A Justiça e Belo Monte

Publicado em 26/02/2011 00:24
(por Reinaldo Azevedo)


Tio Rei não é assim de ficar verde de raiva nem de esperança, vocês sabem… Sou mesmo é alvinegro. Acho que o Brasil precisa de Belomonte, de energia e tal. Bem, não é questão de achar, certo? Não se trata de um juízo de valor, algo subjetivo. Ou se tem energia para crescer ou não se tem. Posto isso, vamos lá.

A Justiça Federal do Pará suspendeu a licença parcial concedida pelo Ibama, que autorizava a instalação do canteiro de obras da usina. O BNDES também fica proibido, por enquanto, de repassar recursos para a Nesa (Norte Energia SA). Acho bem possível que os ecologistas estejam exagerando sobre o impacto ambiental da obra. Sempre exageram e fazem isso porque consideram que, assim, atuam com uma margem extra de proteção à natureza.

Com exagero ou não, é um absurdo lógico essa história de licença parcial. Em tese ao menos, a outra licença, a para a obra propriamente, pode não sair. E aí? O que fazer com o canteiro de obras? Ergue-se no lugar um monumento ao desperdício? O mesmo se diga do financiamento do BNDES — aliás, a usina deveria estar sendo financiada com recursos privados e, na prática, está destinada a ser um sorvedouro de dinheiro público. Da forma como estava, era como se uma lei pudesse ser cumprida a conta-gotas.

Assim, notem que nem especulo sobre as razões ambientais…  O fato é que o governo do PT, como de hábito, estava alargando uma certa zona cinzenta da legalidade. Ou cumprem as exigências ou mudam as ditas-cujas. O meio do caminho não dá. Até porque custa dinheiro. Muito dinheiro!

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 21:30

Sobre Tiririca, Collor e Sarney: os que não sabem e os que jamais se esquecerão

Há um certo clima de escândalo lógico no ar por Tiririca (PR-SP) fazer parte da Comissão de Educação e Cultura da Câmara. É… Trata-se de um escracho! Mas é maior do que ter o neolulista Fernando Collor (PTB-AL) na presidência da Comissão de Relações Exteriores do Senado e como membro emérito da Comissão de Reforma Política instituída por José Sarney, que, por sua vez, preside o Senado pela terceira vez?

Não estou sendo cínico, tampouco me conformando. Mas há o risco de Tiririca aprender alguma coisa… E os outros, que jamais esquecerão o que já sabem?

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 21:13

A hora dos vigaristas – Em SP, o PT que foi à guerra pelos R$ 545 quer um mínimo de… R$ 830!!!

Quando aponto a vigarice essencial do petismo, algumas pessoas acusam o meu “exagero”. Chego a achar divertido até. Vocês conhecem Antonio Mentor, não? É o deputado estadual e mensaleiro, processado pelo STF, que comanda a bancada do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo. Trata-se de um conhecido Colosso de Rhodes moral!

Pois bem…  O Estado tem um piso salarial que está bem acima do mínimo decidido pelo governo federal. Projeto encaminhado pelo governador Geraldo Alckmin o fixa em três faixas: R$ 600, R$ 610 e R$ 620, de acordo com as várias profissões. Como o PT foi à guerra no Congresso para defender os R$ 545, seria de se esperar que apoiasse a proposta do governador, certo?

Errado!

“Oposição propositiva” é obrigação dos adversários do PT! O partido, com seus adversários, só conhece o confronto. Pois saibam: no estado, o partido apresentou uma emenda para elevar essas faixas, respectivamente, a R$ 660, R$ 720 e R$ 830. O partido de Dilma quer, em São Paulo, um mínimo até 52% maior do que o definido nacionalmente pelo… PT!

