O crime como uma categoria política, por Reinaldo Azevedo

Publicado em 21/07/2011 17:38
do blog de Reinaldo Azevedo, em veja.com.br
Os petistas dizem se preocupar tanto com a desigualdade social não por humanismo ou por senso de justiça, mas porque ela oferece um excelente pretexto para o estado autoritário e confere certo sentido moral às ilegalidades praticadas para a construção da hegemonia partidária. As misérias humanas — e a conseqüente necessidade de criar o novo homem  são o fundamento dos dois grandes totalitarismos do século passado: fascismo e comunismo. Ambos têm mais em comum do que gostam de admitir fascistas e comunistas.

Não existe regime de força que não tenha se instalado prometendo promover o bem comum. Aliás, as tiranias precisam esvaziar os indivíduos de todas as suas verdades e necessidades “egoístas” em nome da coletividade, que será representada por um partido ou por um condutor das massas  em certos casos, por ambos.

Todos nos fartamos do discurso de Luiz Inácio Apedeuta da Silva, que se apresentou como o “pai” do povo, saindo, como anunciava a propaganda eleitoral petista, para deixar em seu lugar a “mãe de todos os brasileiros”. Ditadores e candidatos a tiranos gostam da idéia de que são chefes de uma grande família, da qual esperam uma ativa e entusiasmada obediência. Afinal, “eles” sabem o que é melhor para “nós”, mergulhados que estamos em nosso egoísmo, comprometidos com uma visão parcial de mundo, sem entender, muitas vezes, as decisões que são tomadas para nos salvar… Quem de nós nunca discordou, afinal, a seu tempo, de uma decisão do pai ou da mãe? Impossível, no entanto, supor que agissem para nos prejudicar. Tampouco imaginávamos tomar para nós o lugar da autoridade. Pais e filhos não são  e nem devem ser  uma comunidade democrática, certo?

O PT se consolidou com a fantasia de que um partido  e, dentro desse partido, um homem, o pai  seria o porta-voz dos excluídos, que, afinal, estariam reivindicando a sua cidadania. De modo emblemático, Lula passou várias antevésperas de Natal em companhia dos catadores de papelão, tornados “cidadãos-recicladores”. Estava anunciando, diante de uma imprensa freqüentemente basbaque, que excluídos também são cidadãos, ainda que dentro de sua exclusão. Um líder e um partido, ungidos pela necessidade de “mudar o Brasil”, podem atropelar leis, moralidade, costumes, valores, tudo… Estão imbuídos de uma missão.

Apurem bem os ouvidos. Ouve-se já certo sussurro. Talvez se torne um alarido. Mas o que é isso? O que será que será que andam suspirando pelas alcovas e sussurrando em versos e trovas? O que será, que será que andam combinando no breu das tocas, que andam acendendo velas nos becos e já estão falando alto pelos botecos? O que será, que será que não tem conserto nem nunca terá? O que não tem tamanho… Cito este plágio que Chico Buarque fez de Cecília Meireles (Romanceiro da Inconfidência) para emprestar, assim, certa grandeza poético-dramática a mais uma conspiração dos petistas contra a moralidade, o dinheiro público, a decência e tudo o mais que vocês julgarem adequado a homens de bem.

Lula já fez saber ao mercado político que ele não concorda com a “execução sumária” dos patriotas do PR. E fez chegar a sua avaliação na forma de uma “preocupação”. Estaria temendo o isolamento de Dilma Rousseff. José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, afirmou ontem que vai avaliar se há motivos suficientes para a Polícia Federal abrir um inquérito para apurar as sem-vergonhices no Ministério dos Transportes. Já foram demitidas 16 pessoas da cúpula da pasta e do Dnit, mas ele está cheio de dúvidas. Tarso Genro (PT), atual governador do Rio Grande do Sul e chefe da Polícia Federal (era ministro da Justiça) quando se deu boa parte da bandalheira, saiu ontem em defesa de seu amigo Hideraldo Caron, um dos chefões do Dnit, mantido até agora no cargo. Ele é petista. Tarso deixou claro: se o homem fez algo de errado, não foi em benefício pessoal.

