Brasil Sem Miséria: Ihhh, lá vêm as cisternas de novo!, por Reinaldo Azevedo

Publicado em 02/06/2011 19:39 e atualizado em 03/06/2011 04:48
dos Blogs de Reinaldo Azevedo e Lauro Jardim, na veja.com.br

Brasil Sem Miséria: Ihhh, lá vêm as cisternas de novo!

Segue uma síntese do programa “Brasil Sem Miséria”. Exceção feita à Bolsa Verde, tudo já foi prometido antes, a começar das cisternas. Tivesse o governo federal feito um décimo das que foram prometidas por sucessivos programas, boa parte da água doce do planeta estaria estocada no Nordeste. Mas vá lá.

O tal Bolsa Verde prevê o pagamento de R$ 300 por trimestre a cada família pobre que promover ações de preservação no local onde vive e trabalha. Vai ver Dilma não abre mão de multar agricultores pobres para arrecadar recursos e transferir a outros pobres que preservem a natureza… Daqui a três anos e meio, decreta-se o sucesso da iniciativa e o fim da miséria no Brasil.

O programa será o carro-chefe da propaganda oficial. Dilma tentará colar a sua imagem ao “social”. Este é, do ponto de vista do marketing, o “seu” Bolsa Família. Segue texto do Portal G1.

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A presidente Dilma Rousseff disse em discurso nesta quinta (2), no Palácio do Planalto, que o programa Brasil sem Miséria “é o estado brasileiro chegando, é o estado brasileiro dizendo que está pronto para combater a pobreza”. O objetivo do programa é retirar 16,2 milhões de brasileiros da condição de extrema pobreza. Na cerimônia de lançamento do programa, a presidente afirmou que haverá uma “busca ativa” dos que necessitam de auxílio do estado e não o contrário. Segundo ela, o governo vai buscar identificar quem não tem bolsa-família, acesso à rede elétrica, à água encanada ou à saúde, a fim de fornecer esses serviços. “Não mais vamos esperar que os pobres corram atrás do estado brasileiro. O estado brasileiro deve correr atrás da miséria”, declarou.

Dilma anunciou uma campanha de mobilização para engajar a sociedade no combate à pobreza extrema. “Vamos fazer uma campanha de mobilização sem apelos emocionais gratuitos e sem dramatizar a miséria”, afirmou. Ela afirmou que será necessária a participação de governadores e prefeitos. Precisamos de vocês, de cada prefeito, para que a gente possa fazer esse plano avançar”, declarou. A presidente disse não aceitar o “fatalismo” que, segundo ela, apregoa que a pobreza sempre existiu e sempre existirá em todas as sociedades. “Isso não é fatalismo, é cinismo”, declarou. Dilma afirmou que se a “porta [do combate à miséria] tivesse sido aberta pelo menos na última década do século passado”, o país estaria mais próximo de eliminar a pobreza.

“Ao longo da nossa história, nosso país abriu muitas portas para o futuro, mas deixou muitas portas fechadas e outras entreabertas. Hoje, estamos abrindo a grande porta de entrada do século 21. Se fosse aberta antes, hoje, estaríamos bem mais próximos de realizar nosso sonho de eliminar a pobreza”, declarou.

O programa
Os principais pontos do programa Brasil sem Miséria são a ampliação do Bolsa Família, a criação do Bolsa Verde, a capacitação de trabalhadores e a construção de cisternas, que são reservatórios de água. A implementação de um programa de combate à miséria é uma das promessas de campanha da presidente Dilma. Em seu discurso de posse, no Congresso Nacional, Dilma afirmou que “a luta mais obstinada” de seu governo seria “a erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos”.

A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campelo, foi a primeira a discursar no evento de lançamento do programa. Ela disse que o programa foi “construído” em um “tempo recorde” de cinco meses. A ministra classificou o programa como uma proposta complexa, consistente e de difícil execução. Segundo a ministra, dos 16 milhões que vivem em extrema pobreza, 70% se concentram no Norte e Nordeste. “O Brasil sem Miséria unirá o Brasil que cresce com o Brasil que ainda não pode aproveitar essas oportunidades”, disse.

Para alcançar a meta do programa, o governo vai trabalhar com três diretrizes: transferência de renda, acesso a serviços públicos e inclusão produtiva. O programa prevê o aumento de três para cinco do limite de benefícios de famílias com filhos que integram o Bolsa Família. Com isso, a previsão é incluir 1,3 milhão de crianças e adolescentes no programa de transferência de renda. O valor do benefício por filho a famílias de baixa renda é R$ 36.

O programa prevê ainda a localização de possíveis beneficiários do Bolsa Família que não estejam cadastrados. A estimativa do governo é que 800 mil pessoas atendem as exigências para receber a renda mensal.

Bolsa Verde
Para estimular a proteção ao meio ambiente, o novo programa do governo Dilma cria ainda o Bolsa Verde, que prevê o pagamento de R$ 300 a cada trimestre para famílias pobres que promovam ações de conservação ambiental no local onde vivem ou trabalham. O Brasil sem Miséria também prevê capacitação de 1,7 milhões de pessoas entre 18 e 65 anos até 2015, através de programas de acesso a escolas técnicas, trabalhos de reciclagem, entre outros.