Voltarei depois a esse tema. Não é de hoje que essa turma age assim.  Atenção! É vigarice, sim! Mas também é um método. Fica para depois. Leiam reportagem do G1 com mais alguns detalhes. A argumentação de Mentor seria só estupidez se cinismo não fosse. Nota: a história de que existe mínimo de R$ 180 no Estado é um pouco mais do que uma mentira: é um delírio de gente perturbada.
*
A bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo apresentou sete emendas ao projeto de lei 30/2011 do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que estabelece pisos salariais mensais de R$ 600, R$ 610 e R$ 620. As atuais faixas do piso paulista são R$ 560, R$ 570 e R$ 580. Os valores propostos para  as três faixas do piso paulista ficam acima do mínimo nacional de R$ 545, aprovado pelo Congresso Nacional. Uma das emendas propostas pelo PT paulista, no entanto, propõe que o valor atual do piso regional seja elevado ainda mais, para até R$ 830, segundo a justificativa, para adequar o piso regional, em termos proporcionais, ao PIB per capita estadual (riqueza produzida no estado dividida pelo número de habitantes).

O deputado Antônio Mentor, líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa, afirma que não há nada de contraditório nem de retórico no fato de o PT, que combateu as propostas de mínimo nacional superiores a R$ 545, apresentar agora emendas para elevar o piso estadual. “Em primeiro lugar, o estabelecimento do piso nacional tem um impacto nas contas da Previdência Social e um impacto também nas contas da previdências municipais. Outra coisa é que existe uma diferença econômica entre o estado de São Paulo e outros estados da federação, que têm dificuldades econômicas muito maiores do que o estado de São Paulo”, afirmou.

Mentor também disse que o PT busca corrigir o piso salarial dos servidores do estado de São Paulo, que é, segundo ele, um verdeiro acinte aos trabalhadores. “Temos um piso salarial em São Paulo que chega ao cúmulo de R$ 180 por mês para o funcionalismo público. Fica muito confortável para o governador estabelecer um piso onde ele trata das categorias que não tem data-base e esquece que seus próprios servidores tem pisos salariais indignos.”

O líder da bancada do PSDB, Samuel Moreira, afirmou que nenhum funcionário público em São Paulo ganha menos do que o salário mínimo nacional. Ele afirmou que o PT deveria ter proposto o salário de R$ 830 para o país inteiro. O PT também propõe valores de R$ 660 e R$ 720 para a segunda e terceira faixas salariais, segundo a justificativa, para recompor perdas acumuladas nestas faixas desde 2007. Outra emenda estabelece que o reajuste, caso aprovado, passe a valer em 1º de fevereiro de 2011, e que em 2012 o aumento passe a valer em janeiro. O objetivo, segundo a justificativa, é unificar as datas de vigência entre o salário mínimo nacional e o piso regional, fazendo que os efeitos da lei sejam retroativos a janeiro.

O PT também quer incluir os servidores públicos estaduais entre os trabalhadores beneficiados com o piso de R$ 620, definindo esse valor como salário base dos mesmos servidores. Nesta mesma emenda, o partido propõe mudança no artigo 2º da lei 12.640/2007, estabelecendo que os pisos salariais não se aplicam aos trabalhadores que tenham pisos definidos em lei federal, convenção ou acordo coletivo. Em uma outra emenda, o PT estabelece que o piso salarial mensal passa a ser de R$ 620 para unificar as faixas de piso salarial, afastando distorções.

O PT também propõe que seja acrescentado ao texto um artigo que prevê estabelecimento de diretrizes para a política de valorização do salário mínimo entre 2012 e 2015, inclusive a serem aplicadas em 1º de janeiro de cada ano.

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 20:38

Detalhamento do corte de R$ 50 bilhões no Orçamento será divulgado na segunda, diz Ministério do Planejamento

Por Alexandro Martello, do Portal G1:
O Ministério do Planejamento confirmou nesta sexta-feira (25) que o detalhamento do corte de R$ 50 bilhões no orçamento federal de 2011 sairá na próxima segunda-feira (28). Com isso, o governo anunciará o valor dos bloqueios, por ministérios, antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, responsável por fixar a taxa básica de juros da economia, marcada para terça e quarta-feiras da próxima semana.

Economistas do mercado financeiro se mostraram céticos sobre a implementação do corte de R$ 50 bihões anunciado pelo governo e aguardam o detalhamento da medida para ter mais informações sobre o assunto. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que participará do anúncio do detalhamento do corte, já informou que os valores não serão revertidos (liberados novamente para gastos) no decorrer deste ano - ao contrário de exercícios anteriores.

