Descoberto o “Homem do Barba” que tinha acesso livre ao Palácio do Planalto “em qualquer tempo e qualquer circunstância”

Publicado em 27/02/2011 22:12 e atualizado em 01/03/2011 08:06
do Blog do jornalista de Veja, Reinaldo Azevedo.


O PC do B se sente perseguido pelo PT porque acredita que o aliado está por trás da avalanche de denúncias que colhe o partido. A palavra “denúncia” é ruim. Há mesmo uma avalanche de fatos. De 2003 a 2007, mais de R$ 12 bilhões saíram dos cofres públicos para ONGs. O “amor” pelo estado, no Brasil, não respeita fronteiras ideológicas. Há os “apaixonados” de direita e os apaixonados de esquerda, desde que possam sangrar seus recursos, seja em nome do “bem da nação”, seja em nome do “bem do povo”. Em países em que o estado é pequeno, as empresas privadas disputam o mercado para fornecer serviços públicos; em países em que o estado é gigante, as empresas públicas satisfazem interesses privados, com a mediação dos governantes de turno.

A VEJA desta semana traz uma reportagem impressionante de Rodrigo Rangel e Daniel Pereira. Ela diz respeito a este homem.

jose-carlos-bumlaiQuem é ele. Leiam trechos. Volto em seguida:

O senhor da foto acima se chama José Carlos Bumlai. É um dos maiores pecuaristas do país, amigo do peito do ex-presidente Lula e especialista na arte de fazer dinheiro - inclusive em empreendimentos custeados com recursos públicos. Até o ano passado, ele tinha trânsito livre no Palácio do Planalto e gozava de um privilégio sonegado à maioria dos ministros: acesso irrestrito ao gabinete presidencial. Essa aproximação excepcional com o poder credenciou o pecuarista a realizar algumas missões oficiais importantes. Ele foi encarregado, por exemplo, de montar um consórcio de empresas para disputar o leilão de construção da hidrelétrica de Belo Monte, uma obra prioritária do governo federal, orçada em 25 bilhões de reais. Bumlai não só formou o consórcio - integrado pela Chesf e pelas empreiteiras Queiroz Galvão, Gaia e Contem, estas duas últimas ligadas ao Grupo Bertin, um gigante do setor de carnes - como venceu o leilão para construir aquela que será a terceira maior hidrelétrica do mundo. O homem das missões impossíveis, porém, se transformou num problema constrangedor.

(…)
Ele gosta de contar a amigos que, certa vez, durante um sonho, uma voz lhe disse para se aproximar do então candidato Lula. Na campanha de 2002, por meio do ex-governador Zeca do PT, Bumlai conheceu o futuro presidente e cedeu uma de suas fazendas para a gravação do programa eleitoral. São amigos desde então. Seus filhos também se tornaram amigos dos filhos de Lula. Amizade daquelas que dispensam formalidades, como avisar antes de uma visita, mesmo se a visita for ao local de trabalho. Em 2008, após saber que o serviço de segurança impusera dificuldades à entrada do pecuarista no Planalto, o presidente ordenou que fosse fixado um cartaz com a foto de Bumlai na recepção do palácio para que o constrangimento não se repetisse. O pecuarista, dizia o cartaz com timbre do Gabinete de Segurança Institucional, estava autorizado a entrar “em qualquer tempo e qualquer circunstância”.

Voltei
Lendo a reportagem, vocês verão que o amigão de Lula, com acesso livre ao Palácio do Planalto, foi diversificando seus interesses. No caso de Belo Monte, informa a revista, “o que era para ser uma missão de interesse exclusivamente público começou a derivar para o lado oposto. O governo descobriu que o pecuarista estava usando a influência e o acesso consentido ao palácio para fazer negócios privados. O Planalto foi informado de que Bumlai, por conta própria, estaria intermediando a compra de turbinas para a usina de Belo Monte com um grupo de chineses. A orientação do governo era exatamente contrária: em vez de importar peças, elas deveriam ser produzidas no Brasil, para criar empregos aqui.”

