Lula recebeu libanês acompanhado de xeque saudita antes de ganhar carro blindado

Publicado em 26/03/2011 23:58

Lula das Arábias - Ex-presidente recebeu libanês acompanhado de xeque saudita antes de ganhar carro blindado

Lula fantasiado durante homenagem de empresários árabes

Lula fantasiado durante homenagem de empresários árabes

Por Leila Swwan e Tatiana Farah,  no Globo:
Um mês antes de presentear Luiz Inácio Lula da Silva com um carro executivo blindado , o empresário libanês Youssef Chataoui apresentou o ex-presidente ao xeque Fahad Al Athel, um magnata saudita que viajou a negócios pelo Brasil. A visita incluiu audiências com prefeitos petistas e até com o governador da Bahia, Jaques Wagner, em Salvador. Ciceroneado por Chataoui, a última parada do megainvestidor foi em São Francisco do Conde (BA), pequeno município com prefeita do PT, Rilza Valentim, que abriga a refinaria Landulpho Alves, da Petrobras.

A etapa baiana do tour, realizado em seu avião particular, mostrou a estreita relação entre Chataoui e o PT. O saudita, que atua nos ramos petroleiro, financeiro e de infraestrutura, encontrou-se com deputados e dois prefeitos petistas, das cidades de Maraú e Maragogipe. A primeira cidade baiana tem uma extensa reserva de gás, e a segunda será posto de fabricação de estaleiros para plataformas de petróleo. Um dirigente estadual do PT, Marco Resende, negou que Lula tenha intercedido a favor do xeque e de Chataoui.

Como revelou O GLOBO nesta sexta-feira, Chataoui é um empresário que se estabeleceu no Brasil após ser acusado, em 2001, de disseminar a doença da “vaca louca” na França, onde tinha empresas de ração animal. Chegou a ser preso após uma tentativa de vir para o Brasil, enquanto estava sob supervisão judicial, segundo o noticiário local. Um de seus advogados em Paris informou que ele foi absolvido. ” Sou o advogado dele, mas não posso falar pelo meu cliente. Ele foi absolvido, e o caso está encerrado”, disse François Proust, da firma de advocacia de Jean-Louis Cocusse, que representou Chataoui em 2001.

O carro que Lula ganhou para o Instituto Cidadania, segundo o assessor Paulo Okamoto, é da General Motors, para “uso executivo” e conta com blindagem completa. Um modelo Captiva blindado, por exemplo, custaria cerca de R$ 130 mil. Okamoto negou que Lula tenha relação com o libanês, que, por sua vez, sustenta ser “amigo pessoal” do petista. A audiência realizada em São Paulo para apresentar o xeque saudita aconteceu em fevereiro: Lula foi convidado a participar de uma conferência com empresários árabes no Brasil. O plano do saudita é reunir os cem maiores investidores árabes na Bahia governada pelo PT. “Esse empresário não tem relação com Lula. Quem, em tese, deu o presente foi o pessoal que organizou o evento de homenagem a Lula. O carro é da General Motors. É de uso executivo blindado, mas não vamos falar a placa, número e cor”, disse Okamoto. “Foi dado e não roubado, né? Vamos pegar com o maior gosto. Se é de um empresário que tem negócios lícitos no Brasil, partimos do pressuposto que é uma pessoa de bem”.

O empresário foi orientado a não falar com a imprensa e estaria com receio da divulgação de seu nome. No entanto, subiu ao palco diante de cerca de 500 convidados da comunidade árabe, no jantar em homenagem a Lula na última segunda-feira, para fazer a entrega “simbólica” das chaves do carro a Lula.

Xeque foi primeiro árabe a comprar jato Legacy
O xeque saudita Fahad Al-Athel é um magnata do petróleo, mas atua em diversas áreas econômicas, inclusive administração de aeroportos e bancos. Uma de suas holdings, a FAL Group, fica em Doha, no Qatar, onde o ex-presidente Lula esteve este mês para um seminário da TV árabe Al Jazeera. Al-Athel foi o primeiro comprador do mundo árabe de um jato Legacy, fabricado pela Embraer.