O corte seria uma forma de o governo tentar atingir a meta cheia de superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública e tentar conter o crescimento da dívida pública) do setor público neste ano, que é de R$ 117,9 bilhões, ou 2,9% do PIB. Nos últimos dois anos, a meta cheia, ou seja, sem o abatimento dos gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), não foi atingida.

O corte de R$ 50 bilhões, segundo economistas, contribuirá para conter a demanda e, subsequentemente, a inflação, e pode resultar uma política mais suave para a taxa de juros no decorrer deste ano. Para a próxima semana, porém, a expectativa do mercado financeiro é de uma nova elevação nos juros por parte da autoridade monetária, dos atuais 11,25% para 11,75% ao ano.

Em seminário nesta semana, o diretor de Assuntos Internacionais e de Normas do Banco Central, Luiz Awazu, avaliou que o corte de R$ 50 bilhões em gastos públicos contribuiria para reduzir as pressões inflacionárias na economia. “A consolidação fiscal [corte de R$ 50 bilhões] determinada pela presidenta Dilma Rousseff é uma variável importante, e deve ser devidamente incorporada nas projeções. Com certeza, irá contribuir para a moderação da demanda agregada, e consequentemente, redução da pressão inflacionária. O Copom tem trabalhado com o cenário de cumprimento pleno das metas fiscais estabelecidas governo”, declarou ele na ocasião.

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 20:08

ONU diz que “é hora de agir” para frear massacre na Líbia

No Estadão Online, com agências:
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu que o Conselho de Segurança aja rápido na proposição de um pacote de sanções contra a Líbia. “Já é hora de o Conselho considerar uma ação concreta. As próximas horas e os próximos dias serão decisivos para os líbios”, disse.

O Conselho de Segurança se reuniu em caráter de urgência nesta sexta-feira, 25, para discutir a situação no país africano, onde houve uma onda de violência nos últimos dias devido aos protestos pelo fim do regime do ditador Muamar Kadafi. O coronel, que está há 41 anos no poder, tem usado métodos brutais de repressão, como bombardeios e mercenários.

Ban, que havia se pronunciado várias vezes contra a violência na Líbia, novamente pediu o fim das ações do governo. “A violência deve parar. Os responsáveis que estão derramando o sangue de inocentes devem ser punidos. Por isso peço que o Conselho de Segurança tome ações”, disse o secretário.

As medidas, segundo Ban, podem incluir restrições a viagens e o congelamento de bens e ativos dos envolvidos nos massacres e sanções econômicas. O Conselho já tem um rascunho da resolução e deve votá-la no sábado. Não há menções sobre ações miltiares. O Brasil é o atual ocupante da presidência rotativa do Conselho de Segurança.

Na segunda-feira, Ban encontrará o presidente dos EUA, Barack Obama, para discutir a situação no país africano. Washington já anunciou sanções contra a Líbia e a suspensão das atividades de sua embaixada em Trípoli. “A crise na Líbia chegou a um momento crucial. A comunidade internacional deve se unir e agir”, disse o chefe da ONU.

Direitos Humanos
O objetivo das medidas recomendadas por Ban é coibir a violência que tomou conta da Líbia nos últimos dias. O secretário afirmou que foram recebidos relatos de “violações de direitos humanos sistemáticas e brutais”. Segundo testemunhas, Kadafi ordenou ataques aéreos contra os manifestantes. Além disso, mercenários disparam contra a população indiscriminadamente.

Com a falta de segurança - situação que deve piorar, segundo Ban - milhares de pessoas estão deixando a Líbia. De acordo com o secretário, “22 mil fugiram para a Tunísia, 15 mil para o Egito e ainda há outros”. Ele pediu que os países vizinhos, principalmente os europeus, mantenham suas fronteiras abertas e que agência humanitárias recebam os refugiados.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU também se pronunciou nesta sexta e emitiu uma resolução condenando as ações do governo líbio, ordenando uma investigação sobre possíveis crimes cometidos durante os ataques e pedindo a suspensão do mandato da Líbia como membro do próprio órgão. A União Europeia também prometeu sanções e deve votá-las na semana que vem.

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 19:56

De professores e drogas

Lembram-se daquele professor de matemática de uma escola pública de Santos que aplicou uma avaliação a estudantes de 14 anos com quetões que, na prática, faziam a apologia da criminalidade e do tráfico de drogas?

