Pagot insinua que esquema de corrupção nos Transportes beneficiou campanha de Dilma

Publicado em 10/07/2011 21:12
do Blog de Reinaldo Azevedo, em veja.com.br

Pagot insinua que esquema de corrupção nos Transportes beneficiou campanha de Dilma, e Planalto decide negociar com o PR…

Quem acompanhou a crise no Ministério dos Transportes viu uma Dilma Rousseff inicialmente fulminante. Mal a VEJA tinha começado a chegar aos leitores, no sábado passado, a presidente botou a cúpula do Ministério dos Transportes fora de campo e o ministro Alfredo Nascimento na marca do pênalti. Na quarta feira, ele “pediu demissão”. Eis que o sempre solerte Gilberto Carvalho surgiu no cenário, numa estranha combinação com ninguém menos do que Luiz Antônio Pagot, o chefão do Dnit, um dos centros das malfeitorias na pasta. Restou da conversa do secretário-geral da Presidência com Pagot que o homem não estava demitido, não, mas apenas de férias. O ânimo moralizador deu uma clara arrefecida.

Emissários do Planalto se encarregaram de pôr panos quentes, deixando claro que o PR continuava dono da pasta e que, se quisesse, o próprio Alfredo Nascimento poderia dar pitaco na indicação do seu sucessor. O que estava acontecendo, afinal? Afirmei ontem aqui que Pagot tinha virado um canhão solto no convés.

Uma semana depois da reportagem que denunciou a situação de descalabro no Ministério dos Transportes, o que custou a cabeça de seus dirigentes, reportagem de Daniel Pereira e Paulo Cesar Pereira na VEJA explica o espírito de conciliação do governo com aqueles que deveriam ser banidos da vida pública e postos na cadeia. Leiam trecho:
*
A presidente Dilma nunca foi fã de Alfredo Nascimento e sua turma. Da célebre reunião de 24 de junho, na qual ela falou que o Ministério dos Transportes precisava de babá. Nascimento nem sequer participou. Ele preferiu prestigiar a festa do boi de Parintins. Com as demissões, ela promete “fechar as torneiras” de desvio de verba pública no ministério e nomear quadros de confiança para chefiá-lo. “A presidente vai aproveitar essa janela de oportunidade para pôr a equipe dela nos Transportes”, diz um assessor presidencial.

Não será uma missão fácil de ser cumprida. “Afastado” do cargo no sábado, Luiz Antônio Pagot deu expediente no Dnit na segunda-feira. Depois, num gesto claro de quem desafia a autoridade da presidente, entrou em férias, assegurando que voltaria - ou que jamais seria demitido. Ato contínuo, parlamentares do PR avisaram que o partido - que conta com quarenta deputados e sete senadores - não aceitará perder o controle do ministério. Para convencer o Planalto, espalharam ameaças nos bastidores, Entre elas, a de implicar petistas no esquema de corrupção e até acusar a presidente de ser beneficiária indireta da coleta de propina. Numa reunião fechada, Pagot chegou a insinuar que o dinheiro coletado também custeou a candidatura de Dilma. A campanha presidencial estaria, portanto, umbilicalmente ligada ao encarecimento das obras, segundo essa versão. O Planalto, ao que parece, não está disposto a enfrentar os humores do PR. Já avisou que negociará com o partido a escolha do novo ministro.

Post publicado originalmente às 18h12 deste sábado
Por Reinaldo Azevedo

10/07/2011

 às 6:23

Ministério dos Transportes – A estrada de R$ 16 milhões/km e a incrível história de Juquinha

Não deixe de ler a reportagem de Daniel Pereira e Paulo Cesar Pereira na VEJA desta semana, intitulada “Isso dá cadeia!”, que revela as ameaças que Luiz Antônio Pagot e o PR têm feito à própria presidente, insinuando que o dinheiro da roubalheira no Ministério dos Transportes irrigou a sua campanha eleitoral (ver post acima).  Há muitas outras histórias cabeludas.  Cito trechos;

A estrada de mais de R$ 16 milhões por quilômetro
(…)
No início de abril, Alfredo Nascimento recebeu em seu gabinete quatro parlamentares para tratar da situação dos funcionários da Rede Ferroviária Federal. Ao fim da agenda oficial, o deputado Júlio Delgado pediu explicações sobre a construção de um trecho de 9 quilômetros da BR-440, que corta Juiz de Fora (MG). Os dados eram estarrecedores. Naquele momento, apenas 2,16 quilômetros da estrada haviam sido concluídos, ao custo de 35 milhões de reais. Ou seja: mais de 16 milhões de reais por quilômetro - ou duas vezes e meia a média nacional. O próprio ministro se espantou: “Isso dá cadeia! Vou pedir uma sindicância agora”. Na frente dos parlamentares, Nascimento ligou para o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, um dos afastados na semana passada, e determinou uma investigação do caso. E o que o ministério fez? Nada. A obra foi paralisada por uma decisão do Tribunal de Contas da União, que detectou irregularidades, como a contratação de empreiteira que não participou da licitação e um gasto “injustificável” de 21 milhões de reais.
(…)

A incrível história do Juquinha
(…)
José Francisco das Neves, o Juquinha, [é] presidente da Valec, estatal responsável pelas ferrovias, também demitido. Eis um homem de sucesso. Filho de um carroceiro, ele prosperou no serviço público. Engenheiro de formação, hoje é um fazendeiro respeitado em Goiás. Só nos últimos três anos, Juquinha comprou pelo menos três propriedades no município de Mundo Novo, uma região de pecuária intensiva perto da divisa com Mato Grosso. As três fazendas são avaliadas em no mínimo 25 milhões de reais. Somam 4500 hectares - uma área equivalente a quase 250 estádios do Maracanã.

Em todos os casos, Juquinha pôs as terras em nome da mulher, Marivone, e dos três filhos. A aquisição mais recente, das fazendas Apoena I e II, se deu em março do ano passado. A maior das propriedades, a Fazenda Esperança, foi comprada em setembro de 2007. O valor declarado dos imóveis foi de 8 milhões de reais. Corretores consultados pela reportagem garantem que o engenheiro conseguiu uma pechincha: o preço de mercado da fazenda é de pelo menos 19 milhões de reais. Na escritura, 40% das terras ficaram em nome da mulher de Juquinha e o restante foi dividido entre os três filhos dele, como “antecipação de herança”. Na semana passada, o ex-presidente da Valec era tema das rodas de conversa do município de Nova Crixás. O bochicho na cidade era descobrir o misterioso comprador da melhor fazenda da região. Os boatos davam conta de que o investidor, que não formalizou o negócio para manter o anonimato, pagou 28 milhões de reais pelas terras - em dinheiro. E quem poderia ser o milionário? (…) Funcionário de uma propriedade vizinha, Edmilson dos Santos põe fim ao mistério: “O dono é o Juquinha. mas tem uns dois meses que ele não aparece por aqui”. Em tempo: a Ferrovia Norte-Sul. obra-prima dos desvios da Valec. já levou ao ralo da corrupção nada menos de meio bilhão de reais (…).