É a primeira vez que se ouve voz assim no PT? Claro que não! Nem é necessário remontar ao mensalão. Durante a crise que colheu Antonio Palocci, Gleisi Hoffmann, hoje sua sucessora, mas senadora à época (PT-PR), deixou claro que não conseguia defender o então ministro por uma razão simples: ele tinha agido apenas em defesa do próprio interesse. Ou seja: no caso do mensalão ou dos aloprados,  crimes foram cometidos em benefício do… partido! Nesse caso, tudo bem…

Setores do PT estão pedindo, em suma, que tudo fique como está. Seu esforço em favor da impunidade, no entanto, teria, sim, uma raiz ética, entendem? Insistir na investigação pode prejudicar o partido, a convivência com os aliados, a agenda que o governo tem pela frente, incluindo, obviamente, os pacotes sociais destinados a combater a miséria. Tarso chegou a indagar por que essas notícias só apareceram agora… Conhecedor da arte de desestabilizar governos (como experimentou Yeda Crusius), ele conspira em favor da impunidade ao sugerir que há uma conspiração contra os patriotas do Ministério dos Transportes…

Foi-se o tempo “esse-dinheiro-não-é-meu”, de Paulo Maluf! Mesmo para ele, o errado era “errado” e, por isso, negava tudo. Não há nada a favor desse emblemático político a não ser uma coisinha: nunca tentou chamar crimes de virtudes  negando, claro!, que os tivesse cometido. Com o petismo, é diferente: o roubo e a lambança em nome da causa têm um propósito superior. Fazer sacanagem para enriquecer é reprovável; para construir o partido, bem, aí é não só aceitável como pode distinguir o militante com uma medalha de “Honra ao Mérito”.

À medida que a lei é afrontada com tal vigor e que o malfeito vira um instrumento corriqueiro da ação política, os brasileiros têm expropriada a sua cidadania. Se para eles, todo excluído é cidadão, que mal há em considerar todo cidadão um excluído?

Por Reinaldo Azevedo
Tarso Genro ressuscita, na prática, a tese de que crimes cometidos por petistas são virtudes. Ou o Brasil acaba com o PT, ou o PT acaba com o Brasil!


Sempre, leitor, mas sempre mesmo!, que você julgar que ainda não se atingiu o paroxismo do absurdo, que uma avaliação amoral ainda não ultrapassou o limite do asqueroso, do detestável, do nefando, então é o caso de saber o que pensa Tarso Genro, ex-ministro da Justiça e agora governador do Rio Grande do Sul. Se não se lembra, estou a falar da supernanny do homicida Cesare Battisti.

Quem saiu hoje em defesa de Hilderado Caron, o petista do Dnit, tão responsável pela bandalheira que vigora naquele órgão como qualquer amigo de Valdemar Costa Neto? Tarso Genro, é claro! Caron é do PT do Rio Grande do Sul, amigo do governador.  E, curiosamente, ainda não foi demitido! Leia o que informa o Estadão Online. Volto em seguida:
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O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), fez uma defesa contundente do diretor de Infraestrutura Rodoviária do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Hideraldo Caron, durante entrevista à imprensa nesta quarta-feira, 20, na sede da Associação Gaúcha das Emissoras de Rádio e Televisão (Agert). “Eu conheço ele (Caron) há 30 anos e duvido que tenha cometido alguma ilegalidade por motivo doloso ou por interesse próprio”, afirmou o governador, que, no entanto, sugeriu que o petista deixe o cargo. “Eu digo mais: eu, se fosse ele, eu saía de lá para ajudar a presidente (Dilma Rousseff) a criar um novo ambiente.”

Caron está sob ameaça de perder o cargo por pressão do PR, que exige que todos os nomes colocados sob suspeita de irregularidades sejam afastados, assim como foram alguns dos filiados ao partido que estavam no Ministério dos Transportes e no Dnit. Segundo a revista VEJA, o diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, disse a correligionários que o petista se empenhava para viabilizar “estranhos reajustes” de preços de obras.

Tarso também considerou estranho que as denúncias tenham aparecido agora. Lembrou que investigações feitas pela Polícia Federal (PF) quando era ministro da Justiça não detectaram nada. “Para evitar que se crie uma situação de denuncismo generalizado, é preciso separar o que é corrupção, o que é denúncia de alguém que não está satisfeito e o que é denúncia política.”

Comento
Prestem atenção ao que vai em negrito. Se Caron cometeu alguma ilegalidade, foi por motivo apenas, digamos, culposo, sem intenção. Então, entende-se, o homem deve ser perdoado. Mas não só por isso: Tarso assegura que, se isso aconteceu, não foi “por interesse próprio”.

