O Megalonanico na Defesa: militares reagem entre o escárnio e o desconsolo. A escolha é de Lula

Publicado em 05/08/2011 15:52 e atualizado em 05/08/2011 19:46
em veja.com.br

O Megalonanico na Defesa: militares reagem entre o escárnio e o desconsolo. A escolha é de Lula

Conversei ontem à noite com um general do Exército, cujo nome não declinarei por motivos óbvios, sobre a indicação de Celso Amorim para o Ministério da Defesa. Suas palavras são uma boa síntese de como os militares receberam a decisão: “Só não vou dizer que se trata de uma provocação, de uma escolha maliciosa, porque pode ser algo ainda pior do que isso: tenho para mim que a presidente Dilma Rousseff não tem noção do que está fazendo nessa área”. Lancei uma pequena provocação: “Chegou-se a falar no deputado Aldo Rebelo, que é do PC do B, o partido que fez a guerrilha do Araguaia. Seria preferível a Amorim?” O general não hesitou: “Seria! Parece-me que o deputado Aldo tem tido um comportamento muito correto na Câmara e tem se tornado notável por defender os interesses nacionais contra certo globalismo que não dá a mínima para o país porque obedece a comandos que não têm pátria”.

A sensação geral é esta: “Dilma exagerou na dose”. Nelson Jobim gozava da confiança dos militares, que viam nele um ministro realmente empenhado na capacitação e na profissionalização das Forças Armadas. Mais: avaliavam que ele se movia com certa independência em relação ao jogo político-partidário mais raso, preservando a área militar de politizações inoportunas. Dada a trajetória de Amorim no Ministério das Relações Exteriores, temem a ideologização dos temas ligados à Defesa. Entre os militares, o novo ministro é visto como um esquerdista arrogante, incompetente e meio doidivanas.

O meu interlocutor não perdoa: “Enquanto se travava por aqui uma batalha insana para rever a Lei da Anistia, estimulada por ministros, o Itamaraty se perfilava com ditadores e protoditadores da América Latina, da África e do Oriente Médio, o que manchou a reputação do Brasil. E o pior é que fez tudo isso para supostamente pôr o nosso país num patamar superior na ordem mundial. Foi um fiasco. Colhemos o resultado contrário. Passaram a nos ver como um povo que faz pouco caso dos direitos humanos.” O general não tem dúvida de que a escolha não é de Dilma, mas de Lula, e lembra: “O curioso é que ele está impondo a ela um nome que ele próprio não indicaria; não para a Defesa ao menos”.

Os militares emitirão algum sinal de protesto? Não! Profissionais, fiéis à hierarquia, vão se subordinar ao chefe, mas certos de que a escolha tem um potencial desastroso.

Acinte
Qual será a política de Defesa do homem que alinhou o Brasil com Hugo Chávez, Daniel Ortega, Manuel Zelaya, os irmãos Castro, Rafael Correa, Evo Morales e, de um modo um tanto oblíquo, com as Farc? Amorim foi um dos protagonistas do esforço para condenar a Colômbia na OEA quando o país destruiu um acampamento do terrorista Raúl Reys no Equador. Quando armas venezuelanas foram encontradas com os narcoterroristas colombianos — o que o próprio Chávez admitiu — , o nosso então chanceler teve o topete de pôr a informação em dúvida. Também submeteu o Brasil a um vexame planetário como arquiteto do tal “acordo” com o Irã.

À frente do Itamaraty (republico a informação no post abaixo), Amorim perdeu rigorosamente todas as batalhas em que se meteu. O Brasil é hoje visto, internacionalmente, como um país que dá de ombros para os direitos humanos. No auge da indigência intelectual e política, este senhor redigiu, em julho de 2010, uma carta, entregue aos países-membros da ONU, defendendo que o organismo evitasse condenar os países por violação dos direitos humanos. Segundo este gigante da diplomacia, a condenação é contraproducente. Deve-se buscar sempre o diálogo. No documento, sustenta o Itamaraty:

“Hoje, o Conselho de Direitos Humanos da ONU vai diretamente para um contencioso (…). Elas [as condenações] servem aos interesses daqueles que estão fechados ao diálogo, já que lhes dá uma espécie de argumento de que há seletividade e politização”.

Essa é a razão por que o país se alinhou com aqueles que defendem uma reação branda aos assassinatos promovidos na Síria por Bashar Al Assad. Mas Amorim tem suas preferências. Se jamais censurou ditaduras facinorosas, não perdeu uma chance de condenar a democracia israelense. Como não tem senso de proporção nem de ridículo, levou o Brasil a defender a inclusão dos terroristas do Hamas numa negociação de paz, mas jamais abriu diálogo com a oposição democrática iraniana, por exemplo. O Brasil nunca disse uma vírgula sobre a cooperação militar da Venezuela com a Rússia e com o Irã, mas tentou impedir a ampliação da presença de americanos em bases na Colômbia para combater o narcotráfico porque julgava uma interferência indevida dos EUA na América do Sul.

Não sei não…
Como vai se comportar, à frente da Defesa, um petista que exercita uma retórica a um só tempo provinciana e megalômana — vale dizer: megalonanica —, que vislumbra um Brasil potência, pronto a arrostar com os gigantes, mas endossa as expressões políticas mais primitivas e antidemocráticas do mundo, muito especialmente as da América Latina, ancorado num antiamericanismo bocó?

Quando alguém é indicado para o ministério, cumpre analisar a sua obra. Abaixo, segue uma síntese dos serviços prestados por Celso Amorim no Itamaraty. Vocês conhecem a lista, mas preciso, uma vez mais, colar a obra ao homem.

NOME PARA A OMC
Amorim tentou emplacar Luís Felipe de Seixas Corrêa na Organização Mundial do Comércio em 2005. Perdeu. Sabem qual foi o único país latino-americano que votou no Brasil? O Panamá!!! Culpa do Itamaraty, não de Seixas Corrêa.

OMC DE NOVO
O Brasil indicou Ellen Gracie em 2009. Perdeu de novo. Culpa do Itamaraty, não de Gracie.

