A permanência de Palocci no governo enfraquece Dilma e o governo; chegou a hora de sair

Publicado em 02/06/2011 10:09
por Reinaldo Azevedo, de Veja.com.br

A permanência de Palocci no governo enfraquece Dilma e o governo; chegou a hora de sair

Palocci deveria ser a solução. E hoje ele é o problema.
Palocci deveria ser a estabilidade. E hoje ele desestabiliza.
Palocci deveria ser o que cobra explicações. E hoje ele é incapaz de se explicar.
Palocci deveria ser o negociador. E hoje outros negociam a sua sobrevivência.
Palocci deveria ser a voz de Dilma. E hoje é Dilma quem tem de falar por ele.
Palocci deveria ser o que sugere demissões. E hoje sugerem a sua saída.

Por isso tudo, ele deveria cair fora. Um grande futuro o aguarda. Já chego lá.

O ministro, em suma, já é carne queimada. Sua agonia paralisa a administração; sua demissão certamente seria um tanto traumática, mas muito pior para o governo, não tenham dúvida, será a sua eventual sobrevivência. O ministro que está vagando em busca de alguma explicação verossímil, já que as tais cláusulas de confidencialidade o impedem de dizer a verdade, não será, nessa hipótese, nem sombra daquela figura a um só tempo mundana (e como!) e hierática, que encarnava múltiplas garantias. Para os mercados, ele era o anteparo contra os arroubos intervencionistas do PT; para os democratas, ele era a proteção de civilidade contra as esquerdas do partido e Zé Dirceu; para os que cultivam os bons costumes na política, ele era o fator de contenção dos apetites do PMDB; para os que estão certos — e estão certos! — de que Dilma Rousseff não é do ramo, ele era, em suma, a melhor possibilidade de que pudesse haver um governo.

Para tanto, no entanto, Palocci teria de ser Palocci no melhor de sua forma, depois de ter renascido das cinzas, num caso raro de político que consegue ressuscitar ainda mais poderoso do que quando morreu. Mas ele, a gente percebe, gosta de ser ousado com a própria sorte. Continuasse deputado, a revelação de seu formidável desempenho como “consultor” geraria certamente estranhamento, mas a pressão, por razões óbvias, seria muito menor. Passaria depresa. Ocorre que ele está no coração do poder. E está de uma forma que não chega a ser nada lisonjeira com Dilma e diz muito sobre a estatura da presidente: PALOCCI É O GOVERNO.

Por isso mesmo, esse governo, que já não era exatamente um exemplo de dinamismo, parou. Dilma luta desesperadamente para retomar a tal “agenda positiva”, mas as rodas do carro patinam, e a máquina não anda; fica ali, “palocciando” no mesmo lugar. E não porque, como quer o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), a imprensa tenha agenda. E não porque a oposição lidere uma grande conspiração — convenham, ela não urdia planos maquiavélicos nem quando era maior. Desta feita, as armas celebrizadas por Franklin Martins não surtiram efeito.

Palocci aposta a sua sobrevivência num parecer do Procurador Geral da República, dado como certo, de que nada há a investigar. Pretende usar essa avaliação como evidência de sua lisura. Vai colar? É o que lhe resta, já que ele não explica nada porque nada há a explicar sem a exibição da lista de clientes para os quais trabalhou. Seu silêncio não é uma escolha, mas uma necessidade.

O que mais ele tem a dizer que já não tenha dito com a sua mudez? No máximo, pode acusar a oposição de fazer uma “exploração política” do caso, como se isso fosse impróprio ou ilegal. Em todo o mundo democrático, oposições fazem exatamente isto: exploração política dos erros cometidos pelo governo e pelos governantes.

Eu não tenho simpatia nenhuma pelo governo Dilma, como sabem, mas entendo que a paralisia é ruim para o país e para o conjunto dos brasileiros. Eliminar o fator da instabilidade é uma obrigação do governante, tarefa indeclinável de quem ocupa a cadeira presidencial. A manutenção de Palocci concorre para fragilizar a figura da própria mandatária, como se ela fosse uma espécie de refém do seu homem forte. A Dilma tão disposta a endurecer com os pequenos proprietários rurais, chamados de “desmatadores”, dever demonstrar autoridade no caso Palocci e deixar claro que está no comando. E a única maneira de fazê-lo  e demitindo aquele que não tem mais o que explicar sem nunca ter se explicado.