Post publicado originalmente às 18h56 deste sábado
Por Reinaldo Azevedo

10/07/2011

 às 6:21

Por que o cristianismo é moralmente superior à esquerda materialista. Ou: A estupidez dos jantares inteligentes

Excelente a entrevista do professor e filósofo Luiz Felipe Pondé a Jerônimo Teixeira, nas “Páginas Amarelas” da VEJA desta semana. Reproduzo alguns trechos.
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Luiz Felipe Pondé, de 52 anos, é um raro exemplo de filósofo brasileiro que consegue conversar com o mundo para além dos muros da academia. Seja na sua coluna semanal na Folha de S.Paulo, seja em livros como o recém-lançado “O Catolicismo Hoje” (Benvirá), ele sabe se comunicar com o grande público sem baratear suas idéias. Mais rara ainda é sua disposição para criticar certezas e lugares-comuns bem estabelecidos entre seus pares. Pondé é um crítico da dominância burra que a esquerda assumiu sobre a cultura brasileira. Professor da Faap e da PUC. em São Paulo, Pondé, em seus ensaios, conseguiu definir ironicamente o espírito dos tempos descrevendo um cenário comum na classe média intelectualizada: o jantar inteligente, no qual os comensais, entre uma e outra taça de vinho chileno, se cumprimentam mutuamente por sua “consciência social”. Diz Pondé: “Sou filósofo casado com psicanalista. Somos convidados para muitos jantares assim. Há até jantares inteligentes para falar mal de jantares inteligentes”. Estudioso de teologia, Pondé considera o ateísmo filosoficamente raso, mas não é seguidor de nenhuma religião em particular. Eis um pensador capaz de surpreender quem valoriza o rigor na troca de idéias.

Em seus ensaios, o senhor delineou um cenário exemplar do mundo atual: o jantar inteligente. O que vem a ser isso?
É uma reunião na qual há uma adesão geral a pacotes de idéias e comportamentos. Pode ser visto como a versão contemporânea das festas luteranas na Dinamarca do século XIX, que o filósofo Soren Kierkegaard criticava por sua hipocrisia. Esse vício migrou de um cenário no qual o cristianismo era a base da hipocrisia para uma falsa espiritualidade de esquerda. Como a esquerda não tem a tensão do pecado, ela é pior do que o cristianismo.
(…)
Não há lugar para um pensamento alternativo nem na hora da sobremesa?
Não. A gente teve anos de ditadura no Brasil. Mas, quando ela acabou, a esquerda estava em sua plenitude. Tomou conta das universidades, dos institutos culturais, das redações de jornal. Você pode ver nas universidades, por exemplo, cartazes de um ciclo de palestras sobre o pensamento de Trotsky e sua atualidade, mas não se vêem cartazes anunciando conferências sobre a critica à Revolução Francesa de Edmund Burke, filósofo irlandês fundamental para entender as origens do conservadorismo. Não há um pensamento alternativo à tradição de Rousseau, de Hegel e de Marx. Tenho um amigo que é dono de uma grande indústria e cuja filha estuda em um colégio de São Paulo que nem é desses chiques de esquerda. É uma escola bastante tradicional. Um dia, uma professora falava da Revolução Cubana corno se esse fosse um grande tema. Ela citou Che Guevara, e a menina perguntou: “Ele não matou muita gente?”. A professora se vira para a menina e responde: “O seu pai também mata muita gente de fome”. O que autoriza um professora a usar esse tipo de argumento é o status quo que se instalou também nas escolas, e não só na universidade. O infantilismo político dá vazão e legitima esse tipo de julgamento moral sumário.

Como essa tendência se manifesta na universidade?
O mundo das ciências humanas, em que há pouco dinheiro e se faz pouca coisa, é dominado pela esquerda aguada. Há muito corporativismo, e a tendência geral de excluir, por manobras institucionais, aqueles que não se identificam com a esquerda. Existe ainda a nova esquerda, para a qual não é mais o proletariado que carrega o sentido da história, como queria Marx. Os novos esquerdistas acreditam que esse papel hoje cabe às mulheres oprimidas, aos índios, aos aborígines, aos imigrantes ilegais. Esses segmentos formariam a nova classe sobre a qual estaria depositada a graça redentora. Eu detesto política como redenção.

(…)
Por que o senhor deixou de ser ateu?
Comecei a achar o ateísmo aborrecido do ponto de vista filosófico. A hipótese do Deus bíblico, na qual estamos ligados a um enredo e um drama morais muito maiores do que o átomo, me atraiu. Sou basicamente pessimista, cético. descrente, quase na fronteira da melancolia. Mas tenho sorte sem merecê-la. Percebo uma certa beleza, uma certa misericórdia no mundo, que não consigo deduzir a partir dos seres humanos, tampouco de mim mesmo. Tenho a clara sensação de que às vezes acontecem milagres. Só encontro isso na tradição teológica.

Post publicado originalmente às 19h25 deste sábado
Por Reinaldo Azevedo

10/07/2011

 às 6:19

Petrobras 1 - Empresa de senador do PMDB fraudou licitação de R$ 300 milhões na estatal

Por Leandro Colon, no Estadão:
Documentos e imagens obtidos pelo Estado revelam que a Petrobrás e uma empresa do senador e tesoureiro do PMDB, Eunício Oliveira (CE), fraudaram este ano uma licitação de R$ 300 milhões na bacia de Campos, região de exploração do pré-sal no Rio de Janeiro. A Manchester Serviços Ltda., da qual Eunício é dono, soube com antecedência, de dentro da Petrobrás, da relação de seus concorrentes na disputa por um contrato na área de consultorias e gestão empresarial. De posse dessas informações, procurou empresas para fazer acordo e ganhar o contrato.

Houve reuniões entre concorrentes durante o mês de março, inclusive no dia anterior à abertura das propostas. A reportagem teve acesso ao processo de licitação e a detalhes da manobra por parte da Manchester para sagrar-se vencedora no convite n.º 0903283118. Às 18h34 de 29 de abril, a Petrobrás divulgou internamente o relatório em que classifica a oferta da Manchester em primeiro lugar na concorrência com preço R$ 64 milhões maior que a proposta de outra empresa.

O contrato, ainda não assinado, será de dois anos, prorrogáveis por mais dois. Sete empresas convidadas pela Petrobrás participaram da disputa, a maioria sem estrutura para a empreitada. Os convites e o processo de licitação são eletrônicos e as empresas não deveriam saber com quem estavam disputando.

