O mundo segundo a ótica da irracionalidade caridosa — que também mata!

Publicado em 12/03/2011 16:15

O mundo segundo a ótica da irracionalidade caridosa — que também mata!

Alguém dê logo um Lexotan para Clóvis Rossi e Arnaldo Jabor. Se as potências ocidentais não invadirem logo a Líbia, em nome de uma ação humanitária, eles acabarão tendo um troço. Quem diria, hein?, que ainda veríamos esses dois alinhados com os chamados “falcões republicanos”, a tão odiada “direita americana”, que também incentiva Barack Obama a se meter naquele, se me permitem, atoleiro de areia!? Por que a ocupação do Iraque foi um crime e a da Líbia é um imperativo moral dos homens justos permanece, para mim, um desses segredos indecifráveis. Como os donos da contradição se negam a dar uma explicação, ficaremos sem saber.

A Folha deste sábado, acreditem, publica um editorial sensato sobre o assunto e lembra uma questão que já abordei aqui: há uma guerra civil no país. Vamos ver, então, qual é a tese geral: sempre que houver uma guerra civil, as chamadas potências ocidentais devem intervir, eliminando o conflito, é isso? Obama deve se comportar do modo como os críticos diziam — Rossi e Jabor certamente — que Bush se comportava quando na Casa Branca: polícia do mundo?! Ou não é isso, e a torcida pela invasão só vale para o caso da Líbia?

Estamos diante de uma absurda perda de parâmetros. A análise e a crítica sobre o conflito na Líbia perderam todos os referenciais da política e até da lógica. Para pôr fim ao banho de sangue promovido por Kadafi, cobra-se a intervenção como se ela fosse produzir um banho de leite e mel!!! “Ah, mas, ao menos, vai ser em nome do bem!” Entendo. Tenham paciência! Então Bush não podia pôr pra correr um vagabundo homicida como Saddam porque era republicano, mas o democrata Obama teria a obrigação de esmagar o vagabundo homicida da vez?

Eu ainda não entendi qual é a tese e quais são seus fundamentos. Deporemos — tratarei o Ocidente como “nós” só para efeitos de pensamento — todos os ditadores da Terra, é isso? Não, acho que não é isso. Deporemos, então, só os ditadores contra os quais o povo decidir se revoltar, armado ou não? Sendo assim, passaremos a exigir das ditaduras que tenham ao menos um compromisso com a eficiência e consigam impedir movimentos de revolta. Caso eles ocorram, exigiremos que os facínoras — aliados até outro dia — se comportem como normalistas e tenham a fineza de renunciar.

É impressionante! Um despropósito se segue a outro. Alguns saúdam o que chamam “fim das ideologias”.  Eu lastimo o que parece ser o fim da racionalidade. Os inimigos armados de Kadafi, que os países ocidentais ainda nem sabem quem são, estão recebendo o tratamento de agentes da civilização porque, afinal de contas, o beduíno é um facínora. É um juízo típico de crianças de 12 anos. É mesmo uma pena que a Al Jazeera e a imprensa ocidental não tenham se interessado pelo desastre em Darfur. Ao menos não teria havido o massacre de meio milhão de pessoas sob um cúmplice silêncio!

Parece improvável que Kadafi dure muito tempo no poder mesmo que venha a esmagar seus adversários. A Líbia voltaria à condição de pária internacional, e alguma forma de transição, sem a figura do tirano (daquele ao menos), se imporia. A única coisa sensata a fazer, ainda que o Jabor e o Rossi sofram muito, do ponto de vista de Obama, é esperar que os líbios resolvam seus próprios problemas. “Ah, mas o confronto é desigual!” Pois é… Sempre que se opta pela luta armada contra um regime instalado, essa desigualdade é parte da equação. Emitir uma ordem internacional de prisão contra Kadafi, reconhecer o governo dos rebeldes como o oficial, bloquear dinheiro da família… Tudo isso constitui pressão diplomática administrável, que concorre para enfraquecer o tirano. Ocupação é coisa distinta — e lembro que zona de exclusão área é uma ocupação branca.

Perguntem aí a seus botões e vejam o que eles dizem: no lugar de Obama, vocês escolheriam logo uma intervenção militar, dando um novo caminho para a deposição dos ditadores — o confronto armado, com muitos mortos — ou até torceriam, intimamente, para Kadafi vencer a parada, desestimulando a forma de luta escolhida pelos líbios? Vocês não precisam contar a ninguém o que os botões responderem! A questão não é entrar na Líbia; é ter de ficar na Líbia!

Quando Barack Obama puxou o tapete de Mubarak, um aliado do Ocidente, depois de uma semana de ocupação da praça, estava, e escrevi isso aqui, abrindo a Caixa de Pandora. O diabo é diabo porque é velho, não porque é sábio. Obama é um rapaz estudado, mas lhe falta experiência para aquela cadeira. Todo mundo sabia disso. E acharam que essa era a sua maior virtude. Evidentemente, era o seu maior defeito. É um moço sabido, mas lhe falta um tanto de velhice. A Europa poderia dar o sentido de hitória que lhe falta. Dêem uma olhada na atual safra de líderes… Estão mais para coveiros da civilização.

Por Reinaldo Azevedo

12/03/2011

 às 6:13

É um espanto! Eduardo Cunha vai integrar grupo que cuidará de licitações para Copa e Olimpíadas

Por Maria Lima e Cristiane Jungblut, no Globo. Volto em seguida:

Na contramão do Palácio do Planalto e da presidente Dilma Rousseff, que enfrentaram a cúpula do PMDB para desidratar o poder do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em estatais como Furnas, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), acabou entregando ao parlamentar uma missão considerada polêmica: participar de um grupo que irá elaborar o texto com regras que vão flexibilizar exigências na realização de licitações de megaobras para a Copa 2014 e as Olimpíadas no Rio. Segundo Eduardo Cunha, as regras mais flexíveis para licitações deixaram de valer quando a MP 489 perdeu a eficácia. O governo tentou incluir as medidas na votação da Medida Provisória 503, que tratava da Autoridade Pública Olímpica (APO), mas houve resistência da oposição ao texto. A flexibilização das regras das licitações acabou ficando de fora do texto da MP da Autoridade Olímpica.

Governo não teria relação com escolha de Cunha
Com o impasse, o líder Vaccarezza convidou Eduardo Cunha para, juntamente com o também deputado fluminense Hugo Leal (PSC-RJ), negociar um texto de consenso sobre o assunto para ser incluído agora em outra MP, a de número 510, que está na fila para ser votada na Câmara. Vaccarezza disse que o deputado Eduardo Cunha foi indicado para a comissão justamente porque é vice-líder do PMDB e é do Rio. Pela oposição, integram o grupo os deputados Mendonça Neto (DEM-PE) e Pauderney Avelino (DEM-AM). “Eu desconheço qualquer resistência de quem quer que seja do governo à minha participação nesse grupo. Eu não coordeno nada, faço parte do grupo. E estou fazendo um favor! Eu não me ofereci para participar disso, estou atendendo a um pedido do Vaccarezza”, disse Eduardo Cunha.

