o da Petrobras, do qual falarei mais adiante.

Querem ver?

Por Reinaldo Azevedo

Um partido que tem a mentira como norte (a)moral

No primeiro ano de governo, Luiz Inácio Lula da Silva — ex-presidente da República, representante da Aristocracia da Impunidade Sindical e candidato a fazer do Brasil uma Capitania Hereditária do PT — confessou que, na oposição, recorria muito às bravatas. Mais do que isso: ele transformou a “bravataria” numa teoria política.

No governo, e isso já é histórico, o PT governa com o programa alheio. Vive para se desmentir. E não devemos reclamar por isso. O falso PT é aquele que adotou o tripé da estabilidade. O verdadeiro queria virar a mesa. Então é preferível o falso ao verdadeiro. Melhor ter no poder um vigarista ideológico que não ferra o país do que um brucutu sincero. O verdadeiro PT, por exemplo, é aquele que aparelhou o Ministério da Educação, o Inep, a Funasa e a Casa da Noca, com os resultados conhecidos. Sempre que os petistas se comportam como petistas, os brasileiros pagam a conta.

Vejam os primeiros movimentos do governo Dilma. Em 24 dias, vive para se desmentir. A presidente já mandou para o lixo uma penca de promessas de campanha. Como o governo é elogiadíssimo por se mover nas sombras, a gente quase não percebe. Ela acaba de adiar a compra dos navios e dos aviões. A farra fiscal do governo de que ela era mesma era chefona não lhe permite cumprir a agenda. A mesma farra vai obrigar o Planalto a um corte de R$ 60 bilhões no Orçamento se quiser cumprir a meta do superávit primário. Quem ouvisse a então candidata chegaria à conclusão de que, em janeiro deste ano, agora mesmo, estariam dados os fundamentos para o superávit nominal!

Na recente tragédia do Rio de Janeiro, podemos flagrar o partido no melhor, que é sempre o pior, de sua forma. Um decreto criando o centro de prevenção de catástrofes está na gaveta há cinco anos. Um representante, demissionário!, do Ministério da Ciência e Tecnologia é claríssimo no Congresso: “Falamos muito e não fizemos nada!”. Na campanha eleitoral, cobrada sobre o tal centro, Dilma ofereceu como alternativa as obras do PAC  e, ó ousadia!, prometeu acabar com as enchentes de São Paulo com o “PAC antienchente”. Mil e duzentos mortos depois na “Tragédia das Pedras” que se seguiu à sua posse, Dilma, por intermédio de Mercadante, promete um centro de prevenção funcionando perfeitamente… em quatro anos!

Outros movimentos bravateiros estão em curso. José Eduardo Cardoso, ministro da Justiça, por exemplo, quer agora fazer um “pacto pela segurança” com secretários da área de todo o país. É mesmo é? A Dilma candidata prometeu, se eleita, espalhar UPPs Brasil afora, seguindo o modelo do Rio… Huuummm… Os homicídios estão em alta em quase todo o Brasil, mas em queda em São Paulo, onde não há UPP. A Dilma candidata acusava (com a ajuda de Marina Silva, é bem verdade!) o descontrole da violência em… São Paulo!!! A UPP espalha-bandido deu no que deu. Como o PT construiu essa relação singularmente virtuosa com a mentira, talvez descubra que prender marginais é melhor do que deixá-los soltos… Mas dá trabalho!

Trato acima de assuntos díspares, porém ligados pelo mesmo norte (a)moral. Agora já dá para tratar da Mãe de Todas as Mentiras.

Por Reinaldo Azevedo

A nacionalização no pré-sal e a mãe de todas as mentiras

(ler primeiro os dois posts abaixo)

Nunca antes na história deste país a Petrobras teve uma direção tão partidarizada. Durante a campanha eleitoral, Sérgio Gabrielli foi muito além de suas sandálias, comportando-se como mero prosélito. Acusou, por exemplo, o governo FHC de sucatear a empresa, o que é uma mentira escandalosa. A produção de petróleo dobrou na gestão tucana. É bem verdade que o próprio partido não soube se defender, mas isso não torna aquela acusação menos mentirosa nem menos imprópria a intervenção do presidente de uma empresa mista no jogo eleitoral.

