Celso Arnaldo captura Dilma em Nova York: a calamidade que virou dinamite

Publicado em 20/09/2011 03:18
dos blogs de Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo, em veja.com.br

Celso Arnaldo captura Dilma em Nova York: a calamidade que virou dinamite

Celso Arnaldo Araújo

O carro da presidente estaciona à porta do hotel Waldorf Astoria, na Park Avenue. Dilma está chegando da Reunião de Alto Nível sobre Doenças Crônicas Não-Transmissíveis, seu primeiro compromisso em Nova York, onde quarta-feira abrirá a Assembleia Geral da ONU.

Ao descer do carro com um tailleurzinho azul, os carregadores de bolsas e malas do Planalto se apressam em aliviar Dilma do peso extra, deixando-a só com uma pasta de plástico debaixo do braço – talvez cópia do discurso histórico que fará na ONU, que precisa ser passado e repassado até quarta-feira, porque o mundo vai estar de olho.

Os repórteres que a esperam à porta do hotel devem ter sido informados por seus colegas que, no caminho, ela dera uma parada numa livraria – programa obrigatório para a insaciável devoradora de livros que, antes de degustá-los, se deleita com seus aromas, como uma enófila/bibliófila. Se para Vinícius de Moraes o uísque era o cachorro engarrafado, tal a fidelidade canina que tinha para com o scotch, para Dilma os livros são o Nego impresso em papel.

– Presidenta, dá uma palavrinha aqui com a gente, grita uma jornalista.

Não estava no protocolo, mas, sob o ponto de vista do “meu chinelo de minha humildade” que ela declarou calçar antes daquela célebre entrevista em que defendeu a convocação de Neymar e Ganso para a Copa de 2010, o que custa um pit stop para a grande estrela da AG da ONU, capa da última edição da revista Newsweek, onde foi chamada de “Dilma Dinamite” (Dynamite Dilma)?

A passagem pela livraria é o assunto que abre a palavrinha à imprensa. O que fez Dilma desviar-se de seu trajeto de volta ao hotel? Naturalmente um livro muito importante, seminal – se bem que, no caso de Dilma, mais de cabeceira do que de cabeça.

– Que livro a senhora comprou?, vai indagando uma repórter antes mesmo de a presidente chegar ao spot da imprensa.

A presidente ganha um ar meio assustado, mas logo se recupera do impacto da pergunta. Naquela caminhada de metros, a passos propositalmente lentos, antes de responder à pergunta inesperada, de sopetão, o pesadelo de um ano atrás deve ter passado por sua cabeça: ainda na campanha, Marcelo Branco, o guru virtual, a fez gravar um vídeo onde uma falsa repórter da equipe digital perguntava à candidata intelectual, contraponto do apedeuta Lula, acerca do último livro que tinha lido. Dilma disfarçou, dizendo que estava pensando na novela das 8 para tentar lembrar o nome do livro, até que uma assessora lhe soprou ao ouvido, mas ela não entendeu direito. Ainda levou alguns segundos para processar: “As, as, as, as brasas!” E ainda puseram o vídeo no You tube!!.

“Agora, eles não me pegam”, deve ter pensado Dilma, à porta do Waldorf:

— Não comprei livro, não. Eu comprei um CD…

O problema é que ela também não lembra o nome do CD comprado há minutos. A sorte é que CD, ao contrário de livros, não precisa ser citado com título e autor. Basta o autor. Mas nem isso… Meu Deus, vai começar tudo de novo:

– Cumé que chama a moça do meu CD?, indaga Dilma aos atônitos assessores, incluindo dois ministros, Fernando Pimentel e Antonio Patriota.

– Seu CD que você comprou lá?, indaga ao fundo uma voz que parece a do embaixador Patriota, especialista em colocar algodão entre louças e salvar a pátria

– Ô, já esqueci, viu, o nome do CD – lamenta Dilma

– Tem um CD que tá aqui, sugere Pimentel.