Foto. Em 30 de março, um dia antes da abertura das propostas, o diretor comercial da Manchester, José Wilson de Lima, reuniu-se duas vezes, por mais de três horas, em São Paulo com uma das empresas convidadas pela Petrobrás, a Seebla Engenharia, segundo registros de segurança do prédio onde funciona essa empresa. Uma foto dele ficou registrada nos arquivos do condomínio. O objetivo da visita era exigir da Seebla que aceitasse um acordo.

A Seebla confirmou o encontro e, questionada, disse que isso também ocorrera em dias anteriores. A empresa afirmou que não fez acerto. No dia seguinte à reunião, ofereceu na licitação o preço de R$ 235 milhões, bem abaixo dos R$ 299 milhões apresentados pela empresa do senador. Mesmo assim, foi desclassificada pela Petrobrás.

Um diretor de outra empresa envolvida, que pediu para não ser identificado por questão de segurança, contou que diretores da Manchester usaram o nome de Eunício para oferecer R$ 6 milhões em dinheiro vivo em troca de uma “cobertura” na licitação - ou seja apresentar proposta com valor que serve apenas para simular concorrência e ajudar uma parceira a ganhar a licitação.

“Tentaram nos comprar”, disse ao Estado o diretor da empresa. Em troca, a Manchester faria o mesmo em outra licitação.

Esse novo contrato da empresa de Eunício seria uma forma de substituir os serviços fechados sem licitação com a própria Manchester e que já lhe renderam R$ 57 milhões desde fevereiro de 2010, conforme revelou o Estado domingo passado.

Ao chegar ao prédio da Seebla no dia 30 de março, José Wilson de Lima entregou seu documento, teve rosto fotografado e disse para onde iria: “Seebla”. Passou pela catraca do subsolo às 11h29 e subiu ao 8.º andar, onde fica a empresa concorrente. Saiu de lá às 12h35 e retornou às 15h07. Permaneceu até as 18h33, após reunir-se com o então diretor comercial da Seebla, Jorge Luiz Scurato. No dia seguinte, 31 março, ocorreria a licitação.

Na ocasião, Lima deixou seu cartão de visita da Manchester. O Estado localizou o diretor trabalhando, na quarta-feira passada, na sede da Manchester no Rio e o indagou sobre os motivos do encontro em São Paulo. “Não interessa a você”, respondeu.

Já Scurato negou, num primeiro momento, qualquer reunião com Lima. Depois, apresentou a seguinte defesa: “O Wilson tinha me pedido para arrumar um emprego para o irmão dele. Foi entregar um currículo para mim.”

A reportagem procurou a Seebla. A empresa disse que o diretor envolvido pediu afastamento dias após o episódio. “Houve um constrangimento pelo recebimento de um concorrente em nossa sede”, afirmou a direção. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

10/07/2011

 às 6:17

Petrobras 2 - Concorrência é em área de apadrinhado de Dirceu

Por Leandro Colon, no Estadão:
O objeto do processo de licitação manipulado e fraudado pela empresa do senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE) é vinculado ao diretor de Serviços da Petrobrás, Renato Duque, apadrinhado do ex-ministro e do deputado cassado José Dirceu (PT). Dirceu e Eunício são amigos de longa data. Trabalharam juntos no governo Lula, quando foram ministros.

Duque é responsável pelas áreas de engenharia e de tecnologia da informação, entre outras. A contratação da Manchester Serviços Ltda. também passa pelas mãos do gerente-geral da Petrobrás na Bacia de Campos, José Airton de Lacerda. Outros três funcionários aparecem no processo de licitação: Eduardo Riskalla Pereira, Bruno Avelar Rangel e Rafael dos Santos.

O PMDB indicou o diretor da área Internacional, Jorge Zelada, e o de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, no governo Lula, e os manteve com Dilma Rousseff.

A empresa fornece cerca de mil funcionários para áreas estratégicas da Petrobrás. Segundo empresários, a licitação foi montada no começo do ano para legitimar a empresa de Eunício por meio de um contrato fechado, após a simulação de uma “disputa” com outros concorrentes. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

10/07/2011

 às 6:15

PR comanda máquina do Dnit em 9 Estados e no DF

Por Breno Costa, Rubens Valente e Natuza Nery, na Folha:
Além de controlar a cúpula do Ministério dos Transportes e do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) no governo Dilma Rousseff, o PR estende seu domínio aos escritórios do órgão em nove Estados e no Distrito Federal. Os postos são responsáveis pelas obras numa malha superior a 25 mil quilômetros de rodovias federais.
Na última quarta-feira, o presidente do partido, Alfredo Nascimento, deixou o cargo de ministro dos Transportes sob suspeita de conivência com um esquema de corrupção dirigido pelo PR. O Dnit desembolsou R$ 7,7 bilhões em obras só no ano passado. O órgão é responsável pelas operação, manutenção, restauração e construção das rodovias sob o controle da União.

Em São Paulo, o superintendente do Dnit é filiado ao PR desde 2003. O partido é controlado no Estado pelo deputado Valdemar da Costa Neto (SP), presidente de honra da sigla e réu na ação penal do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal). O Dnit tem 23 superintendências (quatro respondem por mais de um Estado), e a metade delas é comandada por servidores com filiação partidária. Dos 12 com registro na Justiça Eleitoral, sete pertencem ao PR. Há nove anos no domínio dos Transportes, o PR controla o Dnit em AL, AM, RR, GO, MS, AP, PA, SP, SE e no DF. O levantamento feito pela Folha considerou só os superintendentes com filiação registrada. No Espírito Santo, por exemplo, o superintendente não é filiado, mas a imprensa local informa que foi indicado ao cargo pelo PR.

Em Mato Grosso, o superintendente é filiado ao PPS, embora seja da cota do senador Blairo Maggi (PR-MT), que foi sondado para assumir o ministério após a demissão de Nascimento. Blairo também indicou o diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, afastado por causa do escândalo. O ministro interino, Paulo Sérgio Passos, é do PR desde 2006. Duas das mais importantes áreas do ministério também estão nas mãos da legenda: a subsecretaria de Assuntos Administrativos, responsável pelas licitações, e a Secretaria de Fomento para Ações de Transportes, que coordena a aplicação do Fundo da Marinha Mercante e do Fundo Nacional de Infraestrutura de Transportes. Um irmão do senador Magno Malta (PR-ES), também filiado ao partido, ocupa a chefia da assessoria parlamentar do Dnit e faz a ponte com o Congresso. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

10/07/2011

 às 6:13

Valdemar: o “boy” sabe demais…

Por Fernando Gallo , no Estadão:
Valdemar Costa Neto sabe de muita coisa e comanda 65 deputados e 6 senadores no Congresso. Valdemar Costa Neto é o número 1 do PR, partido envolvido em acusações de pagamento de propina no Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit).

O ministro Alfredo Nascimento caiu, mas os Transportes continuarão nas mãos do PR. Porque Valdemar Costa Neto, o Boy, sabe de muita coisa e comanda 6 senadores e 65 deputados - os 41 eleitos pelo PR mais 24 de um bloco de partidos nanicos.

Boy foi apelido que Valdemar ganhou na infância, dado pelo pai, Waldemar Costa Filho, quatro vezes prefeito de Mogi das Cruzes, cidade da Grande São Paulo com pouco menos de 400 mil habitantes. “Boy” era pra ser algo como “Júnior”, mas calhou com o estilo de vida de Valdemar Costa Neto na juventude e nunca mais saiu da boca dos mogianos.

Foi na juventude que conheceu o hoje senador Aécio Neves por meio de um amigo mineiro comum que morava em Mogi. Tornaram-se companheiros de jornada. No governo José Sarney, Aécio alocaria Boy em uma diretoria do Porto de Santos. Era uma das cotas que couberam ao mineiro no latifúndio chamado governo federal caído no colo de Sarney quando da morte do avô de Aécio, Tancredo Neves.

Era o primeiro cargo público que Valdemar ocupava fora de Mogi - ficaria no posto de 1985 a 1990. Antes disso, Boy presidira, na segunda gestão de seu pai na prefeitura de sua cidade, uma autarquia chamada Companhia de Desenvolvimento de Mogi, então criada para comandar a construção da Rodovia Mogi-Bertioga. A estrada foi feita em parceria com o governo do Estado na gestão Laudo Natel, e depois na de Paulo Maluf, de quem Waldemar pai era amigo e de quem viria a ser secretário.

Waldemar pai dizia o que pensava e não levava desaforo para casa. Queria ficar marcado como um grande tocador de obras. Construiu a Mogi-Bertioga e a Mogi-Dutra em um tempo em que não havia fiscalização de nenhuma sorte. Há quem não entenda com que dinheiro a prefeitura fez obras de tamanho porte.

Conta-se em Mogi, sede da transportadora Julio Simões, que foi Waldemar Costa Filho, o pai, quem emprestou dinheiro para o empresário Julio Simões comprar seu primeiro caminhão. Valdemar Neto, o Boy, também ajudou a transportadora a resolver problemas logísticos quando dirigia o porto.

Em 1990, Valdemar decidiu concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados e se elegeu pelo PL, então uma legenda pequena, da qual logo viria a ser o número 2. Não teve espaço no governo Fernando Collor, mas teria entrada com Itamar Franco. Foi Valdemar o responsável por ter levado a modelo Lilian Ramos ao encontro de Itamar, no Sambódromo do Rio, causando um dos maiores constrangimentos da República brasileira. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

10/07/2011

 às 6:11

Após seis meses da tragédia na Região Serrana do Rio, vêm à tona denúncias de corrupção. E o PT está no rolo, vocês acreditam?

Por Antonio Werneck, no Globo:

Em janeiro deste ano, as imagens do maior desastre natural já ocorrido no país comoveram os brasileiros, provocando uma onda de solidariedade em direção à Região Serrana do Rio. Passados seis meses das enxurradas, que mataram mais de 900 pessoas, uma investigação protegida por sigilo de Justiça, em curso no Ministério Público Federal, revela o pior do ser humano: enquanto equipes trabalhavam dia e noite nas buscas por sobreviventes, um grupo de funcionários públicos e empresários teria acertado o reajuste de propinas para aprovar contratos sem licitação, embolsando verba liberada para ajudar sobretudo os mais necessitados. A investigação mostra que o percentual da propina, que normalmente era de 10%, na tragédia quadruplicou, passando para 50%.

As investigações começaram com o relato de um empresário ao MPF de Teresópolis. Disposto a contar tudo o que sabia em troca de perdão judicial e proteção para sua família, ele recorreu à delação premiada (quando um criminoso faz acordo com a Justiça, ajudando nas investigações) para revelar um suposto esquema de corrupção que funcionava na prefeitura, envolvendo empresas que atuaram em pelo menos quatro municípios da Região Serrana na época da tragédia.

Segundo ele, na semana das enxurradas - ocorridas em 12 de janeiro -, empresários e secretários municipais se reuniram num gabinete da prefeitura, administrada pelo PT, para dividir os contratos sem licitação e os recursos federais. O dinheiro, um total R$ 100 milhões, foi enviado ao Estado do Rio pelo Ministério da Integração Nacional, por determinação da presidente Dilma Rousseff.

Por Reinaldo Azevedo

10/07/2011

 às 6:09

G, de Chalita! Metrô faz campanha eleitoral para adversário do PSDB

Por Catia Seabra e Daniela Lima, na Folha. O título é meu. Comento em seguida:

De Itaquera à Barra Funda. Do Jabaquara ao Tucuruvi. Quase diariamente, rosto, nome e mensagens do deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, são exibidos para, em média, 3,3 milhões de pessoas dentro dos vagões do Metrô, empresa sob administração do governo Geraldo Alckmin.

Há cerca de um mês, dez vídeos produzidos com mensagens extraídas de um dos livros do deputado começaram a ser exibidos, de graça, pela TV Minuto, que controla a programação nas três linhas do metrô da capital. Batizado de “Gentileza”, com base em livro de autoajuda homônimo de Chalita, o programa tem dez esquetes, de 15 segundos cada. Quando exibidas, entram oito vezes por dia na programação.

Nos vídeos, a imagem de Chalita é associada a civilidade e leveza. Sob fundo amarelo, uma linha azul cruza uma flor, arremessando pétalas ao ar, até formar a letra G, de gentileza - e de Gabriel. Ao lado, surge o rosto de Chalita. Abaixo, seu nome. Depois, são exibidas animações com mensagens como “trabalhar é transformar sonhos em realidade” ou “gestos de gentileza, mesmo pequenos, são poderosos”. As inserções começaram a circular no mesmo mês em que a pré-candidatura de Chalita à Prefeitura de São Paulo foi oficializada.

PLANO B
Chalita é amigo de Alckmin. O governador alavancou sua carreira política ao nomeá-lo secretário de Educação na sua gestão anterior. Fora do PSDB desde 2009 e hoje no PMDB, aliado do PT no governo federal, Chalita ainda mantém influência no tucanato. Ele foi consultado por Alckmin sobre a nomeação de titulares para as secretarias de Educação, Justiça e Desenvolvimento Social. É considerado por alguns o plano B do governador para a prefeitura, caso a candidatura do PSDB não tenha força contra o candidato do prefeito Gilberto Kassab.
(…)
“O Metrô considera que o programa é inadequado. Por isso, vai determinar que sua veiculação seja interrompida”, diz a empresa. Procurado, Chalita não retornou. Aqui

Comento
O que vai acima não é absurdo porque se faz campanha eleitoral disfarçada para um adversário dos tucanos. É absurdo e ponto.

Por Reinaldo Azevedo
Pegando no santo pé da santidade

Dizem que pego no pé de Marina Silva. É falso! Não é que não pudesse fazê-lo, mas é falso. Tenho outras prioridades. Confesso, os meus leitores sabem disto, ter um lado meio parnasiano, formalista mesmo. Não chego a dizer que a forma determina o conteúdo, mas nunca senti bom perfume em frasco ruim. Se alguém me diz,tentando parecer profundo, que “o frasco não faz o perfume”, o diabinho que habita em mim logo cutuca: “Mas por que fará o mais, o bom perfume, quem não sabe fazer o menos, o frasco?” Eu me deixo tentar pelo diabo da lógica. O bicho é feio, mas a palavra é linda, procurem. O “diabo” é aquilo que desune, que divide, que desafina o coro dos contentes. Nesse estrito sentido, Marina é pura, e eu sou diabólico. Ela fica juntando gente dos mais diferentes matizes, e eu fico desunindo…

A mulher saiu do PV e agora montou o que ela chama “movimento”, que, segundo diz, congrega pessoas dos mais diversos partidos. Marina ainda era uma socialista da floresta quando eu já era um pós-Milton Friedman. Eu descobri com ele, e com outros, faz tempo, que não existe almoço grátis — muito menos creme anti-rugas da Natura. Alguém sempre paga a conta. O jornalismo brasileiro não se ocupa de tentar descobrir quem paga as contas de Marina porque também resolveu ser militante e militonto. Eu escrevi acima, notem ali, “pós-Milton Friedman”. À sua maneira, mesmo sabendo que não existe almoço grátis, ele era um idealista. No modelo de Friedman, não cabe um BNDES financiando os “capitalistas”, os “liberais”. No Brasil, o liberalismo tem sala quase contígua à de Dilma Rousseff, como Jorge Gerdau Johannpeter. O mundo civilizado descobriu a sociedade que coíbe o estado; o Brasil descobriu o estado que coíbe a sociedade em nome do bem comum. Não é a minha praia. Eu sou um idealista exigente. Em matéria de metafísica, comigo, é Deus ou é nada. Se não é Deus, é humano. Se é humano, indago: quem paga a conta?

Marina concedeu uma entrevista ao Estadão. O jornalismo anda mais ou menos — na verdade, “mais” —  embasbacado com aquele ódio liofilizado à política, que ela oferece. Ah, meu Deus! Se as galinhas não me aborrecessem depois de um ou dois dias, eu iria criar galinhas! Não é preciso muitos livros, apenas os certos, para perceber que o discurso de Marina tem matriz e matiz fascistóides. Supõe que a verdade, nas ciências humanas e na política, tem um lugar, um ponto de chegada, uma síntese definitiva — que ela, evidentemente, encarnaria.

Não há um só repórter que tenha se interessado em saber: “Mas, afinal, o que esta senhora queria do PV?” Eu revelo: ela queria o comando do partido no Distrito Federal, por onde pretendia se lançar candidata ao senado em 2014 — ainda não era a Presidência. Era uma esforço para mudar o domicílio eleitoral porque o Acre não elege mais Marina Silva! Na disputa pela Presidência da República, ela ficou em terceiro lugar em seu estado natal. A eleição para o Senado também é majoritária, como a Presidência. O PT local (que é a turma de Marina no Acre) agoniza. O que parece ser uma causa transnacional é, na verdade, um problema paroquial, entenderam?  E o presidente do PV, o demonizado deputado federal José Luiz Penna (SP), não quis lhe entregar o partido no DF. O resto é história.

Eu fico verdadeiramente fascinado por esses processos porque posso entender, mas não endossar, as razões que levam as massas, em determinados momentos, a fazer certas tolices. Mas continua a desafiar a minha inteligência o que leva minorias informadas a aderir a certas idéias estúpidas, como é o marinismo. Notem bem: Marina tentou dar um golpe e assumir o comando do PV. Como ela não conseguiu, então declara uma espécie de falência não exatamente do partido, mas do sistema partidário como um todo. E lança o seu “movimento”. Em suma: se Marina não consegue ser a primeira numa vila, então quem está em crise é a República. É brincadeira!

Muito bem” Este “movimento”, COMO SABEM TODOS OS JORNALISTAS, EMBORA OMITAM ESTA INFORMAÇÃO DOS LEITORES, conta com assessoria de imprensa, assessoria de imagem, assessoria política, essas coisas. Afinal, quem os pauta? Embora Friedman tivesse um lado “sonhático”, fazia boas perguntas com seu lado pragmático: “QUEM PAGA O ALMOÇO?” Por outra: quem paga a conta do “Movimento Marina”? Não devem ser apenas os cremes anti-rugas da Natura.

Eu sou aborrecidamente lógico. E também tenho certas tentações. Se me proponho perguntar, fico louco para responder eu mesmo. NÃO DEVEM pagar a conta do “Movimento Marina” os setores manufatureiros da economia porque eles, no fim das costas, apresentam um passivo alto de carbono, entenderam? É uma gente horrorosa, que fica destruindo a natureza para dar uma vida melhor aos desdentados. Não que esses capitalistas pérfidos atuem com esse objetivo. Eles querem é lucro. Ocorre que, invariavelmente, sempre que um desses ogros obtém lucro, também geram empregos e acabam melhorando a vida dos pobres de um modo como um verde ou um socialista jamais conseguiriam. A turma da manufatura, que está suja na rodinha do carbono, não deve financiar o movimento de Marina Silva.

Seria o setor agroindustrial? Duvido! A agroindústria, as cidade e as obras de infra-estrutura ocupam apenas 27,5% do território nacional. Mesmo assim, Marina conseguiu demonizar o agronegócio e as hidrelétricas. Não devem ser os “capitalistas do campo” a sustentar o proselitismo na nossa Santa Verde. Certo! Descartando-se a manufatura e agroindústria, com seu pendor para destruir a natureza, quem sobra para financiar o tal movimento suprapartidário da Santa da Floresta? Qual setor da economia? Qual empresário?

Marina diz querer uma política diferente. Uma das pregações do nosso tempo é a tal “transparência”. Muito bem! Em nome dela, pergunto: quem paga as contas do tal movimento suprapartidário de Marina? Quem arca com o custo da campanha, digamos, pré-eleitoral? Almoço grátis, já sabemos, não existe. Quando menos, devemos a nosso anfitrião o decoro!