É o PT falando. O crime em nome do partido se justifica, como sabemos; o crime em nome da causa é aceitável; o crime em nome de um projeto de poder é, no fundo, um ato revolucionário. Tarso está dizendo, em suma, que um malfeitor do PT não deve ser misturado a malfeitores de outras legendas porque são pessoas de naturezas distintas. Um tem o direito natural de ser criminoso; os outros não.

Notem que, na sublinha, sobra censura até para a presidente Dilma Rousseff. Tarso desconfia das denúncias; ignora que a própria presidente chamou Alfredo Nascimento e a cúpula dos Transportes e lhes passou uma descompostura, inconformada com a estupidamente cara ineficiência da pasta.

O ex-ministro da Justiça — ALIADO DO ATUAL, JOSÉ EDUARDO CARDOZO, É BOM LEMBRAR — também atesta a sua competência, não é? Segundo diz, a Polícia Federal, subordinada ao ministério de que ele era o titular, não havia “detectado nada”. Pois é…
A própria Dilma “detectou”, mas a PF de Tarso não viu problema nenhum…

Questiono, num dos posts abaixo, por que a polícia não agiu, nesse caso, com os mesmos métodos empregados contra o cleptogoverno de Arruda. Esbocei uma hipótese: aos amigos tudo, menos a lei; aos inimigos, nada, nem a lei.

Tarso demonstra que o meu pior juízo a respeito do PT e dos petistas é mesmo o melhor. Ou o Brasil acaba com o PT, ou o PT acaba com o Brasil.

Por Reinaldo Azevedo
PR tem razão! Tem de ser demissão de cabo a rabo


O PR está reclamando das demissões feitas a conta-gotas, aos poucos; a cada dia, uma leva. É a primeira vez que concordo com o partido. Eu também acho que todos já deveriam ter sido demitidos, de cabo a rabo. E isso inclui o novo ministro. Paulo Sérgio Passos.

A razão é simples e já foi enunciada aqui. Como secretário executivo do ministério, das duas, uma: ou era omisso ou era conivente. Mais: ficou no ministério alguns bons meses. O esquema estava lá montado e lá permaneceu.

Pouco importa se, pessoalmente, obteve ou não alguns benefícios — ou melhor: até importa, mas não no que respeita à administração pública. Desse exclusivo ponto de vista, deixar que roubem é tão grave quanto roubar. Se ele, pessoalmente, não é larápio, é o tipo de honradez importante para seus familiares e amigos. Como o principal executivo da pasta e depois ministro, pode-se assegurar que foi, no mínimo, omisso.

Por Reinaldo Azevedo
Dilma ainda não recobrou a razão: leilão da 1ª etapa do trem bala deve ocorrer em fevereiro


Leiam o que informa Eduardo Rodrigues, da Agência Estado. Volto no próximo post.

A primeira etapa do leilão do trem bala, que definirá a tecnologia e a operação do Trem de Alta Velocidade (TAV) que ligará Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, deve ocorrer em fevereiro de 2012, afirmou, nesta quarta-feira, 20, o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo. Segundo ele, o edital de licitação da primeira etapa deve entrar em consulta pública em agosto e ser publicado em outubro. “Estamos agendando reuniões com todos os potenciais investidores na operação e na tecnologia. Eles querem entender melhor o novo modelo e contribuir para aperfeiçoamento da licitação”, afirmou Figueiredo.

Segundo estimativas da ANTT, os consórcios precisarão de quatro meses, a partir da publicação do edital, para concluir os projetos básicos que concorrerão no leilão. Já o projeto executivo - que norteará a segunda fase da licitação para as obras de infraestrutura - deverá ser feito apenas após o leilão, pelo consórcio vencedor.

De acordo com o diretor-geral, o Tribunal de Contas da União (TCU) - que havia solicitado mudanças no edital que fracassou - irá analisar a proposta de edital durante a fase de consulta pública, para já poder emitir um parecer tão logo o documento seja publicado. “Mas as mudanças pedidas sobre a licitação anterior perdem sentido no novo formato”, acrescentou. Figueiredo também praticamente descartou a necessidade de o governo conceder subsídio aos operadores do trem bala, caso a demanda nos primeiros anos de concessão fique bem aquém do esperado. “Só há possibilidade de subsídio se o fluxo nos 40 anos de concessão for negativo, o que eu acho que dificilmente deve acontecer”, afirmou.