Por Reinaldo Azevedo

O capitalismo à brasileira sempre foi bonzinho com Lula

Lula ganhou um carro de presente de um empresário que já se enroscou com a Justiça na Europa, acusado de disseminar a doença da Vaca Louca.  Não é um presente para ele próprio, Lula, mas para seu instituto. Acredito. Consta que o mimo é um utilitário. Se é assim, o Apedeuta compra três veículos com a bufunfa de uma única palestra — aquela sensaboria que seduz os que têm um estoque de metáforas ainda piores do que as dele.

O capitalismo, especialmente aquele que pode ser exercido no Brasil, sempre foi muito generoso com Lula. A sua pregação historicamente socialista era só uma forma de, sei lá, chantagear Dona Zelite para fazer parte da festa como guia moral.

Daqui a pouco, vem a campanha eleitoral de 2012, que ele vai comandar. Subirá no palanque para exaltar a ética apurada do PT. Já conversei com empresários que negociavam com ele ainda nos tempos do Grupo 14 da Fiesp, lá pelo fim dos anos 70 e início dos 80. O homem não mudou! Sabe, como poucos, transformar vantagens pessoais em causas coletivas.

Por Reinaldo Azevedo

Lula e a ideologia da Vaca Louca

As informações abaixo falam por si mesmas, não é? Sei que dou destaque à questão com certo atraso. Que fique  o registro. Por Leila Suwwan e Tatiana Farah, no Globo:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou de presente um carro do libanês Youssef Chataoui, empresário que se estabeleceu no Brasil após ser preso e acusado de se envolver na disseminação da doença da “vaca louca” na França, em 2001, por importação ilegal de insumos contaminados para ração animal. Em nome de sua empresa, a Agrostar, as chaves do veículo foram entregues a Lula como “doação” ao Instituto Cidadania, onde Lula despacha, com direito a fotos e aplausos no jantar com a comunidade árabe segunda-feira no Clube Monte Líbano , com mais de 500 convidados.

Chataoui é sócio majoritário da Agrostar do Brasil, criada em 2002 para atuar em importação, exportação e fabricação de alimentos para animais. Na França, constam em seu nome e com o mesmo endereço comercial as empresas Agrostar e a Euro Feed Industries (EFI) - esta, pivô da investigação na Justiça francesa sobre o surgimento da doença. Em seu escritório em São Paulo, funcionários informaram que ele é “amigo pessoal” de Lula e que a empresa não estava interessada em divulgar a doação.

O libanês foi preso em outubro de 2001, no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, quando tentou embarcar para São Paulo. De acordo com o noticiário local, que citou fontes policiais, ele pensava em “reconstruir sua vida” no Brasil - porém, foi detido porque estava sob “supervisão judicial” e havia meses que parara de comparecer semanalmente ao posto policial de Boulogne (França), conforme acordo judicial. Sua defesa alegou que a viagem era de trabalho e que ele visitaria fornecedores brasileiros.

A assessora de Lula, Clara Ant, afirmou nesta quarta-feira que apenas o doador poderia dar esclarecimentos sobre o presente e que o Instituto Cidadania existe há muitos anos e está “apto” a receber doações. Por estar ocupada com tratativas da agenda da viagem de Lula a Portugal, não poderia dar esclarecimentos sobre um ou outro presente.

Funcionários da Agrostar informaram que a empresa “não quer sair na imprensa”. O diretor, que se identificou como Omar, disse que o veículo é um “utilitário”, para uso institucional da entidade de Lula; que a doação foi feita por meio de “pessoa física”; e que Chataoui entraria em contato para esclarecimentos, o que não ocorreu. O condomínio registrado como endereço residencial de Chataoui informou que ele não mora no prédio, localizado em Higienópolis, bairro de luxo da capital. Seu advogado em Paris não foi localizado nesta quinta-feira à noite.

Assediado na saída do evento, Lula não quis conceder entrevistas e repetiu diversas vezes que está “desencarnando”. Ele tem despachado no Instituto Cidadania, em São Paulo.