E Dilma, durona, como sempre:

– Não, o seu é esse. O meu não é o seu – conclui a presidente, com a mesma lógica irrepreensível que pretende levar à Assembleia Geral da ONU para reafirmar que o Brasil é um país assertivo, seja lá o que isso seja.

Alguém – parece Patriota de novo – enfim elucida o enigma sobre “a moça do meu CD”;

– Stacey Kent

– Stacey Kent, repete Dilma, triunfal, mas sem esclarecer, mesmo porque não lhe foi perguntado, como conseguiu localizar, escolher e comprar esse CD, especificamente, sem saber o nome da moça, aliás uma bela cantora de jazz da nova geração.

Sorte é que nenhum repórter quis saber que CD de Stacey Kent ela tinha comprado. Se fosse “Breakfast On The Morning Tram” (indicado ao Grammy em 2007), possivelmente Dilma perderia a reunião de quarta-feira tentando lembrar e depois pronunciar o título.

Ok, deixa o CD para lá. O assunto agora é a capa da Newsweek

– A revista a senhora já leu?

– Agora que eu vou olhá, tá?

Note-se: ler, não; olhar.

– O que a senhora achou daquela manchete “Dilma Dinamite”

– Eu acho assim que lembra muito filme do velho oeste, né?

De novo, pede ajuda aos universitários:

– Cumé que chamava?

Patriota é mesmo um patriota, sempre com a mão estendida para salvar a presidente:

– Calamity Jane

Dilma cai em si: não era bem isso o que pensou.

– Calâmity, Dilâmity, ri, nervosamente

Bem, Jane é o segundo nome de dona Dilma, a Primeira-Mãe. Pelo menos estamos em casa.

– Mas a sra. gostou?

– Eu achei muito boa a capa

A entrevista-relâmpago, sob o ponto de vista desta coluna, já estava plenamente encerrada. Mas, no minuto restante, os repórteres, imaginem, ainda quiseram saber de coisas sérias, como o discurso de quarta-feira:

- Acho que essa é uma expectativa grande, porque de fato é uma honra sê a primeira mulher a discursá na Assembleia Geral da ONU…

Como lembrou Reinaldo Azevedo num post ontem, ela é a primeira mulher porque é a primeira mulher presidente do Brasil. Seria o primeiro Saci-pererê se o Saci-pererê tivesse sido eleito presidente.

Mas a imprensa, curiosa que só ela, quer saber mais sobre os temas do discurso:

– Aí cês esperam, né, porque senão vou fazê meu discurso da ONU aqui.

Mas, presidente, mesmo a senhora sendo durona, não dá um friozinho na barriga falar na ONU?

– Olha, sempre dá, sempre qualquer pessoa que vai falá né, para um público que seja mais do que algumas poucas pessoas, fica emocionada até porque é o momento que cê tem de representá aquilo que você ali está fazendo,eu tenho de representá o Brasil, concluiu ela, tranquilizando os que pensavam que ele fosse representar a Tanzânia na quarta-feira.

Fim de papo. Agora, é banhinho e olhá a Newsweek da mulher-dinamite.

– Brrigada, viu, brigada mesmo – despede-se a presidente.

Não importa o que Dilma vá ler na ONU quarta-feira, para “um público que seja mais do que algumas poucas pessoas”, como ela tão bem definiu esse momento glorioso.

O apelido da Newsweek vai pegar, na versão Dilma – Calamidade Pública Número 1.

Rio e Porto Alegre tiram o sono dos assaltantes de cofres públicos

Enquanto centenas de cidades preparam para 12 de outubro a reprise em escala ampliada das manifestações de 7 de setembro, o Rio e Porto Alegre resolveram tirar o sono da bandidagem já nesta terça-feira. Os assaltantes de cofres públicos terão de ouvir a voz dos cariocas e porto-alegrenses que não perderam a vergonha e não se rendem ao vale-tudo que deixou o país parecido com um imenso clube dos cafajestes.