Vaccarezza explicou que queria um parlamentar ligado à questão: “Isso é para negociar o texto da medida provisória. Pedi também à oposição para indicar duas pessoas para avaliar a proposta, uma parte que tratava de licitações que caducou. O deputado Eduardo Cunha é vice-líder do PMDB e é do Rio. Queria alguém para estudar o texto. Ele representa o PMDB do Rio. Essa é a informação real”, disse Vaccarezza, criticando o “exagero” feito, na visão dele, em torno da escolha de Cunha. Auxiliares da presidente Dilma Rousseff disseram nesta sexta-feira que o governo não tem relação com a escolha de Eduardo Cunha para o grupo e que se trata de uma questão interna do Congresso. Esses assessores lembraram que foi a própria presidente que decidiu enfrentar o desgaste de esvaziar o poder de Cunha nas estatais do setor elétrico. E que, portanto, não daria a ele uma nova função.

O líder do DEM na Câmara, deputado ACM Neto (BA), já adiantou que o partido tem várias restrições ao texto sobre as licitações para as obras da Copa e das Olimpíadas, considerado amplo demais: “Há uma liberalidade total das regras. Vamos fazer uma série de sugestões com base em parecer de nossa assessoria técnica.”

Dilma assina nomeação de Meirelles para APO dia 14
Segundo Eduardo Cunha, o grupo já se reuniu com técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU), e esses vão enviar-lhe um documento com as sugestões feitas para que as regras sejam flexibilizadas, sem prejuízo da seriedade das licitações. Na próxima segunda-feira, a reunião será com técnicos do governo, dos ministérios envolvidos nas obras da Copa e das Olimpíadas. “Na terça-feira deveremos fechar um texto de consenso para votar no dia 23″, informou Eduardo Cunha. Nesta segunda-feira, a presidente Dilma assinará a nomeação do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles para comandar a Autoridade Pública Olímpica (APO), responsável geral pela preparação e pelo planejamento das Olimpíadas do Rio de 2016.

Comento
A nomeação de Cunha não está na “contramão” de coisa nenhuma e conta com o apoio de Dilma. Por que eu sei? Vaccarezza não é o líder do PT na Câmara, mas o líder do governo. Falasse em nome só do partido, alguma divergência com o Planalto poderia ser  ao menos verossímil. Ocorre que sua função não enseja esse tipo de autonomia. A escolha, então, é de Dilma e ponto final!

Por Reinaldo Azevedo

12/03/2011

 às 6:11

Ooops! Ministro da Justiça acumula dois salários, mas disse que vai devolver o dinheiro

Por Rodrigo Burgarelli, no Estadão:
O ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, acumulou salários no Executivo federal e na Prefeitura de São Paulo por um mês. Cardozo é procurador municipal concursado desde 1982 e está atualmente licenciado da função para exercer o cargo no ministério. Questionada pela reportagem, a assessoria do ministro confirmou o recebimento indevido e disse que o dinheiro referente ao salário da Prefeitura será devolvido.

O valor a ser restituído não foi informado. O Estado apurou que o salário de um procurador municipal que ingressou na mesma época que Cardozo gira em torno de R$ 18 mil. Somado com o salário de ministro - que, em fevereiro, passou a ser de R$ 26.723,13 -, Cardozo teria recebido cerca de R$ 35 mil naquele mês. O total excede o teto do funcionalismo público delimitado pelo salário de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que também é de R$ 26,7 mil.

Segundo a assessoria de Cardozo, o recebimento do salário de procurador em fevereiro foi causado por um “erro de comunicação entre o ministério e a Prefeitura de São Paulo”. Em abril de 2007, ele havia pedido o afastamento da Prefeitura para exercer mandato de deputado federal. A licença valeria de fevereiro daquele mês até o dia 31 de janeiro de 2011 com prejuízo de vencimentos - ou seja, ele não iria receber pela função de procurador.

Entretanto, as condições do afastamento foram modificadas no fim de janeiro, quando Cardozo já havia sido nomeado ministro: com as mudanças, a licença passou a ser remunerada. Ao tomar posse como ministro, Martins Cardozo fez uma nova solicitação de afastamento (do cargo de procurador) até o fim deste ano, sem prejuízo de vencimentos. Isso significa que ele iria receber o salário de procurador por todo esse período. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

12/03/2011

 às 6:09

Com controle de 26 superintendências, o PT transforma o Incra em um latifúndio do partido

Por João Domingos, no Estadão:
Embora já exista uma proposta de reforma da estrutura do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que tem por objetivo acabar com o loteamento político dos cargos na autarquia, o governo não cumpre esse objetivo. Levantamento feito pelo Estado apurou que das 30 superintendências 26 estão nas mãos do PT. As quatro restantes estão com um técnico do próprio instituto, um representante da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), um afilhado do PMDB e outro do PTB.

Entre as 26 superintendências controladas ou por petistas militantes ou por técnicos ligados ao partido, várias foram entregues à Democracia Socialista (DS), tendência interna do PT à qual pertence o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence. Ele substituiu Guilherme Cassel, da mesma ala, que havia entrado no lugar do gaúcho Miguel Rossetto, outro importante nome da corrente.

Esse setor petista posiciona-se mais à esquerda do que a ala majoritária, a Construindo um Novo Brasil (CNB), à qual pertence o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário é um feudo da DS. Quando a presidente Dilma Rousseff resolveu tirar Cassel, ela convidou em primeiro lugar para dirigir a pasta o senador Walter Pinheiro (BA), mas ele preferiu ficar no Congresso e indicou o nome de Florence. Procurado pelo Estado, Afonso Florence não quis se manifestar.

O domínio que a DS tem do setor agrário do governo é tão grande que pode tirar da presidência do Incra o petista Rolf Hackbart. Ele é ligado à ala da Igreja que atua no campo, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT). A substituição não ocorreu ainda porque a presidente Dilma Rousseff resistiria a ceder tanto espaço à DS num setor tido como problemático, violento e cujas metas de assentamento de trabalhadores rurais não é cumprida, informaram assessores do Palácio do Planalto.

Tradição. O domínio petista no Incra tem sido uma tradição desde a posse de Lula, em 2003. Mas outros partidos aliados vinham conseguindo ocupar algum espaço ali, como o PTB.

O superintendente de Goiás, Rogério Arantes, é sobrinho do líder do partido na Câmara, Jovair Arantes. Como o tio, ele é dentista. Há uma forte pressão do PT para que ele seja substituído. O argumento apresentado ao ministro Florence é que não há nenhuma lógica em ter um dentista no comando do Incra.