Por Reinaldo Azevedo
O trem destrambelhado de Dilma Rousseff


Não é possível! Se não basta a quase unanimidade técnica (é “quase” porque sempre há um consultor que escreve o que lhe pagam para escrever) contra o trem-bala, então resta chamar uma junta médica, psiquiátrica mais propriamente, para saber a que se deve essa estúpida obsessão de Dilma Rousseff, uma loucura que ela herdou do governo Lula e que pretende levar adiante.

O leitor poderá dizer: “Pô, Reinaldo, não seja ingênuo; toda obra desse porte serve você sabe pra quê… Tem maracutaia aí…” É, safadeza nestepaiz não é artigo de luxo, não é mesmo? Mas, neste caso, acreditem, até aqueles tidos como potenciais beneficiários da megalomania não se aventuram. O trem-bala é considerado absurdamente caro e, acima de tudo, desnecessário. Estimado pelo governo em R$ 33 bilhões, especialistas dizem que custará, no mínimo, o dobro. Com esse dinheiro, pode-se fazer uma verdadeira revolução no setor de transportes do país, que está pelas tabelas  — além, como vimos, de capturado pela cleptocracia.

José Serra — sim, o próprio — escreveu um ótimo artigo no Estadão sobre por que não fazer o trem-bala, publicado no dia 14. É especialmente bom porque didático. Reproduzo trechos.
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O projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV) entre São Paulo e Rio de Janeiro, o trem-bala, poderia ser usado em cursos de administração pública como exemplo do que não se deve fazer. Foram cometidos vários erros básicos nos estudos preliminares - parecem deliberados de tão óbvios. Em primeiro lugar, foi superestimada a demanda de passageiros - e, portanto, a receita futura da operação da linha - em pelo menos 30%.

Além disso, o TAV não custaria R$ 33 bilhões, como dizem, e sim mais de R$ 60 bilhões. Isso porque não incluíram reservas de contingência, não levaram em conta os subsídios fiscais e subestimaram os custos das obras, como os 100 km de túneis, cujo custo foi equiparado aos urbanos. Esqueceram que os túneis para os TAVs são bem mais complexos, dada a velocidade de 340 km por hora dos trens; além disso, longe das cidades, não contam com a infra-estrutura necessária, como a rede elétrica, por exemplo.

Foram ignoradas também as intervenções necessárias para o acesso às estações do trem, caríssimas e não incluídas naqueles R$ 60 bilhões. Imagine-se o preço das obras viárias para o acesso dos passageiros que fossem das zonas Sul, Leste e Oeste de São Paulo até o Campo de Marte!
(…)
A alucinação que cerca o projeto do TAV fica mais evidente quando se pensa a questão da prioridade. Imaginemos que pudessem ser mobilizados recursos da ordem de R$ 60 bilhões para investimentos ferroviários no Brasil.

Que coisas poderiam ser feitas com esse dinheiro? Na área de transportes de passageiros, R$ 25 bilhões de novos investimentos em metrô e trens urbanos, beneficiando mais de três milhões de pessoas por dia útil em todo o país: Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte, Rio, Goiânia, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza… Sabem quantas o trem-bala transportaria por dia? Cerca de 125 mil, numa hipótese, digamos, eufórica.

Na área de transportes ferroviários de carga, os novos investimentos atingiriam R$ 35 bilhões, atendendo à  demanda interna e ao comércio exterior, conectando os maiores portos do País com os fluxos de produção, aumentando o emprego e diminuindo o custo Brasil. Entre outras linhas novas, que já contam com projetos, poderiam ser construídas a conexão transnordestina (Aguiarnópolis a Eliseu Martins); a ferrovia Oeste-Leste (Figueirópolis a Ilhéus); a Centro-Oeste (Vilhena a Uruaçu); o trecho da Norte-Sul de Açailândia a Barcarena, Porto Murtinho a Estrela do Oeste; o Ferroanel de SP; o corredor bioceânico ligando Maracajú-Cascavel; Chapecó-Itajaí etc. Tudo para transporte de soja, farelo de soja, milho, minério de ferro, gesso, fertilizantes, combustíveis, álcool etc. É bom esclarecer: o trem-bala não transporta carga.
(…)
Há outras duas justificativas para a alucinação ferroviária: os ganhos tecnológicos e ambientais! A história da tecnologia é tão absurda que lembra os camponeses do escritor inglês Charles Lamb (num conto sobre as origens do churrasco), que aprenderam a pôr fogo na casa para assar o leitão. Gastar dezenas de bilhões num projeto ruim só para aprender a implantar e a fazer funcionar um trem-bala desatinado? Quanto vale isso? Por que não aprender mais tecnologia de metrô e trens de carga? Quanto ao ganho ambiental, onde é que já se viu? Como lembrou Alberto Goldman, a saturação de CO² se dá nas regiões metropolitanas, que precisam de menos ônibus e caminhões e de mais trens, não no trajeto Rio-SP.