A reportagem informa que o negócio com os chineses foi abortado e que  o atual governo cassou o livre acesso de Bumlai ao Planalto e aos ministérios. Um ministro afirma: “Em diversas ocasiões, Bumlai trabalhou em nome do ‘Barba’. Mas também usou o nome do ‘Barba’ sem que o ‘Barba’ tivesse autorizado”. O “Barba”, por metonímia, é o Apedeuta por epíteto… Há duas semanas, o grupo Bertin caiu fora de Belo Monte. O BNDES não aceitou as garantias oferecidas para conceder o empréstimo. Mas o amigão de Lula sempre contou com a generosidade do banco oficial. Informa a VEJA:

“Até pouco tempo atrás, o BNDES estava longe de ser um entrave para os planos de Bumlai. Alguns dos maiores negócios dos quais participou tiveram financiamento do banco. É o caso da Usina São Fernando, em Mato Grosso do Sul. Em 2008, o BNDES aprovou um financiamento de cerca de 300 milhões de reais para a usina. No papel, o empreendimento tem como proprietários os filhos de José Carlos Bumlai e o Grupo Bertin. A sociedade Bertin/Bumlai também é proprietária de um jato Citation, já utilizado algumas vezes pelos filhos do ex-presidente Lula, e de um apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, que recebeu o ex-presidente e a família no Carnaval de 2009.”

Leiam a reportagem. Bumlai conseguiu, por exemplo, vender uma fazenda para o Incra com um sobrepreço, acusa o Ministério Público, de quase R$ 8 milhões. Empreiteiras reclamam da sua interferência na Petrobras… E vai por aí. Vejam esta imagem:

jose-carlos-autorizacao

É o cartaz que Lula mandara afixar na portaria do Palácio do Planalto dando acesso irrestrito a seu “amigo”. Os termos são inequívocos:
“O sr. José Carlos Bumlai deverá ter prioridade de atendimento na portaria Principal do Palácio do Planalto, devendo ser encaminhado ao local de destino, após prévio contato telefônico, em qualquer tempo e qualquer circunstância”.
Convenham: nem Marisa Letícia podia tanto! Esse é o tipo de licença que não se concede nem a um testa-de-ferro!

Por isso eles amam tanto um “estado forte”! Porque, num estado forte, a República costuma ser fraca!

Por Reinaldo Azevedo

Dilma na TV, com Ana Maria Braga! Ou: Um espectro ronda o Palácio

Daqui a pouco, Dilma Rousseff estará no programa “Mais Você”, de Ana Maria Braga, na Globo. Dentro de alguns dias, estará com Hebe Camargo, da Rede TV. Quando a maioria de vocês ler este post, o bate-papo já terá ido ao ar. Sou notívago, varo madrugadas, mas tenho limites. Vejo depois da Internet. A apresentadora promete “muita emoção”. Dilma falará sobre questões de governo, problemas do Brasil, desafios etc, mas o “gancho” é o “Dia Internacional da Mulher”, que se comemora na terça que vem. O papo deve ter seu lado Maricota, mas uma Maricota liberada, pós-machismo e pós-feminismo. Será uma operação bem-sucedida. Ana Maria é muito simpática, e Dilma aprendeu bastante. sobre TV. Ninguém toma café com a apresentadora para ser posto contra a parede. Nem faria sentido. Não será Ana Maria a fazer o que não faz boa parte do jornalismo, certo?

A “entrevista” já faz parte de uma nova fase do plano de marketing. Não estou dizendo que as coisas foram assim planejadas, mas assim estão se mostrando:
1 - Na fase um, Dilma não podia existir para que pudesse ter existência; sua única chance de se eleger estava em provar que não tinha vontade própria. Como o Apedeuta deixou claro, o nome “Dilma”, na urna eletrônica, queria dizer “Lula”. Funcionou.