NOME PARA O BID
Também em 2005, o Brasil tentou João Sayad na presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Deu errado outra vez. Dos nove membros, só quatro votaram no Brasil - do Mercosul, apenas um: a Argentina. Culpa do Itamaraty, não de Sayad.

ONU
O Brasil tenta, como obsessão, a ampliação (e uma vaga permanente) do Conselho de Segurança da ONU. Quem não quer? Parte da resistência ativa à pretensão está justamente no continente: México, Argentina e, por motivos óbvios e justificados, a Colômbia.

CHINA
O Brasil concedeu à China o status de “economia de mercado”, o que é uma piada, em troca de um possível apoio daquele país à ampliação do número de vagas permanentes no Conselho de Segurança da ONU. A China topou, levou o que queria e passou a lutar… contra a ampliação do conselho. Chineses fazem negócos há uns cinco mil anos, os petistas, há apenas 30…

DITADURAS ÁRABES
Sob o reinado dos trapalhões do Itamaraty, Lula fez um périplo pelas ditaduras árabes do Oriente Médio.

CÚPULA DE ANÕES
Em maio de 2005, no extremo da ridicularia, o Brasil realizou a cúpula América do Sul-Países Árabes. Era Lula estreando como rival de George W. Bush, se é que vocês me entendem. Falando a um bando de ditadores, alguns deles financiadores do terrorismo, o Apedeuta celebrou o exercício de democracia e de tolerância… No Irã, agora, ele tentou ser rival de Barack Obama…

ISRAEL E SUDÃO
A política externa brasileira tem sido de um ridículo sem fim. Em 2006, o país votou contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas, no ano anterior, negara-se a condenar o governo do Sudão por proteger uma milícia genocida, que praticou os massacres de Darfur - mais de 300 mil mortos! Por que o Brasil quer tanto uma vaga no Conselho de Segurança da ONU? Que senso tão atilado de justiça exibe para fazer tal pleito?

FARC
O Brasil, na prática, declara a sua neutralidade na luta entre o governo constitucional da Colômbia e os terroristas da Farc. Já escrevi muito a respeito.

RODADA DOHA
O Itamaraty fez o Brasil apostar tudo na Rodada Doha, que foi para o vinagre. Quando viu tudo desmoronar, Amorim não teve dúvida: atacou os Estados Unidos.

UNESCO
Amorim apoiou para o comando da Unesco o egípcio anti-semita e potencial queimador de livros Farouk Hosni. Ganhou a búlgara Irina Bukova. Para endossar o nome de Hosni, Amorim desprezou o brasileiro Márcio Barbosa, que contaria com o apoio tranqüilo dos Estados unidos e dos países europeus. Chutou um brasileiro, apoiou um egípcio, e venceu uma búlgara.

HONDURAS
O Brasil apoiou o golpista Manuel Zelaya e incentivou, na prática, uma tentativa de guerra civil no país. Perdeu! Honduras realizou eleições limpas e democráticas. Lula não reconhece o governo.

AMÉRICA DO SUL
Países sul-americanos pintam e bordam com o Brasil. Evo Morales, o índio de araque, nos tomou a Petrobras, incentivado por Hugo Chávez, que o Brasil trata como uma democrata irretocável. Como paga, promove a entrada do Beiçola de Caracas no Mercosul. A Argentina impõe barreiras comerciais à vontade. E o Brasil compreende. O Paraguai decidiu rasgar o contrato de Itaipu. E o Equador já chegou a seqüestrar brasileiros. Mas somos muito compreensivos. Atitudes hostis, na América Latina, até agora, só com a democracia colombiana. Chamam a isso “pragmatismo”.

CUBA, PRESOS E BANDIDOS
Lula visitou Cuba, de novo, no meio da crise provocada pela morte do dissidente Orlando Zapata. Comparou os presos políticos que fazem greve de fome a bandidos comuns do Brasil. Era a política externa de Amorim em ação.

IRÃ, PROTESTOS E FUTEBOL
Antes do apoio explícito ao programa nuclear e do vexame com o tal “acordo”, Lula já havia demonstrado suas simpatias por Ahmadinjead e comparado os protestos das oposições  contra as fraudes eleitorais à reclamação de uma torcida cujo time perde um jogo. Amorim foi o homem a promover essa parceria…

Por Reinaldo Azevedo

Gonçalo Osório explica por que a nomeação de Celso Amorim é ainda pior do que parece

O leitor Gonçalo Osório é um dos conselheiros deste blog. Ele me envia o seguinte comentário sobre a nomeação de Celso Amorim para o Ministério da Defesa:

Rei,

Costumo dizer que o pior dano causado pelo lulo-petismo ao país está nas relações externas. O perigo, agora, aumentou exponencialmente por dois motivos: a) estão em jogo alianças estratégicas em torno de material de Defesa (leiam-se: armas e equipamentos) que perdurarão por mais de uma geração; b) o Brasil detém, sim, tecnologias sensitivas tanto na área nuclear como na de mísseis, capazes de nos colocar em situação muito positiva nas relações internacionais ou, em se tratando de alguém como Amorim, muito negativas (e acontecerá o segundo, temo).

O problema principal, porém, é a incapacidade da casta militar de reagir POLITICAMENTE aos desafios que o lulo-petismo criou para a construção de um grande país. Os militares lembram bastante os empresários, enquanto grupo, enquanto ator político: procuram algum tipo de acomodação com o dono do poder contanto que tenham vantagens a curto prazo. No caso dos militares, há uma briga feroz por verbas e orçamentos (portanto, por prestígio na própria corporação). E aí reside, de novo, o perigo.

A Marinha precisa de grana para tocar o projeto do submarino nuclear, que tanto interessa também a empreiteiras. Isso nos fará atravessar águas turbulentas (trocadilho bobo, perdoe) em vários setores. O Exército está desequipado e brigando até mesmo por verbas para o almoço em bases distantes. A Aeronáutica não consegue reequipar o que seria a espinha dorsal da Arma: os caças de interceptação. Um pouquinho de verba aqui, um pouquinho de verba ali, e teremos mais um grupo aliado ao lulo-petismo.