Desde 2002 a Petrobras está no centro de uma farsa política. Há três eleições consecutivas os petistas acusam seus adversários de quererem privatizar a empresa, farsa incontrastável entre tantas. Adicionalmente, Lula determinou índices de nacionalização para itens e serviços empregados pela empresa. No caso da exploração do pré-sal, a meta é de 65%. Pois é…

Ocorre que a indústria nacional está com dificuldade de fornecer o que a empresa precisa a preços competitivos. A Petrobras se mobiliza para que essa meta seja reduzida a 35%. Além do prazo, há o preço: Gabrielli admite, mas jamais o faria em público, que há serviços e equipamentos que poderiam custar até 30% mais baratos no exterior.

E agora? É claro que o setor da indústria nacional que vai lucrar os tubos com essa variante de reserva de mercado não quer nem ouvir falar em mudança da regra. Consideraria uma grande traição. Em nome da criação de empregos e do desenvolvimento da tecnologia nacional, Lula chegou a defender certa feita que as plataformas da Petrobras tivessem um índice de nacionalização de 100%!!! A tese é bacana. Se todos os países a aplicassem, o mundo seria uma soma de…mônadas econômicas!

A bem da verdade, quem conhece o riscado me assegura que a tal nacionalização já não passa de bravata hoje em dia. Há muitos caminhos para burlar a lei. Mais uma vez, o país de verdade se move nas sombras, contra o país de mentira, que é aquele que vai no discurso petista.

Venceu três eleições assim? Venceu. Nem por isso a mentira passou a ser uma verdade.

Por Reinaldo Azevedo

Será que o governo Dilma demitiu Abramovay por causa da sua opinião sobre drogas?

(leia primeiro o post abaixo)
No meu governo, Pedro Abramovay não ficaria cinco minutos num órgão responsável por combate às drogas. Por quê? Porque eu não acredito nas coisas em que ele acredita. Não sei, por exemplo, o que ele considera “pequeno traficante”. O sujeito pego com um quilo de cocaína seria “pequeno” ou “grande”? Definidas grandeza e pequenez, o tráfico logo se adequaria às regras da nova impunidade, assim como o crime já usa hoje a seu favor o Estatuto do Menor e do Adolescente. As minhas regras são mais simples e similares àquelas vigentes em países de baixa criminalidade: o tamanho do crime define a pena, sem salvaguardas de idade, condição ou o que seja. Foi pego com droga ilícita? Cana! O juiz cuida das atenuantes. O assunto é fascinante e quase me desvio de novo do principal. Qual terá sido a droga que demitiu Abramovay?

É de hoje que ele defende não-cadeia para “pequenos traficantes”? Não é, não! Como informei aqui na semana retrasada, assim que voltei ao serviço regular, a proposta foi formulada no Ministério da Justiça (gestão Tarso Genro) em 2009. Quando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o indicou para o cargo, sua opinião a respeito era amplamente conhecida. Portanto, é falsa a versão de que ele surpreendeu os petistas. Estão acompanhando. Pois bem. Deixem, agora, esses ingredientes a descansar. Vamos cuidar do recheio. Para tanto, vejam a capa da edição 2188 de VEJA, de 27 de outubro do ano passado.

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Vocês se lembram quem é o autor dessa frase que vai estampada na capa?  É justamente Pedro Abramovay, então secretário Nacional de Justiça. Está registrada em gravações feitas legalmente (e devidamente periciadas) a que a reportagem da VEJA teve acesso. Revela-se ali a tentativa clara do governo de transformar o Ministério da Justiça numa mera repartição do PT, a serviço da destruição dos inimigos.

Abramovay cedeu às pressões? A referência aos aloprados remete a outra personagem da República, hoje integrado ao núcleo da campanha de Dilma Rousseff: o mui moralista Aloizio Mercadante, candidato derrotado do PT ao governo do Estado e agora ministro da Ciência e Tecnologia. Quando estourou o escândalo dos aloprados, em 2006, Abramovay trabalhava para o senador. Qual foi a sua atuação no episódio? Mercadante sempre jurou que nunca teve nada com isso. Se Abramovay, como ele diz, “quase foi preso”, a gente é tentado a achar que não estava apenas cumprindo as suas funções institucionais de segunda a sexta ou regando o jardim no sábado — atividades que não expõem ninguém à ação da polícia. A íntegra da reportagem de VEJA está aqui.