No Maranhão, a superintendência era controlada por um consórcio do PTB com o PMDB. Por influência do senador Epitácio Cafeteira (PTB-AM) e do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o Incra maranhense foi tocado durante o governo de Lula por Benedito Terceiro. No início do ano ele acabou preso pela Polícia Federal, durante a Operação Donatário.

De acordo com a PF, Terceiro seria um dos cabeças de uma quadrilha que desviava recursos destinados à construção de casas nos assentamentos. Houve um rombo de R$ 4 milhões em cinco anos. A Controladoria-Geral da União (CGU) calcula que os desvios chegaram a R$ 150 milhões. Para o lugar de Terceiro foi nomeado Luiz Alfredo Soares da Fonseca, técnico sem filiação partidária. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

12/03/2011

 às 6:07

Alckmin decide não acomodar e manda investigar espionagem. Esse é o caminho!

Na Folha. Comento em seguida:
A Corregedoria-Geral da Polícia Civil de SP abriu ontem um inquérito policial para apurar o vazamento de imagens do circuito interno do shopping Pátio Higienópolis que mostram o secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto. O responsável pela investigação será o próprio chefe da Corregedoria, o delegado Délio Marcos Montresor.
A investigação foi determinada pelo chefe da Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, por haver indícios de que policiais solicitaram as imagens com a intenção de prejudicar o secretário Ferreira Pinto. No vídeo, o secretário aparece com o repórter da Folha Mario Cesar Carvalho.

As imagens foram divulgadas em sites e blogs -um deles ligado a policiais civis-, que relacionaram o encontro à reportagem do jornalista sobre a venda de dados sigilosos por um funcionário da Segurança, o sociólogo Túlio Kahn, que foi demitido. Desde o início da sua gestão, ainda na administração José Serra (PSDB), Ferreira Pinto investigou irregularidades envolvendo mais de 800 delegados (de um total de 3.300) -o que provocou uma crise na polícia paulista. Em nota, a própria Secretaria da Segurança disse que há fortes indícios de que grupos criminosos estavam espionando “o primeiro escalão do Estado”.

Ontem, Ferreira Pinto teve nova reunião com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) -é o segundo dia consecutivo que eles se encontram para discutir a crise instaurada após a divulgação das cenas. Por meio do secretário-adjunto da Segurança Pública, Arnaldo H. Salles Lima Júnior, a direção do Pátio Higienópolis enviou pedido de “desculpas” a Ferreira Pinto. Pediu ainda para que ele considerasse que o shopping, que diz ter entregue o vídeo a policiais, foi “induzido a erro” ao entregar as imagens.

SHOPPING NÃO FALA 
Desde o vazamento do vídeo na internet, na quarta-feira, a Folha questiona o shopping sobre quem teria solicitado as imagens.
Num primeiro momento, a Corregedoria irá investigar a conduta do Pátio Higienópolis e, na sequência, irá tentar descobrir quem pegou a gravação e a divulgou. A Corregedoria-Geral da Administração, ligada ao Palácio dos Bandeirantes, enviou ofício ontem ao shopping pedindo a data e o nome de quem solicitou o vídeo. Na quarta, o Pátio Higienópolis informou que as imagens foram repassadas a “órgãos oficiais”. O shopping alega ter fornecido a gravação para uma investigação, mas não informa qual. Anteontem, após o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmar que ninguém do Estado fez pedido algum para obter as imagens, o shopping mudou a versão e passou a afirmar ter entregue a gravação a “policiais”.

Comento
É um bom sinal. Parece que o governador Geraldo Alckmin não está disposto a “acomodar” em nome da “paz na polícia”. Esse tipo de “paz” não interessa a ninguém porque se trata apenas de uma guerra mitigada, travada por outros meios. A segurança pública de São Paulo é hoje a mais eficiente do país. O estado já tem de enfrentar a hostilidade de setores importantes da imprensa, que se esforçam para tentar vender o contrário à opinião pública. Seria insuportável ter de lidar também com sabotadores.

Por Reinaldo Azevedo

12/03/2011

 às 6:05

Piada brasileira - Investigados formam Conselho de Ética

Por Eduardo Bresciani e Denise Madueño, no Estadão:
Deputados investigados na Justiça e envolvidos em escândalos no Congresso estão entre os primeiros indicados para o Conselho de Ética da Câmara. O colegiado deve ser instalado na quarta-feira e terá como primeiro desafio analisar a conduta da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), flagrada em vídeo recebendo dinheiro do ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa, pivô do “mensalão do DEM”.

Até ontem, foram indicados 10 dos 30 membros titulares e suplentes do colegiado. Desses, dois tem pendências com a Justiça, um ganhou destaque pela contratação de parentes e outros dois se notabilizaram em casos de colegas absolvidos.

Veterano no conselho, Abelardo Camarinha (PSB-SP) é réu em quatro ações no Supremo Tribunal Federal, além de ser investigado em seis inquéritos. Ele responde a processos por crime ambiental, de responsabilidade, contra a lei de licitações e contra a honra. Na lista dos inquéritos estão acusações por crimes contra a ordem tributária, finanças públicas, de responsabilidade e improbidade administrativa.

Camarinha minimiza a quantidade de processos. Ele diz que as pendências são relativas às suas gestões como prefeito de Marília e alega ser inocente. “Se a Madre Tereza de Calcutá fosse prefeita, também teria seis ou sete processos.” O deputado admitiu deixar o conselho se for questionado sobre os processos aos quais responde. Ele defende a abertura de processo contra Jaqueline Roriz. “Se eu ficar no conselho, vou ser favorável que se apure, porque aquele dinheiro não tem origem nem foi declarado à Justiça Eleitoral”, disse.

Família. Marcos Medrado (PDT-BA) é alvo de inquérito por crime eleitoral, quando presidiu o diretório estadual do PP. Ele alega inocência. Medrado disse não ter muitas informações sobre o caso da deputada, mas afirmou que a família Roriz tem “histórico conhecido” e que não vai “proteger” ninguém.

Questões de família também envolvem outro deputado. Vilson Covatti (PP-RS) praticava nepotismo, contratando cunhados. Obrigado a demiti-los após decisão do STF, o deputado nomeou concunhadas. Sob pressão, ele também as exonerou. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

12/03/2011

 às 6:03

Setores do Planalto agora acham que “partido de Kassab” no PSB pode não ser uma boa idéia

Por Natuza Nery e Andreza Matais, na Folha:
O governo começa a temer a operação que deve tirar do DEM o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e jogá-lo nos braços do PSB. Entusiasta da ideia de provocar uma baixa na oposição, o Planalto agora passou a ver alguns riscos nesse movimento. O assunto entrou na pauta de reuniões da presidente Dilma Rousseff. A ideia agora é que seria melhor para o governo que o futuro PDB (Partido da Democracia Brasileira, segundo última versão de seu estatuto) seja o destino definitivo do prefeito e seu grupo, não o trampolim para burlar a lei eleitoral promovendo uma fusão com o PSB.