Por Reinaldo Azevedo

Que mudança essa? Governo Dilma nomeia para o Incra um nome que conta com o apoio dos reacionários do MST

A ineficiência da reforma agrária à moda como é feita no Brasil é um sucesso, não é mesmo? Quanto menos frutos produz, mais se insiste no modelo. Há dias, o noticiário foi tomado por alguém muito bom de lobby, mas, pelo visto, ruim de informação: Dilma, a Soberana, estaria descontente e interessada em operar com critérios mais ligados à eficiência e ao rigor técnico.

Huuummm… Para que fosse assim, mister seria que a reforma agrária deixasse de ser um latifúndio ideológico do MST, certo? Pois é… Mas se fez o contrário. O governo federal decidiu tirar Rolf Hackbart da direção do Incra, onde está desde setembro de 2003. Em seu lugar, entra Celso Lacerda, diretor de Obtenção de Terras e Implantação de Projetos de Assentamento. É filiado ao PT e já foi diretor do Incra no Paraná. Chega ao cargo, atenção!, com o apoio do MST.

O governo quer mudar a estrutura do Incra, centralizando decisões e recursos em Brasília e retirando um pouco de poder das instâncias regionais. Vamos ver. O fato é que foi chamado para “reformar” o Incra um nome abençoado pelos reacionários do MST.

Por Reinaldo Azevedo

Na Bolívia, Antonio Patriota alerta para aumento do narcotráfico

Há notícias que são muito mais interessantes por aquilo que não dizem. Assim é com este que segue, da France Presse. Leiam. Comento no próximo post.

Em visita à Bolívia, o chanceler brasileiro Antonio Patriota expressou nesta sexta-feira sua preocupação com o aumento do narcotráfico no México e na América Central, e defendeu a cooperação para evitar que o problema tome iguais proporções na América do Sul. “Estamos muito preocupados com a intensificação do problema [do narcotráfico] no México, na América Central e não queremos que assuma uma proporção comparável aqui na região”, afirmou durante coletiva ao lado de seu colega boliviano, David Choquehuanca.

Patriota e Choquehuanca abordaram a agenda bilateral Brasil-Bolívia, conversaram sobre uma futura reunião entre os presidentes Dilma Rousseff e Evo Morales, ainda sem data, e assinaram acordos de cooperação no campo agrícola, de saúde animal e de desenvolvimento fronteiriço. “É claro que nos preocupa a questão do narcotráfico, é uma questão que preocupa toda a comunidade internacional”, disse o ministro, que explicou que por tal motivo o Brasil tem o objetivo de cooperar com a Bolívia, terceiro produtor mundial de cocaína depois do Peru e Colômbia.

Brasil e Bolívia dividem uma fronteira comum de 3.100 quilômetros e muitos povoados nessa região são palco de fluxo de comércio de drogas e contrabando de armas e de automóveis roubados. Patriota afirmou que o Brasil “tem a intenção de desenvolver programas de cooperação bilaterais com vários dos países fronteiriços”, apesar de querer adotá-los nas Nações Unidas e na União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

Por Reinaldo Azevedo

Patriota foi à Bolívia dizer que Serra estava certo durante a campanha eleitoral!

Abaixo, vocês lêem que o chanceler Antônio Patriota defendeu na Bolívia a necessidade de combater o narcotráfico para que a região não siga o péssimo exemplo do México e da América Central. O que texto não deixa claro, e é fato, é que Patriota esteve naquele país para cobrar  mais empenho do governo na repressão ao tráfico para o Brasil. Na era Evo Morales, cresceu enormemente a produção de cocaína, a maior parte dela exportada para o Brasil.

Menos do que combater, há, na verdade, uma espécie de apoio oficial à droga. Morales estimulou a migração de cocaleros de sua região natal para áreas fronteiriças com o Brasil, onde novos campos de produção da folha foram criados. A Bolívia pôs fim a um programa financiado pelos EUA que propunha a substituição da cultura daquela planta por por comida. O índio de araque lançou uma campanha internacional para, como diz, “descriminar” a mastigação ritual da folha de coca.

Durante a campanha eleitoral, o então candidato do PSDB à Presidência da República , José Serra, acusou o governo boliviano de fazer vista grossa ao tráfico. Foi um Deus nos Acuda. Chico Buarque sugeriu que o tucano pertencia à turma que falava grosso com a Bolívia e o Paraguai e fino com Washington. O colecionador de jabutis alheios, creio, deve achar que se deve fazer o contrário… De todo modo, Patriota foi à Bolívia cobrar algum empenho daquele país no combate ao crime.

É uma boa idéia. Sempre lembrando que o BNDES financia uma estrada na Bolívia que serve, basicamente, ao transporte da… folha de coca!

Por Reinaldo Azevedo

Tráfico e contrabando usam a Marinha paraguaia para combater a PF na fronteira. Nada de falar grosso com eles, ou Chico Buarque reclama

e-mail-paraguaiChico Buarque, o surrupiador de Jabutis, quer o Brasil falando fino com o Paraguai, o nosso parceirinho. Pois é… Leiam o que informa  Bruno Abbud, da Veja Online:

Às 17h14 da sexta-feira, 18 de março, um agente da Polícia Federal que atua na cidade paranaense de Guaíra, fronteira com o Paraguai, enviou um e-mail pedindo socorro à Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) em Brasília. Ele informou que, em pelo menos três ocasiões recentes, oficiais da Marinha paraguaia trocaram tiros com policiais brasileiros - segundo ele, para acobertar traficantes e contrabandistas no Rio Paraná, que marca a divisa com a cidade paraguaia de Salto del Guaira.

Nesta quarta-feira, o presidente da Fenapef, Marcos Wink, decidiu agir. “A Marinha do Paraguai está atirando contra agentes brasileiros e ninguém faz nada”, diz ele. Wink procurou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). Relator da CPI que investigou, em 2006, o tráfico de armas no Brasil, Pimenta poderia servir de ponte até o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. “Queremos espalhar para o mundo a realidade na fronteira”, afirma Wink, indignado.

Em e-mails aos quais o site de VEJA teve acesso, agentes da Delegacia Especial de Polícia Marítima (DEPOM) de Guaíra informam que a Marinha paraguaia tem recebido propina de traficantes e contrabandistas para disparar armas de grosso calibre contra policiais brasileiros. O objetivo seria permitir - em troca de propina - que o tráfico de drogas continue a agir impunemente na região.

Um dos ataques registrados pela Fenapef aconteceu por volta das 12h do dia 17 de março, uma quinta-feira: dois agentes da PF em Guaíra embarcaram numa lancha para iniciar a patrulha rotineira no Rio Paraná quando avistaram um bote de alumínio, pintado de verde e equipado com um motor, deslizando rumo ao Paraguai. Imediatamente, exigiram ao piloto que parasse e, durante a revista, flagraram uma carga de pneus contrabandeados. Como de praxe, apreenderam o bote e seguiram para a delegacia em Guaira para registrar a ocorrência.

Leia íntegra da reportagem Aqui

Encerro
Ah, sim: o Paraguai não tem mar, mas tem marinha… fluvial! Para alguma coisa há de servir…

Por Reinaldo Azevedo

China condena ativista a 10 anos de prisão

Por Fabiano Maisonnave, na Folha:
O ativista chinês Liu Xianbin foi condenado ontem a dez anos de prisão por escrever artigos defendendo reformas democráticas e criticando o Partido Comunista. A pena, alta em comparação a casos semelhantes, ocorre em meio a uma onda de prisões de ativistas e é mais uma evidência da preocupação oficial em evitar na China protestos semelhantes ao do mundo árabe. Liu, 43, participou dos protestos de 1989, encerrados com o massacre da praça da Paz Celestial. Depois, ajudou a fundar o Partido da Democracia da China, organização considerada ilegal.

Ele já havia sido condenado duas vezes antes e acumulou nove anos na prisão, o que pode ter contribuído para receber uma pena tão alta.
Preso desde junho, o ativista foi condenado por “incitar a subversão do poder do Estado” por meio de seus vários escritos. Liu é ainda um dos signatários da Carta 08, documento pró-democracia encabeçado por Liu Xiaobo, condenado a 11 anos pela iniciativa -pena recorde para um dissidente- e ganhador do Nobel da Paz do ano passado. Presente no julgamento, a mulher de Liu, Chen Mingxian, disse à rede britânica BBC que a sessão durou apenas algumas horas e que seu marido gritou “não sou culpado” durante a audiência. “Vi hoje [ontem] como instrumentos legais foram usados para condenar alguém que não é culpado”, afirmou.

Nas últimas semanas, o governo chinês vem aumentando a repressão contra dissidentes políticos. Dezenas sofreram prisões temporárias e domiciliares, e ao menos cinco advogados ligados a causas de direitos humanos estão desaparecidos há mais de um mês. A pressão chegou até correspondentes estrangeiros, proibidos de cobrir uma convocação anônima para protestos pró-democracia. Apesar do comparecimento mínimo, um cinegrafista da TV Bloomberg chegou a ser espancado em Pequim por agentes de segurança à paisana por estar no local marcado para o protesto. Outros jornalistas foram ameaçados de expulsão caso insistissem em cobrir a iniciativa. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

China condena ativista a 10 anos de prisão

Por Fabiano Maisonnave, na Folha:
O ativista chinês Liu Xianbin foi condenado ontem a dez anos de prisão por escrever artigos defendendo reformas democráticas e criticando o Partido Comunista. A pena, alta em comparação a casos semelhantes, ocorre em meio a uma onda de prisões de ativistas e é mais uma evidência da preocupação oficial em evitar na China protestos semelhantes ao do mundo árabe. Liu, 43, participou dos protestos de 1989, encerrados com o massacre da praça da Paz Celestial. Depois, ajudou a fundar o Partido da Democracia da China, organização considerada ilegal.

Ele já havia sido condenado duas vezes antes e acumulou nove anos na prisão, o que pode ter contribuído para receber uma pena tão alta.
Preso desde junho, o ativista foi condenado por “incitar a subversão do poder do Estado” por meio de seus vários escritos. Liu é ainda um dos signatários da Carta 08, documento pró-democracia encabeçado por Liu Xiaobo, condenado a 11 anos pela iniciativa -pena recorde para um dissidente- e ganhador do Nobel da Paz do ano passado. Presente no julgamento, a mulher de Liu, Chen Mingxian, disse à rede britânica BBC que a sessão durou apenas algumas horas e que seu marido gritou “não sou culpado” durante a audiência. “Vi hoje [ontem] como instrumentos legais foram usados para condenar alguém que não é culpado”, afirmou.

Nas últimas semanas, o governo chinês vem aumentando a repressão contra dissidentes políticos. Dezenas sofreram prisões temporárias e domiciliares, e ao menos cinco advogados ligados a causas de direitos humanos estão desaparecidos há mais de um mês. A pressão chegou até correspondentes estrangeiros, proibidos de cobrir uma convocação anônima para protestos pró-democracia. Apesar do comparecimento mínimo, um cinegrafista da TV Bloomberg chegou a ser espancado em Pequim por agentes de segurança à paisana por estar no local marcado para o protesto. Outros jornalistas foram ameaçados de expulsão caso insistissem em cobrir a iniciativa. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Reformas nos aeroportos empacam

Por Marta Salomon, no Estadão:
A 33 meses e poucos dias do prazo final para a entrega das obras em aeroportos para a Copa do Mundo, só 2,4% dos investimentos bilionários programados saíram do papel. Das 24 obras planejadas nas 12 cidades-sede da Copa, apenas quatro foram iniciadas, incluindo na lista um módulo operacional, uma espécie de terminal improvisado, no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). As obras mais caras do pacote de mais de R$ 5 bilhões previsto pelo governo - a construção do terceiro terminal de passageiros de Cumbica, em Guarulhos (SP), e a construção de novo terminal em Viracopos - estão longe de iniciar, embora a conclusão esteja marcada para ocorrer no segundo semestre de 2013.

Subordinada à recém-criada Secretaria de Aviação Civil, que vai administrar a abertura de capital da estatal responsável pelos aeroportos e parcerias com a iniciativa privada, a Infraero afirmou que espera a definição de novas regras, como a que poderá dar mais agilidade às licitações das obras. Só 5,4% do total de investimentos programados já foram contratados. Em maio do ano passado, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou, por meio de medida provisória, facilitar a contratação de obras de infraestrutura aeroportuária para a Copa por meio de um rito especial para as licitações de reformas, construções e ampliações de aeroportos.