Ainda com foco na conservação ambiental, o governo dará apoio à organização produtiva de catadores de materiais recicláveis. Cerca de 60 mil catadores serão capacitados e 280 mil terão infraestrutura viabilizada. Outra medida é a construção de cisternas (reservatórios de água) para plantio, que deverão atender 60 mil famílias rurais. A criação de cisternas de água para consumo humano atenderá 650 mil famílias em dois anos e meio. Dilma prevê ainda acesso a energia elétrica para 257 mil famílias até 2014.

Agricultura familiar
O governo anunciou ainda a inclusão de 189 mil de agricultores familiares no Programa de Aquisição de Alimentos, que prevê financiamento a juros baixos. Com isso, subirá de 66 mil para 255 mil até 2014 o número de produtores rurais em extrema pobreza contemplados pelo programa.No total, entre produtores pobres e com renda média, o número de contemplados pelo PAA subirá para 445 mil até o final do mandato de Dilma.

Para acompanhar os agricultores, haverá uma equipe de 11 técnicos para cada mil famílias. O plano prevê ainda o fomento de R$ 2,4 mil por família, ao longo de dois anos, para apoiar a comercialização e produção de alimentos. O pagamento será efetuado por meio do cartão do Bolsa Família. Além disso, 253 mil famílias receberão sementes e insumos, como adubos e fertilizantes.

Haverá ainda um programa de microcrédito produtivo orientado, para população de baxa renda. O governo quer aumentar a parcela de recursos disponíveis nos bancos públicos destinada a empréstimos com consultoria sobre as possibilidades de aplicação do dinheiro. O objetivo é fazer com que as pessoas utilizem o crédito para consumo sustentável, como financiamento de casa própria.

Linha de pobreza extrema
O governo definiu a linha de pobreza extrema em R$ 70 per capita com base nas informações preliminares do Censo 2010, divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o instituto, 11,4 milhões declararam ao censo ter renda de até R$ 70 per capita por mês.

A partir dos dados do IBGE, o governo identificou ainda 4,8 milhões de pessoas que vivem em área urbana ou rural e não têm banheiro exclusivo, acesso à rede geral de esgoto, ligação à rede de distribuição de água, poço artesiano ou nascente na propriedade. Somando o contingente com renda inferior a R$ 70 e sem acesso à água e rede de esgoto, o governo definiu o número de 16,2 milhões de pessoas a serem atendidas pelo Brasil sem Miséria. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, o programa tem como principal objetivo a “promoção da inclusão social e produtiva da população considerada extremamente pobre”.

Por Reinaldo Azevedo

É  o fim da picada! O também consultor de empresas privadas José Dirceu acompanha Luiz Inácio Lula da Silva, o palestrante preferido do capitalismo global, numa viagem a Cuba, comandada por Raúl Castro, o anão assassino.

E lá nas terras cubanas Dirceu afirma, falando por Lula, que Antonio Palocci está firme no cargo.

Embora não haja evidências, 9 entre 10 petistas acreditam que a turma de Dirceu está na origem da denúncia contra Palocci; só um 1 ingênuo aposta que é tudo coisa da oposição. Cuba é um bom lugar para tratar disso. Aquilo, sim, é um paraíso! Governante não tem de prestar contas a ninguém.

Por Reinaldo Azevedo

Temos uma missão civilizatória, não se esqueçam! Em algum momento do dia, em algum lugar, é preciso gritar: “FORA, HADDAD!”

Devemos fazê-lo, entre outros motivos, porque somos contra os tiranos que lêem livros antes de matar pessoas. Também somos contra aqueles que não lêem livros antes de matar pessoas.

Nós somos contra a que se matem pessoas. Por isso, dizemos:

“FORA, HADDAD!”

Por Reinaldo Azevedo

Por Gabriela Guerreiro, na Folha Online:

Integrante da base de apoio da presidente Dilma Rousseff, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) pediu nesta quinta-feira o afastamento imediato do ministro Antonio Palocci (Casa Civil) do cargo. Em discurso na tribuna do Senado, Simon disse que está “ficando feio” para o PT e o PMDB impediram que Palocci seja convocado para prestar esclarecimentos no Senado.

“Ministro, Vossa Excelência deveria se afastar. Se afastar hoje ou amanhã, antes de se criar CPI ou antes do Ministério Público se posicionar. A grande saída é o senhor se afastar.”

Simon disse que não está condenando o ministro por antecipação, mas que o coordenador político do governo deveria se explicar à sociedade comparecendo ao Congresso para depor, como deseja a oposição. “O escândalo de hoje faz esquecer o passado, mas esse é um caso que a gente não esquece.”

Diversos senadores do PT, que acompanharam o discurso de Simon, não se manifestaram para defender o ministro. Também não houve nenhum parlamentar que endossou as críticas de Simon. O senador Pedro Taques (PDT-MT), governista, tentou comentar as palavras do peemedebista, mas acabou impedido depois que Simon extrapolou o seu tempo na tribuna.

Taques disse que defende a convocação do ministro para se explicar ao Congresso, uma vez que as investigações da Procuradoria Geral da República “não tem nada a ver” com os esclarecimentos ao Congresso.