Quanto ao ainda, um belíssimo futuro o aguarda na iniciativa privada. Ele já provou que seus conselhos valem ouro. A primeira demissão de Palocci lhe rendeu muitos milhões. A segunda tem potencial para dobrar a sua fortuna. Que ele faça justiça com os seus herdeiros e com o conjunto dos brasileiros e permita que o país caminhe.

Afinal, o Brasil parou só porque Palocci não pode divulgar a lista de seus “clientes”.

Por Reinaldo Azevedo

Todo dia é dia, toda hora é hora de gritar:

“FORA, HADDAD!”

É aquele rapaz que considera que matar pessoas depois de ler livros é moral e politicamente superior a matá-las sem ler.

Como ele está no Ministério da Educação, trata-se de um evidente perigo público.

Por Reinaldo Azevedo

Na Folha:
Em um protesto contra a crise política que atinge o governo, a oposição levou ontem três pizzas para o Senado. Com os nomes de “sabor Palocci”, “Luiz [Sérgio] Garçom” e “Medidas Provisórias”, elas foram encomendadas pelo senador Cyro Miranda (PSDB-GO) numa analogia do que o tucano diz ser o “momento atual” vivido no país. Alguns senadores comeram pedaços das pizzas no chamado “cafezinho” -uma sala que dá acesso ao plenário da Casa-, como Demóstenes Torres (DEM-GO), Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Roberto Requião (PMDB-PR). Outros preferiram levá-las para o cafezinho situado ao lado do plenário.

O líder do PT, Humberto Costa (PE), recusou o convite de senadores da oposição para se servir. Patrocinador do protesto, Miranda disse que a pizza de Palocci é “indigesta”. A pizza “sabor Palocci”, segundo a oposição, tem o objetivo de protestar contra a falta de esclarecimentos do ministro sobre o crescimento do seu patrimônio. Já a “Luiz Garçom” é uma crítica ao ministro Luiz Sérgio, articulador político do governo no Congresso. A última é um protesto contra o excesso de medidas provisórias editadas pelo Executivo que, segundo a oposição, paralisam o Congresso.

Por Reinaldo Azevedo

Por Vera Rosa e João Domingos.no Estadão:
Na contramão da estratégia traçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dirigentes e líderes do PT não só querem a saída do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, como já discutem pelo menos dois nomes para substituí-lo. O argumento é o de que a manutenção de Palocci provoca enorme desgaste ao governo da presidente Dilma Rousseff e sua preservação aumentará ainda mais a crise política.

Um sintoma da mudança de tom em relação a Palocci ocorrerá na reunião de hoje da Executiva Nacional do PT, em Brasília. Na prática, o partido de Dilma lavará as mãos: não produzirá resolução apoiando o ministro, mas também não pedirá sua cabeça em público.

A fragilidade cada vez maior de Palocci - convocado ontem para prestar esclarecimentos na Comissão de Agricultura da Câmara - já alimenta uma disputa fratricida no PT pelo espólio da Casa Civil. Dois nomes são citados para a vaga: Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e Paulo Bernardo (Comunicações).

Para queimar Bernardo, grupos que se opõem a ele vazaram a informação de que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) pedira a saída de Palocci em um almoço oferecido a Lula, em Brasília, na semana passada. Foi uma tentativa de constrangimento, já que Gleisi é mulher de Bernardo.

Ela telefonou para Palocci ontem para desfazer o que chamou de “intriga” com o objetivo de atingir Bernardo. No almoço com Lula, a senadora perguntou ao ex-presidente até que ponto valia “queimar gordura” para defender Palocci por causa de um projeto pessoal do ministro, se ele não dava explicações sobre a evolução do seu patrimônio.