O maior receio é dar musculatura ao PSB que, apesar dos laços tradicionais com o petismo, trabalha para ter, no futuro, candidato próprio à Presidência. Já há até um virtual nome: o governador Eduardo Campos (PE), em seu segundo mandato e com altos índices de aprovação. Há, ainda, outros efeitos colaterais: a adesão pode engordar a bancada do PSB em cerca de 30 deputados federais, ameaçando a hegemonia PT-PMDB no controle das cadeiras do Legislativo. Mais: daria à sigla de nomenclatura socialista a força que ela não tem em São Paulo, reduto crucial para qualquer projeto político nacional competitivo.

Até agora, a versão recorrente era que Campos tentaria, com a adesão de Kassab, viabilizar-se como vice de Dilma numa eventual chapa à reeleição em 2014. Não é o que pensa hoje o Planalto. Nas negociações sobre seu futuro, Gilberto Kassab chegou a considerar desembarcar no PMDB a partir do PDB. Essa opção também não é vista com bons olhos por Dilma e sua equipe. Motivo: daria mais poderes ao aliado e desbancaria o PT do posto de maior bancada da Câmara. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

11/03/2011

 às 20:29

Radiação vaza de usina nuclear; premiê do Japão manda retirar moradores

A tragédia no Japão é bem maior do que se constatou inicialmente. Na Folha Online, com agências:

O governo japonês confirmou o vazamento na usina nuclear Fukushima Daiichi Nº 1, e indicou que a concentração de material radioativo escapando das instalações já está oito vezes maior do que o normal. Em seguida, o primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, ordenou a retirada emergencial de moradores num raio de 10 km em torno das instalações. A usina, localizada na região de Fukushima, no leste do Japão, teve seu sistema de resfriamento danificado pelo terremoto de magnitude 8,9 e subsequente tsunami que atingiram o país. Resgistrado às 14h46 no horário local (2h46 em Brasília), o abalo foi o maior da história no Japão e já deixou ao menos 378 mortos, mais de 800 feridos e 547 desaparecidos.

A medição do nível de radiação que escapa da usina –feita pela Agência de Segurança Industrial e Nuclear do governo japonês, subordinada ao Ministério da Indústria– sugere que o vazamento tenha proporções maiores do que as previstas anteriormente pelo ministro da Indústria Banri Kaieda. Horas atrás, Kaieda admitiu a possibilidade de um pequeno vazamento de material radioativo na usina nuclear de Fukushima Daiichi após o governo decidir liberar vapor com teor radioativo como medida emergencial para reduzir a pressão sobre os reatores.

A agência de segurança nuclear diz que o elemento radioativo no vapor a ser liberado não vai afetar o ambiente e nem oferece risco à saúde. Mais cedo um porta-voz da Tokyo Electric Power Co (TEPCO) disse que a pressão dentro da usina estava aumentando e já ultrapassava 1,5 vez a capacidade prevista, com o risco de um vazamento de radiação, segundo agências de notícias japonesas.

CONTENÇÃO
Mais cedo, especialistas já haviam alertado para um risco de vazamento caso o nível de água no reator de Fukushima caísse, aumentando a temperatura do combustível nuclear. Ressaltando as graves preocupações sobre um vazamento nuclear, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que a Força Aérea dos EUA entregou um resfriador ao Japão para reverter o aumento da temperatura do combustível. Os reatores fechados devido ao terremoto são responsáveis por 18% da capacidade de geração de energia nuclear do Japão. A energia nuclear produz cerca de 30% da eletricidade consumida no país.

A TEPCO disse que três dos seis reatores da central nuclear de Fukushima Daiichi estavam ativas no momento do terremoto. As outras três, fechadas para manutenção, não correm risco de vazamento. Um novo balanço das autoridades japonesas eleva para ao menos 378 o número de mortos no tremor de magnitude 8,9 que atingiu nesta sexta-feira o Japão. O terremoto originou um tsunami com ondas de sete metros que devastou a parte leste do país e deixou ainda mais de 800 feridos e 547 desaparecidos.

BRASILEIROS
O embaixador brasileiro no Japão, Marcos Galvão, afirmou nesta sexta-feira àFolha.com que ainda não há notícias de vítimas brasileiras. Segundo ele, as províncias mais atingidas foram Miyagi, Iwate e Fukushima, onde o número de brasileiros é cerca de 800. Os japoneses continuam vivendo cenas de pânico com dezenas de réplicas, tremores secundários, normalmente de menor magnitude. às 4h30 deste sábado (16h30 em Brasília), um tremor de magnitude 6,6 atingiu uma ilha ao noroeste de Tóquio. Outro de magnitude similar afetou as cidades de Nagano e Niigata às 3h59 (15h49 de Brasília).

Mesmo para uma nação acostumada com tremores, as cenas de devastação são chocantes. “Uma grande área de Sendai está alagada. Nós estamos ouvindo que as pessoas que foram retiradas estão isoladas”, disse Rie Sugimoto, repórter do canal NHK em Sendai. “Eu fiquei apavorado e ainda estou com medo”, disse Hidekatsu Hata, 36, gerente de um restaurante no bairro de Akasaka, em Tóquio. “Eu nunca vivi um terremoto dessa magnitude antes.” O primeiro-ministro Naoto Kan disse a políticos que eles precisam “salvar o país” após o desastre, que segundo ele causou danos profundos em toda a faixa norte.

CAOS

O tremor dividiu uma rodovia perto de Tóquio e derrubou vários prédios no nordeste japonês. Um trem estava desaparecido na região litorânea atingida pelo tsunami.Um navio que levava cem pessoas foi levado pelo tsunami, de acordo com a agência Kyodo, e imagens de TV mostraram a força da água, escurecida pelos destroços, carregando casas e carros e levando embarcações do mar para a terra.

Algumas usinas nucleares e refinarias de petróleo foram paralisadas, e havia fogo em uma refinaria e numa grande siderúrgica. Cerca de 4,4 milhões de imóveis ficaram sem energia no norte do Japão, segundo a imprensa. Impressionantes imagens de TV mostraram o tsunami carregando destroços e incêndios em uma grande faixa litorânea perto de Sendai, que tem cerca de 1 milhão de habitantes. Um hotel desabou na cidade e há temores de que haja soterrados. Sendai fica a 300 quilômetros de Tóquio, e o epicentro do tremor, no mar, não fica muito distante dessa região.

Navios foram erguidos do mar e jogados no cais, onde ficaram caídos de lado.

A gigante eletrônica Sony, um dos maiores exportadores do país, fechou seis fábricas, informou a Kyodo. O Banco do Japão (Banco Central) prometeu medidas para assegurar a estabilidade do mercado financeiro, mas o iene e as ações de empresas japonesas registraram queda.