Ele se explicou à polícia. Disse que estava promovendo uma discussão sobre o tema. Ah, bom! Professor de matemática, agora, é animador de debates! Querem saber de uma coisa? Temo que ele esteja falando a verdade.

Por que escrevo isso? Se ele fosse um agente no narcotráfico na escola, a droga de que seria veículo seria menos perigosa e mais fácil de combater. Bastaria colocá-lo em cana! Mas há uma droga muito mais insidiosa nas escolas, que é a da ideologia.

Não pensem que ele é muito pior do que o sujeito que diz a nossos filhos que:
- a destruição da natureza é conseqüência do capitalismo;
- o agronegócio é um mal porque eleva o preço dos alimentos;
- os países são pobres por culpa do imperialismo americano;
- Lula pôs fim ao neoliberalismo da era FHC;
- as privatizações foram um mal para a economia brasileira.

Tudo isso que vai acima também é droga, até mais viciante dos que as outras porque aparentemente limpa e voltada para o bem da humanidade…

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 19:18

A delinqüência em sala de aula que se cuide!

Fiquei sabendo de uma escola aí em que o professor levou um texto meu em sala de aula para excitar a fúria de seus rebelados de classe média alta. O líder religioso babava de ódio, tentando provar que, ao criticar a pauta do tal Movimento Passe Livre, eu estaria “deslegitimando os movimentos sociais”. O cretino poderia estar ensinando Revolução Francesa, Revolução Americana, mesmo “A Revolução dos Bichos”… Mas não! Estava fazendo proselitismo vagabundo, incitando menores de idade a depredar a democracia. Uma hora eu o chamo na chincha aqui, com nome e sobrenome, para a gente saber quem é que está cumprindo direito a sua função. Aí não vai adiantar se dizer perseguido pelos “reacionários”… Afinal,os pais têm direito de saber a que estão expostos seus filhos.

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 19:08

Remelentos & Mafaldinhas: se Pitágoras não existe, então tudo e permitido

A revolta dos Remelentos & Mafaldinhas das camisetas Hollister chega a ser comovente. Estão fazendo uma verdadeira corrente de satanização deste blogueiro no Twitter. Estão nervosos porque descobri que a maioria deles nunca havia andado de ônibus na vida. Alguns tentaram e não sabiam o que fazer na roleta… Minha musa, Laura Capriglione, me deve uma reportagem-perfil sobre o universo utópico deste novo movimento social “sem líderes”. No Egito, a moçada tomou a praça Tahir para derrubar um ditador; aqui, a turma invade o Parque Dom Pedro 2º para “ver o povo de perto”, conforme lhes foi recomendado por alguns professores da “área de humanas”.

A “área de humanas” das escolas compreende aquelas disciplinas em que, não existindo um Teorema de Pitágoras a conter os brutos, então tudo é permitido…

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 18:45

Uma Advocacia Geral da União sem medo da desmoralização

A Advocacia Geral da União é um órgão do Executivo, todo mundo sabe. Que trabalhe em consonância com os objetivos desse Poder da República, isso é o normal e o esperado. Mas todo ente da administração pública pertence ao estado, não? Obriga-se a certo decoro. Até os asseclas de Kadafi começam a descobrir isso…

Só hoje, três dias depois de o Congresso aprovar o esbulho, a AGU vem a publico para dizer que é, sim, constitucional o projeto do governo aprovado pelo Congresso, que transfere para a Presidência a prerrogativa de definir o salário mínimo.

Numa argumentação duplamente vergonhosa, lê-se:
“Não há inovação ou invasão de competência por parte do Executivo em matéria ordinariamente reservada ao Legislativo. Este último fixa os valores, por lei, e aquele primeiro dá continuidade à aludida fixação, mediante cálculo de reajustes e aumentos. O regulamento apenas cuida do fiel cumprimento da lei. Trata-se de mera recomposição de referências e de expressão.”

Vamos ver.