Com o governo sob cerco político, outros petistas reforçaram ontem o coro das cobranças a Palocci, acusado de enriquecimento ilícito e tráfico de influência. De nada adiantaram os apelos de Lula, que, antes de viajar para Cuba, chamou companheiros a seu escritório, em São Paulo, para pedir que não rifassem o chefe de Casa Civil. “Se vocês não segurarem Palocci, a oposição não vai dar sossego”, disse Lula.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), admitiu, porém, que a opinião pública precisa de mais informações. “O ministro tem de se explicar”, insistiu Maia. “Não se pode transformar esse episódio em disputa entre governo e oposição, e a Procuradoria-Geral da República tem de tomar uma decisão de investigar ou não. Aqui na Câmara o debate é político e não serve para ninguém.”

Espera. O senador Walter Pinheiro (PT-BA), um dos primeiros a cobrar explicações do ministro, afirmou que a crise só aumentará enquanto Palocci não esclarecer a multiplicação de seu patrimônio em 20 vezes, nos últimos quatro anos. “Quem está em cargo público tem de dar esclarecimentos públicos. Ou faz isso ou deixa o cargo”, ressaltou. “Estamos aguardando as manifestações do ministro há duas semanas. Esse tempo só tramou contra ele, o PT e o governo.”Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Por Christiane Samarco, no Estadão:
Sob pressão e hostilizado até mesmo por setores do PT, o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, “faltou” ontem ao almoço da bancada de senadores do PMDB com a presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada. A expectativa dos parlamentares era de que o ministro fosse figura de destaque na reunião.

Todos acreditavam que Dilma o prestigiaria, colocando-o a seu lado, tanto à mesa como na sala, durante o encontro. Essa atitude seria, na avaliação de alguns dos peemedebistas convidados, sinal claro do interesse da presidente em manter o ministro no cargo em meio à crise - sobretudo no dia em que a Comissão de Agricultura da Câmara aprovara a convocação do petista para explicar sua evolução patrimonial. A ausência de Palocci foi considerada fato político relevante do almoço presidencial.

Isso porque a justificativa apresentada pela própria Dilma para explicar a ausência - Palocci tinha uma reunião com os ministros Nelson Jobim (Defesa) e José Eduardo Cardozo (Justiça) para discutir um projeto sobre política de fronteiras - não foi considerada das mais convincentes ou urgente. Sobretudo depois de o vice-presidente Michel Temer ter garantido que não haveria manifestação de cobrança ao ministro por parte dos convidados. O vice tivera o cuidado de sondar toda a bancada sobre as intenções de cada um em relação à presença de Palocci. No jantar de segunda-feira com os senadores, no Palácio Jaburu, ele obteve o compromisso de todos de não hostilizarem o ministro.

Articulação. O ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, compareceu ao almoço, mas em nenhum momento a presidente lhe franqueou a palavra. Os problemas na articulação política do governo ficaram fora do cardápio do Alvorada.

Dilma apenas mencionou de forma genérica que quer ampliar a interlocução com a base aliada e os senadores em especial, e provocou alguns risos discretos quando revelou o desejo de fazer uma interlocução direta com as bancadas em reuniões, “duas vezes por ano”.

Ao destacar que se ressente da falta disso, ela destacou que a interlocução com o Senado é fundamental e emendou: “O governo não é o Executivo apenas”. Dilma entende que também são governo o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e as forças da sociedade. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Por Denise Madueño e Eugênia Lopes, no Estadão:
Depois de duas semanas de tentativas, os partidos de oposição conseguiram aprovar a convocação de Antonio Palocci para explicar na Câmara a multiplicação de seu patrimônio e suposto tráfico de influência praticado por sua empresa, a Projeto. No início da noite, em uma ação combinada com os governistas, o presidente da Casa, Marco Maia (PT), decidiu suspender a decisão da Comissão de Agricultura, onde foi aprovado o requerimento, até a próxima terça-feira, quando dará a palavra final.

Até lá, Palocci ficará exposto a um crescente desgaste político. A aprovação da convocação ocorre um dia após senadores do PT terem cobrado explicações do ministro e do aumento do incômodo de petistas e aliados pela ausência de respostas às denúncias.

Antes de decidir pela suspensão, Marco Maia foi pressionado por parte da base que queria a anulação imediata da convocação. Houve um temor, no entanto, de que a oposição poderia conseguir uma liminar no Supremo Tribunal Federal validando a decisão da comissão. “Optei por tomar uma decisão equilibrada”, disse Maia.