Horas depois, um tsunami atingiu o Havaí (EUA), sem causar maiores danos. Alertas foram enviados por todo o oceano Pacífico, desde a América do Sul, Canadá, Alasca (EUA) e toda a costa oeste dos EUA. A Indonésia, o Havaí e as Filipinas, entre outros, determinaram a desocupação de áreas costeiras. Países da região como Taiwan, Austrália e Nova Zelândia, no entanto, já suspenderam o alerta.

SACUDINDO
Houve vários tremores secundários após o terremoto principal. Em Tóquio, os edifícios sacudiram violentamente. Uma refinaria de petróleo perto da cidade estava em chamas, com dezenas de tanques de armazenamento sob ameaça. A emissora NHK mostrou chamas e colunas de fumaça negra saindo de um prédio em Odaiba, um subúrbio de Tóquio, e trens-balas que seguiam para o norte do país parados. Fumaça escura também encobria uma região industrial em Yokohama. A TV mostrou moradores da cidade correndo para deixar prédios atingidos pelo tremor, protegendo as cabeças com as mãos enquanto destroços caiam sobre elas.

O prédio sacudiu por bastante tempo e muitas pessoas na redação pegaram seus capacetes e se esconderam debaixo da mesa”, disse a correspondente da agência de notícias Reuters em Tóquio Linda Sieg. “Isso foi provavelmente o pior que eu já vivi desde que vim morar no Japão há mais de 20 anos”. O tremor aconteceu pouco antes do fechamento do mercado em Tóquio, derrubando o índice Nikkei para a cotação mais baixa em cinco semanas. O desastre também prejudicou mercados em outras partes do mundo.

Por Reinaldo Azevedo

11/03/2011

 às 20:18

Dilma no canudo: R$ 43 mil!

Uma reportagem da Folha informa que o governo federal vai gastar R$ 43 mil para enviar a foto oficial da presidente Dilma Rousseff às repartições federais Brasil afora. Leiam. Volto em seguida:


Por Breno Costa:
O governo abriu nesta sexta-feira uma licitação para contratar uma empresa fornecedora de canudos de papelão, para embalar as fotografias oficiais da presidente Dilma Rousseff com a faixa presidencial. O Planalto decidiu enviar 12.000 fotos da presidente “para todo o Brasil” que irão substituir as fotos do ex-presidente Lula em repartições públicas. Em Brasília, essas imagens já foram distribuídas. Agora, a missão é distribuir pelos outros 26 Estados –uma média de 461 fotos por Estado.

O custo da licitação dos canudos está estimado em R$ 43 mil. Fora isso, há o custo não divulgado da impressão das fotos e do envio às repartições. Segundo a Secretaria de Imprensa da Presidência, “historicamente, as fotos dos presidentes são distribuídas aos órgãos que fazem a solicitação”. Em 2003, afirma a Presidência, foram enviadas 14 mil fotos de Lula. No segundo mandato, 11 mil. Não existe qualquer legislação que determine que um quadro com a foto da presidente deva ser pendurado nas salas de funcionários públicos.

Comento
Nem vou falar aqui de desperdício do dinheiro público e coisa e tal. Acrescentem aí o custo do envio. Haveria forma mais barata? Sei lá eu. O problema é outro. Um país que tem 12 mil pontos do governo federal espalhados território afora ou vive o auge do estado de bem-estar social, com o estado respondendo de pronto às necessidades dos mais pobres, ou está encalacrado pelo gigantismo da máquina pública.

Adivinhem…

Por Reinaldo Azevedo

11/03/2011

 às 20:07

A incrível história de Gabriel Chalita, um rico menino pobre, e sua velhinha desalmada

Cada vez se aposta mais tempo e dinheiro na infantilização — e eventual idiotização — do público. Não é só no Brasil, não! A coisa se dá em escala mundial. O retorno do investimento é garantido. A Internet, que está aí, ao alcance de bilhões, poderia ser uma aliada importante para confrontar fatos com versões — ou, ainda, versões com versões. Mas um fenômeno interessante se verifica: como está tudo disponível, sem hierarquia, verdades e mentiras parecem se igualar. Os políticos, por exemplo, podem dizer o que lhes der na telha, ainda que já tenham afirmado o contrário. E daí? Por que esta pequena introdução?

Leitores me enviam o link com uma reportagem do jornal Valor Econômico sobre o deputado Gabriel Chalita (PSB-SP), já tratado como pré-candidato à Prefeitura de São Paulo. Não é que este neo-socialista, neolulista e neodilmista decidiu, acreditem!, colar a sua biografia à de Lula? Isto mesmo: o mais novo investimento de Chalita é uma infância sofrida com um pai analfabeto!

O Valor acompanhou uma palestra sua para 400 estudantes da Universidade de Mogi das Cruzes. O primeiro parágrafo já dá conta do que vamos experimentar. Leiam:
“Todo mundo já se sentiu um dia como um patinho feio”. O deputado federal Gabriel Chalita (PSB-SP), o segundo mais votado do Estado, estava diante de uma extasiada platéia de 400 estudantes na Universidade de Mogi das Cruzes quando decidiu falar da freira que mudou sua vida. Ele tentava obter seu primeiro mestrado e se deparou com um orientador que desqualificou seu texto e acabou rasgando-o. Arrasado, foi resgatado por uma freira nos corredores da Pontifícia Universidade Católica (PUC), em São Paulo, onde estudava. Ele reformulou o trabalho e obteve o título de mestre.

Uau! Quem conhece um pouquinho a área há de se perguntar se o orientador do segundo trabalho era o mesmo do primeiro. Há três alternativas aí: sendo o mesmo, Chalita foi da idiotice à razão entre um trabalho e outro, e a histeria do mestre foi providencial; sendo outro, ou idiota era o que rasgou ou o que aceitou o trabalho. Em qualquer caso, o orientador histérico estava tendo, provavelmente, uma premonição… A história é verdadeira? Quem há de saber? O deputado estava em uma daquelas palestras em que ministra pílulas de sabedoria filosófica com auto-ajuda. É um Paulo Coelho para gente  que acha que Paulo Coelho não é leitura sofisticada…

E Chalita foi avançando com suas parábolas, aquele procedimento que consiste em contar “causos” para que a audiência extraia a moral da história. Nada muito hermético, ainda que isso fosse possível, para não espantar o público. À medida que as ambições de Chalita crescem, ele vai ficando, retroativamente, mais pobre e mais sofrido. Querem ver? Escreve o Valor:
De posse do microfone, Chalita prefere usar exemplos de sua vida pessoal para se aproximar dos estudantes. “Fui o primeiro a ter diploma universitário na minha família. Meu pai era analfabeto, foi servente e feirante. Imagino tudo o que passou. Quando a gente olha para as nossas raízes tem que se orgulhar”, comenta.