Em primeiro lugar,  os bois ficaram atrás do carro. O projeto do governo foi para o Congresso sem passar pela AGU. Esqueceram desse detalhe, acreditam? Ora, o que  o órgão diria agora? “Pô, é, de fato, é inconstitucional…” Dado o contexto, essa avaliação ad hoc não vale três tostões… E a outra vergonha é argumentação em si. Se é possível fazer isso com a lei do mínimo, por que não se pode fazer o mesmo com qualquer outra?

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 18:13

FHC: subir ou não subir a rampa?

A petralhada tem torrado a minha paciência: “Viu? Seu queridinho Fernando Henrique (para usar expressão de um deles) vai falar com a Dilma. Vai fazer o que Ulysses não fez: dar uma de rampeiro”. Ele se refere ao convite que a presidente Dilma fez aos ex-presidente FHC, na solenidade dos 90 anos da Folha. para visitá-la no Palácio.

Deve ser jornalista, com a minha idade pelo menos — 49, antes que especulem, mas torque de 18, hehe… Lembra uma frase do lendário e legendário líder do PMDB quando indagado se subiria a rampa do Palácio do Planalto para falar com o presidente Figueiredo: “Não sou rampeiro”. Ulysses acreditava que lugar de oposição falar com governo era o Parlamento.

Bem, eram outros tempos, não? Havia uma ditadura, ainda que em decadência, a ser vencida. Nas democracias, deve-se supor que as conversas enfrentam menos percalços. Ainda assim, há rituais que, entendo, são necessários.

Dilma quer falar sobre o quê? Qual é a agenda? Segundo a Folha reportou, teria sido FHC a propor à presidente um encontro com o grupo denominado “The Elders”, que reúne ex-líderes mundiais em defesa da paz — Jimmy Carter e Kofi Annan estão entre eles. Ela não só teria concordado como feito o convite para que o presidente de honra do PSDB a visitasse sozinho, num encontro pessoal.

O Brasil é apaixonado pela idéia de conciliação. E não é de hoje. Como virtude, pode nos livrar de diabólicos azares. Como vício, é uma de suas causas. FHC se encontre com quem quiser, não tenho nada com isso. Há certa leitura influente em áreas do pensamento, da oposição e até da imprensa segundo a qual é preciso romper o paradigma lulista da política, marcado pelo permanente confronto. Lula jamais se encontrou com FHC quando líder da oposição e jamais convidou o antecessor para visitá-lo — não de verdade. Uma reunião entre Dilma e FHC, no Palácio do Planalto, marcaria esse novo momento. Há quem se encante com a possibilidade. Os mais finórios entendem que o PT, por meio de Dilma, finalmente reconheceria o legado do líder tucano, desarmando o discurso lulista do “nós” contra “eles”.

Acho excesso de otimismo. Sem uma pauta — e seria o caso de saber qual —, acho que o eventual encontro só concorreria para combalir ainda mais uma oposição já combalida. O PT ganhou três eleições presidenciais em cima da “herança maldita” de FHC, falsa como nota de R$ 3. O discurso de Dilma candidata — e pouco importa se era coisa de marqueteiro ou não — foi de uma impressionante virulência contra o antecessor de Lula. Peguem qualquer vídeo no Youtube sobre a campanha. Está tudo lá. Em recente mensagem ao Congresso, a presidente desmereceu ainda outra vez a obra de FHC.

Encontrar-se, então, para quê? Com que propósito? O país não atravessa nenhuma crise institucional, a pedir a união das forças vivas da nação. Vão falar sobre o quê? Valor do mínimo? Agressão à Constituição? Reforma política? A loucura do trem-bala? O quê? Se a oposição mal consegue existir no Congresso, a única frente de luta que lhe resta é o debate político, que tem de ser, porque é uma exigência da democracia, de confrontação com as verdades do governo. A conciliação agora atende só ao vício da conciliação, sem nenhuma virtude.

A agenda do indivíduo FHC é livre; a do presidente de honra do partido de oposição que obteve 44 milhões de votos não é. Vou caminhando para o encerramento com a história que não aconteceu. Tivesse Serra sido eleito presidente e fosse Lula subir a rampa, qual seria a sua agenda? Indago , numa pilhéria: tentaria convencer o tucano de que o salário mínimo de R$ 600 seria inflacionário, exigindo R$ 545? Para Ulysses, lugar de oposição e governo conversarem era o Parlamento. Estava certíssimo.