Até semana que vem, ele pretende analisar as imagens, as notas taquigráficas e ouvir integrantes da Agricultura sobre a votação. Os governistas reuniram 30 assinaturas do total de 40 membros da comissão a favor da anulação da convocação.

Confusão. Com número suficiente para derrubar o requerimento, os governistas agiram de forma confusa e demoraram a perceber a estratégia da oposição na comissão, comandada pelo deputado Lira Maia (DEM). Na reunião da comissão, líderes do governo contabilizavam 28 votos, mas a votação simbólica não revelou essa maioria. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Por Débora Santos, no Portal G1:

O Tribunal de Contas da União (TCU) informou nesta quarta-feira (1º) que vai cobrar do Ministério da Educação explicações sobre a possibilidade de “desperdício” de recursos públicos na produção dos kits anti-homofobia, que seriam distribuídos em escolas. Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff cancelou a produção do material. A assessoria de imprensa do Ministério da Educação informou que vai aguardar a comunicação oficial do TCU para se pronunciar sobre o assunto.

A investigação foi proposta pelo ministro do TCU José Jorge, responsável pela fiscalização dos gastos do Ministério da Educação, por causa da decisão da presidente de suspender a produção do material, destinado a combater o preconceito contra homossexuais. A alegação da presidente é que o governo não pode interferir na vida privada dos brasileiros.

“[Desperdício] é o que pode ter ocorrido quando o governo desistiu de distribuir os kits às escolas, conforme informações veiculadas pela imprensa. Diante desse quadro, o Tribunal pode e deve agir, cobrando explicações dos responsáveis acerca dos gastos efetuados com a elaboração do material”, afirmou o ministro, durante a sessão desta quarta.

De acordo com a assessoria do TCU, serão pedidas ao Ministério da Educação informações como valor total gasto até o momento e forma de concepção e produção do material.

Jorge deixou claro que o TCU não vai se pronunciar sobre o conteúdo ou a “escolha da política pública”. “O TCU deve passar ao largo do exame da conveniência ou adequabilidade da abordagem adotada pelo Ministério da Educação para orientar educadores e jovens estudantes”, disse o ministro do TCU.

Por Reinaldo Azevedo
Cestas básicas da Conab permanecem estocadas enquanto lideranças de movimentos brigam (Foto: Mário Bittencourt/Agência A TARDE)

Cestas básicas da Conab permanecem estocadas enquanto lideranças de movimentos brigam (Foto: Mário Bittencourt/Agência A TARDE)

Leiam trecho de uma reportagem publicada nesta quarta no jornal A Tarde, da Bahia. Fala por si mesmo. Nesse caso, trata-se de uma disputa por comida. Mas elas costumam ser bem mais agressivas do que isso. É claro que o governo tem de coibir a violência no campo, prender matadores, pistoleiros etc. O que pouca gente sabe — e pouco a imprensa se interessa por isso — é que acertos de contas entre grupos rivais costumam resultar em mortes, engrossando as estatísticas dos “mortos por conflitos agrários”. Os ditos “movimentos sociais” sabem diss. O governo sabe disso. Nega-se  obvio porque é uma verdade que não interessa à causa. Leiam trecho da reportagem.

*

A disputa pelo poder entre líderanças de duas entidades envolvidas com o processo de  reforma agrária, o Movimento de Luta pela Terra (MLT) e Federação da Agricultura Familiar (Fetag) ex-MLT, no extremo sul baiano, está afetando a distribuição de cestas básicas a pequenos agricultores na região. As famílias estão acampados numa fazenda de 1,333 mil hectares, cuja posse é disputada pela empresa Veracel Celulose e o governo baiano.

Há um mês, o MLT recebeu cerca de 7 mil quilos de alimentos. Contudo, segundo o representante da Fetag, Wedson Souza Santos, o Gazo (ex-integrante do MLT) cerca de 60 famílias assentadas que se desligaram do movimento estão sem receber as cestas básicas. Acusações - Gazo e Juenildo Oliveira Farias, o Zuza, coordenador do MLT, trocam acusações diversas e dizem que já houve até ameaças de morte.