Reportagem da Folha revelou que o patrimônio de Palocci cresceu 20 vezes nos últimos quatro anos, por meio de sua empresa de consultoria Projeto. A oposição tenta convocar o ministro para se explicar no Congresso, mas a ação de deputados e senadores governistas têm conseguido impedir que o ministro seja chamado a depor.

Ontem, a Câmara chegou a aprovar requerimento de convocação do ministro, mas a base do governo conseguiu suspender seus efeitos até a semana que vem.

Por Reinaldo Azevedo

Vocês querem ver o que faz a soma da ignorância com o autoritarismo? Abaixo, segue o vídeo em que Marta Suplicy (PT-SP), presidindo uma sessão do Senado, comporta-se como o feitor numa senzala. Até Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo na Casa, apela para que a sessão seja suspensa por alguns minutos para tentar restaurar um mínimo de racionalidade.

Foi inútil. O desastre estava consumado (vejam post das 15h52). Marta também faz quetão de ser chamada de “presidenta” quando está no comando do Senado, mas ela mesma não segue o decoro — quem já perdeu o juízo manteria o decoro, por quê? — ao se referir a seus pares: o tratamento protocolar é “Vossa Excelência”, não “senhor”. Frescura? Não interessa. É o código aceito ali.

Marta é uma piada. Notem que ela não tem a menor noção de como funciona a Casa. Não fosse aquela senhora que secretaria a Mesa, não conseguiria dar conta nem do andamento burocrático dos trabalhos. Esta senhora deve acreditar que, para uma mulher ser respeitada na condução do Senado, tem de se comportar com uma falta de compostura a que homem nenhum se atreveria.

Isso não é feminismo, não! É só ignorância, autoritarismo e falta de educação cívica.  Os paulistanos sabem que ela celebrizou esse estilo quando prefeita de São Paulo. Ela vai tentar de novo.

Por Reinaldo Azevedo

Uma reportagem publicada pelo G1 está, infelizmente, informando uma inverdade óbvia sobre a convocação do ministro Antonio Palocci pela Comissão de Agricultura da Câmara. Segundo o portal, a votação teria ocorrido em sete segundos. O texto acaba levando ao entendimento de que foi uma manobra, uma operação quase secreta para enganar os deputados. Errado!

A aferição do resultado durou sete segundos, na base do “quem concorda fique como está”. Mas sempre que se recorre a esse experiente, o tempo fica por aí. A questão é saber se a matéria votada estava ou não clara. E ESTAVA CLARÍSSIMA! A votação, que compreende a informação do conteúdo do requerimento e o encaminhamento de voto durou muito mais.

A própria reportagem do G1 traz o vídeo que interessa — outros que circulam na rede cortam o essencial. Está aqui. Estou tentando um modo de colocá-lo no YouTube. Por que este é um bom vídeo?

Tanto era claro que o requerimento para a convocação de Palocci estava em votação que o deputado petista Odair Cunha (PT-MG) orienta os governistas a votar “não”. Transcrevo:
ODAIR CUNHA - Caros pares, agora, hoje, a oposição tentou convocar empresas, chamar empresa. Vai virar agora… Se aparecer alguma empresa, qualquer que seja, na Internet, dizendo que ela teve algum tipo de assessoria do ministro Palocci, essa empresa será convocada em alguma comissão aqui também. Ou seja, este clima é ruim para o país. Por isso, nós encaminhamos o voto “não”.

Entenderam, leitores? Isso que vai acima é um caminhamento de voto. O petista Cunha aproveita, como se nota, para atacar a oposição. Então lhe responde o presidente da Comissão, Lira Maia (DEM-PA):

LIRA MAIA - Deputado Odair, só para esclarecer: o requerimento solicita a convocação do ministro-chefe da Casa Civil, sr. Antonio Palocci Filho,para explicar os termos da consultoria prestada pela Projeto a empresas do ramo agroindustrial…

ODAIR CUNHA - Amanhã vai aparecer outra empresa!

LIRA MAIA - … objeto de denúncia veiculada em vários endereços eletrônicos na Rede Mundial de Computadores. Portanto, e uma competência desta comissão estar analisando esse requerimento. Vamos votar o requerimento. Senhores parlamentares que são favoráveis ao requerimento permaneçam como estão [PASSAM-SE SETE SEGUNDOS]. Aprovado o requerimento!

ATENÇÃO!
Entre as palavras “estão” e “requerimento”, passaram-se, de fato, sete segundos, tempo mais do que suficiente para se fazer uma verificação visual do resultado, procedimento regular e comum no Congresso.  Mas isso é irrelevante. O fato é que — as palavras e o vídeo o evidenciam — havia tal clareza no que estava sendo votado que um deputado petista fez encaminhamento de voto e ainda contestou uma resposta dada pelo presidente da comissão.

“Ah, mas os governistas estavam distraídos…” É mesmo? A obrigação de quem conduz o trabalho é chamar a atenção para a votação de modo inequívoco, o que Lira Maia fez. Não há lei ou regimento que diga que uma votação tem de ser refeita porque deputados estavam falando ao celular, pensando na morte da bezerra ou cuidando, sei lá, de suas respectivas “consultorias”.