No Congresso, diga-se, na votação do mínimo, os homens de Dilma voltaram a bater sem dó em FHC, mentindo com a desenvoltura habitual.  Chegaram a dizer que a valorização do mínimo, com ganhos reais acima da inflação, só começou em 2003. Bem, desde 1997, este é primeiro ano que o mínimo não terá aumento real. Esse mesmo Congresso, que é o lugar da conversa, votou uma lei que cassa uma prerrogativa do… Congresso. Sem conversa!

Pergunto de novo: qual é a agenda. Ou ainda: existe uma agenda?

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 17:15

Quando Kadafi se for, falar com quem?

Só um milagre, realizado num mar de sangue, seguraria Muamar Kadafi no poder. O mundo já o trata como o ex-governante da Líbia. Sua brutal reação aos protestos apressa o seu fim. O que a “revolução” dos diversos países árabes tem em comum? A luta contra autocracias. Aí cada país tem a sua própria agenda. Há outro traço a unir os povos em revolta: todas as ditaduras que estão em apuros são consideradas aliadas do Ocidente na luta contra o terror — até Kadafi, o terrorista “convertido”, estava nessa. Por alguma razão, as populações da Síria ou dos territórios palestinos parecem contentes com suas respectivas tiranias.

A Líbia é um agrupamento de cidades separadas por vastas solidões. Não é de hoje, abriga celerados dos mais diversos matizes. À diferença do Egito, não conta com um Exército que possa garantir, em princípio, a unidade do país ou alguma centralidade a um governo. Quem tomará conta do boteco?

Tentando se segurar no poder e, quem sabe, mandar alguma mensagem a seus “aliados” do Ocidente, Kadafi acusou a Al Qaeda de estar por trás da rebelião. Alguém acredita no que ele diz? Nem é o caso de fazer especulações a respeito. Mas uma coisa, no entanto, é certa como a luz do dia: uma Líbia sem governo se transformará num verdadeiro campo de treinamento para a rede terrorista. A ditadura iemenita, em território muito menor e com população menos diversa, não conseguiu dar conta dos jihadistas.

Assim que Kadafi deixar a Líbia — que amigo seu o abrigaria? Chávez? Raúl Castro? Daniel Ortega? —, com quem dialogar na hora do famoso “Leve-me a seu líder”?

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 16:36

Diplomata da Líbia na ONU pede que colegas abandonem Kadafi

No Estadão Online, com AP e Reuters:

O embaixador-adjunto da Líbia na Organização nas Nações Unidas (ONU), Ibrahim Dabbashi, pediu que todos os diplomatas do país africano “representem o povo líbio” e abandonem o apoio ao ditador Muamar Kadafi em resposta à brutal retaliação do coronel aos protestos que pedem o fim de seu regime.

“O fim do regime está próximo. Peço a todos nossos diplomatas que não obedeçam nenhuma instrução de Trípoli e deixem os países saberem que representam o povo”, disse Dabbashi, que afirmou representar toda a delegação. Há alguns dias, o diplomata havia dito que Kadafi “está cometendo um genocídio na Líbia’.

Dabbashi ainda pediu que o Conselho de Segurança da ONU tome alguma atitude contra Kadafi e outras lideranças líbias, como a imposição de sanções. Ele afirmou que a repressão às manifestações em várias partes do país deixaram milhares de mortos, e não centenas, como tem sido estipulado.

O embaixador-adjunto é apenas um dos vários diplomatas e ministros que abandonaram Kadafi em repúdio à violência nos protestos. Os embaixadores da Líbia na Austrália, em Bangldesh, na China, na França, na Índia, na Jordânia, na Indonésia e em Portugal renunciaram aos seus cargos. Os representantes da Áustria, do Egito e da Malásia também se mostraram contrários à violência, mas não renunciaram. O Peru cortou os laços diplomáticos com o país africano e os EUA suspenderam as atividades da embaixada líbia.

Kadafi perde apoio na própria Líbia. O procurador-geral, Abdul-Rahman al-Abbar; o ministro do Interior, Abdel Fattah Younes al-Abidi; Youssef Sawani, assessor do filho de Kadafi; e Nuri al-Mismari, chefe de cerimonial de Kadafi, deixaram seus postos. Militares, como os dois coronéis que se recusaram a bombardear protestos e desertaram em seus caças para Malta, também abandonaram o ditador.