Pai analfabeto, servente e feirante? Na edição nº 333 da revista IstoÉ Gente, podemos ler:
Esse Gabriel não pára!!!”. Era esse o desabafo mais comum da mãe para o pai de Gabriel Chalita, um menino que tinha lá uma bicicletinha e com a qual rodava toda Cachoeira Paulista (SP). Aos 5, 6 anos, sossegava um pouco vendendo linha sentado na calçada da loja do pai. Pouco depois, passou a freqüentar campo de futebol para vender geladinho. Falante e brincalhão - mesmo ainda hoje, aos 36 anos -, o programa predileto de Gabriel era visitar o asilo da Santa Casa de Cachoeira. Lá, conheceu uma professora aposentada, dona Ermelinda, que lhe emprestou os primeiros “livros difíceis”. Tinha oito anos e devorava Clarice Lispector, Sartre, Monteiro Lobato. “Gostou? Entendeu?”, perguntava dona Ermelinda, sempre que o menino retornava. “Não entendi nada, mas adorei”, respondia ele.

Cinco ou seis anos depois dessa reportagem, o “dono de loja” — analfabeto? — desapareceu da história. A Dona Ermelinda, coitada!, não era só velha e abandonada! Também era doida e desalmada! Dava Sartre para um garoto de oito anos! Chalita adorava o que não entendia, entendem? O garoto prometia! O menino pobre, na palestra de Mogi das Cruzes, era esmagado por uma família insensível à sua queda pela especulação intelectual. Se eu estivesse presente, não teria contido as lágrimas neste trecho:
Mais alguns minutos se passam e Chalita conta outra história para amolecer os corações. Sua trajetória como escritor e autor de meia centena de publicações começou dentro de um asilo, aos 12 anos, por incentivo de uma das moradoras do local, dona Ermelinda. “Ela corrigia todos os textos que eu escrevia. Em casa minha mãe não me deixava ler, porque achava que iria estragar a “vista”. Ia para o asilo e ficava enfiado lá”.

Na revista IstoÉ Gente, quando ele ainda não pensava em ser prefeito, a família era uma pouco mais amiga das letras:
“O sonho de meu pai era ter um filho com diploma, qualquer um, porque ele não pôde estudar”, conta Gabriel. Ele realizou o desejo do pai ao se formar em Filosofia - completou ainda o curso de Direito - e contrariou o da mãe, que queria vê-lo médico.”

Como se vê, nada acima faz lembrar aquele garoto sofrido que ia ler Sartre  à socapa na idade em que os garotos costumam fumar escondido, na melhor, ou pior…, das hipóteses.

Lendo o texto do Valor, a gente nota que Chalita era mesmo pobrezinho de dar dó, com seu pai servente, analfabeto, feirante… Pois é. A Folha de S. Paulo de 7 de junho de 2004 trazia as seguintes notas da colunista Monica Bérgamo:

DOCE LAR 1
Gabriel Chalita (…) está de casa nova. Ele comprou um deslumbrante dúplex, de 1.500 m2, numa das esquinas mais charmosas de São Paulo, a da rua Rio de Janeiro com a avenida Higienópolis. A cobertura tem até uma piscina e uma das vistas mais lindas da cidade.
O imóvel custa mais de R$ 4,5 milhões. O secretário diz que negociou o preço e deu imóveis que recebeu de herança como parte da negociação.

DOCE LAR 2
Chalita diz que tem uma coleção de 15 mil publicações que vai levar para o lugar.”

Herança? Do servente analfabeto? Ou este é também mais um milagre da dona Ermelinda, aquela que levou Chalita a ler “A Infância de Um Chefe” pouco depois de abandonar a chupeta?

O neo-esquerdista Gabriel Chalita se candidate ao cargo que bem entender. Se foi o segundo deputado mais votado de São Paulo — só perdeu para Tiririca —, há certamente quem goste de sua prosa e de sua poesia. O que condeno aqui, e esta é uma questão de interesse público quando se trata de um homem público, é essa prática de ficar reescrevendo o passado para conseguir do eleitor um passaporte para o futuro.

De resto, ainda que fosse verdade que ele foi pobre de chorar, seria um absurdo responsabilizar a sua origem social por ele ser quem é. A pobreza não desculpa ninguém!

Por Reinaldo Azevedo

11/03/2011

 às 18:42

Alckmin e a espionagem: haverá conseqüências

“Vamos aguardar a secretaria. O que aconteceu são duas coisas: o shopping não deveria ter dado a fita, e, quem pediu, em nome da polícia, também não poderia fazê-lo”.

A fala acima é do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Ele afirmou que a Secretaria de Segurança Pública anunciará medidas como reação à espionagem de que foi vítima o secretário Antonio Ferreira Pinto. Imagens do circuito interno do Shopping Higienópolis mostram um encontro entre o secretário e um repórter da Folha, que publicou, dias depois, uma reportagem segundo a qual o então titular da Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP) da secretaria, Túlio Kahn, era sócio de uma consultoria que venderia dados considerados sigilosos. Khan foi demitido.

Áreas da polícia que fazem oposição a Ferreira usaram as imagens como evidência de que teria sido ele a passar as informações para o jornalista da Folha, numa iniciativa óbvia para desestabilizá-lo.

Pouco importa o conteúdo da conversa do secretário com o repórter. Não cabe especulação a respeito. Grave é o fato de um secretário de estado estar sendo espionado. Grave é o fato de pessoas que se identificaram como “policiais” terem conseguido a fita ao arrepio da lei. Grave é o fato de o livre exercício do trabalho da imprensa, protegido pela Constituição, ter passado por um óbvio constrangimento.

Que Alckmin vá até o fim nessa história, em nome da legalidade e da autoridade!

Por Reinaldo Azevedo

11/03/2011

 às 16:33

Falha o “Dia de Fúria” na Arábia Saudita

Segundo as agências internacionais, o “Dia de Fúria” na Arábia Saudita não aconteceu. As ruas estão fortemente policiadas, e clérigos muçulmanos fazem pregações públicas contra eventuais protestos, que consideram antiislâmicos.

Por Reinaldo Azevedo

11/03/2011

 às 15:52

Dilma nega ser o que nunca foi para que não pareça ser quem efetivamente é

Vocês sabem que nunca dei bola — e, na verdade, sempre tratei a questão com ironia —  para as diferenças entre a presidente Dilma Rousseff e as centrais sindicais. Nunca existiram para valer. Eventuais divergências pontuais só servem como ilustração da convergência mais geral: em 1964, o risco de uma “República sindicalista” foi certamente superestimado; em 2011, ela está aí: não é mais socialista; aprendeu as delícias do capitalismo, especialmente daquele sob o comando do estado.