A oposição diz que vai ao Supremo se Maia cancelar a convocação. E tem de ir mesmo. Tratar-se-á, nessa hipótese, de uma decisão tomada para agradar a seu partido, não para honrar a Casa que preside. Maia já se omitiu de fazer a defesa institucional da Câmara quando Candido Vaccarezza, falando em nome de Dilma, chamou de “vergonha” uma emenda que se votava ali.

A oposição tem a seu favor ESSE VÍDEO (não outros que circulam por aí, reitero) e o sentido das palavras. Palocci está convocado, e só um ato de força pode desconvocá-lo. Maia chegará a tanto?

Por Reinaldo Azevedo

As sessões do Senado presididas por Marta Suplicy (PT-SP), que é a polidez vestindo Prada, viram uma balbúrdia. A razão é simples: ela está acostumada a dar ordens, não a negociar. É assim desde a infância, né? Trata-se de um caso clássico de transferência dos hábitos e costumes da esfera privada para a pública. Ela já interrompeu, na mesa da Casa, um discurso de José Sarney (PMDB-SP) para corrigi-lo numa alusão a Dilma: “Não é presidente; é presidenta”. Se ela não um Napoleão Mendes de Almeida da língua, certamente imagina ser a Josefina de Beauharnais da política… Leiam  que informa Iara Lemos, no Portal G1:

Sessão tumultuada impede votação, e MPs perdem validade

A votação de duas medidas provisórias, a que aumentava o valor da bolsa de médico residente e a que criava uma empresa pública hospitalar, foi motivo de tumulto entre os senadores na sessão desta quarta-feira (1°). As medidas, que perdiam a validade caso não fosse aprovada até a meia-noite desta quarta, não foram votadas pelos senadores por falta de tempo. Atitudes da senadora Marta Suplicy (PT-SP), que estava no comando da sessão, irritaram os parlamentares.  Em represália, a oposição ocupou a tribuna até a meia-noite, quando encerrava o prazo para a votação.

Marta tem sido alvo constante de críticas dos parlamentares por controlar rigidamente o tempo de cada um dos discursos. Muitos senadores reclamaram que não tiveram tempo suficiente para manifestar as opiniões sobre a medida provisória. O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), chegou a dizer que a atitude da senadora foi ‘ditatorial’. “A primeira palavra tem de ser aos brasileiros, pedindo perdão pelo triste espetáculo que aqui se manifestou. A oposição não podia deixar de se manifestar contra essa posição ditatorial. Impedir que senadores discutam a matéria é agir de forma ditatorial”, disse o senador.

No plenário, enquanto alguns senadores tentavam ocupar a tribuna para se manifestar sobre a medida, outros gritavam “vergonha” para a senadora. O próprio discurso do senador tucano acabou sendo cortado por Marta, que interrompeu o áudio do microfone. “Senhor senador, o tempo regimental está encerrado”, disse a petista. Pelo Twitter, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) afirmou que não tinha palavras para descrever o que estava acontecendo no plenário. “As imagens vão falar por si”, escreveu.

Diante dos desentendimentos, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), pediu cinco minutos de intervalo para discutir a matéria. A sessão foi retomada sem acordo entre os parlamentares, que continuaram reclamando da postura de Marta na condução dos trabalhos. Na tribuna, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse que é preciso que exista mais respeito entre os senadores, “sem gritos, violência e desrespeito”.

Bem na hora, a senadora cortou o microfone do senador. “Seu tempo acabou, senador”. Logo em seguida, a própria Marta anunciou que a sessão estava encerrada por falta de tempo para votar as medidas. “Hoje mostramos ao Brasil toda uma faceta negativa do Senado Federal, mesclada de autoritarismo, de desrespeito e de tudo que uma democracia não deve ter”, disse Demóstenes.

Sem validade
A MP 521, assinada por Lula no último dia de governo, aumentava o valor da bolsa dos residentes, que era de R$ 1.916,45, para R$ 2.338,06. O texto previa, ainda, a prorrogação do prazo de pagamento da Gratificação de Representação de Gabinete e da Gratificação Temporária para os servidores ou empregados requisitados pela Advocacia-Geral da União. Como não foi votada antes da meia-noite, a medida perdeu a validade.

Outra medida aprovada que perdeu a validade por falta de tempo para votação, a 520/2010, previa a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, com função de administrar hospitais universitários federais e regularizar a contratação de pessoal desses órgãos, atualmente feita pelas fundações de apoio das universidades. A empresa seria vinculada ao Ministério da Educação, controlada pela União, e seguirá as normas de direito privado.

Por Reinaldo Azevedo

A presidente Dilma Rousseff estrelou nesta quinta a solenidade de lançamento do programa “Brasil Sem Miséria”, e o mundo político só quer saber do “Brasil Sem Palocci”.

Não se retoma agenda positiva sem responder à questão, que é de interesse público: “Como Palocci conseguiu ficar milionário em menos de quatro anos?” Por isso mesmo, em seu discurso, na presença de seu ministro-problema, Dilma teve de aludir à crise, com aquelas palavras que conotam coragem, destemor, ousadia, independência, firmeza, clareza etc—- tudo aquilo, enfim, em que ninguém aposta hoje 10 centavos.

Escrevi num texto publicado no começo desta manhã:
“Sua [de Palocci] agonia paralisa a administração (…). Por isso mesmo, esse governo, que já não era exatamente um exemplo de dinamismo, parou (…).Eliminar o fator da instabilidade é uma obrigação do governante, tarefa indeclinável de quem ocupa a cadeira presidencial. A manutenção de Palocci concorre para fragilizar a figura da própria mandatária, como se ela fosse uma espécie de refém do seu homem forte.”

Afirmou Dilma na solenidade:
“Os desafios não me imobilizam; os desafios não me tornam refém, pelo contrário. Nenhum de nós pode se dar ao luxo de ser refém do medo ou da timidez”.

Se é assim — ou se pode vir a ser assim  —, só há uma coisa a fazer. E a presidente sabe muito bem o que é.

Por Reinaldo Azevedo

Palocci no Jornal Nacional? Vamos ver.

Parece que Antonio Palocci concede amanhã uma entrevista ao Jornal Nacional. No Twitter, há uma onda bastante crítica a respeito. A suposição é a de que o programa será como uma espécie de horário político gratuito do PT. Vamos pôr as coisas no seu devido lugar.

Palocci tem de falar, como sabemos. Sua postura de agora é que é estupidamente arrogante. Já que, tudo indica, decidiu romper o silêncio, nada mais natural do que buscar o programa jornalístico de maior audiência no país.

Se ele for mesmo ao JN, a questão é verificar se será uma entrevista ou um pronunciamento oficial. Na eleição, ainda que cada um de nós tivesse a sua própria pergunta a fazer aos candidatos, William Bonner e Fátima Bernardes conduziram entrevistas jornalisticamente honestas.

“Por que Palocci não concede uma coletiva?” Porque ele não é bobo. Por mais duros que Bonner e Fátima — ou um outro repórter do JN — possam ser, é claro que diminuem as chances de ele se dar mal. Vamos ver. A crítica antecipada não faz sentido. Se ele não tiver uma boa explicação para o fato de ter se tornado milionário em quatro anos, o tiro pode sair pela culatra.

Por Reinaldo Azevedo

Não adianta! O PT não sabe explicar o enriquecimento de Antonio Palocci. Aliás, ele próprio não consegue, e a tarefa do partido fica mais difícil. O PT sabe “explicar” o mensalão, como já deixou claro a senadora Gleise Hoffmann (PT-PR). Lambança para fortalecer o partido, tudo bem; para o benefício pessoal, não! À sua maneira, é a expressão de uma “ética”, certo?  O partido mantém seus valores coletivistas, não é mesmo?, ainda que seja aquela coletivismo em que Don Corleone era especialista: o valor do “grupo”, da “comunidade”.

E porque o PT não explica o Palocci que não se explica, líderes partidários estão tentando dissociar a imagem da legenda da do ministro. Daqui a pouco aparece alguém para dizer que ele não é um petista autêntico. Delúbio é!

A Executiva Nacional do PT se reuniu hoje. Para Geraldo Magela, secretário de Assuntos Institucionais, o ministro deve, sim, se explicar à sociedade, mas “o assunto Palocci é assunto do governo, não do PT”. Ah, bom! Também o secretário nacional de Comunicação, deputado André Vargas (PR), cobrou um pronunciamento: “Ele deveria vir a público porque ajudaria na resolução da crise”. E o ministro? Segundo Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, ele vai falar. Quando? Antes do parecer do procurador-geral da República.

O que todos se perguntam, e isso inclui os petistas, é o que ele vai dizer. Prestem atenção! Os petistas e o próprio Palocci estavam em busca do “caseiro” da vez. Tentaram encontrá-lo na Prefeitura de São Paulo, acusando uma conspiração para vazar dados sobre a vida secreta do ministro. Não funcionou. Ninguém caiu na conversa. A curiosidade continua a mesma: “Como Palocci ficou milionário em tão pouco tempo? Que conselhos terá dado em menos de quatro anos e a quem a ponto de multiplicar seu patrimônio por 20 e ter amealhado, supõe-se, em dinheiro, outros muitos milhões?”

Ainda que o ministro sobreviva, a presidente Dilma vai dar uma de maluca se achar que é possível pôr uma pedra em cima da questão, dado o estágio em que ela se encontra.

Os clientes secretos de Palocci continuarão a produzir seus miasmas, e logo surge um novo problema; basta, para tanto, que algum interesse seja contrariado. Ou, então, não se contraria mais ninguém, e não se tem um chefe da Casa Civil, mas um pateta.

O partido deu um recado claro: agora o problema é de Dilma e de Palocci. O ministro não é mais da cota e da conta do PT.

Por Reinaldo Azevedo

Presidente do PT gaúcho pede afastamento de Palocci

Por Douglar Ceconello, na Folha Online:

O deputado estadual e presidente do PT no Rio Grande do Sul, Raul Pont, exigiu nesta quinta-feira (2) o afastamento do ministro Antonio Palocci (Casa Civil) e defendeu que a Executiva Nacional do PT tome uma posição oficial em relação à situação de Palocci

À Folha, Pont afirmou que o PT gaúcho encaminhou à direção do partido pedido para que o PT se manifeste de maneira formal sobre Palocci.