A intenção manifestada à época era evitar o risco de atrasos em obras objeto de compromissos assumidos pelo país para a Copa de 2014. A medida provisória perdeu a validade, por não ter sido votada a tempo. Uma nova MP que cuidou da criação da Autoridade Pública Olímpica, já transformada em lei, não tratou desse assunto.

Justificativa
Em nota ao Estado na noite da posse do novo presidente, Gustavo Vale, a Infraero justificou o atraso nas obras dizendo que segue a lei de licitações, “cabendo ao governo federal decidir por mudanças nessa regulação”. A nota segue dizendo que a decisão sobre a entrada da iniciativa privada no setor cabe à recém-criada Secretaria de Aviação Civil. Segundo a Infraero, a estatal vai investir neste ano R$ 577,6 milhões. O valor equivale a menos de 11% dos investimentos programados para o período de quatro anos, entre 2011 e 2014 nos aeroportos da Copa. Dos investimentos estimados em R$ 5,6 bilhões nesses aeroportos, a Infraero diz ser responsável por R$ 5,2 bilhões. O valor investido em 2011 teria de triplicar em cada um dos próximos três anos para cumprir a programação da estatal até 2014. Apesar do ritmo lento, a Infraero mantém o cronograma de inauguração de todas as obras até dezembro de 2013. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Estudo do Ipea prevê que obras em aeroportos não ficarão prontas nem para 2014 nem para 2016

Por  Fernando Dantas e Glauber Gonçalves, no Estadão:
As obras nos aeroportos brasileiros não ficarão prontas a tempo de atender a demanda da Copa do Mundo de 2014 nem da Olimpíada de 2016, prevê estudo inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A avaliação dos pesquisadores é que, com projetos ainda inacabados, não será possível cumprir os prazos para entregar as obras para os eventos esportivos.

“O resultado é preocupante. Não vai dar nem para a Olimpíada”, diz Carlos Campos, coordenador de Infraestrutura Econômica do Ipea, que participou da elaboração do trabalho. “A grande maioria dos novos terminais visando a Copa do Mundo ainda não tem nem projeto”, acrescenta. Com isso, as obras teriam de passar ainda por toda a fase de concepção, licenciamento ambiental, licitação e execução, o que leva em torno de sete anos.

Para o professor Marcio Nobre Migon, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é possível acelerar as obras com o emprego de novas tecnologias, mas os custos dos projetos podem subir significativamente. “Tempo em construção civil é muito compressível. É questão de botar gente trabalhando, virando noite. O Japão, recentemente, reconstruiu uma estrada em seis dias.”

Apesar de as preocupações estarem direcionadas para os dois eventos que atrairão a atenção do mundo para o Brasil, a situação dos terminais já é insustentável hoje, segundo o estudo. Dos 20 maiores aeroportos, 17 operam acima do limite máximo ideal de 80%, e 14 operam acima de 100%. Só há folga nos aeroportos do Rio (Galeão e Santos Dumont) e no de Salvador. Segundo Campos, os aeroportos de Cumbica, Congonhas e Viracopos, em São Paulo, são os casos mais graves.

“Estão com problemas enormes, operando acima da capacidade”, disse o técnico, baseado nos resultados do trabalho. Um entrave adicional é que, mesmo na hipótese improvável de que todos estejam prontos para a Copa, os terminais já serão insuficientes para a demanda prevista. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Pressão contra Roger Agnelli, da Vale, mostra que o governo Dilma também pode arreganhar os dentes e que, afinal de contas, ela é uma petista!

O governo Dilma é mesmo tão diferente do governo Lula? Vamos ver.

Roger Agnelli, segundo informa o Globo (ver post abaixo), vai mesmo deixar a presidência da Vale. O Bradesco cedeu à pressão do governo, classificada de “insuportável” nos bastidores, e resolveu entregar a cabeça do executivo. O fato é, em si mesmo, espantoso, mas não mais do que a tranqüilidade com que a notícia está sendo recebida. A Vale, em que pesem uma participação do governo e outra dos fundos de pensão de estatais, é uma empresa privada. A ingerência governamental, que data ainda da gestão Lula, é absurda! Por que não dizer o nome com todas as suas duas letras? O PT decide agora quem pode e quem não pode presidir empresas consideradas estratégicas, sejam elas públicas ou não.