Coisa de moralista, assustam-se nos blogs estatizados os comparsas dos larápios providos de CIC e RG (como Lula ensinou) protegidos por padrinhos poderosos e amorais (como o ex-presidente reduzido a Padroeiro dos Companheiros Pecadores). . Coisa de quem exige a aplicação indistinta da lei, sem a qual não há Estado Democrático de Direito, retruca o Brasil que presta, assombrado com as dimensões da roubalheira.

A corrupção endêmica já é medida em países. Baseado em números fornecidos pela Polícia Federal, pelo Tribunal de Contas da União e pela Controladoria Geral da União, o economista Marcos Fernandes da Silva, da Fundação Getúlio Vargas, constatou que o desvio de recursos federais entre 2002 e 2008 foi do tamanho da economia da Bolívia: R$ 42 bilhões. É dinheiro suficiente para reduzir à metade o número de casas sem saneamento, hoje calculado em 25 milhões de moradias. E é só uma fração do que foi tungado dos pagadores de impostos.

Não entraram na conta os assaltos ainda ocultos, como os que envolvem a Famiglia Sarney. Nem o que foi embolsado por larápios que agem nas administrações estaduais e nas prefeituras. O produto do roubo certamente equivale a várias bolívias. Nenhum centavo foi recuperado. Não há nas cadeias um único ladrão da classe executiva. Mas existe a sensação de que algo começou a mudar. Amanhã, cariocas e gaúchos dirão se faz sentido acreditar na chegada simultânea de duas primaveras.

(por Augusto Nunes)

Não! O governo não tem a menor idéia de quanto vai custar a Copa do Mundo. Mas quer mandar a Lei de Licitações às favas

A ministro Miriam Belchior estava mesmo do balacobaco nesta segunda. Uma outra declaração sua dá o que pensar.

“Eu desconheço qual é o valor que vai custar a Copa do Mundo no Brasil. Não há nenhum estudo que diga isso”.

Compreenderam? Faz três anos que o Brasil sabe que vai sediar o evento, mas não tem noção de custo até agora. Que bom!

Não tem noção de custo, mas quer mandar as favas à Lei de Licitação. Mas por que não tem? Segundo Miriam, porque a Fifa fez exigências novas. Ah, bom! Então qual era o valor com as exigências velhas? Ela também não sabe.

É por isso que a ministra anunciou que vai resolver os eventuais problemas de “mobilidade” decretando feriado no dia dos jogos.

Por Reinaldo Azevedo

Para ministra petista, problemas da Copa podem ser resolvidos parando o Brasil. Muito bem, companheira! Eu também acho que o melhor lugar para ver jogo é o sofá! Com uísque… Ou: Miriam Belchior quer nativos em casa em dia de jogo!

A delinqüência intelectual não é coisa nova no Brasil. Não se faz um país com tal atraso na educação, na infraestrutura e no serviço público da noite para o dia. É preciso o esforço de gerações. Mas vamos admitir: tem havido certo exagero. Como diria Nelson Jobim, os idiotas perderam a modéstia. Leiam o que informa a VEJA Online (íntegra aqui). Volto em seguida.

Para Miriam Belchior, mobilidade urbana não é essencial para a Copa

Por Beatriz Ferrari:
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, defendeu nesta segunda-feira, em encontro com o Grupo de Líderes Empresariais (Lide), que as obras de mobilidade urbana necessárias para as cidades que acolherão os jogos da Copa do Mundo não são essenciais para a realização dos jogos. A ministra afirmou que as licitações para essas obras estão saindo apenas agora, para serem iniciadas no ano que vem. Segundo ela, tais obras não são fundamentais para a Copa. “O governo considera essencial para a operacionalização dos jogos as obras em estádios, portos, aeroportos e rede hoteleira. As obras de mobilidade urbana são legado, mas não são fundamentais. Posso decretar um feriado em São Paulo no dia do jogo e garantir que não tenha trânsito”, justificou a ministra.