Quinze militantes ligados a Fetag prestaram queixa na delegacia do município de  Eunápolis no último dia 23, afirmando que suas famílias estão sem receber cestas-básicas há um mês porque Zuza teria se apropriado indevidamente do alimento. A reportagem de A TARDE apurou que o material está guardado num barraco no acampamento do MLT, na Fazenda São Caetano, justamente a que está em disputa entre o Estado e a Veracel.

Na queixa policial, eles dizem que Zuza não está dando mais as cestas-básicas pelo fato de eles terem deixado o MLT e ido para Fetag, junto com Gazo, que até já colocou bandeiras da entidade nas proximidades do acampamento Baixa Verde, onde estão as cerca de 70 famílias de militantes do MLT. Gazo quer que as cestas-básicas sejam destinadas aos liderados por ele. Zuza rebate e diz que apenas doze famílias do MLT foram para a Fetag e por isto não têm mais direito ao alimento.

Por Reinaldo Azevedo
Marcha pela Família, realizada nesta quarta-feira (1) em frente ao Congresso nacional contra a aprovação do PLC 122 (Foto: Dorivan Marinho/AE)

Marcha pela Família, realizada nesta quarta-feira (1) em frente ao Congresso nacional contra a aprovação do PLC 122 (Foto: Dorivan Marinho/AE)

Cerca de 20 mil pessoas, segundo a PM, participaram da Marcha Pela Família, em frente ao Congresso Nacional, convocada pelo pastor Silas Malafaia. Trata-se de um protesto contra a aprovação do PLC 122, conhecido por Lei Contra a Homofobia. Não se sabe ainda que forma a relatora, Marta Suplicy (PT-SP), dará ao texto na Casa. Na forma como chegou, trata-se de um repto contra a liberdade religiosa e contra a liberdade de expressão. Sob o pretexto de proteger os homossexuais, direitos fundamentais estariam sendo agredidos.

O evento reuniu políticos de vários partidos, inclusive do PT. Estavam no caminhão de som, entre outros, os deputados Anthony Garotinho (PR-RJ), Ronaldo Fonseca (PR-DF), Jair Bolsonaro (PP-RJ) e João Campos (PSDB-GO) e os senadores Marcelo Crivella (PR-RJ) e Walter Pinheiro (PT-BA). Um grupo de militantes homossexuais tentou mobilizar uma marcha oposta, que reuniu poucas pessoas. A polícia evitou o confronto.

Pois é… Democracia é assim: uns querem uma coisa; outros querem o contrário; outro ainda buscam o equilíbrio. A militância gay perdeu a mão e o prumo. Sua visibilidade na chamada “mídia” é muito superior à real demanda da sociedade, o que não quer dizer que o assunto não mereça atenção. Mas os líderes da causa resolveram se comportar como sindicalistas, indo muito além da defesa da tolerância e da convivência entre as diferenças.

O kit gay para as escolas virou um emblema do abuso. Aquilo é de tal sorte indefensável que alguma reação provocaria. E ouso dizer que só não temos eventos realmente desagradáveis como desdobramento porque a Rainha Muda decidiu agir, ainda que pressionada. O mesmo se diga sobre este absurdo PLC. Não sei o que Marta vai manter ou não na proposta que será votada pelos senadores. Uma coisa é certa: dispositivos que limitem a liberdade religiosa e a liberdade de expressão não podem prosperar.

As lideranças gays entraram numa espécie de delírio de poder com a decisão tomada cartorialmente pelo Supremo e entenderam que era hora de avançar. O exagero está gerando a reação. Não faltará quem veja na manifestação da Marcha da Família um traço insuportável de conservadorismo — bobagem similar. Ora, assim é a democracia, não? E estejam certos: os 20 mil que foram à praça ainda estão longe de representar a maioria silenciosa. Marchar contra o PLC 122 não significa tentar impedir que os gays tenham o mesmo direito dos héteros. Significa dizer um “não” à tentativa de criar uma casta de superprotegidos pela lei.

Há uma grande diferença entre reconhecer na igualdade um valor inegociável — e eu reconheço — e a imposição de valores de uma minoria sob o pretexto de impedir a discriminação. Era o que fazia o kit. É o que faz o PLC 122. E aqueles que são contrários a essa imposição se manifestam, dentro da lei e da ordem. Qual é o problema?