As centrais queriam o mínimo acima dos R$ 545 — contra um acordo que elas mesmas haviam feito com o governo, diga-se; só não contavam com a recessão de 2009 — para manter a verossimilhança de seu papel: afinal, para todos os efeitos, sindicatos são aqueles que reivindicam. De fato, não estavam nem aí. Os trabalhadores que recebem o mínimo não constituem a base dessas entidades: ou são aposentados ou representam uma mão-de-obra quase marginal. Em alguns estados, a começar por São Paulo, existe um piso superior. A quem as centrais queriam enganar? Ora, enganaram e enganam parte da imprensa.

A regulamentação da tal lei que garante aos trabalhadores assento no conselho das estatais (ver abaixo) consolida o modelo da contínua privatização do estado pelas entidades sindicais. ATENÇÃO! BOA PARTE DOS DIRIGENTES DAS EMPRESAS JÁ TEM ORIGEM NOS SINDICATOS! Eles também comandam os bilionários fundos de pensão.

A reunião havida hoje entre Dilma e as centrais foi uma espécie de tributo do vício à virtude — a tal hipocrisia. O governo gosta de posar de duro com os sindicatos, o que é bom para a imagem de Dilma em certos setores. O tal Paulinho da Força, por exemplo, reclamou da política econômica e coisa e tal. Foi o que bastou para Dilma afirmar: “Na campanha, diziam que eu era uma guerrilheira desenvolvimentista; agora dizem que sou monetarista”.

E assim prossegue a barafunda dos conceitos e dos fatos:
- são falsas as divergências entre sindicatos e governo; nunca eles tiveram tanto poder;
- é fácil recusar a pecha de “guerrilheira desenvolvimentista” porque, de fato, ninguém jamais acusou a então candidata de ser esse troço exótico; o que se apontava era o descontrole de gastos do governo;
- ninguém, nem os sindicatos, chamam Dilma de “monetarista”.

Essa tática de negar acusações jamais feitas por adversários imaginários é coisa antiga, mas ainda funciona. Então está certo: Dilma não é nem a guerrilheira desenvolvimentista nem a monetarista; trata-se apenas da encarnação do bom senso…

Dilma nega ser o que nunca foi para que não pareça ser o que efetivamente  é: gerente do modelo que transfere, paulatinamente, a gestão do estado à nova classe social: a burguesia sindical do capital alheio.

Por Reinaldo Azevedo

11/03/2011

 às 15:02

Dilma lamenta ausência de Lula em cerimônia com sindicalistas

Leiam o que informa o Estadão Online. Comento no post seguinte:
Volto em seguida:Cercada de representantes das centrais sindicais, a presidente Dilma Rousseff lamentou a ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em evento que serviu para marcar a regulamentação da presença de trabalhadores dos Conselhos de Administração de estatais.

Portaria desta sexta-feira, 11, regulamenta a lei 12.353, de 28 de dezembro de 2010, assinada por Lula, que permite que os trabalhadores participem dos conselhos das empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias, num total de 59 instituições.

“A aprovação da 12.353, que foi assinada já no apagar das luzes do governo do presidente Lula e agora nós estamos regulamentando através de portaria, é algo que todos devemos comemorar. E aí eu encerro dizendo: falta ele nessa cerimônia”, disse Dilma ao final do discurso, transmitido pela NBR.

Por Reinaldo Azevedo

11/03/2011

 às 14:46

E aí, Shopping Higienópolis: quem pegou a fita?

O Shopping Higienópolis, em São Paulo, está moralmente obrigado a informar quem solicitou à empresa a fita em que o secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, aparece em companhia de um jornalista. Segundo a versão de uma nota à imprensa, teriam sido “autoridades” do Estado. Ontem, o governador Geraldo Alckmin deixou claro: solicitação oficial não foi. E aí? O caso é sério, é grave. Uma autoridade estava — ou está — sendo espionada.

As imagens serviram a um trabalho organizado que tenta desestabilizar Ferreira Pinto. As pistas, infelizmente, apontam para setores da própria Polícia e do governo, todos inconformados com a recondução de Ferreira ao cargo.

Reportagem de hoje da Folha informa que, no mesmo dia e no mesmo horário, também em companhia de uma jornalista da Folha, estava no shopping o delegado Ivaney Cayres de Souza, um desafeto do secretário, que admite tê-lo visto no local. Quem primeiro deu publicidade à gravação foi o radialista João Alkimin (não tem parentesco com o governador), cuja mulher, Tânia Nogueira, é advogada de Souza. Não é prova de nada. São dados da equação que têm de ser considerados. O shopping agora diz ter entregado as imagens a policiais. Quais? Os nomes devem estar registrados; eles devem ter apresentado identificação, certo? Ou basta chegar lá, dizer-se da polícia e pronto? Souza nega que tenha sido ele.

Alckmin, ontem, na presença de Ferreira Pinto e de Saulo de Castro, um ex-secretário de Segurança, reafirmou sua confiança no atual titular do cargo. Fez bem! É preciso deixar claro que o governo não permitirá que o baguncismo tome conta da polícia mais eficiente do país — embora haja muito a ser feito.

O shopping tem de identificar os policiais que foram lá pegar a fita. Se o governo do estado abrir mão de chegar ao fim dessa história, estará dando uma piscadela ao perigo. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, dada a realidade brasileira, é um exemplo de trabalho virtuoso. Basta  verificar a histórica queda de homicídios no estado — mais de 70% de 1999 para cá. Quem quer que force a mão para que o setor seja fonte de notícias negativas tem de ir para a rua.

Por Reinaldo Azevedo

11/03/2011

 às 14:17

Lula, o “irmão de Kadafi”, agora dará palestra à Al Jazeera

O ex-presidente da República e apedeuta permanente Luiz Inácio Lula da Silva fará no próximo domingo uma palestra num seminário promovido pela rede AL Jazeera de TV, em Doha, no Catar. Na margem: perguntam-me por que escrevo “Catar” em vez de “Qatar”. Porque, em português, este “q” sozinho, sem o “u”, não faz verão; ou bem se escreve “Quatar”, mudando-se a pronúncia (”Cuatar”) ou bem se escolhe “Catar” (ou “Katar”). “Qatar” é impossível; o “q”, sem um “u”, é assim como Claudinho sem Buchecha…, também com “u”. Mas volto.

A Al Jazeera pertence ao estado do Catar. O seminário, neste ano, vai debater o levante no mundo árabe — ou em quase todo o mundo árabe, né? A população do Catar, por exemplo, parece estar contente com a sua ditadura, da qual a emissora está proibida de falar. A da síria também. O emirado tem uma renda per capita de mais de US$ 80 mil; a Síria, de pouco mais de US$ 4 mil.  Fica para reflexão. Sigamos. A Al Jazeera foi uma grande incentivadora do levante.