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 16:30

O bufão sanguinário que pretende se levar a sério

Há tiranos que são sanguinolentos, mas que não chegam a ser apaixonados por sua arte. Não é o caso de Muamar Kadafi. Ele apareceu na Praça Verde, de Trípoli, tomada por uma multidão de apoiadores, para conclamar seus seguidores a defender a Líbia. Vejam.

“Este é o grande povo da Líbia. Vocês são o fruto da revolução. Vocês vêem o orgulho e a dignidade da revolução. Vocês vêem a história e a glória na revolução. Eu estou no meio no povo. Nós continuaremos a lutar. Nós vamos derrotá-los. Nós morreremos aqui, no amado solo da Líbia. Nós vamos derrotar qualquer ação agressão estrangeira, assim como derrotamos o antigo imperialismo italiano. Esta é a formidável força, a nossa invencível força.”

Então tá…

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 15:53

Os Remelentos & Mafaldinhas de grife voltaram à praça

Os remelentos e as mafaldinhas — os revolucionários das camisetas Hollister — do suposto Movimento Passe Livre fizeram ontem mais uma manifestação em favor do socialismo pela via do transporte público! Contam com a boa-vontade da imprensa. Afinal, por enquanto ao menos, Gilberto Kassab pertence a um partido “reacionário”. Se e quando ele aderir ao socialismo de Eduardo Campos, governador de Pernambuco, aí a gente vê…

Aqui e a li se afirmou que havia 2.500 revolucionários na praça. Mentira! Não chegavam a 400 quando se concentraram em frente ao Teatro Municipal, boa parte vindo de escolas particulares, onde estão seno arregimentados, com o estímulo de molestadores ideológicos disfarçados de professores. Dali rumaram para o terminal de ônibus do Parque D. Pedro 2º. Só então se podia falar em 2.500 pessoas: a Revolução Hollister ganhava a adesão do “povo”. Entendo! Aproveite uma aglomeração e defenda injeção de graça para todo mundo, até para quem não precisa. O público aplaudirá.

Os petistas e outros esquerdistas mais pés-de-chinelo estavam lá com suas bandeiras. Um dos líderes do protesto era João Victor Pavesi de Oliveira, diretor do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da USP. Ele já tem escola de graça — é do tipo que estuda ou que usa o dinheiro do pobre que paga a universidade apenas “para fazer política”? — e quer também ônibus de graça. Alguém trabalha para que Pavesi defensa a ilha da fantasia, certo?

A Prefeitura vai receber no dia 4 o Comitê Contra o Aumento da Passagem. Huuummm… Na sua conversão ao socialismo, talvez ficasse bem Kassab baixar o valor da passagem — R$ 2,90 quem sabe… O “movimento” cantaria vitória às custas do erário. Espero que a Secretaria de Transportes exija ao menos a carteirinha de usuário dos membros da tal comissão… Afinal, na democracia representativa, os representantes têm de representar, certo?

Ah, sim: um “estudante” de 19 anos foi preso ontem portando dois coquetéis Molotov e duas bombas caseiras. Confessou que pretendia usá-los durante a manifestação. O tal Pavesi disse estranhar, já que o movimento é “pacífico”. Na semana passada, os “pacifistas” soltaram rojões contra o prédio da Prefeitura.

PS - A polícia havia vetado o acesso dos baderneiros ao Parque Dom Pedro 2º. Depois, liberou. Huuummm… Espero que tenha sido uma operação segura, embora, à distância, pareça ter sido irresponsável. Pode-se esconder um coquetel Molotv dentro de uma bolsa ou cobri-lo com um moletom da Abercrombie… E se uma porcaria dessas explode em meio a centenas, para mais de milhar, de pessoas?

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 15:11

Na semana passada, eu morri; nesta, fui demitido; na próxima, ressuscito e subo ao céu!

Eu, hein, Rosa!