Miriam afirmou que o governo está, atualmente, na segunda etapa de preparação para as obras da Copa do Mundo de 2014. De acordo com a ministra, esse ciclo inclui o planejamento de obras nas áreas de segurança e telecomunicações. Ainda há uma terceira etapa que se refere à operação propriamente dita, ou seja, a conclusão das obras. Para isso, a ministra afirmou que ainda não há prazo, porque depende de fatores externos. “Para definir a malha aeroviária, por exemplo, é preciso esperar a tabela da Copa do Mundo, para saber que país joga em que cidade-sede e em que ordem”, explica.

A primeira etapa, segundo Miriam, foi vencida em janeiro de 2010 e se referia à definição dos investimentos que exigem um tempo de maturação mais longo, como estádios e aeroportos. Sobre as obras de construção e reforma de estádios, Miriam Belchior admitiu que, especificamente, o estádio de Natal (RN) está muito atrasado. Para São Paulo, a avaliação é de que a cidade conseguirá recuperar o tempo perdido.

Questionada por um dos empresários presentes se o acréscimo de 1 bilhão de reais na obras da Copa em relação ao planejamento original era uma falta de controle financeiro do governo, Miriam justificou que o valor dos estádios cresceu porque a Fifa exigiu requisitos adicionais que encareceram os projetos originais. “Naturalmente isso tem um desdobramento nos custos. E é preciso considerar os reajustes contratuais”, justificou.
(…)

Comento
Dizer o quê? A gente sente, assim, certo desconsolo que convida ao silêncio, ao desalento… Mas é preciso falar, né? Os petistas têm sempre uma solução inteligente para as suas incompetências. Querem ver como estamos diante de um padrão? 
- Ficaram três anos sem mover uma palha para as obras de infraestrutura da Copa? Ficaram! Como resolver? Ora, basta jogar no lixo a Lei de Licitações e criar o tal RDC. Se ninguém fiscalizar porcaria nenhuma, a coisa anda.
- As tais “obras de mobilidade” não ficarão prontas a tempo? Bem, Miriam Belchior está admitindo que não! Nada que não se resolva decretando feriado e parando o país. Se todo mundo ficar em casa, no seu quadrado, pronto! A GENTE ESCONDE OS NATIVOS PARA QUE OS TURISTAS CONSIGAM CIRCULAR. É… FAZ SENTINDO!

O troço guarda semelhança, embora não pareça à primeira vista, com a elevação do IPI dos carros importados. Como a equação macroeconômica tem mais problemas do que soluções, então é preciso fazer remendos: eleva-se o IPI dos carros importados. Daqui a pouco, outro setor estará com a mesma demanda; em breve, outro. E assim caminha a humanidade petista — arrastando consigo a que não é petista…

Se está rendendo capa da Newsweek, então a coisa vai bem… Acho que amadorismo parecido só se viu mesmo no governo Collor, em que um bando de gente que não sabia do que estava falando vivia tendo idéias a respeito de quase tudo.

Você quer estrada, metrô, linhas de ônibus etc? Miriam Belchior lhe dá um dia de folga. Se os nativos ficarem escondidos em casa, os turistas poderão circular com um pouco mais de facilidade. No que me diz respeito, tudo certo. O melhor lugar para assistir a um jogo ainda é o sofá.

Valha-nos Deus!

Por Reinaldo Azevedo

Com infiltração, obras inacabadas e greve de funcionários há quase quatro meses, Universidade Federal da Bahia concede a Lula o título de doutor Honoris Apaídeutos Causa

Luiz Inácio Lula da Silva recebe amanhã o título de doutor Honoris Apaídeutos Causa da Universidade Federal da Bahia. É um título concedido a todo aquele que colabora de modo definitivo para que o mundo tenha uma visão mais bronca da ciência, das artes, da educação, da cultura e do humanismo…