O projeto do trem-bala é o pior da nossa história, dada a relação custo-benefício. Como é possível que tenha sido concebido e seja defendido pela principal autoridade responsável pela condução do país? Eis aí um tema fascinante para a sociologia e a psicologia do conhecimento.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

STJ libera salário e mantém bloqueio de bens do governador do DF


Por Felipe Seligman, na Folha Online:
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), está com seus bens bloqueados por decisão Judicial. Ele é investigado por estar supostamente envolvido em esquema de superfaturamento de despesas públicas nos Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007, quando era o ministro do Esporte.

Esse bloqueio serve para que a União tenha a garantia de que irá receber de volta o dano sofrido, caso Agnelo seja de fato considerado culpado. Em maio deste ano, o Ministério Público do Rio propôs uma ação civil pública, que corre sob segredo de Justiça, contra o atual governador do DF e outros representantes da organização do jogos por suposto superfaturamento de 62% no pagamento de alugueis de 1.490 apartamentos da Vila do Pan, onde os atletas ficaram hospedados.

Segundo a ação, baseada em relatórios do TCU (Tribunal de Contas da União), foram gastos um total de R$ 25 milhões com os aluguéis, enquanto o orçamento inicial previa um gasto de R$ 15,4 milhões. No dia 16 de junho, a Justiça Federal do Rio de Janeiro decidiu bloquear todos os bens de Agnelo, inclusive sua conta corrente utilizada para recebimento do salário.

O governador recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), pedindo a liberação de sua conta corrente. Neste recurso, Agnelo afirma que o próprio TCU “já reconheceu a ausência de participação nas supostas irregularidades”.

No dia 1º de Julho, o ministro Castro Meira decidiu manter os bens bloqueados, mas liberou parcialmente a utilização de sua conta, que ficará limitada ao valor de seu salário mensal. A decisão não cita valores e limita-se a dizer que não é possível comprovar se a “quantia depositada” mensalmente corresponde somente aos vencimentos de governador.

“Como não houve a comprovação de que a quantia depositada na conta corrente bloqueada possui natureza exclusivamente salarial (…), tem-se por razoável determinar a imediata liberação do valor correspondente à última remuneração do requerente, bem como dos futuros depósitos referentes aos seus vencimentos”, diz a decisão.

Por Reinaldo Azevedo
Da coluna Direto ao Ponto, de Augusto Nunes:

Lula capricha na pose de inocente enquanto trata de afastar-se do local do crime

Desde o descoberta da quadrilha em ação no Ministério dos Transportes, o ex-presidente Lula imita o punguista que capricha na pose de inocente enquanto se afasta da vítima para descer do ônibus no primeiro ponto. A expressão de culpado sem culpa não convence nem passageiros que estão cochilando. Até um bebê de colo sabe que a parceria com o PR é mais uma das incontáveis obras repulsivas que compõem a verdadeira herança maldita .

Foi Lula quem doou a Valdemar Costa Neto, ainda em 2002, o Ministério dos Transportes. Na infame reunião sigilosa que deu origem ao esquema do mensalão, o candidato ganhou o vice José Alencar em troca dos direitos de exploração da usina de contratos superfaturados e negociatas multimilionárias. Foi Lula quem descobriu, em 2004, que Alfredo Nascimento era o homem certo para o comando do território sem lei. Ficou tão satisfeito com a performance do meliante amazonense que o reinstalou no cargo de ministro no segundo mandato e exigiu de Dilma Rousseff que ali o mantivesse.

Só agora, muitos dias depois do desbaratamento do bando, o animador de auditório criou coragem para murmurar platitudes sobre mais um escândalo. Primeiro, balbuciou que a sucessora está agindo direito e mudou de assunto. Nesta quinta-feira, subiu o tom de voz dois ou três decibéis para fazer de conta que não tem nada com isso. “Se cometeram erros, as pessoas devem ser punidas”, recitou o Padroeiro dos Companheiros Pecadores. “Isso vale para a presidente Dilma, valia para mim e vale para qualquer um”.