Lula foi convidado para falar sobre a consolidação da democracia no Brasil, mas certamente não se furtará a estender seu olhar sobre a paisagem mundial. É uma boa chance de explicar por que, até outro dia, andava de braços dados com todos os ditadores que agora estão em apuros, a começar de Muamar Kadafi. Em julho de 2009, convidado de honra do governo líbio para a Cúpula da União Africana, referiu-se ao ditador como “meu amigo, meu irmão e líder”. Lula elogiou, então, “a persistência e a visão de ganhos cumulativos que norteia os líderes africanos”. Deu uma resposta àqueles que lembravam que estava fazendo salamaleques para tiranias: “Consolidar a democracia é um processo evolutivo”. Na seqüência, desceu o porrete nos países industrializados, os mesmos que hoje se empenham em depor o Kadafi que ele abraçava!

Na era de “líderes” como Barack Obama, Nicolas Sarkozy e David Cameron, é compreensível que Lula seja confundido com um iluminista.

Por Reinaldo Azevedo

11/03/2011

 às 5:37

LEIAM ABAIXO

Dilma abre estatais a sindicatos;
Os nossos comunistas - ONG ligada ao PC do B terá de ressarcir União;
Rombo da previdência dos funcionários públicos cresce 9% e chega a R$ 51 bi;
O secretário espionado, a direção do shopping e os jabutis em cima das árvores;
Isto não é uma boa notícia: entrada de dólares já supera a de 2010;
BC indica que elevará menos os juros;
STF ordena quebra de sigilo fiscal dos réus do mensalão;
Presidente da Assembléia é acusado de desvio de verbas; deputado aponta perseguição políica do MP;
“Kadafi vencerá”, diz conselheiro de Obama;
Arábia Saudita, a fronteira! Aí o mundo treme!;
Procurador-geral pede que Supremo investigue deputada Jaqueline Roriz;
Se Obama não tomar cuidado, vai deixar o poder antes de Kadafi;
Isso é que é jornalismo fino! EBC, que cuida da ex-Lula News, atribui a ministro do TCU o que ele nunca disse!;
A crise “fabricada” de Ana Hollanda;
Os sem-terra usam Código do Processo Penal como garantia para o crime continuado;
Rainha é condenado a 4 anos por invasão e furto em fazenda do Pontal;
Líbia: em meio a tanto desastre, uma boa notícia!;
A indecorosa boquinha para Genoino no Ministério da Defesa. Ou: chamem os adoradores de Asmodeu para defender as Santas Escrituras!;
Quando as duas alternativas são “piores”… Ou: da delação premiada ao banditismo premiado;
PSOL quer Jaqueline Roriz investigada; OAB pede cassação de mandato;
A antiga “Lula News”, agora “Dilma News”, ainda não sabe como chegar ao telespectador, mas, segundo o TCU, já sabe fraudar licitação;
Se há em SP quem espiona o secretário de Segurança e a imprensa, quem estará seguro?;
A volta. Ou: Nós, os desafinados;
Um negro contra cotas e contra as leis que proíbem a discriminação! Sua crença: individualismo, escola de qualidade, igualdade perante a lei e liberdade de expressão;
Rasgando a fantasia - A crise na Líbia expõe o governo patético de Barack Obama;
Para que serve a imagem da “Dilma de oposição”?

Por Reinaldo Azevedo
  • Share/Bookmark
orkut_mini-001.gif

11/03/2011

 às 5:27

Dilma abre estatais a sindicatos

Por Lu Aiko Otta, no Estadão:
Depois de atropelar as centrais sindicais ao fixar o salário mínimo de 2011 em R$ 545, a presidente Dilma Rousseff recebe hoje os sindicalistas para retomar o diálogo. Num gesto de boa vontade, ela preparou uma cerimônia em que será assinada uma portaria autorizando a inclusão de um representante dos trabalhadores em cada conselho administrativo de empresa estatal com mais de 200 empregados.

De acordo com o Ministério do Planejamento, são 59 vagas. O trabalhador que for eleito por seus colegas para integrar o conselho terá um reforço substancial no rendimento. Um conselheiro do Banco do Brasil, por exemplo, ganha R$ 3.606 por mês. Na Caixa Econômica Federal, a gratificação foi de R$ 2.836,30 mensais no ano passado. Na Eletrobrás, foram R$ 4.212,96 por mês em 2010.

As vagas nos conselhos das grandes estatais são disputadas entre funcionários mais graduados do governo, que as utilizam como uma espécie de complementação de renda.

“Ter um representante nos conselhos de administração significa democratizar a gestão da estatal”, disse o vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), José Lopez Feijóo. Ele observou que essa é uma prática adotada por empresas privadas e também por ex-estatais, como a Vale e a Embraer. “Era uma antiga reivindicação nossa”, acrescentou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

Regulamentação
A iniciativa de atender a esse pedido antigo dos sindicalistas, porém, não partiu da presidente. A representação dos trabalhadores nas estatais foi proposta no governo passado e aprovada pelo Congresso. A Lei 12.353 foi sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 28 de dezembro. Faltava a regulamentação, que será formalizada hoje por Dilma.

A lei diz que o representante dos trabalhadores será eleito por voto direto entre seus pares na ativa. Ele não poderá votar em temas relativos a salários, relações sindicais, benefícios previdenciários e outros que configurem conflito de interesse. Uma nova vaga será criada em cada conselho para acomodar o representante dos trabalhadores. A União ficou autorizada a aumentar seu número de conselheiros, se for necessário, para preservar a maioria de votos. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

11/03/2011

 às 5:21

Os nossos comunistas - ONG ligada ao PC do B terá de ressarcir União

Por Leandro Colon, no Estadão:
O Tribunal de Contas da União (TCU) condenou uma organização não governamental (ONG) ligada ao PC do B a devolver R$ 565 mil aos cofres públicos por desvios de recursos do Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. “A documentação apresentada encontra-se, em sua maioria, eivada de vícios que a tornam imprópria para fins de prestação de contas de recursos públicos federais”, diz relatório de investigação, cujo acórdão foi publicado quarta-feira no Diário Oficial da União.A entidade punida é a Fundação Vó Ita, com sede na cidade de Arraias, no Tocantins.

O Tribunal de Contas da União incluiu na condenação Antônio Aires da Costa, que era presidente da ONG na época do convênio com o Ministério do Esporte. Ele é filiado ao PC do B, partido do ministro da pasta, Orlando Silva. Costa foi candidato a deputado estadual nas últimas eleições e ficou na suplência de uma cadeira como parlamentar.

Problemas
A decisão do Tribunal de Contas diz ainda que a Fundação Vó Ita manipulou as notas fiscais de modo a prejudicar as prestações de contas do Segundo Tempo. “Em relação aos recibos, o primeiro problema detectado diz respeito à apresentação desses como comprovantes de despesas com aquisição de mercadorias, como carne, pão e combustível. Esses documentos não são idôneos para suportar tais tipos de despesas”, diz o tribunal.
 Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário