As oposições podem fazer uma grande besteira com os números do Datafolha ou podem ajudar o país. Vamos ver qual será a escolha.

Publicado em 13/06/2011 11:41 e atualizado em 13/06/2011 21:41
do Blog Reinaldo Azevedo (veja.com.br)

As oposições podem fazer uma grande besteira com os números do Datafolha ou podem ajudar o país. Vamos ver qual será a escolha.

A Folha publicou, como vocês viram, pesquisa no domingo sobre o governo Dilma. Em março, consideravam-no “bom ou ótimo”, segundo o Datafolha, 47% dos entrevistados; agora, são 49%, uma oscilação dentro da margem de erro. O jornal insiste em comparar a segunda pesquisa sobre a gestão Dilma com a segunda sobre o primeiro mandato de Lula; por esse critério, ela está sete pontos acima do seu antecessor. Eu insisto em fazer outra comparação: em 20 de dezembro de 2010, a aprovação ao governo Lula era de 83%. Se, na conta da Folha, ela fica sete pontos acima de Lula, na minha, ela fica 34 abaixo. Por que o meu critério me parece mais razoável? Porque dezembro de 2010 está bem mais próximo do eleitor, de todos nós, do que junho de 2003. Mais: como a própria pesquisa deixa claro numa outra questão (já falo a respeito), o eleitor vê o governo como uma continuidade. Mas não é esse aspecto em particular que me traz aqui. Quero tratar de outro assunto: as oposições passaram oito anos reféns do “pesquisismo”. Se caírem de novo na armadilha, podem fechar as portas e brincar de outra coisa. O que quero dizer com isso?

Estaria eu aqui a fazer profissão de fé contra as pesquisas? Eu não!, embora seja essa hoje uma das áreas que mais concentram falsos sábios, mistificadores e larápios. Com alguma lábia, engabelam-se mesmo as pessoas mais inteligentes, especialmente com as chamadas “pesquisas qualitativas”, conhecidas por “qualis”, forma reduzida que já virou um jargão. O chute, a inferência infundada e a interpretação de alcance quase literário são tratados como uma verdadeira categoria de pensamento ou como uma aritmética.

Mas há pesquisas sérias, caro! De que seriedade estou falando? São feitas segundo as técnicas recomendadas pela ciência, e os números apurados não são fraudados. São um importante instrumento de orientação para políticos, empresários, cientistas sociais etc. No caso da política, é preciso saber o que fazer com os dados colhidos. As pesquisas — “quantis” (quantitativas) e “qualis” — respondem, em parte, pelo recuo das oposições em 2005, quando desistiram de levar adiante o que recomendavam o bom senso e a moralidade: o impeachment de Lula. A “aprovação” a seu governo — ou, ao menos, a não-reprovação — levou ao temor de que a jornada pudesse ser impopular e dividir o país. E olhem que não eram números estupendos… Bem, o resto já é história.

O comportamento tímido das oposições, em especial do PSDB, ao longo de oito anos de mandato de Lula sempre foi orientado pelo temor das ruas — “Ah, ele está com o povo; nada o abala; então precisamos ir com muito cuidado”. Destacados líderes do campo adversário sempre o pouparam de críticas, mesmo quando dizia ou fazia as maiores barbaridades — “Cuidado, ele é popular”. Parece-me evidente que a popularidade do governo Dilma, na comparação com a do antecessor, despencou, mas, de fato, ainda é bastante apreciável. Feito o levantamento logo depois da crise que colheu Palocci, avaliam alguns que o caso não mexeu de modo significativo o eleitor, embora existam dados preocupantes para o governo.

Pode-se tomar uma pesquisa como essa como evidência de que a oposição tem de moderar muito a sua linguagem — caso contrário, acabará quebrando a cara num eventual confronto — ou como evidência de que é preciso politizar ainda mais o debate, organizando-se para expor, de modo mais claro, os erros e as ineficiências da gestão. Na primeira hipótese, a ausência de uma crítica mais contundente, por óbvio, acaba sendo um fator que contribui para que a aprovação se mantenha num patamar elevado; na segunda, aposta-se no possível esclarecimento — segundo, claro, a ótima da oposição.

Prestem atenção a um aspecto desse levantamento do Datafolha: Dilma teve uma acolhida de boa parte da imprensa que não foi dispensada a nenhum outro presidente, nem a Lula. Tentava-se criar o mito da Soberana, que apelidei aqui de Rainha Muda, aquela que governa em silêncio, circunspecta, séria, culta, preocupada, cobradora etc. O marketing oficial ganhou o colunismo. A presidente lançou a “segunda fase” do “Minha Casa, Minha Vida” e o tal “Brasil Sem Miséria”… Quem pode assegurar que o caso Palocci realmente foi inócuo no que respeita à popularidade do governo? Ninguém! E eu tendo a achar que não foi. Querem ver?

Consideram que o episódio prejudicou o governo 60% dos entrevistados, e só um terço aprova o comportamento da presidente durante a crise. Para 57%, Dilma conhece, sim, a lista dos clientes de seu ex-ministro (contrariando a verdade oficial): têm essa opinião 56% dos que ganham até cinco salários mínimos; o número salta para 67% na faixa entre cinco e 10% e atinge 80% nos que estão acima dessa faixa. A informação costuma ser diretamente proporcional à renda. Em março, achavam Dilma uma pessoa decidida 79% dos entrevistados; agora, são 62%. A inflação preocupa mais hoje do que há três meses: 51% acreditam que ela continuará a subir — eram 41% em março, quando 43% avaliavam que o poder de compra continuaria a crescer; agora, são apenas 33%.

Lula
Uma última questão a destacar antes que caminhe para o encerramento. Acham que Lula deveria participar das decisões de Dilma nada menos de 64% dos entrevistados. Surpreendente? Não! O eleitor vê o governo como o terceiro mandato dos petistas — afinal, quem foi o fiador da “mulher da Lula”? Parece-me que aí está a evidência de que é um erro comparar a popularidade de Dilma com a de igual período de seu antecessor… em 2003! O Lula que elegeu Dilma é aquele que governava em 2010.