Fatos
O que é fato? José Eduardo Cardozo fez uma indicação de  modo inadvertido. Tão logo ela foi tornada pública, o ministro ficou sabendo que havia deixado muita gente descontente, inclusive a “gente” que mais conta: Dilma Rousseff. Gilberto Carvalho também ficou contrariado. O fato de Abramovay ter uma opinião absolutamente equivocada sobre a questão da droga não quer dizer que tenha caído por seus defeitos. O que não lhe perdoaram foi ter vocalizado, ainda que intramuros, o inconformismo com o assédio que recebia para transformar o Ministério da Justiça num antro para as ilegalidades petistas. E, como se pode notar, Dilma,
a ética,
a silenciosa,
a séria,
a pudorosa,
a discreta,
a severa,
a inquebrantável,
a firme,
a serena,
a técnica,
a parcimoniosa,
a legalista,
a prudente,
a avó amantíssima,
a filha extremosíssima,
a mãe boníssima,
a guerrilheira de mente e coração,
a superpoderosa, enfim, segundo a fala de Abramovay, era uma das pessoas que cobravam que ele metesse o pé na jaca da ilegalidade.

José Eduardo Cardozo fez o que se faz normalmente em política: ficou à espera de um pretexto, não de um motivo, para demitir Abramovay — afinal, havia motivos já para não indicá-lo, certo? E Pedrinho mirou seu bodoque em casa de maribondo e mandou a pedra. Pronto! Foi posto na rua. Tendo bons motivos para fazê-lo, tudo indica que o PT o fez pelos maus.

Encerro
Pedro Abramovay sabe muito bem do que estou falando. Deveria prestar um serviço à República e contar tudo. Duvido que vá fazê-lo. Não estava lá entre eles por acaso. Talvez prefira passar para a história como o menino bobão que falou demais.

Por Reinaldo Azevedo

FHC, as drogas e, de novo, a demissão de Pedro Abramovay

Não tenho ídolos. Há pessoas que admiro. FHC é uma delas, como todo mundo sabe. Eu o considero o presidente mais importante do país depois de Getúlio — esse “depois” fica por conta da relevância que cada um teve a seu tempo. A de Getúlio foi proporcionalmente maior quando atuou como ditador. Bem, com ditadura é sempre “mais fácil” fazer as coisas, certo? O problema é o custo. Como a democracia é, para mim, inegociável, tendo de escolher, fico com FHC, talvez o político mais injustiçado da nossa história. O tempo há de corrigir a depredação de sua obra empreendida pelo Apedeuta, um verdadeiro ladrão de biografias.

Posto isso, vamos lá: é fácil um admirador defender FHC. Fosse meu ídolo, teria de me alinhar até com seus erros, o que não faço. Sua postura sobre as drogas, por exemplo, parece-me equivocada. Se parte de um diagnóstico certo — as políticas de combate ao tráfico têm sido insuficientes para responder ao problema —, o prognóstico, que parece flertar com a descriminação do consumo, é estupidamente errado. Não vou repisar argumentos neste texto. Vocês verão aonde quero chegar: este é, na verdade, um “pré-texto”, que prepara o seguinte.

FHC está em Genebra, onde lança, com outras personalidades, uma comissão global para debater políticas alternativas de combate às drogas. Concedeu ao Globo uma entrevista também sobre esse assunto — publiquei trecho de sua conversa com o Estadão sobre política. Pois bem, num dado momento, lemos:

PERGUNTA - Não era novidade que Pedro Abramovay defendia penas alternativas para pequeno traficante. A demissão dele foi surpresa para o senhor?
FERNANDO HENRIQUE:
 Foi, pois pensei que havia um pré-consenso no governo. Quando vi que o governo atual levou a Senad [Secretaria Nacional de Política sobre Drogas] do Gabinete de Segurança Institucional para o Ministério da Justiça, imaginei que teria uma integração. Quem criou a Senad fui eu, para dar uma resposta à questão das drogas através da prevenção, deixando para a Polícia Federal a repressão. Existia uma resistência no Ministério da Justiça contra a Senad.

PERGUNTA - E com a saída do Pedro?
FH:
 O lado da repressão pode ficar mais forte.

PERGUNTA - Não há o risco de transformar o pequeno traficante num instrumento do tráfico organizado?
FH:
 Ele já é. Não acredito que o pequeno traficante possa não ser penalizado. A questão é: que penalização? Se você pega um jovem que 15 anos que é avião e põe na cadeia, ele vai sair mais treinado em bandidagem. Seria bom penas alternativas.

Voltei
Acho a tese errada. Mas reitero que meu ponto, agora, é outro. Destaco, à margem, que FHC é intelectualmente honesto e faz um mea culpa. Admite que ele também, como governante, não se deu conta da gravidade da questão das drogas. Agora começo a chegar aonde quero.