O cinismo que jorra do palavrório é tão nauseante quanto previsível. Faz sentido qualificar de “erros” os assaltos aos cofres públicos que se repetem em ritmo de Fórmula 1 há oito anos e meio, com as bênçãos do Planalto, e não têm data para terminar. Caso use as palavras certas ─ ladroagem, corrupção, roubalheira, fora o resto ─, Lula terá de admitir que nunca antes neste país um presidente da República juntou tantos bandidos no mesmo governo.

O Ministério dos Transportes é só mais um entre quase 40. O PR é apenas uma ramificação da imensa quadrilha federal.

(Por Augusto Nunes)

Direto ao Ponto:

Os leitores aposentam a UNE, acrescentam uma letra à velha sigla e criam a União Nacional dos Estudantes Amestrados

Nascida em 1937, a União Nacional dos Estudantes foi presidida até o fim dos anos 60 por nacionalistas, udenistas, socialistas, comunistas ortodoxos e partidários da luta armada. Mas nunca pertenceu a qualquer partido ou organização. Fosse qual fosse a identidade ideológica do presidente ou da diretoria, a UNE sempre procurou traduzir o pensamento majoritário do universo que representava. Descontados os inevitáveis acidentes de percurso, opções equivocadas e erros bisonhos, prevaleceram na longa e bela trajetória da entidade a independência política, a vocação antigovernista, o amor à democracia e a paixão pela liberdade.

Orientada por tais marcas de nascença, a UNE combateu o Estado Novo, defendeu nas ruas a entrada do Brasil na guerra contra o totalitarismo nazista, lutou pela ressurreição do regime democrático, ajudou a apressar a criação da Petrobras, apoiou as reformas planejadas pelo governo João Goulart, opôs-se ao golpe militar de 1964 e tentou resistir à institucionalização da ditadura, consumada pela decretação do AI-5.

Sobreviveu a adversidades de bom tamanho, mas ficou grogue e exposta ao nocaute em 1968, abalada pela ação ação conjunta da cabeça fraca de José Dirceu e da mão pesada do regime autoritário. Encarregado de organizar o congresso da UNE, o futuro guerrilheiro de festim resolveu juntar mais de 1.000 universitários perto de uma cidade com menos de 10 mil habitantes. A Polícia Militar completou o serviço e prendeu todo mundo. O desmaio da UNE se estendeu até 1985, quando acordou do sono e emergiu da clandestinidade para agonizar à luz do dia.

Perdeu a independência em 1980, quando o agora deputado federal Aldo Rebelo assumiu a presidência e reduziu a UNE a um apêndice do Partido Comunista do Brasil. Perdeu a vergonha de vez em 2003, quando foi incluída no contrato de aluguel assinado pelo presidente Lula e pelos chefes do PCdoB. Para amestrar a sigla, o governo não precisou de domador nem chicote. Bastaram rações em dinheiro vivo ou subvenções, além de garantia de que os encontros, quermesses e piqueniques promovidos pelos pelegos aprendizes seriam patrocinados por empresas estatais. Funcionou.

A União Nacional dos Estudantes teve queixas a fazer, reivindicações a apresentar, mudanças a convocar nos governos de Getúlio Vargas, Eurico Dutra, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros  e João Goulart, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Depois de Lula, todos os problemas sumiram. O sistema educacional ficou perfeito. A mesma turma que boicotou o Provão aplaudiu os dois naufrágios sucessivos do Enem, pilotados pelo companheiro Fernando Haddad. O Brasil Maravilha que o chefe criou não precisa sequer de retoques. Se melhorar, estraga.

O prêmio pelo bom comportamento foi a bolada de quase R$ 50 milhões, oficialmente destinados à construção do zoológico próprio na Praia do Flamengo, projetado por Oscar Niemeyer. Ali serão costuradas as notas de apoio a qualquer coisa que venha do Planalto. Ali serão planejadas as próximas quermesses. Ali será esboçado o documento que resume, num texto indigente, as deliberações aprovadas no último dia. Tem tanta importância quanto o relatório de um encontro de ufologistas.

Numa das mais movimentadas enquetes da história da coluna, 3.290 leitores-eleitores resolveram que a UNE não existe mais. Por decisão de 1.047 votantes (32% do total), nasceu a União Nacional dos Estudantes Amestrados, ou simplesmente UNEA. Aos 74 anos, a velha senhora caiu na vida e perdeu o direito de continuar usando o nome outrora respeitável.

(por Augusto Nunes)

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veja.com.br

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