A presidente Dilma Rousseff está sendo saudada como uma reformadora do lulismo, uma espécie de iluminista do processo político.  Sou obrigado a constatar: em matéria de democracia, o Brasil realmente se contenta com pouco! A Pudorosa Poderosa parece estar mudando um tanto o eixo da política externa. Houve poucas chances de deixar isso claro até agora. O exemplo mais notável foi ter votado com as potências ocidentais no Conselho de Direitos Humanos da ONU que decidiu enviar um emissário ao Irã. Não é uma condenação ainda; apenas se aprovou a necessidade de uma investigação.  Na votação do Conselho de Segurança que decidiu a intervenção na Líbia, o Brasil se absteve, mas aquela resolução, dado o seu conteúdo absurdo, não testa nada. Todos torcemos para que o comportamento no caso do Irã seja uma tendência, não apenas um episódio.

O governo também decidiu esfriar o debate sobre a regulamentação da mídia. Paulo Bernardo, ministro das Comunicações, pasta para a qual migrou o assunto, decidiu encomendar outra proposta e gosta mesmo é de falar de outra coisa. Também nesse caso, deu-se um suspiro de alívio. Muito bem, leitores! Vejam como somos modestinhos, gente boa, não exigimos demais! Saudamos como uma verdadeira emissária das Luzes uma presidente que decidiu não andar de braços dados com facínoras e que disse que não vai nos censurar! Que bom! Num caso, ela demonstra apreço pelos direitos humanos; no outro, pela Constituição. Até parece que seria aceitável esperar outra coisa de um presidente da República. Lula provocou um rebaixamento de expectativas, e Dilma se tornou uma boa surpresa.

O que essas duas correções de rota — uma vez confirmadas — custaram a Dilma Rousseff? Rigorosamente nada! Ao contrário: rendeu-lhe a simpatia de alguns setores ressabiados com o primitivismo do PT ao debater os dois temas. São aquelas áreas que os petistas chamam, já lembrei aqui, “direitistas” ou “conservadoras”. Dilma também teria demonstrado a sua diferença ao ter tido a “coragem” de fazer um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento, necessidade que se impôs, entre outros motivos, em razão da gastança que ajudou a elegê-la. Pouco importa! Teria evidenciado seu compromisso com a austeridade, o que foi reforçado pela “firmeza” do salário mínimo de R$ 545.

Estava feito! Dilma passou a ser o nosso Voltaire! Ela não chama de “amigo” um apedrejador de mulheres, não quer empastelar nossos jornais e promete austeridade nos gastos públicos — essa parte, ao lado de uma penca estupefaciente de promessas, ela não vai cumprir, mas tudo bem! Vai demorar um tempinho até que se faça a avaliação da gestão, embora já conheçamos a herança maldita que Dilma deixou para Dilma nos aeroportos e na distribuição de energia, por exemplo. Mas fica para outra hora.

As “mudanças” operadas pela presidente não lhe custaram, até agora, nada! Noto que, no caso do salário mínimo, Lula teria agido da mesma forma. Ele tinha sido o artífice, com as centrais, daquele modelo de reajuste. Volto à questão: o governo Dilma é mesmo tão diferente?

O caso da Vale nos diz que, em áreas que o PT realmente considera importantes, a resposta é “Não”! Estamos diante de um completo despropósito! Roger Agnelli, à frente da empresa, agiu no melhor interesse da… empresa!, que teve um crescimento espantoso na sua gestão. Cumpriu a sua função ao zelar pelo patrimônio dos acionistas — boa parte deles, diga-se, trabalhadores, que têm uma presença forte na companhia por intermédio dos fundos de pensão.

O governo Dilma arreganha os dentes e vem nos lembrar que este é, afinal, um governo do PT, e sua fórmula não mudou: “Tudo no partido, nada contra o partido. Nada fora do partido”.

Por Reinaldo Azevedo.

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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