“É importante para que tenhamos uma orientação. Por enquanto, o partido não tem uma posição oficial”, declarou.

Para não prejudicar o governo, a alternativa mais indicada no momento, avaliou Pont, seria o afastamento do ministro. “Particularmente, entendo que ele tem que se afastar, para tirar este tema de dentro do governo. A situação do Palocci não pode contaminar o governo. É uma denúncia pessoal que ele tem de responder. Se não tem respostas, então que se afaste do governo até que tudo seja investigado.”

Ainda segundo o deputado, assuntos urgentes estão sendo deixados de lado devido às suspeitas de enriquecimento ilícito de Antonio Palocci. “Assim como está, o governo ficou enredado. Não tem cabimento, com uma pauta tão extensa e importante, como o Código Florestal e a reforma política, nós ficarmos discutindo se o Palocci está ganhando mais ou menos dinheiro”, afirmou.

Por Reinaldo Azevedo

Governo usa até a tragédia para tentar uma agenda positiva. É o fim da picada!

Quanto mais eles gostam de complicar as coisas e quanto mais complexas tornam suas operações políticas, mais eu considero uma tarefa civilizatória destrinchá-las, por mais delicado que isso seja.

Quatro pessoas foram assassinadas na Região Norte do país. Vamos lá. Adelino Ramos, morto em Vista Alegre do Abunã, um distrito de Porto Velho, em Rondônia, era considerado um líder camponês. O casal de “extrativistas” José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, assassinado em Nova Ipixuna, no Pará, estava em conflito com os próprios assentados.  José Cláudio estava em companhia de um seu irmão, ambos armados, quando este assassinou um camponês. A polícia da então governadora Ana Júlia Carepa só abriu inquérito mais de um ano depois. Na terça-feira, foi morto em Eldorado dos Carajás o lavrador Marcos Gomes da Silva. Pode ser que se venha a descobrir que fosse mesmo um líder camponês, mas, por enquanto, há apenas a suposição de que se trata de mais uma morte decorrente de conflito agrário.

O governo tem de investigar? Tem. Que se faça o necessário para chegar aos assassinos e que sejam metidos na cadeia. Mas é evidente o esforço para tentar transformar numa guerra ocorrências que são episódicas. O que há de comum entre os três casos e as quatro mortes? Nada! Que evidência se tem de que há uma escalada? Nenhuma! Os feiticeiros do governo Dilma, entre os quais se incluem José Eduardo Cardozo e Gilberto Carvalho, com a colaboração de sempre de setores da imprensa, resolveram criar um clima de guerra contra os ditos movimentos sociais. Se existe a guerra, então quem a promove?

A fantasia pode servir a múltiplos usos. Aqui e ali, é usada para combater o novo Código Florestal, como se eventuais madeireiros ilegais, que estariam por trás dos assassinatos, estivessem interessados em marcos legais. Para eles, tanto faz. Continuarão no seu trabalho sujo com a lei que está aí ou com outra qualquer. Se existe um culpado pelo clima de faroeste em algumas regiões do Brasil, é o governo, em especial o do PT, sim, que converte as suas lideranças numa espécie de governos paralelos locais. Tem-se, então, uma confronto entre estados informais. De todo modo, mesmo nessa hipótese, é preciso investigar para saber se as mortes estão mesmo relacionadas a esse tipo de questão

As mortes também servem como uma janela para o proselitismo político, criando um caso nacional — onde não há um — para ver se, não conseguindo emplacar uma agenda virtuosa, ao menos se consegue usar a tragédia como fator de mobilização nacional. É um troço asqueroso.

Na reportagem da Agência Brasil que reproduzo no post anterior, não está claro, mas Cardozo se reuniu com Cezar Peluso, presidente do Supremo e do Conselho Nacional de Justiça, e anunciou uma mobilização para tornar mais rápido e eficiente o julgamento dos acusados de homicídio.

Como é que é? Sim, claro!, todos somos favoráveis a uma Justiça célere. Mas será assim só no caso dos conflitos agrários envolvendo eventuais companheiros, ou serão anunciadas em breve, o que deve ser manchete em todos os jornais e um evento histórico, medidas para tornar mais ágil a Justiça a todos os brasileiros?

É claro que este é um texto incômodo. Não é o meu primeiro; não será o último. Se, no entanto, até a tragédia começa a ser usada em busca de uma agenda positiva, a estratégia tem de ser denunciada. E eu a denuncio, sim, com todas as letras. Louvo que o governo mobilize essa máquina gigantesca por causa de quatro homicídios. Vamos ver o que fará agora contra os outros 49.996!

É uma gente irredimível. Agora tem quatro cadáveres oportunos à mão.

Por Reinaldo Azevedo

Recurso em banho-maria

A assessoria jurídica do DEM já está recolhendo documentos – o vídeo e as notas taquigráficas da sessão – para recorrer ao Supremo caso Marco Maia casse a decisão que convocou Antonio Palocci para ir à Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.

Por Lauro Jardim

Grito mudo

Destoando da maioria de seus colegas, Pedro Simon foi ao plenário do Senado pedir o afastamento de Antonio Palocci. Beleza, não fosse o fato do discurso ter sido atrapalhado inúmeras vezes pela interrupção do som de seu microfone.

O também peemedebista Wilson Santiago, que presidia a sessão, demorava a devolver a palavra a Simon quando o tempo do orador se esgotava. Simon, por sua vez, não deixava a tribuna mesmo sem ser ouvido. O que se viu foi uma cena que constrangeu inclusive outros senadores que pretendiam apartear Simon.

Por Lauro Jardim

Tiroteio amigo

A Oposição no Senado foi enrolando a sessão de ontem até meia-noite, quando duas medidas provisórias perderam a validade. Até aí, faz parte do jogo. O caso é que senadores da base aliada passaram a culpar Humberto Costa e Gleisi Hoffmann pela derrota do governo.

O Palácio do Planalto chegou a autorizar uma negociação com a oposição para tentar salvar pelo menos uma das MPs. O acordo, no entanto, não prosperou devido à resistência dos petistas. Como resultado, acabou ficando a impressão de que a articulação política do governo com o Congresso falhara novamente.

Os senadores governistas tentam desconversar quando perguntados o que teria motivado os petistas. Mas fazem questão de recordar a seus interlocutores que um dos cotados para substituir Antonio Palocci na Casa Civil é Paulo Bernardo – marido de Gleisi Hoffmann.

Por Lauro Jardim

Que quarteto

Além de Lula, sabe quem estava em Havana na semana passada para um encontro a quatro com os dois ditadores cubanos Raúl e Fidel? José Dirceu.

Por Lauro Jardim

Ongoing e PT

O grupo português Ongoing está subindo sua aposta na Portugal Telecom. Acaba de fechar um aumento de sua participação na PT de 6,84% para 10,05% do capital tota. Assim, passa a ter uma fatia igual ao dos grupos Espírito Santo e Capital.

O Ongoing fica, portanto, mais forte no Brasil, onde possui diversos jornais, através da Ejesa. Aqui, a PT integra desde janeiro o grupo de controle da Oi.

Por Lauro Jardim

Lattes para todos

Dilma Rousseff declarou de interesse público o acervo arquivístico de César Lattes, um dos maiores físicos brasileiros, morto em 2005.

Por Lauro Jardim

Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial, prestigiou o lançamento do programa de combate à miséria lançado por Dilma Rousseff. Prova de que o americano não guarda mágoa do Brasil. Quando ainda trabalhava no governo dos Estados Unidos, Zoellick foi chamado por Lula de “sub do sub do sub”.

Por Lauro Jardim

Luta pela FAO

A propósito, em campanha para dirigir a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Gaziano da Silva também baixou no Palácio do Planalto – e recebeu uma menção especial de Dilma Rousseff.

Por Lauro Jardim

Estranhos no ninho

O anúncio do programa do governo federal para combater a miséria também serviu de oportunidde para governadores de Oposição demonstrarem disposição de manter boas relações com o Palácio do Planalto. Foram a Brasília participar do evento, por exemplo, Marconi Perillo e Teotônio Vilela.

Por Lauro Jardim

Os integrantes da Executiva Nacional do PDT e da bancada do partido na Câmara decidiram se encontrar para discutir a relação. Em pauta, o debate sobre uma fórmula para melhorar a coordenação entre a atuação dos deputados e as posições da direção do partido.

O bate papo tem a sua razão de ser. Os deputados e Carlos Lupi falaram línguas diferentes, por exemplo, nas votações do salário mínimo e do Código Florestal. Em outro episódio simbólico, Vieira da Cunha votou pela aprovação do requerimento da oposição que tentava convocar Antonio Palocci à Câmara.

Por Lauro Jardim

Joaquim barra posse de Jader

Joaquim Barbosa negou um recurso da defesa de Jader Barbalho para assumir mandato de senador. Os advogados de Jader haviam entrado com um pedido no Supremo, um juízo de retratação, para que o tribunal permitisse a volta de Jader ao Congresso.

Em outubro, ele teve sua eleição impugnada pelo STF com base na Lei da Ficha Limpa. Contudo, o Supremo posteriormente considerou que a lei só tem validade para as eleições de 2012.

Barbosa deu uma decisão técnica para barrar Jader. Disse que não há amparo legal no juízo de retratação. O motivo é que esse tipo de pedido só pode ser usado quando há recurso a ser apreciado pelo tribunal. E, no caso de Jader, ocorreu coisa diversa: a decisão do Supremo que barrou sua candidatura, e que ele quer contestá-la, ainda não foi publicada no Diário Oficial.

Ou seja, Jader, cujos advogados esperavam que pudesse assumir o mandato esta semana, terá de esperar mais – há outros recursos para serem apreciados.

Por Lauro Jardim

Fúria regulatória

De uma só vez, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara resolveu aprovar os projetos que regulamentam as profissões de guarda-vidas, cozinheiro e artesão. A próxima da fila é a proposta para regulamentar as atividades dos “marinheiros de esportes e recreio”.