2 - Na fase dois, Dilma tinha de começar a provar que  existia. Para tanto, era preciso marcar a diferença com o antecessor. Em dois temas sensíveis, fez-nos vislumbrar outra orientação — “controle da mídia” e política externa —, mas a diferença maior foi mesmo de estilo. Se Lula era falastrão, ela é silenciosa; se Lula era um provocador permanente, ela flerta com alguma forma de conciliação; se Lula “não sai da mídia”, assumindo o papel de animador político da máquina do governo, ela optou pelo perfil da gerente — bastante explorado na campanha eleitoral, é verdade.

3 - A fase três, agora, é a da popularização da “Dilma por Dilma”, não mais a “Dilma por Lula”. Não será ele a dizer o que acha dela, mas ela a falar de e por si mesma. Nesse sentido, o gancho do Dia Internacional da Mulher é perfeito. Eis, afinal de contas, um papel que o Apedeuta não pode assumir: o de mulher! E a melhor maneira de tratar desse assunto, é claro, não é se reunindo com Marilena Chaui, Orgária Matos, Maria Victória Benevides e Rose Marie Muraro. Ana Maria Braga e Hebe Camargo são mais eficientes.

Necessidade
Já escrevi aqui algumas vezes: Dilma vai precisar de mais contato com as massas. Não acredito que João Santana vá abrir mão da fantasia da “Soberana” que decide acima das paixões. Parte considerável da imprensa se apaixonou por essa construção, um misto, assim, de Elizabeth II com René Descartes. Ocorre que o PT precisa, como sabemos, de uma sociedade algo mobilizada — e, se Dilma não construir essa liderança popular, Lula vai ocupar o vácuo. A questão, no entanto, não está só no longo prazo. No curto e no médio, será preciso dialogar mais com a sociedade.

O governo já decidiu aumentar o valor do Bolsa Família. Isso tem um apelo importante para parte considerável do eleitorado petista, mas é pouco. Analistas os mais sensatos desconfiam que a situação fiscal do governo é pior do que parece e que a inflação vai incomodar por um bom tempo. E isso num cenário de crescimento menor. O corte no Orçamento, ainda que não se cumpra na dimensão desejada pelo governo, acena para um tempo de euforia menor. Será preciso, pois, aumentar a interlocução, estar mais presente, mobilizar mais os brasileiros.

Lula fazia isso com os pés nas costas, vociferando contra seus inimigos imaginários, internos e externos. Aquela performance, não tem jeito, Dilma não conseguiria reproduzir ou mesmo imitar sem que parecesse ridícula. Não dá para imaginá-la suarenta, sobre um palanque, olhos injetados, fazendo poesia sobre a mãe que nasceu analfabeta… Boa parte do discurso lulista, aliás, era, de fato, de um ridículo atroz, mas a inimputabilidade que conquistou lhe permitiu ir adiante. Permitiu, inclusive, que metesse a economia nessa razoável encalacrada — o que fez, segundo tanto se anunciou, em parceria com Dilma Rousseff.

Dilma cortou, sim, os gastos sociais e as obras do PAC — ao menos em relação ao que ia no Orçamento —, mas gente muito boa desconfia da eficácia da ação para desacelerar a economia e conter a inflação, o que deve chamar ao debate o Banco Central, que talvez tenha de controlar pela via monetária o que o governo não conseguirá fazer pela via fiscal. A razão é simples: a porrada de R$ 50 bilhões agora só esconde a continuada irresponsabilidade dos dois últimos anos. O que a estabilidade econômica ensinou — inclusive aos seis primeiros anos de governo Lula — é que disciplina fiscal é obra continuada.

Mais: o corte se dá sobre um estoque fabuloso de promessas. O Minha Casa, Minha Vida levou um facão de 40%. Atenção! Dilma tem ainda 2,8 milhões de casas para entregar até 2014. É claro que ela não vai cumprir a promessa. Também garantiu a construção de 5 mil creches. Não! Ela não vai conseguir. As UPAs eram mil; ela já deixou por 500, que também não serão feitas.