Não! Eu não dou, de hábito, a menor bola para as minorais fim-do-mundistas, vocês sabem disso. Mas Marina chama a minha atenção. Partidos políticos são obrigados a dizer quem os sustenta. Pergunto: quem paga a conta do “movimento Marina”, que se apresenta como ombudsman dos partidos? A pergunta não é nova, já tem mais de 400 anos e foi feita por Padre Vieira: “Quem remedeia os remédios?”

É nossa obrigação tentar saber.

Por Reinaldo Azevedo

09/07/2011

 às 6:43

Os patriotas do PR - Empresa de Blairo Maggi é abastecida com dinheiro público

Por Jailton de Carvalho, no Globo:

O Conselho Nacional do Fundo da Marinha Mercante, vinculado ao Ministério dos Transportes, aprovou em maio deste ano um financiamento de R$ 113,5 milhões para a Hermasa Navegação da Amazônia, empresa do grupo controlado pelo senador Blairo Maggi (PR-MT) - que foi sondado pela presidente Dilma Rousseff para assumir o cargo de ministro dos Transportes . O diretor do departamento que administra os recursos do fundo é Amaury Ferreira Pires Neto, indicado para o importante cargo pelo deputado Valdemar Costa Neto, secretário-geral do PR, partido do senador.

Segundo o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), a generosa e milionária transação entre aliados do senador com o fundo teria sido um dos motivos que inviabilizaram a nomeação dele para o comando do ministério em substituição ao colega Alfredo Nascimento.

Nascimento deixou o cargo na quarta-feira, depois das denúncias de corrupção no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Nesta sexta-feira, quando começaram a circular as primeiras informações sobre o generoso financiamento do Fundo da Marinha para a Hermasa, Blairo anunciou que não aceitaria o convite para comandar o Ministério dos Transportes.

Os vínculos entre aliados do senador e o negócio não se limitam a Valdemar e Amaury Ferreira. Um dos ex-diretores da Hermasa é Luiz Antonio Pagot, diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Antes de ser indicado por Maggi para comandar o Dnit, Pagot trabalhou por três anos na Hermasa.

Empresa de amigos de ex-ministro recebeu verba
O Fundo da Marinha Mercante é formado com recursos públicos e tem como finalidade o financiamento da renovação da frota naval do país. Como juros e condições de pagamentos são facilitadas, os financiamentos do fundo são um dos filões mais cobiçados por empresários do setor de transporte naval.

O Conselho do Fundo aprovou a liberação de R$ 40,9 milhões para projeto da Hermasa de comprar dois empurradores fluviais de 6.000 HP. Outros R$ 22,8 milhões para a compra de 15 barcaças grãos tipo box 2.000 e mais R$ 35,6 milhões para a aquisição de barcaças tipo racked 1.850. Também foram liberados mais R$ 4,2 milhões para a compra de um rebocador de 5.000 BHP. O conselho é presidido pelo secretário-executivo do ministério, Paulo Sérgio Passos, que hoje ocupa interinamente o cargo de ministro.

Procurados pelo GLOBO, Blairo e Amaury não retornaram as ligações. Um dos assessores de Valdemar Costa Neto disse que desconhece o caso do Fundo da Marinha Mercante. Mas diz que é um equívoco atribuir todas as indicações do PR ao deputado. Como secretário-geral do partido, ele seria signatário de todas as indicações da legenda, mesmo daquelas em que não participa diretamente.

Um dos problemas do ex-ministro Alfredo Nascimento também está relacionado ao Fundo da Marinha Mercante. O fundo liberou mais de R$ 8 milhões para a SC Transportes e Construções, empresa de um casal de amigos do ministro. No mesmo período dos pagamentos, a empresa repassou R$ 450 mil a Gustavo Morais, filho do ministro. Nascimento disse que a transação se referia a venda de um apartamento.

Por Reinaldo Azevedo

09/07/2011

 às 6:41

“Calando a boca de um boquirroto como Lula”

Leia editorial do Estadão:
Entre os muitos planos anunciados pelo presidente Lula para quando desencarnasse do governo - o que, a depender dele, não acontecerá enquanto a sua apadrinhada Dilma Rousseff ocupar a cadeira que lhe pertenceu - estava o de desmontar a “farsa” do mensalão. Em 2005, quando o escândalo irrompeu, com a denúncia do então deputado petebista Roberto Jefferson de que o PT montara um esquema para comprar deputados a fim de que votassem como o Planalto queria, primeiro Lula calou-se. Depois, temendo o estrago que o escândalo poderia acarretar para a sua reeleição no ano seguinte, declarou-se traído, sem dizer por quem, e exortou o seu partido a pedir desculpas aos brasileiros “por práticas inaceitáveis, das quais nunca tive conhecimento”.

A fase de contrição durou pouco. Logo inventou a “explicação” de que o partido apenas fizera o que era comum na política nacional - manter um caixa 2 -, quando o problema de fundo era o repasse desses recursos clandestinos para corromper o Congresso. Com a agravante de que parte da bolada vinha de empresas estatais, numa operação conduzida com maestria pelo afinal famoso publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza. Na versão inventada por Lula, no entanto, as malfeitorias foram infladas, quando não fabricadas pela oposição, em conluio com a “mídia golpista”, para derrubá-lo da Presidência.

E a esse conto da carochinha ele continuou recorrendo mesmo depois que, em pleno ano eleitoral de 2006, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, nomeado por ele, produziu um dos mais devastadores e fundamentados libelos já levados ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nele, pediu a abertura de processo contra 40 suspeitos de envolvimento com a “sofisticada organização criminosa” liderada pelo então ministro da Casa Civil, José Dirceu - o “chefe da quadrilha”. Lula tampouco mordeu a língua quando, no ano seguinte, o STF acolheu a denúncia contra os citados, e o ministro Joaquim Barbosa, também levado à Corte por ele, começou a tocar a ação da qual foi designado relator, com empenho e independência.

Agora, a “farsa” de Lula tornou a ser exposta em sua inteireza. O procurador-geral Roberto Gurgel, que sucedera a Antonio Fernando e acabou de ser mantido para um segundo mandato pela presidente Dilma Rousseff, pediu anteontem ao Supremo que condene à prisão 36 dos 40 denunciados por crimes que incluem formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

São 36 porque, no decorrer do processo, um dos indiciados (José Janene, ex-tesoureiro do PP) faleceu e outro (Sílvio Pereira, ex-secretário geral do PT, um dos líderes do esquema) se livrou do processo em troca do cumprimento de pena alternativa. Além disso, por falta de provas, Gurgel pediu a absolvição de um certo Antonio Lamas - irmão do réu Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do antigo PL - e do ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken. A denúncia contra ele, por coautoria em desvios atribuídos à diretoria de marketing do Banco do Brasil, havia sido acolhida por um voto de diferença apenas. Para o procurador-geral não há nem sequer indícios de sua participação nas apontadas falcatruas.

Se essa é uma boa notícia para o então presidente que instalara o velho companheiro no Planalto, o resto da peça de Gurgel é só tristeza. Ele subscreveu o trabalho do antecessor em termos irrefutáveis.

O comprovado plano criminoso para a compra de votos no Congresso representa, segundo ele, a “mais grave agressão aos valores democráticos que se possa conceber”. E tudo, deliberadamente, para “fortalecer um projeto de poder do PT de longo prazo”. É de calar a boca até de um boquirroto como Lula. O problema é o que se anunciava já desde a abertura do processo, há quatro anos. Trata-se de julgar o processo antes que ocorra a prescrição de crimes como o de formação de quadrilha, de que é acusada a antiga cúpula petista, além do ex-ministro Dirceu, seu parceiro Marcos Valério e o notório deputado Valdemar Costa Neto, do PR, de volta à cena esta semana no escândalo do Ministério dos Transportes.

Por Reinaldo Azevedo

09/07/2011

 às 6:39

Mensalão feriu democracia, diz Gurgel

Por Mariângela Gallucci, no Estadão:
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirma na denúncia entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o mensalão afrontou a democracia brasileira, reconquistada com o fim da ditadura (1964-1985). “No momento em que a consciência do representante eleito pelo povo é corrompida em razão do recebimento de dinheiro, a base do regime democrático é irremediavelmente ameaçada”, escreveu ele. Nas alegações finais encaminhadas quinta-feira ao Supremo, Gurgel também fez acusações sérias contra o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) que, segundo o procurador, comandou um esquema para “subornar” parlamentares em troca de apoio político e era o chefe da quadrilha.

Se os argumentos forem aceitos, José Dirceu, o ex-deputado José Genoino e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares poderão ser condenados a penas de cerca de 100 anos de prisão. No entanto, a legislação brasileira estabelece que a pena máxima não deve ultrapassar 30 anos. A expectativa do procurador é de que o caso seja julgado no final deste ano ou no início do próximo.

Para Gurgel, não há dúvidas de que os três petistas, junto com ex-secretário-geral do partido Sílvio Pereira, “estabeleceram um engenhoso esquema de desvio de recursos de órgãos públicos e de empresas estatais, e de concessões de benefícios diretos ou indiretos a particulares em troca de ajuda financeira.”

Além disso, o procurador afirma que o mensalão foi executado para atender às pretensões do núcleo político comandado por Dirceu, que era ministro da Casa Civil do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Gurgel sustenta que, ao assumir o cargo, Dirceu recebeu a missão de formar a base aliada do governo no Congresso.

“Mais do que uma demanda momentânea, o objetivo era fortalecer um projeto de poder do Partido dos Trabalhadores de longo prazo. Partindo de uma visão pragmática, que sempre marcou a sua biografia, José Dirceu resolveu subornar parlamentares federais, tendo como alvos preferenciais dirigentes partidários de agremiações políticas”, argumenta o procurador.

Gurgel afirma que o esquema consistiu no repasse de recursos a parlamentares, tendo como contrapartida apoio ao governo. Nesse contexto, segundo ele, o núcleo político teria se associado ao publicitário Marcos Valério e a dirigentes do Banco Rural, também acusados de envolvimento com as irregularidades.

O Banco Rural divulgou nota na qual sustenta que a manutenção das acusações contra quatro de seus executivos na época do escândalo é um equívoco. “A acusação contesta, por exemplo, a veracidade de determinados empréstimos concedidos pelo banco, os quais, no entanto, foram feitos de acordo com as práticas de mercado e as normas bancárias. A veracidade desses empréstimos já foi reconhecida, inclusive, em perícia oficial desse processo”, diz a nota do banco.

No documento, Gurgel acusa os réus de terem praticado vários crimes por diversas vezes. No caso do deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), que renunciou à época para não ser cassado, ele sustenta que o parlamentar cometeu 41 vezes o crime de lavagem de dinheiro. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

09/07/2011

 às 6:37

Oposição vê derrota pessoal de Lula

Por Rosa Costa e Eduardo Bresciani, no Estadão:
A oposição enxergou na manifestação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação de 36 pessoas no processo do mensalão, uma derrota da teoria difundida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o esquema de compra de apoio político nunca existiu. Para os oposicionistas, uma condenação em massa no processo seria ainda mais importante para reduzir qualquer sensação de impunidade em relação ao caso.

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), foi um dos que viu na manifestação de Gurgel uma derrota de Lula. “A manifestação do procurador é a confirmação formal e material da existência do mensalão”, afirmou o deputado tucano. “Temos que esperar a decisão, mas isso derruba o que o próprio presidente Lula falava de que não existiu mensalão, que tudo era uma peça da oposição tentando desviar o foco”.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), afirmou que Gurgel fez o “óbvio” ao confirmar a denúncia encaminhada pelo seu antecessor, Antonio Fernando de Souza. Ele ironizou as tentativas do PT de reabilitar personagens denunciados no esquema, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro Delúbio Soares. “Quero ver o que o PT vai dizer dos filiados que o próprio partido tentou inocentar na marra”.

ACM Neto, líder do DEM na Câmara, destacou que a manifestação vem em momento ruim para o governo. Ele lembrou que dois ministros, Antonio Palocci e Alfredo Nascimento, deixaram seus cargos em menos de 30 dias, abalados por denúncias, e o escândalo dos aloprados (2006) foi ressuscitado com acusações contra Aloizio Mercadante, hoje ministro de Ciência e Tecnologia. “Essa posição do procurador amplia o desconforto do PT e do governo, que está envolvido em diversos escândalos”. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

09/07/2011

 às 6:35

Falsos empréstimos do mensalão somam R$ 75 mi, diz Gurgel

Por Felipe Seligman, na Folha:
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, concluiu que os empréstimos fraudulentos dos bancos Rural e BMG ao grupo do publicitário Marcos Valério e ao PT, que encobriram o caixa dois do mensalão, ultrapassaram R$ 75 milhões. A informação consta de suas alegações finais enviadas anteontem ao STF (Supremo Tribunal Federal). Gurgel não explica como chegou ao valor. Apenas diz que foram “pseudo” empréstimos que, segundo ele, abasteceram o esquema. “Além do desvio de recursos públicos, os dados coligidos demonstraram que a quantia de R$ 75.644.380,56, obtida dos Bancos Rural e BMG, foi entregue à administração do grupo liderado por Marcos Valério e ao próprio PT, sob o fundamento de “pseudo” empréstimos, sendo aplicados no esquema ilícito”, afirma o documento obtido pela Folha. Todos os envolvidos negam a existência do esquema.