A presidente tem uma pedreira pela frente. A infraestrutura basileira, no ritmo em que vai, caminha para o colapso. Relatório do TCU (ver posts abaixo) indica que os petistas são ruins de serviço, como atestam, diga-se, portos, aeroportos e estradas. As obras da Copa do Mundo estão paradas, e se considera que só podem ser tocadas ao arrepio da Lei de Licitações. Vem um embate por aí no Congresso. É a incompetência de antes que pede uma lei de exceção.

O papel cívico da oposição é lutar para o Brasil dar certo. O Brasil só dará certo com democracia, confronto de idéias e denúncia dos malfeitos e da incompetência. Para aplaudir, já existem os governistas. Se vocês notarem bem, até eles estão bastante hesitantes… Sabiam bater bumbo com 83%; com 49%, já acham que é o caso de tomar certos cuidados.

Por Reinaldo Azevedo
O PM, o Partido da Marina, busca uma barriga de aluguel; a alternativa é criar um novo partido

O Estadão Online trouxe na noite deste domingo — e, acredito, a versão impressa deve publicá-la nesta segunda — reportagem de Fernando Gallo segundo a qual Marina Silva e o grupo de “marineiros” (não escrevo essa palavra sem certo constrangimento… alheio) já estão praticamente fora do Partido Verde. A razão é simples: o PV insiste em não ser o PM, o Partido da Marina. Onde já se viu? Vamos devagar aí… Existe a democracia ocidental, e existe a “democracia da floresta”. Essa vertente nativa troca um Clístenes e um Péricles pela sabedoria natural do espírito da mata, que, pelo visto, é aristocrática — com direitos ancestrais herdados — e ditatorial, como costuma ser a ordem da… natureza! Nesse arranjo, partido em que Marina esteja tem de ser comandado por… Marina, ora essa!

A ex-senadora e os “marineiros” não decidiram ser parte do PV; o PV é que deveria ser uma fração do marinismo. Informa a reportagem do Estadão:
“O grupo retarda o anúncio porque estuda os próximos passos a dar. No momento, a tendência mais provável é a criação de um novo partido, mas outras hipóteses são consideradas. Isso porque não há tempo hábil para fundar uma nova sigla a tempo de participar das eleições municipais de 2012 - a lei exige filiação mínima de um ano aos futuros candidatos. Outro problema seria a falta de bons palanques nos Estados para Marina em 2014, problema já sentido dentro do PV, na eleição de 2010. Por outro lado, a migração para outra legenda é improvável, uma vez que o grupo teme que situação análoga à guerra hoje deflagrada no PV possa se repetir. Ainda assim, assessores de Marina fizeram circular no mês passado rumores de que a ex-senadora teria se aproximado do PPS.”

Deixariam também o PV Fábio Feldmann, candidato ao governo de São Paulo em 2010; o empresário Guilherme Leal, candidato a vice na chapa de Marina, e João Paulo Capobianco, que foi secretário executivo do ministério do Meio Ambiente.

Segundo entendi, há uma candidatura à Presidência da República em busca de um partido. É… Faz sentido. Marina já está em campanha eleitoral faz tempo. Começou ainda no segundo turno das eleições do ano passado. No momento, seu cavalo de batalha é o Código Florestal. Marina quer porque quer dar uma rasteira na produção agropecuária brasileira — e conta, como contou no ano passado — com o apoio entusiasmado de setores importantes da imprensa, que não cansam de divulgar números errados sobre os hectares produtivos existentes no Brasil.

Marina, vá lá, exibe seu lado admirável. Poucas pessoas têm um abordagem tão autoritária do processo político e despertam, ao mesmo tempo, tanta simpatia. Não deixa de ser um talento…

Por Reinaldo Azevedo

13/06/2011

 às 6:45

A fraude do PAC agora em números do Tribunal de Contas da União

Pronto! O TCU tem os números sobe o PAC. Venho afirmando aqui há tempos que daquele 1 milhão de casas que Lula prometeu entregar, 800 mil ficaram para Dilma, que prometeu mais 2 milhões até 2014. Pois bem, fui injusto. A sobra não era de 800 mil casas, mas de 762 mil!!! Isso quer dizer que Dilma tem de entregar, nos próximos três anos e meio, 2,762 milhões de casas. Vocês acham que ela consegue? Juntando saneamento, habitação popular e recursos hídricos, acreditem!, o governo Lula-Dilma (ela era a comandante) realizou apenas 10% do permitido!

Leiam abaixo trecho de reportagem da Folha sobre as realizações do PAC, segundo o que vai no relatório do TCU.

Áreas sob gestão exclusiva do governo vão pior no PAC

Por Dimmi Amora:
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) concluiu apenas metade do que estava previsto em seu lançamento nas áreas em que os recursos eram aplicados pelo governo ou por estatais. É o que aponta o TCU (Tribunal de Contas da União) em seu relatório sobre as contas do governo de 2010. Segundo o TCU, a média de execução orçamentária do programa chegou a 88%, mas esse percentual só foi alcançado por causa do desempenho do setor privado, que superou o previsto.

De acordo com o órgão, em três setores (saneamento, habitação popular e recursos hídricos) o PAC- programa gerenciado em quase todo o governo passado pela atual presidente, Dilma Rousseff - concluiu menos de 10% do previsto. Quando o programa é dividido por áreas, apenas 4 entre as 16 conseguiram finalizar 2010 com desempenho acima do previsto (…).
(…)
A análise específica desse programa [Minha Casa, Minha Vida] mostra que o governo conseguiu chegar à meta de 1 milhão de contratos. Ainda assim, só 238 mil unidades ficaram prontas - das quais 92 mil são para famílias que recebem até três salários mínimos.

O relatório também mostra que os problemas que o país vive com aeroportos poderiam ter sido resolvidos pelo PAC, em 2007. Dos R$ 3 bilhões para reformas no setor, apenas 10% tinham gastos encerrados em 2010. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
MP da Copa será o próximo embate no Congresso

Por Eduardo Bresciani e Denise Madueño, no Estadão:

Projetos polêmicos e de interesse do governo no Congresso esperam a nova ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Ao mesmo tempo em que terá de construir um diálogo com os líderes aliados e acalmar a bancada do PT na Câmara - em crise com a disputa frustrada pela indicação do titular para o cargo ocupado por Ideli -, a ministra enfrentará nesta semana um primeiro teste na Casa, com a votação da proposta de novas regras de licitação para as obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas.