Por Reinaldo Azevedo

Ficamos um tempão fora do ar. Estamos de volta. Leiam o que informa a Agência Câmara. Volto depois:
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou nesta quarta-feira, 1º de junho, o Projeto de Lei 1947/07, que torna crime a violação e o vazamento de informações de investigação criminal sob sigilo. A matéria, de autoria do deputado Sandro Mabel (PR-GO), segue para votação em Plenário.

Pelo projeto (leia a íntegra aqui), o crime consiste na revelação ou divulgação de fato que esteja sob investigação, em qualquer tipo de procedimento oficial. Ficam sujeitos à lei não somente servidores que facilitarem o acesso à informação, mas também, por exemplo, o jornalista que divulgá-la. A pena prevista é de dois a quatro anos de reclusão, além de multa.

A CCJ aprovou o substitutivo do relator do projeto, deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL), que define o crime como “revelar ou divulgar fatos ou dados que estejam sendo objeto de investigação criminal sob sigilo”.

Segundo ele, a legislação brasileira carece de dispositivo para punir e desencorajar o descumprimento do sigilo. “O sigilo legal tem sua razão de ser pela própria natureza das investigações, no sentido de dar eficácia às ações investigativas até que se forme o convencimento da autoridade”, argumenta.

Ao defender seu voto, Maurício Quintella disse lamentar que esses dados sejam muitas vezes lançados à opinião pública com o intuito de macular a imagem do investigado. “O que nada tem a ver com as funções precípuas dos órgãos investigativos”, complementou.

O relator acrescenta que a sociedade brasileira tem assistido a uma “perigosa relação” entre autoridades e meios de comunicação de massa. “Muitas vezes, os danos são irreparáveis à honra e à intimidade, e quando a pessoa investigada é absolvida, estranhamente, este fato não desperta o mesmo interesse midiático”, avaliou.

Voltei
Eu acho que servidor público, de qualquer um dos Três Poderes, que vaze documento sigiloso tem de ser punido. Mas estender a punição à imprensa? Tenham paciência!

Ainda que essa porcaria de Sandro Mabel seja aprovada no Congresso, duvido que passe pelo Supremo. Trata-se de uma lei, na prática, contra a liberdade de impensa. Os respectivos órgãos públicos que tratem de investigar e apurar quem, eventualmente, passou a informação aos jornalistas.

O papel da imprensa não é ser guardiã do sigilo de documentos oficiais; ao contrário, seu papel é divulgá-los. E não confundo essa tarefa com uma organização destinada a vazar documentos sigilosos, que incentiva o crime, como o WikiLeaks. Aquilo é outra coisa. Também não se deve confundir a prática com o vazamento de documentos que digam respeito à vida privada das pessoas com o intuito de chantageá-las ou algo assim.

Um dos papéis do jornalismo é saber quais investigações oficiais estão em curso e por quê. Ou a Constituição vale, e o projeto aprovado na CCJ é inconstitucional no que diz respeito ao jornalismo, ou a Constituição não vale e precisa ser reescrita, reeditando a censura.

Por Reinaldo Azevedo

01/06/2011

 às 16:54

Contradição. Se Palocci tivesse uma explicação, já a teria dado

Antonio Palocci é o articulador político do governo. Mas como ele faz para articular a própria sobrevivência? Eis o busílis. Isso teria de ser operado por outra pessoa — o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, por exemplo. Acontece que ninguém dá bola para Sérgio, ora essa! Nunca apitou nada! Palocci sempre cuidou de tudo sozinho. O outro não chegava a ser nem mesmo um seu estafeta, não existia. Como é que alguém poderia lhe dar atenção agora, da noite para o dia.

No petismo, não há ninguém hábil o bastante para isso — talvez Paulo Bernardo, que é, ou era, da turma de Palocci. Gleisi Hoffmann, mulher de Bernardo, senadora pelo PT do Paraná, foi a primeira petista a pedir a cabeça do chefe da Casa Civil.

A eventual saída de Palocci é, sim, um problemão para Dilma. Mas parece que a crise passaria mais depressa do que a sua manutenção no cargo. Ela não é do ramo, mas não é besta. Sabe que, se houvesse alguma explicação razoável para seu enriquecimento, Palocci já a teria dado há tempos.