O número apresentado por Gurgel, calculado com base em perícias e documentos dos 210 volumes do processo do mensalão no STF, é quase 25% maior do que era conhecido até hoje. Dados divulgados em 2005, durante a CPI dos Correios, diziam que os dois bancos teriam concedido empréstimos fictícios de cerca R$ 55 milhões ao núcleo de Valério e outros R$ 5,4 milhões diretamente ao partido do ex-presidente Lula. Os recursos apontados por Gurgel eram usados para financiar o esquema, revelado pela Folha em 2005, de distribuição de dinheiro em troca de apoio no Congresso.

DINHEIRO PÚBLICO
Segundo o procurador, as investigações também revelaram que Valério, apontado como o operador do mensalão, repassava a políticos dinheiro desviado de contratos com órgãos públicos e empresas de telefonia. Cerca de R$ 20 milhões que não tiveram destinação comprovada vieram de contratos da Visanet, fundo criado por vários bancos para promover os cartões Visa. Parte dessa verba é considerada pública, já que o Banco do Brasil tinha participação e geria gastos de comunicação da empresa. Gurgel também afirmou que Marcos Valério foi ganhando força durante o esquema e se tornou “homem de confiança” do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), que ele descreve como o “chefe da quadrilha” do mensalão. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

09/07/2011

 às 6:33

Ninguém pede de volta dinheiro dos aloprados, que deverá ser doado

Por Anselmo Carvalho Pinto, no Globo:
Após quase cinco anos sem que ninguém reclamasse sua propriedade, a montanha de dinheiro apreendida com os “aloprados do PT” em setembro de 2006 deverá, enfim, ter uma destinação. O Ministério Público Federal encaminhou esta semana uma petição à Justiça Federal para definir o que fazer com o R$ 1,7 milhão, em valores da época, que seria usado para comprar um suposto dossiê contra o então candidato ao governo de São Paulo José Serra (PSDB). O dinheiro foi apreendido pela PF em poder de Gedimar Passos e Valdebran Padilha.

Se a Justiça aceitar, as autoridades devem nomear uma entidade filantrópica a ser beneficiada - ainda não se sabe se em São Paulo, onde ocorreu a apreensão, ou em Cuiabá, onde o caso é investigado. Como o inquérito está em sigilo, procuradores e delegados envolvidos no caso não quiseram se pronunciar.

A apreensão aconteceu em 15 de setembro de 2006, em plena campanha eleitoral. Na manhã daquele dia, policiais federais entraram no hotel Íbis, em São Paulo, flagrando Valdebran e Gedimar com duas grandes malas carregadas de dinheiro.

No apartamento 479, onde estava Gedimar, os agentes encontraram US$ 139 mil e R$ 410 mil. No apartamento 475, eles surpreenderam Valdebran com US$ 109,8 mil e R$ 758 mil. Em depoimento, ambos disseram que estavam apenas “guardando” as malas para terceiros.

As investigações da PF descobriram que o dinheiro seria para pagar um dossiê com informações comprometedoras a respeito de aliados de Serra. O material havia sido produzido pelos empresários Luiz Antônio e Darci Vedoin, donos da empresa Planam, acusada de ser o centro de uma organização criminosa que vendia ambulâncias ao poder público a partir de emendas parlamentares e licitações fraudadas.

Nos primeiros dias, a direção da Polícia Federal não liberou imagens da montanha de dinheiro, mas, duas semanas depois, a fotografia das notas sobre uma mesa estava em toda a imprensa. Restavam apenas dois dias para o primeiro turno da eleição e o caso contribuiu para que a disputa entre Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) fosse decidida em uma segunda votação.

No dia 18 de setembro daquele ano, a PF depositou o montante em moeda nacional, totalizando R$ 1.168.000, em duas contas judiciais na Caixa Econômica Federal. Já os dólares foram acautelados no Departamento de Meio Circulante do Banco Central, no mesmo dia.

Por Reinaldo Azevedo

09/07/2011

 às 6:31

Nacionalismo fora de hora

Por Kátia Abreu, na Folha:
Numa sociedade em rápida transformação, como a nossa, a economia, a política e a cultura nunca evoluem no mesmo passo. A economia pode modernizar-se rapidamente sob a pressão dos contatos com o exterior, sem que o sistema político e as ideias na sociedade acompanhem-na no mesmo ritmo. A falta de sincronia entre essas esferas da vida social transmite a impressão de que o país vive simultaneamente em tempos históricos diferentes. A América Latina, e o Brasil com ela, perdeu a maior parte do século  20 procurando inimigos externos para justificar sua pobreza e seu atraso em relação ao mundo. Nessa busca insensata perdemos a capacidade de perceber nossos próprios problemas, nossas fraquezas e, muito pior que isso, as grandes possibilidades que tínhamos diante de nós.

Alimentamos conflitos políticos inúteis, criamos espaço para lideranças políticas ineptas e irresponsáveis e deixamos de investir na criação das condições objetivas que tornam possível o crescimento econômico. Felizmente, alguns de nossos países, e o Brasil principalmente entre eles, conseguiram romper o círculo de atraso de consciência e ingressaram numa fase de modernização econômica e social que nos está levando, pela primeira vez, para o centro relevante do mundo. No Brasil, no entanto, a modernização econômica ainda não teve tempo, ou não foi capaz, de influir no modo de funcionamento do sistema político e no conjunto das ideias com que os brasileiros interpretam sua realidade.

A política continua o mesmo modo patrimonialista de sempre e pode tornar-se um obstáculo importante à continuidade do nosso desempenho econômico. Mas o mais grave é a sobrevivência de ideias anacrônicas que ainda guiam o comportamento de setores importantes da sociedade. A pior dessas ideias é o nacionalismo. É um nacionalismo mais recatado e fino, sem os slogans patéticos dos anos 50, mas mesmo assim carregado do mesmo veneno. Os nacionalismos de todos os tipos estão na origem dos maiores desastres e dos maiores fracassos das sociedades humanas nos últimos cem anos. Trazem à tona os piores instintos humanos, como o estranhamento e o ódio ao outro, instintos duramente domados pelos processos civilizatórios, mas que vez por outra ressurgem nas ideias políticas.

Essas reflexões me vem à mente com as notícias de que a Advocacia Geral da União está preparando uma proposta de lei determinando que empresas estrangeiras ou empresas nacionais com controle estrangeiro tenham que submeter previamente a um conselho do governo federal a compra de terras acima de cinco hectares. Se esse propósito se concretizar, estaremos diante de um imenso retrocesso, que nos remete de volta ao pior nacionalismo dos anos 50 e dos anos de governo militar. A presença de cidadãos e empresas estrangeiras no desenvolvimento brasileiro deve ser saudada como algo inteiramente positivo e não ser colocada sob suspeita ou restrições. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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