Uma coisa é não cumprir promessas — e Lula as descumpriu às pencas — num cenário de inflação baixa, juros moderados e crescimento de 7%; outra, um tantinho diferente, é descumpri-las com juros altos, pressão inflacionária e crescimento de 4%, 4,5% — sim, é um bom crescimento. Mas a euforia mesmo começa ali pelos 6%…

Dilma tem de encontrar um modo, adequado a seu perfil mais tímido, de cair nos braços do povo, de mobilizá-lo. O período da euforia acabou. Se estruturada, a oposição estaria com uma baita agenda pela frente, dada de bandeja pela bagunça fiscal de 2009 e 2010. Mas esse terreno ainda parece uma vasta solidão. Dilma precisa cair nos braços do povo porque um espectro ronda o governo.

Alguns dos auxiliares da presidente o chamam de “O Barba”.

Por Reinaldo Azevedo

Uma nova ética! Estatal libera verbas a suspeitos de fraude

Por Rubens Valente, na Folha:
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) contrariou sua área de fiscalização ao ordenar pagamentos a pelo menos 87 empresas suspeitas de envolvimento numa fraude milionária que teria ocorrido em leilões organizados pelo governo para a comercialização de milho. Os fiscais da estatal detectaram a fraude no segundo semestre de 2010. Os pagamentos estavam suspensos desde então, mas foram retomados a partir de dezembro. Cinco dias após o primeiro pedido de informações feito pela Folha sobre o tema, o presidente da Conab, Alexandre Magno de Aguiar, assinou ofício pelo qual determinou que toda suspeita sobre os leilões de milho fosse informada à Polícia Federal.

Aguiar foi indicado pelo seu antecessor, o ministro da Agricultura Wagner Rossi (PMDB), forte aliado do vice-presidente Michel Temer. Documentos obtidos pelaFolha indicam que a suspeita de fraude envolve leilões do PEP (Prêmio para o Escoamento de Produto). É uma subvenção usada pela Conab quando o preço do produto no mercado está abaixo do preço mínimo. Para que o produtor receba o mínimo, o governo banca a diferença. Em 2010 os contratos do PEP foram de R$ 760 milhões, com desembolso até agora de R$ 201 milhões. Os fiscais da Conab apontam que boa parte do PEP está contaminada por fraude. O produtor rural estaria sendo forçado a devolver à empresa arrematante do prêmio concedido pelo governo, por cheque ou dinheiro em espécie, a diferença a que teria direito. Na prática, o produtor continua recebendo apenas o preço de mercado. O produtor Leoci Favarin, de Primavera do Leste (MT), reconheceu que teve que devolver a diferença ao comprador. “Se não fizesse isso, não havia comércio. Isso aí não está certo. A gente era obrigado a devolver”, disse. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Minha Casa, Minha Vida terá corte de mais de R$ 5 bilhões

Por Mário Sérgio Lima, na Folha Online. Comento no post seguinte:

Apesar de afirmar que as despesas com os programas sociais e com os investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) serão integralmente mantidos, o governo anunciou nesta segunda-feira (28) que o corte de despesas no Orçamento deste ano irá afetar fortemente o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

O programa terá uma contenção de mais de R$ 5 bilhões nos repasses do governo, o que representa 40% de corte –passará de R$ 12,7 bilhões para R$ 7,6 bilhões.

Segundo a ministra Miriam Belchior (Planejamento), a redução de despesa tem relação com o fato de a segunda parte do Minha Casa ainda não ter sido aprovada pelo Congresso. A ministra espera que isso ocorra em abril.

“Ainda assim, o orçamento do programa para este ano está R$ 1 bilhão maior do que ocorreu no ano passado, quando houve a maior parte das contratações do Minha Casa”, afirmou a ministra. “Não cortamos nenhum centavo dos investimentos do PAC nem dos gastos com programas sociais.”

CORTES
Segundo o detalhamento do corte das despesas do Orçamento, os gastos discricionários dos ministérios tiveram uma redução de R$ 36,2 bilhões. Os vetos à Lei Orçamentária respondem por R$ 1,6 bilhão em despesas.