Na articulação pela aprovação da proposta, Ideli terá de tratar diretamente com o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), ele próprio um ex-candidato ao Ministério de Relações Institucionais.

Sistema integrado. O governo e a oposição vão para o embate. Esse novo regime de contratação de obras foi incluído em uma medida provisória para cortar caminho de tramitação no Congresso, e entrará em votação na quarta-feira.A oposição quer derrubar o principal da proposta: o sistema integrado, no qual a empresa fica responsável por todas as etapas das obras, desde a elaboração do projeto básico.

Na lista dos passivos a serem resolvidos em breve no Legislativo, a ministra terá de convencer os senadores a fazer alteração no texto do Código Florestal, aprovado pela Câmara, e evitar a votação do projeto de regulamentação dos gastos da União, dos Estados e dos municípios com ações de saúde, sem a criação de uma nova CPMF - o extinto imposto do cheque -, como querem os deputados.

Medidas provisórias. Outra missão da ministra será barrar a volta ao plenário da proposta de criação de um piso salarial nacional para os policiais militares, civis e bombeiros - a chamada PEC 300 ou PEC dos policiais.

Ideli terá ainda o desafio de evitar a proposta, em discussão no Senado, que muda as regras de edição de medidas provisórias, tirando poderes da presidente. O texto, elaborado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) e aprovado por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça da Casa, permite que uma MP seja derrubada por uma comissão temática, antes mesmo de ir ao plenário do Congresso.

Por Reinaldo Azevedo
Endividado, PT quer impor taxa a filiados. Eu tenho uma idéia!

O PT, vocês verão abaixo, está endividado. Ô dó! Eu tenho uma idéia para resolver o problema do partido e a ofereço de graça. Vamos ver

Por Bernardo Mello Franco, na Folha. Retomo depois:
Com rombo nas contas estimado em R$ 42,7 milhões, o PT quer reforçar o caixa com a criação de uma taxa única obrigatória, a ser cobrada de todos os filiados que não ocupam cargos públicos. A proposta está no anteprojeto de reforma do estatuto petista, que começou a circular entre os militantes na última sexta-feira. A idéia é impor uma taxa de mesmo valor a todos os filiados, sem considerar ocupação ou nível de renda. Hoje, a contribuição é proporcional ao salário que cada um declara receber.
(…)
O PT tem cerca de 1,4 milhão de filiados. Se a taxa for equivalente a 1% do mínimo (R$ 65,40 por ano, sem o 13º), a arrecadação extra chegaria a R$ 91,5 milhões anuais -mais que o dobro da dívida atual do partido. No entanto, os dirigentes acreditam que o número de doadores reais não deve ultrapassar os 500 mil, já que a maioria dos filiados ignora a obrigação de ajudar a sigla. Além da taxa única, o PT manterá o “dízimo” cobrado de militantes que ocupam cargos públicos eletivos ou comissionados. Aqui

Voltei
A minha idéia é simples. Petistas que tenham consultoria transferem 50% dos seus ganhos ao partido. Que tal? Palocci, sozinho, dava conta da dívida inteira em pouco tempo.

Por Reinaldo Azevedo
É dando que se recebe - Ideli Salvatti promete liberar verba para emendas, mas avisa a aliados que número de cargos é limitado

NO Globo:
A nova articuladora política do governo, a petista catarinense Ideli Salvatti, parece disposta a deixar no passado a sua fama de trator. Focada na missão recebida pela presidente Dilma Rousseff de pacificar o PT e garantir uma interlocução mais eficiente do Planalto com a base aliada, não perdeu tempo. Seu primeiro telefonema, após receber o convite para a Secretaria de Relações Institucionais, foi para o vice-presidente Michel Temer, do PMDB, com quem pretende ter sua primeira reunião logo após ser empossada nesta segunda-feira. Também já estabeleceu contato com o presidente do PT, Rui Falcão. Ideli afirma que vai acelerar as nomeações de segundo e terceiro escalões, mas avisa que não há espaço para todos no governo. Também promete a liberação da segunda etapa de emendas parlamentares, que soma R$ 250 milhões. Tranquiliza a oposição e quem teme a “braveza” das novas integrantes da equipe palaciana, o que inclui a petista paranaense Gleisi Hoffmann. Garante que todas nunca perderão o lado “mãezona”.

O que precisa mudar na articulação política do governo?
IDELI SALVATTI: A maior parte das reclamações é no sentido de que as conversas acontecem, mas os resultados não se concretizam. Vamos nos dedicar, neste primeiro momento, de, efetivamente, concretizar o que é possível. Até porque todos têm o entendimento de que nem toda demanda, expectativa ou desejo será realizado.

A senhora se refere às nomeações para o segundo e terceiro escalões e à liberação de emendas?
IDELI: Tivemos aquela primeira etapa daqueles recursos que a presidente anunciou na marcha dos prefeitos, que já se concretizou. Agora nós temos a segunda parte, cerca de R$ 250 milhões. O ministro Luiz Sérgio (seu antecessor, que ficará em seu lugar no Ministério da Pesca) me disse que os limites para os ministérios já estão engatilhados, para a liberação das emendas dos parlamentares.

As nomeações serão aceleradas?
IDELI: A prioridade vai ser essa, tudo que estiver pronto deve ser concretizado.

A presidente Dilma está disposta a participar desse novo modelo de articulação política?
IDELI: A presidente já vem fazendo isso. Estão faltando apenas duas bancadas do Senado para ela receber, a do PR e a do PP. Depois, ela vai fazer isso também com a Câmara, talvez com um desenho um pouco diferente, pelo tamanho de algumas bancadas. Sinto da parte da presidente vontade de continuar a estreitar sua relação com os partidos.

Qual o papel do vice-presidente Michel Temer nesse processo?
IDELI: A primeira pessoa para quem liguei após o convite, que a presidente oficializou na sexta-feira, foi exatamente o vice-presidente Michel Temer. Já combinamos uma primeira conversa. Primeiro o vice-presidente, depois o Senado e a Câmara. Esta minha primeira semana será de oficializar o pedido de ajuda e colaboração, de abrir portas, para termos trânsito e constituirmos uma interlocução mais próxima da base com o governo.

Qual a sua opinião sobre a atuação do PT no episódio que culminou com a saída de Antonio Palocci da Casa Civil e com a troca de ministros na Secretaria de Relações Institucionais?
IDELI: Todos os partidos têm as suas disputas de espaço. Alguns deixam isso mais público, outros menos. Vamos constituir com o PT uma forma de diálogo. Não tem espaço para todos. Teremos de ter capacidade política para organizar a fila. Já tive uma conversa sobre isso com o Rui Falcão.

Com o racha do PT, o PMDB ganhou força e busca aumentar seu poder de influência dentro do governo. Isso preocupa?
IDELI: O PMDB é governo, está na Vice-Presidência da República, tem a responsabilidade de contribuir, de forma efetiva, para que o governo, que é da Dilma e do Temer, dê certo. Tenho a clareza de que vou poder contar com o PMDB. Inclusive para poder distensionar qualquer problema na base. O PT e o PMDB têm papel-chave na harmonia da coligação.

Será montada uma espécie de conselho político, ainda que informal, que possa atuar especialmente nos momentos de crise?
IDELI: Vivenciamos uma situação em que havia uma concentração de expectativas no papel de Palocci. A forma como a própria presidente também articulava, no sentido de Palocci acompanhar a maior parte das agendas, dava uma baixa operacionalidade. Esse formato, por si só, já dificultava. Havia momentos em que precisávamos falar com Palocci, mas conseguíamos às 22h. Isso foi modificado com esse redesenho. Segunda-feira, às 8h30m, Gilberto (Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República), Gleisi e eu vamos nos reunir para combinarmos a dinâmica desse novo modelo.

Com as mudanças, o governo Dilma ficou mais com a cara dela, até pelo perfil das mulheres que ela escolheu para compor a sua nova equipe palaciana. Isso assusta os homens?
IDELI: Os homens não têm o direito de se assustar com mulher (risos). Eles sabem muito bem, até porque todos eles respeitam suas respectivas mães, que mulher tem essa sensibilidade, quando precisa ser dura é dura, quando precisa ser carinhosa é carinhosa. Diferentemente de boa parte dos homens, conseguimos não só fazer várias coisas diferentes ao mesmo tempo, como também fazemos de forma diferente várias coisas.

É correto dizer que a presidente, ao escolher sozinha seus novos ministros, reforçou sua autoridade e sinalizou que não cederá a pressões ou ameaças da base?
IDELI: A presidente Dilma já demonstrou, durante o período em foi ministra de Minas e Energia, em seguida, depois, na Casa Civil e agora que não titubeia em exercer a sua liderança e o seu comando. Quando ela está efetivamente convencida, age. A surpresa é a preocupação demonstrada por ela em como reduzir danos, em evitar injustiças que poderiam estar sendo cometidas com as pessoas. Aí entra a feminilidade, o jeito feminino de fazer. Ela é líder, comanda, mas não deixa de ser mãezona.

A interferência do ex-presidente não abre espaço para especulações sobre uma possível volta de Lula em 2014, o que abortaria uma reeleição da presidente?
IDELI: Não vejo dessa forma. Primeiro, porque acho que a eleição da presidente Dilma deixou clara a aprovação de um projeto que foi construído em conjunto por Lula e Dilma. Ele reconhece o papel que Dilma teve nesse projeto e tem dado apoio integral às ações da presidente. Além disso, ele já colocou de forma clara o processo de reeleição da presidente Dilma em 2014. Tenho convicção de que as tarefas do ex-presidente Lula e da presidente Dilma estão muito claras. 
Aqui

Por Reinaldo Azevedo
A vanguarda do retrocesso - Dilma cede a pressões de Collor e Sarney e agora quer manter sigilo eterno de documentos

Por Eduardo Bresciani, no estadão:
A presidente Dilma Rousseff vai patrocinar no Senado uma mudança no projeto que trata do acesso a informações públicas para manter a possibilidade de sigilo eterno para documentos oficiais. Segundo a nova ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o governo vai se posicionar assim para atender a uma reivindicação dos ex-presidentes Fernando Collor (PTB-AL) e José Sarney (PMDB-AP), integrantes da base governista.

A discussão sobre documentos sigilosos tem como base um projeto enviado ao Congresso pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2009. No ano passado, a Câmara aprovou o texto com uma mudança substancial: limitava a uma única vez a possibilidade de renovação do prazo de sigilo. Com isso, documentos classificados como ultrassecretos seriam divulgados em no máximo 50 anos. É essa limitação que se pretende derrubar agora.

“O que gera reações é uma emenda que foi incluída pela Câmara. Vamos recompor o projeto original porque nele não há nenhum ruído, nenhuma reação negativa”, disse Ideli ao Estado.

Acatar a mudança defendida pelos ex-presidentes é a forma encontrada para resolver o tema, debatido com frequência no Senado desde o início do ano. O governo cogitou fazer um evento para marcar o fim do sigilo eterno - Dilma sancionaria a lei em 3 de maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

Temerário
O desfecho não foi assim por resistência de Collor. Presidente da Comissão de Relações Exteriores, ele decidiu relatar a proposta e não deu encaminhamento ao tema. No dia 3 de maio, o ex-presidente foi ao plenário e mandou seu recado ao Planalto ao classificar de “temerário” aprovar o texto como estava. “Seria a inversão do processo de construção democrática.”

Desde então, a votação vem sendo adiada repetidas vezes. Na semana passada, Dilma almoçou com a bancada do PTB no Senado. Na ocasião, Collor teria manifestado sua preocupação sobre o tema e exposto argumentos contrários ao fim do sigilo.

O senador Walter Pinheiro (PT-BA), que relatou o projeto na Comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicação e é contra o sigilo eterno, vai procurar Ideli nesta semana para tratar do tema. “Estamos propondo acesso a informação de fatos históricos. Você vai abrir comissão da verdade para discutir o período da ditadura e não pode ter acesso às verdades históricas no Brasil?” Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Apoio a bombeiros reúne 20 mil no Rio

Por Denise Menchen e Damaris Giuliana, na Folha:
Servidores de diversas categorias do funcionalismo no Rio participaram ontem da passeata em favor da anistia dos 429 bombeiros e dois policiais militares denunciados por motim e danos materiais após invasão do quartel central da corporação, no dia 3. O perdão criminal e administrativo é a principal reivindicação do grupo, que foi libertado no sábado após habeas corpus da Justiça. Segundo a PM, a manifestação reuniu cerca de 20 mil pessoas. Além dos bombeiros, médicos, professores e policiais militares levaram faixas cobrando melhores condições de trabalho. A manifestação começou em frente ao hotel Copacabana Palace e terminou a cerca de três quilômetros dali.

“Viemos para cá para prestar solidariedade aos bombeiros e dar visibilidade ao nosso movimento, porque o governador parece que não nos enxerga”, disse o professor de matemática Samuel Silva, de São João do Meriti (Baixada Fluminense). Em greve desde o dia 7, os professores estaduais querem reajuste de 26%. Os microfones também anunciaram o apoio de bombeiros de São Paulo, Santa Catarina, Amazonas, Sergipe e Distrito Federal, além de Argentina e Estados Unidos. Matias Americo Montecchia, da Escola de Guarda Vidas de Mar del Plata (Argentina), disse ter vindo ao Rio especialmente para a passeata: “É uma vergonha o salário dos bombeiros aqui”, disse. O piso bruto é de R$ 1.031. Moradores que foram aproveitar o dia de sol na orla também aderiram ao ato -muitos circulavam com uma fita vermelha no braço, na bicicleta ou no skate.

À noite, o governo informou em nota que o governador Sérgio Cabral (PMDB) enviará mensagem à Assembleia Legislativa propondo que 30% do valor do Fundo Especial do Corpo de Bombeiros, arrecadado com a taxa de incêndio, seja usado no pagamento de gratificações. O fundo, que arrecadou R$ 110 milhões em 2010, hoje é destinado à manutenção e aquisição de equipamentos, assistência médica e social e treinamento de pessoal. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Escândalo ameaça extrapolar Campinas e chegar ao governo federal e ao PT

Por Fernando Gallo, no Estadão:
O escândalo no qual está imersa a cidade de Campinas (SP) ameaça extrapolar o âmbito regional com um novo flanco de investigação do Ministério Público. Os promotores da cidade decidiram investigar toda a área de publicidade da prefeitura, inclusive a da Sanasa, a empresa de saneamento da cidade, onde a apuração do MP teve origem. Os personagens que estão sob a mira do Ministério Público têm ligações com o governo federal e com o PT.

Sob o olhar dos promotores estão o publicitário Dudu Godoy, marqueteiro de Lula em 1998 e responsável pela conta publicitária da Prefeitura de Campinas, e outros dois empresários de comunicação investigados em supostas fraudes que envolveram o petismo: Giovane Favieri e Armando Peralta Barbosa. A produtora da dupla foi a que oficialmente fez a campanha de TV e rádio de Dr. Hélio na campanha de 2004.

O Ministério Público de Campinas vai investigar os contratos de Godoy com a prefeitura. Além disso, vão averiguar se Favieri e Peralta têm ou tiveram contratos com a prefeitura e se estiveram envolvidos em fraudes na gestão Dr. Hélio.

A história dos três remonta ao governo de Zeca do PT, em Mato Grosso do Sul, onde atuaram no fim da década de 90 e começo dos anos 2000. Favieri e Peralta prestavam serviços de publicidade ao governo por meio de uma empresa da qual são sócios, a NDEC. Dudu Godoy foi secretário de Comunicação nos dois primeiros anos do governo de Zeca.

Os donos da NDEC são réus em dois processos no Estado em que são acusados pelo Ministério Público de participação em um esquema que teria desviado R$ 30 milhões dos cofres sul-matogrossenses por meio da publicidade estata.l Segundo a Promotoria, a NDEC intermediava a venda, para o governo, de notas fiscais de serviços superfaturados ou de serviços que sequer foram realizados.

A investigação do MP, relativa aos anos de 2005 e 2006, não abrange o período em que Dudu Godoy foi secretário de Comunicação do Estado. No entanto, em março deste ano, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a intimação de Godoy, pedida pela Procuradoria-Geral da República, para que seja ouvido sobre o suposto esquema. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Dilma reconhece a grande obra de FHC, e eu reconheço a grande fraude do PT

O site criado em homenagem aos 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (www.fhc80anos.com.br) traz mensagens de várias personalidades brasileiras e estrangeiras, entre intelectuais, políticos, artistas etc, que saúdam o legado do político e do sociólogo. A presidente Dilma Rousseff enviou o seguinte texto. Leiam. Volto depois.

“Em seus oitenta anos há muitas características do Senhor Presidente Fernando Henrique a homenagear.
O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica.
Mas quero aqui destacar também o democrata. O espírito do jovem que lutou pelos seus ideais, que perduram até os dias de hoje.
Esse espírito, no homem público, traduziu-se na crença do diálogo como força motriz da política e foi essencial para a consolidação da democracia brasileira em seus oito anos de mandato.
Fernando Henrique foi primeiro presidente eleito desde Juscelino Kubitschek a dar posse a um sucessor oposicionista igualmente eleito.
Não escondo que nos últimos anos tivemos e mantemos opiniões diferentes, mas, justamente por isso, maior é minha admiração por sua abertura ao confronto franco e respeitoso de idéias.
Querido Presidente, meus parabéns e um afetuoso abraço!”

Dilma Rousseff”
Presidenta da República Federativa do Brasil”

Voltei
Estive na festa de aniversário de Fernando Henrique na sexta-feira, num jantar promovido por seus amigos e admiradores na Sala São Paulo. Ele completa 80 anos no próximo sábado, dia 18 de junho. Lá estavam pessoas das mais variadas idades, profissões e visões de mundo. O que as unia era o reconhecimento da grande obra de FHC, muito bem sintetizada, sim, na carta de Dilma: “acadêmico inovador, político habilidoso e ministro-arquiteto de um plano duradouro da saída da hiperinflação”.

FHC fez um breve discurso de agradecimento. Mostrou-se grato aos amigos, à sorte, ao país e exaltou a alegria de viver. Deixou clara a sua disposição de continuar lutando por suas idéias e por um Brasil melhor e mais justo. A noite celebrava a generosidade, a tolerância, a civilidade. Creio, e não vou especular sobre motivações subjetivas, que o ex-presidente tenha ficado satisfeito com a mensagem de Dilma. Uma figura bastante graduada do petismo reconhece, enfim, apesar das divergências, a obra de um adversário político. Só cabe ao homenageado reagir de bom grado.

O assunto principal deste blog é política. Se não cabe a FHC contrastar o conteúdo da mensagem da “presidenta” com a pregação histórica do PT, cumpre a este blog fazê-lo porque é sua tarefa ler a manifestação à luz da história e da forma como se constituiu e se constitui o petismo.

Não há que tenha tido a sua obra tão vilipendiada, tão agredida, tão covardemente desconstruída — ao menos é essa a tentativa — como FHC. E os agentes desse trabalho de reconstituição vigarista do passado são os petistas. Na luta cotidiana, nas disputas eleitorais, sempre foram muito além das “divergências” de que fala Dilma. O “arquiteto” do Real jamais teve a sua obra reconhecida. Ao contrário: criou-se a fantasia estúpida de que mesmo o plano que livrou o Brasil do buraco era parte de uma outra arquitetura: a do “neoliberalismo”, a da “privataria”, a das ações concertadas contra os interesses do povo.

Os petistas venceram três eleições com esse discurso. Reitero: FHC tem de ficar feliz, sim, porque mesmo aqueles que tentaram enxovalhar a sua biografia ensaiam um movimento de retorno. O decoro do homenageado é um. O nosso aqui há de ser outro. Por isso peço que vocês assistam a este vídeo. Volto para encerrar.

Voltei
Eis o PT em campanha. Esse é o discurso que pauta a luta política dos companheiros há muitos anos. Dilma falou a verdade na mensagem enviada ao ex-presidente, mas seu partido — e seus candidatos — tem feito da mentira um método. Sete meses depois dessa fala na televisão, a agora presidente decidiu privatizar os aeroportos. O que teria sido a melhor escolha há alguns anos torna-se agora a única saída. Não poderia ser diferente. O substrato da fraude política é a fraude intelectual.

Saúdo  o bom senso de Dilma Rousseff quanto a este particular — ao menos até a próxima eleição… Aí tudo volta ao normal. Parece que o PT considera que a verdade é incompatível com a disputa política.

Por Reinaldo Azevedo
“Daqui pra frente, tudo vai ser diferente…”

Aqui e ali, na imprensa amiga, já se lê e se ouve gente cantando esse refrãozinho para se referir ao governo Dilma Rousseff. Seria um recomeço, uma largada para valer, fora da tutela de Lula, que estaria a lhe fazer sombra e de cuja “proteção” frondosa ela tentaria fugir. A criatura, enfim, a exemplo do que ocorre na literatura, teria decidido se libertar de seu criador — ou , no caso, ao menos emular com ele. Bem, ninguém sensato aposta 10 centavos que a iniciativa possa ser bem-sucedida.

Dilma, de fato, deu um chega pra lá no PT. As alas do Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara, e de Candidato Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Casa, tinham chegado a uma espécie de acordo: o deputado Arlindo Chinaglia (SP) assumiria a liderança, e Vaccarezza iria para o lugar de Luiz Sérgio, nas Relações Institucionais. Antes mesmo que dissesse “não” aos petistas, Dilma garantiu à cúpula do PMDB — Michel Temer, o vice-presidente, e José Sarney, presidente do Senado — que não seria daquela maneira. Dilma entendeu que era uma imposição.

E foi aí que ela resolveu escolher Ideli Salvatti para cuidar da articulação política.  Dilma, que vivia sob uma espécie de tutela de Antonio Palocci — todos sabem que o homem forte do governo era ele —, resolveu que não seria tutelada pelo partido. Muito bem! Há quem veja nisso um ato de coragem, ousadia e destemor. Ela estaria, enfim,  em busca de uma identidade política, e o movimento se dá no momento em que seu antecessor está mais buliçoso do que nunca.

Até aí, muito bem! O esforço para ter a sua própria cara e para ganhar autonomia política tem seu aspecto louvável. Mas será mesmo com essas personagens? O principal problema de Gleisi Hoffmann na chefia da Casa Civil é não ter biografia, e o principal problema de Ideli Salvatti na coordenação política é tê-la. Os criadores de mito já inventaram para Gleisi o figurino da dama de ferro, o “trator”, aquela que faz acontecer, repetindo mistificação criada sobre Dilma Rousseff. A infraestrutura que temos, que ficou a cargo da então ministra, não deixa a menor dúvida sobre a competência de Dilma, não é? Perguntem aos portos, aeroportos e estradas. Gleisi disse que será “a Dilma da Dilma”. O problema não é esse, não! A questão é saber quem será o “Lula da Gleisi” — e, já está dado, não será… Dilma!

Não há um só motivo, por pálido que seja, para que algo que vinha bastante claudicante e sem novidades com Palocci ganhe dinamismo com uma ministra inexperiente e com outra experiente demais… em criar dissensos. De uma se diz ser um “trator”; a outra costumava se comportar como “tanque de guerra”. Governos requerem certa engenharia de precisão, não é?, máquinas um pouco mais sutis, de manejo mais sofisticado. Ademais, o espírito que dá vida a essa arquitetura, já comentei aqui, é uma fantasia do marketing.

O sexo dos ministros de estado é, ou deveria ser, irrelevante. A frase é a seguinte: se Dilma quer operar no regime de cotas, ainda há poucas mulheres no seu governo; se esse critério se antepõe à competência, então há mulheres e homens demais. Para quem não entendeu o que escrevi, uma última chance: se competentes, os 33 ministros (ou pessoas com esse status) podem ser mulheres ou homens, e o número será justo. Em suma, essa questão é uma besteira, mas, de algum modo, ajuda a pautar escolhas.

A confiança é importante num governo. Ontem à noite, políticos de todos os lugares do Brasil, da oposição e da situação, reuniram-se em Brasília, na festa de casamento de Mariana Brennand Fortes e Flávio Marques da Silva. Até José Dirceu estava lá. Mariana é filha do ex-senador Heráclito Fortes (DEM-PI) — que mantinha, diga-se, embates memoráveis com Ideli Salvatti no Senado. O assunto do casamento era um só: o “novo” ministério de Dilma, com destaque para a escolha da “musa” de Heráclito para a coordenação política. Os mais perplexos eram os governistas.

“Daqui pra frente tudo vai ser diferente”?

Olhem, meus caros, eu não consigo ver virtudes numa “solução” cujo grande mérito está em fazer um monte de derrotados na suposição de que, assim, quem ganha é a presidente. E um dos trunfos de sua vitória é Ideli Salvatti. No terreno puramente especulativo, a gente pode dizer que é tão exótico que pode até ser que dê certo. O problema é que os petistas são os primeiros a apostar que vai dar errado.

Por Reinaldo Azevedo

O “Brasil Sem Miséria” de Dilma é logicamente miserável!

O “Brasil Sem Miséria”, embora seja só um subproduto do Bolsa Família, virou a marca publicitária da presidente Dilma Rousseff. É o seu Fome Zero. Hoje, no programa semanal de rádio, a mandatária disse algo realmente fabuloso para quem aprecia a lógica. Leiam:
“Os empresários vão ser parceiros do ‘Brasil sem Miséria’. Os supermercados, por exemplo, se comprometeram a contratar pessoas que recebem o Bolsa Família, como caixas, empacotadores, auxiliares. Estamos finalizando também um acordo com a Associação Brasileira de Supermercados para que eles comprem alimentos: frutas, verduras, grãos, leite, direto da Agricultura Familiar, e vendam nos supermercados”.

Ou ando com o juízo perturbado, ou a contratação de “pessoas que recebem o Bolsa Família” como uma norma significaria a não-contratação de quem não recebe, certo? Uma vez contratado o assistido, ele deixaria de receber o benefício, espero, já que, o supermercado em questão vai lhe pagar um salário acima do valor de corte para a concessão da bolsa.

A menos que os empresários abram vagas SUPLEMENTARES para os beneficiários do Bolsa Família, o que Dilma está anunciando é que estes teriam uma espécie de cota na disputa pelo mercado de trabalho privado, em detrimento de quem não tem bolsa, de sorte que a “generosidade” das empresas e do governo seria feita com a sorte de brasileiros também pobres, que deixariam de ser contratados porque ainda não teriam atingido aquele estágio da pobreza que os faz dignos de um benefício.

Trata-se, realmente, de uma visão muito progressista de Brasil!!!

Por Reinaldo Azevedo
Sarney quer continuar um “senhor das feridas”

“Documentos históricos, que fazem parte da nossa história diplomática, da nossa história do Brasil, que tenham articulações como Rio Branco teve que fazer muitas vezes, nós não podemos revelar esses documentos senão vamos abrir feridas”.

“Eu tenho muita preocupação que hoje nós tenhamos a oportunidade de abrir questões históricas que devem ser encerradas para frente no interesse nacional. Nós devemos olhar o Brasil. Ultimamente, todos nós nos acostumamos a bater um pouco no nosso país. Vamos amar o nosso país e preservar o que ele tem”.

As boçalidades acima foram ditas hoje pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que, em companhia de Fernando Collor (PTB-AL), quer impedir o fim do sigilo eterno de documentos que digam respeito à história do Brasil.

Por alguma razão, Sarney acredita que a revelação da verdade sobre, sei lá, a incorporação ao Acre ao território brasileiro ou a guerra do Paraguai pode diminuir o amor que temos pelo Brasil. Trata-se de uma cretinice, de uma visão reacionária de história, à qual o PT, que já foi defensor do fim do sigilo eterno, está aderindo alegremente. É um destino: cedo ou tarde, esse partido condescende com tudo o que não presta. Caberá, agora, a Ideli Salvatti, a nova especialista na história do “é dando que se recebe”, cuidar do assunto.

Com a elegância teórica que a notabilizou.

Por Reinaldo Azevedo

Collor e Dirceu

No faustoso casamento da filha de Heráclito Fortes, anteontem em Brasília, deu-se um afetuoso encontro político. De um lado, Fernando Collor; do outro, José Dirceu. Na saída da festa, Collor, que já havia entrado em seu Citröen C5 com motorista e segurança, viu Dirceu aproximar-se e saiu do carro. Deu um fraterno abraço em Dirceu e conversaram por uns bons minutos.

Por Lauro Jardim
SOS abelhas

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara resolveu dar uma forcinha às abelhas. Aprovou um projeto que declara como “especialmente protegidas” as espécies que forem identificadas como polinizadoras de vegetais usados na agricultura e ajudem a recuperar áreas degradadas ou na manutenção de ecossistemas. Segundo a proposta, os crimes ambientais contra espécies consideradas “especialmente protegidas” devem ter uma pena maior.

Por Lauro Jardim
Uma concorrência que vai dar o que falar

O resultado da maior concorrência de conta de publicidade do governo Dilma Rousseff até agora será conhecido amanhã em clima de temperatura máxima. Os envelopes da conta do Banco do Brasil – 420 milhões de reais por ano – serão abertos amanhã, às 10h. Na disputa, 21 agências, incluindo as duas que detêm a conta hoje, a Master e a Artplan. Só que na sexta-feira, todas as agências que integram a concorrência receberam um e-mail apócrifo com o suposto resultado da licitação. Ou mais especificamente com os conceitos das três campanhas que teriam sido escolhidos. Um deles, “É diferente, é todo seu”, seria o da Artplan, que teria recebido a segunda maior nota técnica.

Por Lauro Jardim
O novo jogo de Dilma

Dilma Rousseff reembaralhou as cartas do seu governo, botou um novo jogo na mesa. Só que os outros jogadores (e os brasileiros) ainda não sabem o que ela fará com as cartas que ainda têm nas mãos. A partir de amanhã, Dilma terá obrigatoriamente que preencher não só cargos que os sempre esfomeados aliados reclamam, mas as expectativas criadas por sua atuação na crise que abateu o governo há um mês.

Há nos bastidores uma ofensiva entre os fieis aliados de Dilma (sim, eles existem). A ideia central é convencer os formadores de opinião e a diminuta parcela da população que lê jornais que Dilma retomou as rédeas do governo, deu um chega para lá em petistas e peemedebistas afoitos e até em Lula.

Faz parte também desse trabalho calculado insistir também que Dilma tem gosto, sim, pela política – não pela política miúda, da conversinha ao pé do ouvido com políticos, mas pela estratégia política. Invariavelmente, como se a história se repetisse, lembram também que o governo Lula só ganhou seu rosto definitivo depois das crises que levaram o ex-trio todo-poderoso formado por Antonio Palocci, José Dirceu e Luiz Gushiken à lona. O renascimento de Dilma, por essa visão chapa-branca, estaria garantido como que por encanto.

No mundo real, as coisas não são exatamente assim. Em primeiro lugar, se é verdade que Dilma Rousseff bancou, sim, duas ministras importantes contra a vontade de petistas e peemedebistas, é verdade também que todos eles estão contrariados. Esqueça, portanto, o que 90% dos políticos dizem em público sobre a “boa escolha” que Dilma fez ao nomear Gleisi Hoffman e Ideli Salvatti. Nas conversas entre eles, o tom é de choradeira e ameaça. O PMDB não está em paz com o governo. Parte expressiva do PT também não. Profissionais que são, esperam um vácuo para tentar enquadrá-la.

Assim como fizeram na votação do Código Florestal, terão boas oportunidades para dar os seus recados. Se determinadas nomeações não saírem, se a conversa com o Planalto não fluir como querem, o troco aparecerá. No Senado, por exemplo. Uma rejeição ao nome de Henrique Meirelles na votação para aprovar o seu nome para o posto de Autoridade Pública Olímpica é sempre o exemplo dado por essa turma.

As consequências da atuação de Lula daqui para frente são uma incógnita. O palestante número um do Brasil baixou um pouco a crista para efeito externo. Já sabe seus arroubos por holofotes e por roubar a cena devem ser contidos diante do público. Mas apenas diante do público. Não abre mão, contudo, de “ajudar” Dilma nos bastidores. Continua se metendo no governo em conversas reservadas. Será sempre uma sombra. Está encarnado nesse papel para o qual se auto-escalou – até por que odiou os primeiros 90 dias pós-governo. Não se adaptou definitivamente à vida na planície.

Este é um ponto relevante. Todo o discurso dos dilmistas nos últimos dias têm sido na linha da retomada da autoridade da presidente – afinal, Dilma mandou Antonio Palocci para o espaço, levou Gleisi Hoffman para o seu lado a despeito do que queria Lula. Ele, por sua vez, quer continuar “ajudando” o governo. Dependendo da calibragem, essa “ajuda” vira “tutela”. Mais à frente, numa outra crise, como repetir esse discurso da retomada da autoridade novamente?

Por Lauro Jardim

Crédito fácil que impulsionou Brasil agora coloca País em perigo, diz “WSJ”

Por Luciana Antonello Xavier, da Agência Estado:

O Brasil aparece em uma matéria de capa da edição impressa desta segunda-feira, 13, do jornal The Wall Street Journal (WSJ), com o tema: o risco inflacionário trazido pelo estímulo do crédito no País.  Segundo o jornal, “o mecanismo que ajudou a nação a se tornar um player global em carnes, petróleo e mineração está colidindo com outra política imperativa: a de combate à inflação”.

De acordo com a matéria, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco Central estão indo em direções opostas. Enquanto o BNDES segue com força nos financiamentos, o BC teve que subir os juros na semana passada pela quarta vez este ano, para 12,25%, o nível mais alto entre as principais economias do mundo. “O governo está tentando esquentar e esfriar o  Brasil ao mesmo tempo”, disse Marcos Mendes, economista e conselheiro do Senado, ao WSJ.

O debate sobre a abordagem do BNDES aumenta conforme o Brasil começa a ver números de crescimento econômico menos favoráveis, diz o jornal, com projeções do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano sendo reduzidas para a faixa de 3,5% a 4,%.

O jornal questiona ainda quanto do financiamento do BNDES acaba sendo utilizado para ajudar companhias brasileiras a adquirirem empresas fora do País. “Como o Brasil se beneficia quando a JBS compra uma empresa americana que vende comida para consumidores americanos? Isso não impulsiona nossas exportações”, questionou o economista Mansueto Almeida na entrevista ao WSJ.

Em contrapartida, o texto reconhece que ficará difícil o BNDES reduzir muito seu papel, tendo pela frente a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. “Estádios e outras facilidades terão que ser construídos. O governo também quer modernizar energia, estradas e ferrovias”, observa o jornal, citando ainda o projeto para o trem-bala entre São Paulo e Rio.

Por Reinaldo Azevedo
Já temos um novo Padre Vieira: é Luiz Sérgio, o ministro da Piaba

Luiz Sérgio, que vinha exercendo secretamente o cargo de ministro das Relações Institucionais, afirmou que, ao ser transferido para o Ministério da Pesca, só mudou de trincheira.

Se vergonha alheia matasse, essa gente já teria dizimado o país.

Padre Vieira se tornou notável por seus sermões, verdadeiros monumentos da língua portuguesa. Um dos mais famosos é o “Sermão de Santo Antonio aos Peixes”.

Na sua nova trincheira, teremos em breve o “Sermão de Luiz Sérgio às Piabas”. Eu ainda não decidi se este senhor se ama a tal ponto que nem percebe o que lhe fazem ou se é do tipo que extrai prazer da humilhação.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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