Por Lauro Jardim

Afasta de mim o Palocci

A Presidência  da República parece ter arranjado um jeito para tentar afastar Dilma Rousseff de Antonio Palocci na cerimônia de lançamento do programa do governo para combater a miséria. No palco montado no Palácio do Planalto, Dilma tinha de um lado Michel Temer. Do outro, não o seu principal ministro, mas José Sarney. Ou seja, a chance de uma foto dos dois lado a lado é nenhuma.

A propósito, Palocci também não escoltou Dilma em sua entrada no salão, como de hábito. Chegou alguns passos atrás, ao lado de Guido Mantega. A cerimônia está repleta de ministros e governadores.

Por Lauro Jardim

Código em marcha lenta

Ambientalistas do Greenpeace têm feito as contas: o Código Florestal só irá à votação no Senado em julho. Essa é a conta da tramitação do projeto passando pelas comissões temáticas (estima-se que três, CCJ, Meio Ambiente e Fiscalização e Controle) até o plenário. É que, ao contrário do que ocorre na Câmara, no Senado não há a figura da comissão especial. A única maneira para que esse tempo seja abreviado é se as comissões temáticas façam reuniões conjuntas. Mas, pela disposição de quem participa das articulações políticas, essa é uma hipótese remota.

Por Lauro Jardim

“Uns tomam éter, outros cocaína. Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria”. Ou: Que médico receitará pílulas de vergonha ao PT?

O senador Humberto Costa (PT-PE) é médico. Para o bem da medicina e dos pacientes, decidiu ser político. Para má sorte da Saúde, já foi ministro da Pasta. Conduziu uma gestão notavelmente desastrada. Hoje, é líder do PT no Senado.

Costa tentou justificar a bagunça protagonizada por Marta Suplicy no Senado (ver posts abaixo) afirmando que a oposição sofre de “síndrome bipolar” e “precisa tomar antidepressivo para se acalmar”. E mandou ver:
“Na fase maníaca, a oposição está pensando que é tão grande quanto foi no passado, e não é. Do lado depressivo, faz a bagunça que fez ontem e ainda quer culpar a base”.

Ele é psiquiatra, o que torna a sua fala particulrmente estúpida, além de eticamente condenável. A bipolaridade é coisa séria, atinge milhões de pessoas e, sem o tratamento adequado, faz muitas pessoas infelizes. Usar doença como metáfora, quando se é médico, vale menos do que o cocô do cavalo do bandido em filme B. Trata-se de um exemplo escandaloso de falta de ética profissional.

Costa ainda acusou um clima de “histeria coletiva” na oposição. Pelo menos daquela caracterizada por Freud, quem mais parecia próxima do quadro, na sessão, era Marta Suplicy. De resto, mesmo sendo ele o psiquiatra, não eu, informo que antidepressivos não são a melhor prescrição para acalmar as pessoas, se é isso o que ele pretendia sugerir.

Em matéria de tomar coisas, prefiro ouvir a voz de outro Pernambucano, o grande poeta Manuel Bandeira:
“Uns tomam éter, outros cocaína./ Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.”
Talvez a oposição devesse até tomar um antidpressivo, a questão é saber que médico há de prescrever algumas drágeas de vergonha ao PT.

Humberto Costa não vale um post, mas Bandeira vale todos. Reproduzo o poema “Não sei dançar”, do livro “Libertinagem”, de 1925, de onde tirei aqueles versos. Há, houve, um Brasil não-boçal. Cumpre recuperá-lo sempre que tivermos oportunidade.

Não sei dançar

Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria…
Abaixo Amiel!
E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.

Sim, já perdi pai, mãe, irmãos.
Perdi a saúde também.
É por isso que eu sinto como ninguém o ritmo do jazz-band.

Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu tomo alegria!
Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda.

Mistura muito excelente de chás…
Esta foi açafata…
- Não, foi arrumadeira.
E está dançando com o ex- prefeito municipal:
Tão Brasil!

De fato este salão de sangues misturados parece o Brasil…
Há até a fração incipiente amarela
Na figura de um japonês.
O japonês também dança maxixe:
Acugêlê banzai!

A filha do usineiro de Campos
Olha com repugnância
Pra crioula imoral.
No entanto o que faz a indecência da outra
É dengue nos olhos maravilhosos da moça.
E aquele cair de ombros…
Mas ela não sabe…
Tão Brasil!

Ninguém se lembra de política…
Nem dos oito mil quilômetros de costa…
O algodão de Seridó é o melhor do mundo?… Que me
importa?
Não há malária nem moléstia de Chagas nem ancilóstomos.

A sereia sibila e o ganzá do jazz-band batuca.
Eu tomo alegria!

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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1 comentário

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, os atuais mandatários do poder, estão revivendo os tempos em que militavam nas “células” dos movimentos, de luta contra a ditadura mas, só no campo musical e a música que mais é lembrada , adivinhe qual é ? ... CÁLICE de Chico Buarque e, o refrão que se transformou num mantra é : AFASTA DE MIM ESSE PALOCCI !! .... “ E VAMOS EM FRENTE ! ! ! “ ....

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