Já as despesas obrigatórias tiveram uma redução de R$ 15,7 bilhões, sendo R$ 3,5 bilhões de gastos com pessoal, R$ 8,9 bilhões nos subsídios, R$ 2 bilhões de gastos previdenciários e R$ 3 bilhões em abono salarial e seguro-desemprego.

Houve, contudo, um acréscimo de R$ 3,5 bilhões em créditos extraordinários, para o Nordeste e a Amazônia.

Concursos públicos
De acordo com a ministra, a redução de despesas com pessoal é referente às contratações em concursos públicos, que não serão feitas. Já os valores referentes ao abono salarial, às despesas previdenciárias e ao seguro-desemprego referem-se ao pente-fino contra fraudes.

No anúncio dos cortes, o ministro Guido Mantega (Fazenda) fez questão de ressaltar que contenção de gastos não significa que a política econômica foi mudada.

“Não vamos mudar o que está dando certo, não nos tornamos ortodoxos. Estamos adaptando para garantir um crescimento sustentável de 5%, pois um crescimento constante acima disso cria gargalos.”

Por Reinaldo Azevedo

Oposição critica cortes no Minha Casa, Minha Vida

Na Folha Online:

Líderes da oposição no Congresso afirmaram nesta segunda-feira (28) que, com os cortes de R$ 5,1 bilhões no programa Minha Casa, Minha Vida, fica comprovado que o governo da presidente Dilma Rousseff “trabalha com ilusões e promessas que não pode cumprir”. “A fatura da falsa propaganda que o governo do PT fez para eleger a presidente Dilma Rousseff chegou. E o brasileiro vai pagar a conta”, disse o líder da bancada do DEM na Câmara, ACM Neto (BA).

A oposição também diz achar que os cortes detalhados vão crescer ainda mais até o final de 2011. “Não serão apenas R$ 50 bilhões. As despesas cresceram, a necessidade do ajuste é evidente. No final do ano vamos ver que esses cortes foram muito maiores”, disse o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR). Já o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) criticou também o “inchaço da máquina pública”. “Se gastou demais na campanha, agora chegou a conta. E o governo não pára de inchar a máquina pública, agora vão criar ainda mais um ministério.”

Governo
Em entrevista hoje, o governo afirmou que as despesas com os programas sociais e com os investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) serão integralmente mantidos, mas, ao mesmo tempo, disse que o corte de despesas no Orçamento deste ano irá afetar fortemente o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. A contenção para o programa, uma vitrine de Dilma, será de mais de R$ 5 bilhões nos repasses do governo, o que representa 40% de corte –passará de R$ 12,7 bilhões para R$ 7,6 bilhões.

De acordo com a ministra Miriam Belchior (Planejamento), a redução de despesa tem relação com o fato de a segunda parte do Minha Casa ainda não ter sido aprovada pelo Congresso. A ministra espera que isso ocorra em abril. Segundo o detalhamento do corte das despesas do Orçamento, os gastos discricionários dos ministérios tiveram uma redução de R$ 36,2 bilhões. Os vetos à Lei Orçamentária respondem por R$ 1,6 bilhão em despesas.

Já as despesas obrigatórias tiveram uma redução de R$ 15,7 bilhões, sendo R$ 3,5 bilhões de gastos com pessoal, R$ 8,9 bilhões nos subsídios, R$ 2 bilhões de gastos previdenciários e R$ 3 bilhões em abono salarial e seguro-desemprego. Segundo a Consultoria da Câmara, haverá um corte de R$ 18 bilhões das emendas parlamentares, o que corresponde a aproximadamente 72% das emendas apresentadas, que ficaram próximas aos R$ 25 bilhões.

Por Reinaldo Azevedo

A matemática do estelionato eleitoral. Dá para contestar?

Eu também colaboro com o governo. Como? Lembrando o que foi prometido em campanha. Milhões de pessoas votaram acreditando que as promessas seriam cumpridas, certo? Zelo pela credibilidade da presidente Dilma. Fiz a conta pela última vez na terça-feira, dia 22. Naquele dia, Dilma deixou de entregar:
- 10,5 quadras;
- 5,42 creches;
- 2,31 postos policiais;
- 6,95 Unidades Básicas de Saúde;
- 0,4 UPA

Por que isso? Porque, no programa da presidente, estão previstas, só neste ano, 3.288 quadras esportivas em escolas, 1.695 creches, 723 postos de policiamento comunitário, 2.174 Unidades Básicas de Saúde e 125 UPAs.

De terça até hoje, não se botou um miserável tijolo em nenhuma dessas obras. Como o dividendo de Dilma (as promessas) continua o mesmo, mas diminuiu o divisor (o número de dias para realizá-las), o que aumentou foi o quociente, que vem a ser justamente o estelionato eleitoral. Ao fim desta segunda, Dilma terá deixado de entregar só hoje:
- 10,92 quadras;
- 5,63 creches;
- 2,40 postos policiais;
- 7,22 Unidades Básicas de Saúde;
- 0,42 UPA

Como se obtém esse número? Dividindo-se as promessas feitas pela governante para este ano de 2011 pelo número de dias que ela tem para cumpri-las.  Trata-se de uma média.

Em dois meses, no acumulado do ano, Dilma já deixou de entregar:
- 531,59 das 3,288 quadras prometidas;
- 273,76 das 1.695 creches;
- 116,82 dos 723 postos de policiamento;
- 351,41 das 2.174 Unidades Básicas de Saúde;
- 20,21 das 125 UPAs

Como se obtém esse número? Dividindo-se as promessas para 2011 por 365 (dias do ano) e multiplicando-se por 59 — os dias já vividos pelo governo Dilma sem que um miserável tijolo tenha sido assentado.

Para encerrar: Dilma agora tem 1396 dias para entregar 2,8 milhões de casas — 800 mil do primeiro milhão, herança do mandato anterior, e mais 2 milhões prometidos para este mandato. Na terça passada, dava uma média de 1.988,63 casas/dia. Agora, já são 2.005,73. Em dois meses, já são 113.150 casas não-entregues, o que já é mais de 50% daquelas efetivamente entregues em mais de dois anos.

Quando se fazem promessas pantagruélicas, o estelionato é igualmente desmedido.

Por Reinaldo Azevedo

Todo mundo elogia Dilma. Também vou: é isso aí, Soberana! Não tenha medo de descumprir a palavra! Ninguém faz isso como Vossa Majestade!

Dilma passou o facão em 40% dos recursos previstos — eu sei que eram cascata, mas estavam no Orçamento — para o Minha Casa, Minha Vida? Não brinquem comigo!

Nunca fui um colunista apocalíptico, mas agora decidi ser integrado, para ficar numa distinção antiga, feita por Umberto Eco. Também vou elogiar: “QUE CORAGEM, PRESIDENTA!” — usarei a forma “presidenta” sempre que estiver puxando o saco da governanta.

Muito bem, soberaníssima! Ninguém descumpre a palavra com tanta elegância quanto Vossa Majestade! Que classe!

Ensine mesmo, Dona Dilma Primeira, que o que se fala em campanha não se escreve; uma coisa é o discurso com o qual se ganha eleição; outro é aquele com o qual se governa. Não dê bola para os críticos, para aqueles que seu antecessor chamava “a turma do contra”! Esse pessoal acha que o povo não tem direito de ser enganado durante a campanha. Sem a esperança, o que é o homem?

Sem contar que fica parecendo que é de hoje que a senhora não cumpre promessas! Que besteira! Lembre a esses críticos desinformados, presidenta, que o governo Lula-Dilma não entregou nem 20% do primeiro milhão de casas prometido; imaginem se conseguirá entregar, até 2014, os 2,8 milhões que faltam!

Nada disso importa! O fato é que estamos diante de um governo corajoso, que não tem medo de cortar na carne… dos outros. Essa é daquelas impiedades que demonstram que estamos diante de um governo sério, comprometido com as contas públicas.

Por Reinaldo Azevedo


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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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