Os adversários desta página resolveram demiti-la da VEJA, mas esqueceram de avisar a revista — que também não me avisou. Na semana passada, decidiram me matar; nesta, dizem que fui demitido; se eu ressuscitar e virar santo, chamo vocês para fundar uma nova religião!

“Ah, onde há fumaça há fogo”. Não! É só um clichê barato. A página segue firme e forte. Ontem, um dia de noticiário até aborrecido, o blog recebeu quase 81 mil visitas. Quando o bicho pega, a coisa é ainda mais animada.

Diz-se sobre a Internet muita coisa — a última moda é sustentar que faz até revolução! É uma ferramenta e tanto da civilização, mas nunca a fantasia, o delírio e a fofoca encontraram uma plataforma tão hospitaleira.

Que gente doida!

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2011

 às 14:15

Rigor fiscal do governo Dilma, por enquanto, é só espuma, afirma Serra

Em vez de pensar em CPMF, o governo deveria é cortar fantasias como o trem-bala. São declarações do tucano à rádio Jovem Pan. Leiam o que publicou a Folha Online:

O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) criticou nesta sexta-feira o “falso rigor fiscal” do governo federal ao anunciar o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento. “Por enquanto é espuma. Eu quero ver isso acontecer de verdade. Disseram que vão cortar emendas de parlamentares, precisa ver quais emendas, nem todas são ruins. A maior parte é espuma, para dizer que tem um governo austero. Esse falso rigor fiscal mostra a inexistência de rigor fiscal. Tem que cortar na gordura, temos que ter austeridade fiscal de verdade”, disse ele em entrevista à rádio “Joven Pan”.

O tucano também falou sobre a aprovação pelo Congresso do mínimo de R$ 545 fixado pelo governo. Durante a campanha eleitoral à Presidência, Serra apresentou como proposta um mínimo de R$ 600. Ele afirmou hoje que continua defendendo o valor e destacou que a decisão do salário mínimo foi política, e não econômica.

“Quando propus o salário mínimo de R$ 600 e o reajuste do INSS em 10%, examinei os números. Existe muita coisa que poderia ser cortada, para dar aumento a quem recebe o salário mínimo. Voto contra o mínimo maior acaba sendo um voto, especialmente, contra os pobres do Nordeste.” O ex-presidenciável também criticou o artigo do projeto que permite o reajuste do mínimo por decreto presidencial, nos próximos quatro anos. Ele disse concordar com a ação da oposição contra a medida. “Concordo com a ação da oposição, isso é irregular.”

Sobre a discussão de um novo imposto para a saúde, nos moldes da extinta CPMF, Serra defendeu recursos fora do tributo. “O governo federal deve gastar melhor dentro do dinheiro existente, cortando desperdício, cortando em obras que não vão servir para nada diante do custo que elas representam. Um exemplo disso é o Trem de Alta Velocidade. Isso é uma fantasia.”

POLÍTICA INTERNACIONAL
O tucano defendeu a política internacional do governo Dilma, que, segundo ele, é diferente da do ex-presidente Lula. “Está no comecinho, mas apresenta sinais de mudança. Ela fala menos, faz menos espalhafato.” Serra destacou que isso “não justifica que o governo deixe de falar sobre coisas importantes, não pode aproveitar isso como pretexto. Salário mínimo, Trem Bala, escândalos ainda não foram explicados. Espero que o silêncio não se traduza em uma omissão sistemática.”

Sobre o seu futuro político, ele descartou disputar a Prefeitura de São Paulo em 2012. “Não vou me candidatar a prefeito porque eu já fui e não gostaria de repetir a experiência. Posso continuar sendo muito útil em outras coisas.”

ALIADOS

O tucano também comentou sobre a saída do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do DEM e a fundação, por ele, de um novo partido. Serra afirmou que “torce para que Kassab tome uma decisão boa para ele e para a cidade. Ao mesmo tempo, não se afaste do trabalho e da aliança com o PSDB que tem dado certo para a cidade de São Paulo”. Questionado se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deveria ter aparecido mais em sua campanha à Presidência, o tucano disse: “Não creio que tivesse alterado o resultado”.

Serra ainda negou antagonismo com seu colega de partido Aécio Neves. Segundo ele, divergência “faz parte da democracia de uma partido”.

Por Reinaldo Azevedo
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Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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