A gente pergunta aos militares por que eles não reagiram à entrega de parte do território nacional a ONGs estrangeiras, como foi o caso de Roraima, e eles se entreolham. Pergunta aos brigadeiros como encararam a quebra de hierarquia no caso da crise dos controladores de vôo com o desastre da Gol, e eles se entreolham. Pergunta aos generais como eles encaram o constante emprego de soldados em operações urbanas, onde têm de substituir polícias estaduais falidas (Rio), e eles se entreolham. E nós todos, Rei, nos entreolhamos também. O projeto ideológico por trás do lulo-petismo é o grande mal deste País. O que é pior é o fato de que, quando falamos em Defesa, o tema tem escasso apelo junto à opinião pública, sociedade civil ou o que seja. E tem muito, muito, muito mais grana para essa quadrilha distribuir.

Abração,
Gonçalo Osório

Por Reinaldo Azevedo

Ihhh, “meu querido”, a soberana ficou irritada…

É um consenso entre os petistas que a soberana deve buscar mais contato com o povo. O diabo é que sempre tem imprensa no meio do caminho — nem sempre com as questões que os poderosos gostam de responder. É aí que mora o perigo. Deixada à sua natureza, Dilma trata os jornalistas como trata seus auxiliares: aos pontapés. Deve conter-se para evitar os palavrões… Leiam o que informa Leonencio Nossa, no Estadão Online. Volto em seguida.

*
A presidente Dilma Rousseff irritou-se hoje e demonstrou mal-estar numa entrevista a radialistas das cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE). Os repórteres, numa conversa com a presidente, questionaram o atraso nas obras de transposição do Rio São Francisco. Dilma voltou a soltar um velho bordão conhecido de seus assessores para demonstrar irritação: “Meu querido, a transposição não está parada! Você vai me desculpar, mas não está parada”. Depois, ela admitiu que “algumas parcelas” estão com obras interrompidas.

O outro momento de irritação de Dilma, durante a entrevista, ocorreu quando ela exaltava o Programa Minha Casa Minha Vida, que entregará hoje em Juazeiro 1.500 unidades. Quando Dilma falava das unidades habitacionais, que têm 44 metros quadrados cada, um repórter chamou as unidades de “casinhas”. “Você é quem está dizendo. Imagino que sua casa seja grande”, disse a presidente. Continuando a irritação, Dilma disse: “o povo brasileiro não tinha nem casinha. Morava em casa de papel, em palafita”.

Depois a presidente recorreu ao velho estilo do antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao falar do ineditismo de suas ações na área habitacional. “Não há nenhum outro momento na história desse país que tínhamos tantos contratos (para construção de casas)”.

Ao final da entrevista, sobrou para o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, que tem a região de Petrolina como reduto eleitoral. Dilma reclamou ao microfone que o ministro estava insistindo para ela falar da terceira etapa do projeto de transposição. Nessa etapa, está previsto um canal que chegará até Petrolina. Dilma ponderou que esse não é o momento de discutir ainda a terceira etapa. Ela disse que o governo está empenhado em buscar “sistematicamente” a conclusão das obras, que deverão ser entregues em etapas.

Voltei
Então vamos pensar e vamos aos fatos. A transposição do São Francisco, se tudo sair conforme o novo cronograma, vai sofrer um atraso de quatro anos. Já se sabe, também, que deve custar, no mínimo, 36% a mais do que o previsto: o valor da obra saltou de R$ 5 bilhões para R$ 6,8 bilhões. E há vários canteiros de obras que estão, efetivamente, paralisados. Isso tudo é fato? É fato.

E o “Minha Casa Minha Vida?” No dia 11 do mês retrasado, quando Dilma lançou a segunda etapa do programa, fiz algumas continhas, a saber:
“A presidente Dilma Rousseff segue a rotina de seu antecessor de inaugurar papel, vento e intenções, mas ganha o noticiário porque, afinal, com as exceções de praxe, a imprensa oscila entre o bom negócio e a ideologia rasteira. A presidente lançou hoje a segunda fase do programa Minha Casa, Minha Vida e prometeu MAIS dois milhões de casas até 2014.
Se prometeu mais dois milhões, já deveria ter entregado o primeiro milhão, certo?, aquele que vem do “Minha Casa, Minha Vida 1?. Entregou? Não! Números consolidados do TCU indicam que foram efetivamente construídas 238 mil casas. Assim, a presidente soma 2 milhões de unidades a um déficit (dada a promessa) de 762 mil. Até 2014, pois, tem de construir 2,762 milhões de casas. Será preciso multiplicar o que se fez até agora por 11,61. É uma piada!

Qual é o truque? Na sua sanha por inaugurar papel, o governo diz que houve a “contratação” para a construção. Huuummm, até aí… No papel, poderiam logo contratar 7 milhões de casas e dar por liquidado o déficit habitacional brasileiro.A conta é simples. O “Minha Casa, Minha Vida” foi lançado em março de 2009. Em 27 meses, foram construídas 238 mil casas. Faltam, considerando a nova promessa, 2,762 milhões. Dado o atual ritmo, uma regra de três simplesinha aponta que serão necessários mais 313,34 meses para construir o resto. Como cada ano segue tendo 12 meses, levará 26 anos, de agora em diante, para Dilma cumprir o que prometeu.”

Retomo
Então vamos atualizar as contas. Vocês até podem fazer uma tabelinha e andar com ela no bolso. Vai que topem com algum petista furioso em festa… Como Dilma entregou mais 1.500 casas hoje, então só faltam agora 2.760.500 casas. Como foram erguidas 239,5 mil  em 28 meses, nesse ritmo, as demais serão entregues num prazo de 322,73 meses — ou 26,89 anos. Houve uma ligeira queda no ritmo de entrega…

É… Nunca antes na história destepaiz, meu querido!

Por Reinaldo Azevedo
Pois é… Lembram-se daquela bobagem sobre a “deslulização” do governo? Confiem em mim!!!