Notem que FHC se refere a Pedro Abramovay, que foi demitido do Senad depois de defender que pequenos traficantes não sejam enviados para a cadeia. Apoiei aqui, como vocês podem se lembrar, a demissão. E apóio ainda. Eu sou favorável, sim, à repressão severa às drogas. Acho um equívoco e uma hipocrisia até a lei que descrimina o consumo. Fico com a repressão por uma questão de lógica e de ética. O fato de ela não eliminar o tráfico não implica que o contrário seria mais eficiente — essa é a questão lógica. A  ética é mais complicada:  não se combate a criminalidade descriminando o… crime!

Nem eu nem ninguém falamos tudo o que tem de ser falado sobre a demissão de Abramovay. Foi até bom FHC ter voltado ao assunto. Há caroço nesse angu. E ele tem de ser denunciado. Por que ele foi demitido? Fica para o post seguinte.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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3 comentários

  • Antonio Ferdinando Zanardi São Joaquim da Barra - SP

    Até que enfim eu li alguma coisa sensata escrita por você . Aleluia , irmão!

    Eu me refiro ao editorial da Foia. Acontece que a dita cuja , o grupo em que você trabalha e a imprensa em geral sempre estão a soldo de alguem ou a algum grupo que tenha algum tipo de interesse. A mudança brusca de opinião é consequência direta desses interesses.Mas , nesse caso , devo admitir que estou contigo .

    PS: Você não está de briguinha com a Globo e a Foia , está?

    0
  • Rogério Beltran Dias Tabaporã - Nova Fronteira - MT

    boa tarde.... gostaria de parabenizar essa reportagem, e continuar a dizer a certos jornalistas (folha e mirim leitão) ESTUDEM , E LEIAM A NOVA PROPOSTA DO NOVO CODIGO.........

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  • Almir José Rebelo de Oliveira Tupanciretã - RS

    Prezado Reinaldo Azevedo e Amigos! Para nós produtores rurais não é nenhuma surpresa essas posições de "Miriams e Outros". Essa briga começou com os Transgênicos. A Rede Globo se abraçou com os Greempeaces e WWFs, onde um dos Marinhos faz parte do Conselho etambém nos chega notícias de que o marido de uma certa Miriam também é ligado as ONGs e por aí se explica tudo. Essas ONGs usaram o Governo do estado do RS na época tão ignorantes quanto eles declararam país e Estado livre de Transgênicos e apareceram até com um Pelotão de polícia de choque com 200 homens para "cruzar por cima" e acabar com a possibilidade do Brasil apostar na Biotecnologia. Dei entrevistas de várias horas para a Rede Globo que nunca foram ao ar e usavam para precionar o Governo a nos encurralar. A conversa era que em qualquer debate tinha que ter 1 produtor mas tinha que ter 1 ambientalista ignorante como sempre, sem nenhuma consideração na representatividade de cada um. Até em novelas, essas industrias de imbecilidades, um imbecil dizia que transgênico era veneno e terminava o capítulo e no outro dia não aparecia o contraponto até porque o público imbecil já havia esquecido. No dia do grande embate onde reunimos 2000 produtores em dezembro de 1999 e enfrentamos a polícia, misteriosamente apareceu uma equipe de jornalistas da revista globo rural e fizeram um matéria. Acreditem que em 2010 procurei a revista para que 11 anos depois eles viesse mostrar o que tinha acontecido diante da realidade do Brasil estar plantando 25 milhões de hectares de Transgênicos onde a soja que era veneno totaliza 76,2% da soja nacional, eles responderam que "essa pauta não interessa". Atualmente estamos diante da mesma situação porque quando aprovamos a lei de Biossegurança "eles" nos disseram que teria revanche no Código Florestal. Ganhamos a guerra dos Transgênicos com a união do Produtor Rural, Classe Científica, Políticos e Jornalistas BEM INFORMADOS. Agora é a revanche para "eles". O Pior é que as atitudes são as mesmas: Mentir para a sosiedade urbana! Se mantermos a mesma estratégia, daqui a 11 anos eles irão entender que nós tínhamos razão 11 anos atrás. Querido Reinaldo " A Inteligência perde a razão quando a Mediocridade tem o poder da decisão". Quem manda na globo e no ministério do meio ambiente são as ONGs traidoras do País, mas aprovando o novo Código Florestal relatado pelo Deputado Aldo Rebelo salvaremos a Independência e a Soberania de Nosso amado e querido Brasil! Só depende de nossa união e nossa atitude. Viva Nós e vamos em frente povo Brasileiro!!!

    Abraços.

    Almir Rebelo

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