Por Reinaldo Azevedo

Vacas magras de Palocci

Antonio Palocci já entrou na mira da Justiça por dever, acredite, 380,80 reais ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo. O superconsultor, invejado por ter faturado 20 milhões de reais no ano das eleições, foi processado pelo conselho em 2004, época em que era o todo poderoso da Fazenda do governo Lula. O médico Palocci escapou de ser executado judicialmente após ter pagado a dívida.

Por Lauro Jardim

Se escapar do castigo, Palocci poderá juntar em 17 anos todo o dinheiro do mundo

Se enriqueceu sem pecar, Antonio Palocci poderia ter esclarecido o caso da multiplicação do patrimônio no mesmo dia em que foi divulgado pela Folha de S. Paulo. Bastaria solicitar aos clientes da Projeto que, para livrar o chefe da Casa Civil de constrangimentos e poupar o país de outra crise política, abrissem mão da cláusula de confidencialidade e permitissem a divulgação de informações básicas. Todos certamente o autorizariam a revelar os nomes das empresas que contrataram seus serviços e dizer quanto cobrou de cada uma. A opção pelo silêncio que já dura 17 dias foi o primeiro indício veemente de culpa.

O segundo foi a contratação do advogado José Roberto Batochio sem ter virado réu oficialmente. A terceira evidência de que Palocci tem culpa no cartório ocorreu nesta quarta-feira, assim que circulou a notícia de que o ministro fora convocado para depor na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados (veja o vídeo abaixo). Apavorados com a rachadura na blindagem, os chefes da aliança governista prometem fazer coisas de que até Deus duvida para impedir o depoimento. É provável que Palocci escape da ameaça. Mas algum dia terá de explicar-se. E não há explicações plausíveis.

“A crise é de inteira responsabilidade do Palocci”, diz o senador Walter Pinheiro, do PT baiano. “Não é do governo nem do PT”. Talvez seja, sugere a inquietação dos parceiros da base alugada. Sabe-se que a Projeto ganhou pelo menos R$ 20 milhões em quatro anos. Desse total, R$ 7,4  milhões foram gastos na compra de um apartamento e um escritório. Sobram R$ 12,6 milhões. Onde estão? Guardados em bancos? Embaixo de colchões? Foram aplicados de alguma forma? Não sobrou nenhum centavo para o partido? Só depois das respostas a tais perguntas o senador baiano saberá se pode mesmo dormir sem sobressaltos.

A destinação do dinheiro é tão nebulosa quanto a origem. Na reunião com Dilma Rousseff e os senadores do PT, o médico sanitarista admitiu que ganhou muito dinheiro como consultor econômico e financeiro. Mas limitou-se a revelar um único trabalho pesadamente remunerado (recebeu R$ 1 milhão em troca de “consultas” a duas empresas interessadas em fundir-se) e o preço de cada palestra que andou ministrando: entre R$ 20 mil e R$ 30 mil. É improvável que tenha conseguido como palestrante os R$ 19 milhões que faltam. Nos últimos quatro anos, dispôs de 1.040 dias úteis (incluídos feriados e feriadões). A conta só fecharia se, paralelamente às atividades de deputado federal, Palocci tivesse feito 633 palestras, duas a cada três dias, cobrando o preço máximo por apresentação.

Caso consiga safar-se das evidências de que subiu na vida como traficante de influência, o ministro terá consumado um segundo milagre de espantar os santos mais poderosos. O primeiro foi a própria multiplicação do patrimônio, comprova a nota divulgada pelo jornalista Ancelmo Gois em sua coluna no jornal O Globo. Diz o seguinte: “A conta, de brincadeira, claro, é do consultor Maurício Hissi, o Bastter. Se Palocci multiplicasse seu patrimônio por 20 a cada quatro anos, bastariam 17 anos para acumular R$ 129 trilhões (ou US$ 80 trilhões) e ser dono de todo o dinheiro do mundo”.

É difícil entender o apego de Palocci ao emprego. Não vai recuperar o poder que tinha. Melhor aproveitar a vida e disputar a liderança do ranking dos homens mais ricos do planeta.

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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