Vocês se lembram que, há coisa de três semanas, o noticiário estava coalhado de “informações” e análises dando conta de uma suposta “deslulização” do governo? Dilma Rousseff estaria, finalmente, ganhando sua identidade, descolando-se de seu criador. Certos analistas ficaram à beira da torcida: “Isso mesmo, Tia, mostra quem é a senhora!”. Andar na contramão de certos consensos nem sempre é agradável. A parte boa costuma demorar um pouco para chegar. No dia 11 de julho, escrevi aqui um texto intitulado “A deslulização do governo é uma fantasia tola”. O primeiro parágrafo é este:

“A coisa mais inútil com que se gastam papel e tinta (e tempo, no caso da Internet) é o suposto confronto entre a presidente Dilma e Luiz Inácio Apedeuta da Silva. Pode haver um desconforto aqui, outro acolá. É dado pela natureza da equação: Dilma tem a caneta, coisa com a qual Lula, subjetivamente, não se conforma até hoje. Deve passar noite e dia se perguntando: “Não fosse eu, ela seria o quê?” E o espelho lhe dá uma resposta correta: “Nada!” Mas é ela a presidente, não ele, o que o infelicita um tantinho. Que importância tem isso? Nenhuma!”

No texto, avancei um pouquinho:
“Daqui a pouco chega 2012. Lula já se movimenta de modo frenético e é quem está organizando o partido para as disputas do ano que vem. Esses breves flertes de Dilma com a racionalidade - reconhecendo o trabalho de FHC ou admitindo que os programas sociais do país antecedem a chega do PT ao poder - perderão força, e o PT, unido, liderado por Lula, subirá no palanque para o discurso de sempre, de satanização das oposições (coisa que é diferente de confronto) e do passado. Dilma não é exatamente um cabo eleitoral eficiente e, se quiserem saber, não terá nem mesmo saúde para enfrentar maratonas eleitorais.

Isso quer dizer que Lula voltará, já voltou, com tudo, reassumindo seu papel de líder inequívoco das forças que estão atualmente no governo. As supostas divergências entre ambos que hoje embalam alguns sonhos e que encantam colunistas vão virar pó; perderão qualquer importância. Fechadas as urnas, já se estará em ano pré-eleitoral. E Lula terá aberto a avenida para voltar a ser indicado como o homem capaz de ‘re-unir’ o PT.”

Voltando
A nomeação do petista Celso Amorim para a Defesa é a prova dos nove da análise que vai acima. A hipótese de que a presidente apenas trocou um lulista por outro é uma bobagem monumental. Goste-se ou não do estilo Jobim, diga-se o que se disser dele, não pode ser colocado na categoria de um mero cupincha. Já Amorim… Um dos trabalhos notáveis deste senhor no Itamaraty foi tentar dar alcance teórico às tolices que seu chefe dizia sobre política internacional. No auge do ridículo, enquanto costurava um “acordo” com o Irã, o Apedeuta se apresentou para intermediar o conflito no Oriente Médio. A primeira e mais robusta idéia de Lula foi sugerir que o Hamas fizesse parte dos diálogos, sem quaisquer exigências prévias, claro! Um dos princípios do grupo é destruir Israel. Não deu certo… É o Amorim que faz esse tipo de serviço que assume o Ministério da Defesa.

Ainda que Dilma quisesse ser independente, ela não poderia. É uma funcionária da “máquina”, uma serviçal do partido, uma procuradora de um projeto de poder que está em curso. Essa história de uma “Dilma deslulizada” é só mais uma fantasia dos mistificadores, que substituíram o seu objeto de culto: adoravam o Apedeuta; agora adoram a Soberana.

Por Reinaldo Azevedo
“Pois já não vales nada, és página virada, descartada do meu folhetim…”

Os melhores momentos de Dilma Rousseff se dão quando ela vai do particular para o geral, quando tenta extrair, ou dar, lições de moral ou estabelecer um norte ético a partir do evento único. Leiam o que seguem. Volto em seguida.

Por Fábio Guibu, na Folha Online:

A presidente Dilma Rousseff afirmou na tarde desta sexta-feira que o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim é “página virada” no governo federal. A declaração foi concedida no aeroporto de Petrolina (PE) a rádios locais. “Eu reconheço o trabalho que ele [Jobim] deu ao país. Infelizmente, nós esgotamos uma etapa e, por isso, passamos e viramos a página”, disse Dilma.

Questionada sobre o sucessor de Jobim, Dilma elogiou o desempenho de Celso Amorim quando ele era ministro das Relações Exteriores. “O Amorim assume o Ministério da Defesa porque ele já deu mostras de ser um brasileiro muito dedicado ao Brasil.”

“Tenho certeza de que ele [Amorim] vai prosseguir no trabalho importante realizado pelo ex-ministro Jobim e vai acrescentar um reforço especial, na medida em que a gente sempre tem que melhorar. A gente não pode nunca se contentar com o que conquistou”, afirmou Dilma.

Comento
A parte temerária, se é o caso de levar a sério, está no elogio a Celso Amorim. Naquele post da manhã, lembrei as “conquistas” deste grande brasileiro. Não há muito a acrescentar a respeito. Gosto mesmo é de lições generalistas, como esta: “A gente não pode nunca se contentar com o que conquistou”. Ou: “A gente sempre tem que melhorar”. Frases assim são interessantes porque absolutamente inquestionáveis, imunes ao debate. Imaginem alguém que dissesse: “Discordo, presidente, a gente precisa ser mais conformado”. Ou: “Melhorar pra quê?” É como se declarar a favor da Lei da Gravidade.

Por Reinaldo Azevedo
Depois da afronta, o afago

Ai, ai… Vamos lá. Leiam o que informa Tânia Monteiro, no Estadão Online. Volto em seguida:

Dilma reúne comandantes militares e diz que eles ficam onde estão

Para acalmar os militares, que na quinta-feira, 4, reagiram negativamente à escolha do ex-chanceler Celso Amorim para o Ministério da Defesa no lugar do demitido Nelson Jobim, a presidente Dilma Rousseff reuniu nesta sexta-feira, 5, cedo, no Palácio da Alvorada, os comandantes militares. Ela garantiu aos três chefes das Forças Armadas - Exército, Marinha e Aeronáutica - e mais ao chefe do Estado Maior Conjunto, general José Carlos De Nardi, que o novo ministro não vai fazer mudanças nos Comandos Militares. Amorim assume o cargo na segunda-feira, 8.

O Estado apurou que a presidente Dilma pediu aos comandantes que “mantenham a normalidade institucional”. O almirante Moura Neto é o comandante da Marinha; o chefe da Aeronáutica é o brigadeiro Juniti Saito; a força terrestre, o Exército, tem como comandante o general Enzo Peri.

Os comandantes deixaram o Alvorada com um discurso institucional e profissional. No diálogo com a presidente eles disseram que estão a serviço do Estado e que nãos servem a pessoas. Disseram, ainda, que as Forças Armadas têm as missões definidas pela Constituição. “Nosso dever é constitucional”, resumiu um dos comandantes. Os três comandantes já estão à frente das três Forças no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois da reunião no Alvorada, a presidente embarcou na Base Aérea de Brasília, por volta de 9h30, para uma viagem à Bahia e a Pernambuco.

Comento
É claro que a reação seria essa. O que esperar? Que os militares dissessem algo como “não aceitamos esse cara!”? Não havia a menor hipótese de isso acontecer. O ponto é outro. A saída de Nelson Jobim era dada como certa; fazia já algum tempo que ele vinha se estranhando com Dilma Rousseff e seu entorno. Isso quer dizer que a sua substituição era uma possibilidade evidente.

A nomeação de qualquer ministro é precedida de uma consulta a setores diretamente envolvidos com a pasta. Faz parte do jogo democrático. Por que haveria de ser diferente com os militares? E foi! Ainda que se plante o contrário, o fato é que os comandantes militares foram colhidos de surpresa, e isso explica a reunião de hoje. Não estou dizendo que Dilma teria de “pedir autorização” para escolher um ministro. O governante prudente, no entanto, busca a harmonia dentro da legalidade.

Tivessem sido auscultadas as Três Armas, a reação teria sido negativa. E é claro que o Planalto sabia disso e, assim, preferiu não ouvir os diretamente interessados. Lula indicou Amorim, e Dilma nomeou.

Por Reinaldo Azevedo
Censores malditos! Canalha maldita! Ditadores malditos!

Caramba! O que está acontecendo com o mundo? O politicamente correto ainda vai condenar o mundo ao silêncio. E, se querem saber, pior dos que a canalha patrulheira e censora,  são os “compreensivos”, aqueles que acreditam que toda reclamação tem de ser avaliada; que acham que é possível alguma forma de diálogo com vagabundos que querem violar a Constituição. Leiam o que informa a VEJA Online. Volto em seguida:
*
“Pôneis Malditos”, a sarcástica campanha da Nissan que estreou na última sexta-feira (29) na internet e, em seguida, na TV, será investigada pelo Conar, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. Com cerca de 30 denúncias vindas de diferentes partes do Brasil, o comercial será analisado pelo órgão por fazer a associação de figuras infantis - no caso, os pôneis em desenho animado - com a palavra “malditos”. Após a abertura do processo, que aconteceu na tarde de ontem, o próximo passo é a nomeação de um relator que estudará as denúncias.

Caso o relator escolhido se manifeste sobre a concessão de uma medida liminar, o comercial deverá sair do ar até que o processo seja julgado. O julgamento, segundo o Conar, ocorre em torno de 30 dias. Com mais de 5 milhões de visualizações no Youtube, a campanha permaneceu no topo dos trending topics do Twitter durante dois dias inteiros no Brasil. No ranking global, o termo “pôneis malditos” também emplacou rapidamente.

Criado pela Lew’Lara/TBWA, agência de publicidade da Nissan, o filme faz uma sátira à potência dos motores rivais da montadora, comparando-os aos animaizinhos. Por fim, o comercial apresenta a maldição: “É o seguinte, se você não passar esse vídeo agora para 10 pessoas, você vai sofrer a maldição do pônei: você vai ficar o resto da vida com essa música na cabeça”. A partir daí, o grudento jingle ganha vida e invade as redes sociais, virando hit.

Voltei
Onde estão os idiotas que reclamaram? Devem ser aqueles mesmos que querem monitorar propaganda de biscoito e de sanduíche para que nossas pobres criancinhas não sejam molestadas pelo capitalismo! Que esses caras não tenham noção do ridículo, é fato; que órgãos respeitáveis cedam a esse tipo de patrulha, aí é o fim da picada.

A propaganda dos pôneis é uma das melhores coisas da publicidade dos últimos tempos. Se vai ajudar a vender carro ou não, isso não sei. Não sou especialista da área. Tendo a achar, às vezes, que ela acabou ficando maior do que o produto. Mas isso diz respeito a quem paga por sua veiculação.

Mais de cinco milhões de acessos no  YouTube! A molecada repete o bordão nas ruas. Todos comentam. Por causa de trinta Zé-Manés que reclamaram da palavra “maldito” associado a uma imagem de apelo infantil, o Conar resolve abrir um procedimento? Ah, tenham a santa paciência! Que diabo de conselheiros, ou sei lá como se chamam, são esses? Nesse caso, basta recorrer aos artigo 5º e 220 da Constituição!

Ou botamos um freio nessa canalha maldita, ou logo teremos no Brasil uma variante daquela polícia religiosa da Arábia Saudita, só que esta vai punir a varadas aqueles que não se comportarem segundo os cânones do politicamente correto.

Por Reinaldo Azevedo
Os moralistas do bordel

O PT é realmente uma máquina fabulosa de produzir mistificações. A última da turma é plantar na imprensa, e de modo bem-sucedido, que o partido será muito severo nas alianças para 2012. Vai avaliar com lupa com quais partidos da base aliada vale a pena fazer aliança. Não quer se conspurcar, entendem? Vocês sabem como esses moralistas são severos. Nem parece que o maior processo por corrupção do país, que está no Supremo  — o do mensalão — tem uma maioria de… petistas como réus!

Mas essa é a lógica de sempre do lulo-petismo, não é? A turma lidera uma base gigantesca,  que faz qualquer negócio, mas pretende ser a parte moralista do bordel.

Por Reinaldo Azevedo

Governo Dilma em transe

Cobrei, num post de ontem, republicado nesta manhã, que as oposições se manifestem de modo organizado sobre o tal plano do governo de incentivo à indústria. Ponderei que a luta por uma CPI para apurar as denúncias de corrupção é importante, sim, mas que é preciso ir um pouco além disso — até porque os petistas se especializaram em a) impedir CPIs; b) não conseguindo impedi-las, desmoralizá-las. Considerei ainda que manifestar-se sobre tal plano é importante porque ele remete a alguns desacertos fundamentais do governo Dilma. Mas, como se nota, a oposição patina; é evidente a ausência de um eixo organizador do debate de políticas públicas. Já volto a este ponto. Vamos agora a uma digressão relativamente longa, que explicita o quadro.

No que concerne ao jogo político, à disputa própria das democracias entre governo e oposição, em que um ganha terreno quando o outro comete um erro, o cenário raramente foi tão propício para os adversários do PT. Os desacertos do Planalto são impressionantes. A maior base de sustentação de um governo da história republicana vive uma espécie de transe, e não há quem possa se apresentar como “o” articulador político do governo. Já disse que Nelson Jobim pode ter sido destrambelhado no método, mas foi exato no mérito: Ideli Salvatti  — das Relações Institucionais  é “fraquinha”, e Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, mal conhece Brasília. Quem costurava os múltiplos interesses desse troço que chamam “presidencialismo de coalizão” era Antonio Palocci, o consultor defenestrado. O governo ficou politicamente acéfalo.

Não custa lembrar. Quem fazia a articulação política no governo Lula era… Lula, com aquela sua habilidade já lembrada num dos posts abaixo: “inspira uma espécie de sujeição voluntária mesmo entre os sabidos porque se aposta, de algum jeito, que sua sabedoria não é deste mundo”. Dilma não veio ao mundo com esse dom da natureza, burilado ao longo dos anos como líder sindical e líder da oposição. A dita “presidenta” não sabe fazer essa condução e comete o erro de se cercar de gente mais fraca do que ela  erro que Lula, se vocês pensarem bem, nunca cometeu. Como era líder inconteste, podia ter auxiliares fortes.

É bem possível, não disponho de pesquisas, que as questões mais relevantes, com potencial para minar a credibilidade do governo, ainda não tenham chegado ao “povão”, mas provocam, como fica claro, uma bateção infernal de cabeças na base aliada. É bem provável que a dita “faxina” promovida no Ministério dos Transportes, por exemplo, tenha sido bem-recebida pelos setores do eleitorado mais atentos às coisas da política, mas restou um passivo enorme, que, tudo indica, o Planalto não sabe agora como administrar.

Em seu discurso no Senado, Alfredo Nascimento riscou o chão com a faca; só não entendeu quem não quis  muitos fingiram não ter entendido. Chamou a cumplicidade de ministros do estado para as suas ações, evocou a parceria com a própria Dilma e afirmou que o descontrole de gastos nos Transportes se deu em 2010, ano da eleição de… Dilma! Luiz Antonio Pagot disse estar louco para depor numa CPI. O governo se calou. Wagner Rossi, ministro da Agricultura, negou irregularidades em sua pasta, mas, quando menos, expôs o modo como foram preenchidos os cargos no ministério: Romero Jucá pediu para encaixarem lá o seu irmão (Oscar Jucá), e o homem, que já havia sido defenestrado da Infraero e repudiado como incompetente pela própria família, ganhou um cargo.

Acuado, o governo silencia. Faz sentido. Dilma se fez presidente porque foi essa a arquitetura de poder imaginada e realizada por Luiz Inácio Lula da Silva, o verdadeiro condestável do poder petista ainda hoje. Como ele é incontido; como, à diferença do que prometeu fazer, não desencarna de sua antiga função; como se considera o dono da bola, ele, então, fala pelos cotovelos, o que contribui para minar a autoridade de Dilma, não junto à opinião pública necessariamente, mas junto àquela “gente de Brasília” — nos EUA, Obama diria ser a “turma de Washington”. Na certeza de que têm um pacto firmado com Lula, não com Dilma, as lideranças políticas se assoberbam e vão fazendo e falando o que lhes dá na telha. No fim das contas, imagina-se que vão se entender com… Lula.

Dilma tenta emplacar desesperadamente uma agenda positiva, e as coisas não emplacam. Resta a imagem da mulher austera, pouco chegada a bravatas, que não gosta de jogar conversa fora, que a muitos agrada. Mas até quando isso vai? O ciclo da economia que vem pela frente não é dos mais auspiciosos. O discurso redentor de Lula, construído sobre uma base de impressionantes falsidades históricas, mesmerizou a inteligência de muitos e fez tabula rasa das divergências políticas. Ela já não conta com esse ativo. Não parece que o seu “Brasil Sem Miséria” resista como marca. Também o PAC vai ficando pelo caminho como peça de propaganda — ela ainda cuida dos restos a pagar da gestão do antecessor; mas foi aquele aporte publicitário que a elegeu, não é?

Não importa a tendência do interlocutor, uma avaliação está em quase todas as bocas: trata-se de um governo sem agenda, que parece viver à espera do retorno de um animador de auditório. Talvez, ao contrário do que pareça, reste mesmo a Dilma a veia da moralização da administração, o que não seria pouca coisa. É certo que isso criaria fraturas importantes na sua base de apoio. Mas, se vocês querem saber, um governo de fato sem agenda não precisa de uma base de apoio tão extensa. Como Dilma não sabe direito o que fazer, poderia prestar o favor de pôr para correr alguns corruptos. O problema é que todos eles sabem demais.

Volto ao começo para encerrar
A esta altura, sem prejuízo de denunciar o que há de errado no governo, seria o caso de as oposições começarem a estruturar, como posso chamar, a construção de um novo saber sobre a administração pública, apontando os erros estratégicos que estão sendo cometidos pelo governo. É preciso começar a evidenciar que o poder, como o estruturou Lula, está dando sinais de rachadura e consegue ser, a um só tempo, imoral e incompetente. Sem prejuízo, reitero, das denúncias dos malfeitos, é preciso ir além da agenda moralizadora.

Texto publicado originalmente às 18h desta quarta
Por Reinaldo Azevedo
Militares consideram Amorim a “pior opção”

Por Tânia Monteiro, no Estadão:
A escolha do ex-chanceler Celso Amorim para substituir Nelson Jobim no Ministério da Defesa desagradou a almirantes, generais e brigadeiros e foi considerada “a pior surpresa” dos últimos tempos pelos militares, só comparável à escolha de José Viegas Filho, também diplomata, no início do governo Luiz Inácio Lula da Silva, para o mesmo cargo.

No caso de Celso Amorim, de acordo com oficiais-generais da ativa ouvidos pelo Estado - e que não podem se identificar para não quebrar o regulamento disciplinar - a situação é ainda mais delicada. Todos eles conhecem as posições assumidas pelo ex-chanceler em sua passagem pelo Itamaraty, quando, segundo avaliam, ele “contrariou princípios e valores” dos militares.

Apesar de toda contrariedade, os militares, disciplinados, não pensam em tomar qualquer atitude contra o novo ministro da Defesa. Não há o que fazer, além de bater continência para o sucessor de Nelson Jobim. Para os militares, a escolha de Amorim tem “o dedo de Lula”, dizem.

Dilma Rousseff é a presidente da República e cabe a ela escolher o novo ministro da Defesa e, aos militares, acatar a decisão. “É quase como nomear o flamenguista Márcio Braga para o cargo de presidente do Fluminense ou do Vasco, ou vascaíno Roberto Dinamite como presidente do Flamengo”, comentou um militar, recorrendo a uma imagem futebolística e resumindo o sentimento de “desgosto” da categoria. “O governo está apostando na crise”, observou outro oficial-general, explicando que Jobim conquistou autoridade mas ninguém sabe como será a reação da tropa caso haja algum problema que obrigue Amorim a fazer valer sua autoridade.

O maior desafio para os militares é que, durante todo o governo Lula, Celso Amorim usou a ideologia para tomar decisões e conduzir a política externa brasileira. Além disso, Amorim priorizou a relação com Fidel Castro, de Cuba, e Hugo Chávez, da Venezuela, além de Mahmmoud Ahmadinejad, do Irã. “Ele colocou o MRE a serviço do partido”, salientou outro militar, acrescentando que temem, por exemplo, a forma de condução do programa nuclear brasileiro. Isso porque Amorim sempre defendem , segundo esses oficiais, posições “perigosas” no que se refere aos programas de pesquisa que constam nos planos das Forças Armadas. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
A última do palhaço - Chávez estuda estatizar setor de água mineral

No Estadão:
O governo da Venezuela está preparando um decreto para nacionalizar empresas de engarrafamento de água mineral no país, segundo informou ontem o jornal El Universal.

O diário afirma que, antes de partir para Cuba para a segunda fase de seu tratamento, no mês passado, o presidente Hugo Chávez cobrou de seu vice, Elias Jaua, e do ministro do Meio Ambiente, Alejandro Hitcher, um projeto sobre a exploração de mananciais de água potável explorados por empresas privadas.

Chávez teria assegurado a seus subordinados que tinha certeza de que essas companhias não pagavam ao Estado o preço justo pela concessão. Conforme relato do colunista Nelson Bocaranda, crítico do chavismo, o presidente desqualificou a explicação de seu ministro do Meio Ambiente sobre os valores pagos pela exploração. “Não minimize o problema, Hitcher”, teria dito Chávez. “A água é nossa, é da república. Isso, sim, viola a Constituição. E não meu tratamento em Cuba.” Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Assad decreta multipartidarismo na Síria enquanto esmaga opositores

Por Gustavo Chacra, no Estadão:
O regime sírio anunciou ontem uma série de medidas políticas supostamente liberalizantes, incluindo o multipartidarismo, ao mesmo tempo que suas forças de segurança intensificaram as operações militares na cidade de Hama, foco da oposição, onde mais de 170 pessoas foram mortas desde o domingo.

Estas iniciativas do governo de Damasco foram encaradas com ceticismo por potências ocidentais como EUA e França. Elas foram anunciadas um dia depois de uma declaração presidencial no Conselho de Segurança da ONU condenar a violência das forças de Bashar Assad.

Em anúncio publicado na agência de notícias estatal síria Sana, o regime de Damasco afirma que “os cidadãos da República Árabe da Síria têm o direito de estabelecer partidos políticos”. Segundo a determinação de Assad, estas agremiações “não poderão ter como base religião, tribos, regiões ou profissões e tampouco poderão discriminar por etnia, raça ou sexo”.

Caso sejam adotadas, estas serão algumas das maiores reformas políticas realizadas em um sistema autoritário no mundo árabe em décadas. Também atendem a demandas da comunidade internacional e de alguns membros da oposição - diversas facções exigem o fim total do regime, com a queda de Assad, sem que ele participe da transição.

O problema é que a iniciativa foi anunciada após uma série de promessas do líder sírio que acabaram não sendo concretizadas. Apesar de anunciar o fim da lei de emergência, o regime continua reprimindo protestos e prendendo opositores sem ordem judicial.

“Nós já vimos uma série de declarações vazias dele e fica difícil levar a sério as novas medidas”, afirmou ontem o porta-voz do Departamento de Estado, Marc Toner, ao ser questionado sobre as reformas políticas anunciadas por Assad. Ele também ironizou o fato de o anúncio ser feito enquanto “as forças de segurança continuam atacando Hama”. O governo da França, que tem assumido a vanguarda nas críticas ao regime sírio, considerou uma “provocação” o anúncio das liberalizações partidárias feitas por Assad.

Segundo ativistas de direitos humanos e opositores, cerca de 170 pessoas morreram apenas nos últimos dias em Hama, que tem tanques do Exército ocupando seu centro. O governo sírio nega este número e afirma que dezenas de soldados e policiais têm sido mortos por milícias armadas.

Desde março, mais de 2 mil pessoas teriam sido mortas em várias partes do país. Não há confirmação independente, pois Damasco proíbe a entrada de jornalistas estrangeiros. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Assad está de saída, diz Casa Branca

No Estadão:
A campanha de repressão do governo sírio contra seus cidadãos “situa a Síria e a região em um caminho muito perigoso”, advertiu ontem o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

“O presidente sírio, Bashar Assad, encontra-se de saída (…) todos devemos a pensar no futuro sem ele, pois os 23 milhões de cidadãos sírios já começaram a pensar”, disse Carney em entrevista coletiva.

“A Síria seria um lugar bem melhor sem Assad”, acrescentou o porta-voz da Casa Branca.

O presidente americano, Barack Obama, disse recentemente que Bashar perdeu a legitimidade e é a causa da instabilidade na Síria, mas evitou pedir diretamente a saída dele do poder.

Ontem, a secretária americana de Estado, Hillary Clinton, responsabilizou o regime sírio pelas mais de 2 mil mortes que ocorreram desde o início dos levantes, em março. Ela também reafirmou o apoio do governo americano às aspirações do povo sírio de “obter uma transição para a democracia”.

Por Reinaldo Azevedo
Amorim vai concorrer com Kim Jong-Il para ver quem é mais alto…

Queridos,
estava no médico e fiquei tuitando no caminho de ida, no de volta, enquanto aguardava… Por isso não escrevi um texto mais fornido sobre a volta do Megalonanico. Ainda o farei! Meu Deus! Sem armas, Amorim já ensaiava, assim, um subimperialismo verde-amarelo. Meu temor é que ele decida competir com Kim Jong-Il para saber quem é mais alto…

Por Reinaldo Azevedo

Lula, o cabo eleitoral de Celso Amorim

Lula articulou nomeação de Amorim

O grande cabo eleitoral de Celso Amorim para ser o novo ministro da Defesa foi Lula. Desde o fim de semana, Lula e Dilma conversaram algumas vezes sobre o assunto.

Inicialmente, a troca de Jobim por Amorim aconteceria apenas dentro de duas semanas. Acabou precipitada para hoje por causa das novas e apimentadas declarações de Jobim sobre Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann. (leia mais em Amorim no páreo)

Dilma, portanto, não decidiu em questão de horas o nome do novo ministro da Defesa, como alguns imaginam e outros já escreveram. Amorim na Defesa estava sendo gestado por Lula há alguns dias.

Por Lauro Jardim

Direto ao Ponto, por Augusto Nunes:

Sai Jobim, entra Amorim: no Brasil, o que está ruim sempre pode piorar

Nos últimos minutos do Roda Viva desta segunda-feira, afirmei que o entrevistado não me convencera: embora Nelson Jobim tivesse garantido que pretendia continuar no Ministério da Defesa, fiquei com a impressão de que estava prestes a deixar o emprego. O domador de sucuris de quartel atravessou o programa tentando corrigir derrapagens recentes. Não é possível, contudo, reparar o que já aconteceu mas ainda não é passado.

Numa conversa com a repórter Consuelo Dieguez ocorrida semanas antes, Jobim havia produzido outro lote de declarações inconvenientes. Mas só nesta quinta-feira foram divulgados os trechos da entrevista àPiauí que fizeram o berreiro de Ideli Salvatti virar sussurro e o nariz de Gleisi Hoffmann parecer bem menos empinado.

As manifestações de apreço a Dilma Rousseff feitas no Roda Viva informam que Jobim usou o programa para tentar pagar, antecipadamente, a conta que não demoraria a bater em sua porta. Tarde demais: na segunda-feira, enquanto nadava 90 minutos em busca da praia, o náufrago já estava morto por afogamento. Só faltava o anúncio oficial de mais uma baixa no primeiro escalão.

A partida de Nelson Jobim vai reafirmar que existe a ausência que preenche uma lacuna. A volta de Celso Amorim atesta que, no Brasil, o que está ruim sempre pode piorar. Leiam na seção Vale Reprise o post de maio de 2009 que mostra, com penosa nitidez, quem é o novo comandante das Forças Armadas. O governo Dilma-Lula continua a superar-se.

(por Augusto Nunes)

Direto ao Ponto

O grande desempenho dos comentaristas transforma o Cufopeco no PAC/PCC

Ao saber pelo amigo Walter/Cwb, nesta terça-feira, que a direção do PT decidira submeter os filiados a “cursos de formação”, a coluna resolveu facilitar a vida dos figurões do partido. Convocado para a montagem de uma lista de 100 tópicos que não poderiam ficar fora do que foi batizado de Curso de Formação do Perfeito Companheiro (Cufopeco) , o timaço de comentaristas entrou imediatamente em campo. E precisou de apenas 48 horas para traduzir o que o Brasil decente acha da ideia em quase 250 comentários e mais de mil sugestões.

O show de humor, ironia fina , sarcasmo, criatividade e inteligência precipitou a mudança do nome, o redimensionamento e a ampliação da abrangência do projeto original. O Curso de Formação do Perfeito Companheiro transformou-se no Programa de Adestramento de Companheiros/Palestras, Cursos e Conferências ─ e o Cufopeco virou PAC/PCC, sigla perfeitamente sintonizada com PT. Como ficou evidente que o PAC/PCC os tópicos indispensáveis são muito mais que 100, o programa foi dividido em três níveis de ensino: básico, médio e superior.

No nível básico, os alunos assimilarão os dogmas da seita e aprenderão a dominar a novilíngua companheira. Terminado o ciclo, todos terão descoberto, por exemplo, que o mensalão não existiu, ou que quando Lula fala o mundo se ilumina. O nível médio se concentra em aulas práticas especialmente úteis a petistas praticantes. Um companheiro que se preza tem de saber forjar um dossiê ou transformar cuecas em cofres de dólares. O terceiro e último nível recorrerá intensivamente a palestras e conferências conduzidas por Altos Companheiros com doutorado. Aloízio Mercadante, por exemplo, provará que revogar o irrevogável é uma demonstração de coerência.

Neste fim de semana, serão apresentadas as listas de tópicos que compõem a grade curricular de cada nível de ensino. Vários professores, palestrantes e conferencistas já foram escalados, mas ainda existem vagas. Vamos preenchê-las até a noite desta sexta-feira, amigos. O timaço, que não deixou escapar um único tema importante, vai brilhar também na composição do corpo docente.

(por Augusto Nunes)

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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