É o 6º na carreira de Lula. Vêm mais uns 300 por aí. Quando ele superar FHC, então chegará em sua casa e, em vez de ficar feliz da vida, vai se olhar no espelho e pensar: “Mas ele disputou duas eleições comigo e ganhou no primeiro turno”. E cairá em depressão… Parafraseando Camões, não há títulos Doutor Honoris Apaídeutos Causa o bastante que contentem o ego do gigante…

Aí o petralha que vive hoje em clima de “Deu na Newsweek” berra: “A universidade francesa Sciences Po também vai conceder o mesmo título a Lula, seu invejoso”. É verdade! Será no dia 27, um dia depois do possível encerramento da greve de funcionários — em muitos caos, de professores também — de mais da metade de institutos federais de educação (universidades e ensino técnico). A paralisação terá durado quatro meses.

O bom da Sciences Po é que está livre da ação iluminista de Lula. Pelo menos não enfrenta as dificuldades que também atingem a Universidade Federal da Bahia, como se vê em foto abaixo, com seus prédios corroídos por infiltração e suas obras inacabadas.

O Doutor Honoris Apaídeutos Causa é o maior criador de universidades de papel e saliva do mundo. Deveria ganhar títulos honoríficos de cursos superiores de propaganda e maketing do mundo inteiro — dos maus cursos, claro! Que o bom marketing e a boa propaganda não enganam ninguém; dão é um jeito de fazer com que as reais qualidades de um produto ou de uma personalidade sejam conhecidos pela maioria.

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Por Reinaldo Azevedo

Ladrões de Bicicleta - O ministro Gugu-dadá, o governo do DF e o estelionato sobre duas rodas

Vejam bem esta foto, divulgada pelo governo do Distrito Federal.

bicicletas-haddadÀ esquerda, vê-se o ministro Gugu-dadá da Educação, Fernando Haddad, candidato do Apedeuta à Prefeitura de São Paulo. À direita, o governador Agnelo Queiroz, do PT. Agora leiam o que informa o Portal G1.
*
As bicicletas do programa “Caminho da escola”, entregues pelo governo do Distrito Federal e pelo governo federal a estudantes da rede pública do Recanto das Emas, foram recolhidas logo após a cerimônia de lançamento do programa, no dia 26 de agosto. O Recanto das Emas, a 26 quilômetros de Brasília, foi a primeira região do DF a aderir ao programa do Ministério da Educação que entrega bicicletas de graça a estudantes da rede pública. Depois do anúncio do início do programa, do qual participaram o governador Agnelo Queiroz e o ministro da Educação, Fernando Haddad, as bicicletas foram levadas para um galpão, onde estão guardadas até hoje, sem uso. Três bicicletas ainda não foram devolvidas. O G1 entrou em contato com a assessoria do governo do DF e aguarda retorno. O Ministério da Educação foi procurado, mas informou que não vai se manifestar sobre o assunto.

“Muita gente se sentiu revoltada porque pensou que já ia usar a bicicleta. Teve muita gente animada com a bicicleta e foi tudo fachada, não entregaram. Ficamos frustrados”, falou uma estudante. A aluna Thaís Gonçalves, que aparece no painel do governo sobre o programa, também não ficou com a bicicleta. Ela diz que a maioria dos alunos foi avisada pelo diretor que a entrega era simbólica. Quem levou a bicicleta para casa depois da cerimônia teve que devolver.

“Nós fomos para lá já sabendo. Houve alguns mais desavisados, que foi na hora que o diretor não estava presente para falar com eles. Eles, sem saber, levaram as bicicletas para casa, mas só que ligaram pra eles devolverem porque ia ter um dia exato para eles receberem essas bicicletas”, disse Thaís Gonçalves. A diretora da regional de ensino, Adriana Muller, confirma que a entrega foi simbólica e explica que isso ocorreu porque os estudantes precisam passar por um treinamento - o que, segundo ela, deve ocorrer em duas semanas. “A gente teve um lançamento do programa e depois a execução dele”, justificou.

Na época do lançamento, porém, o treinamento foi citado como já realizado. “Os alunos, como eles passam por uma formação, eles estão fazendo um curso antes de receber as bicicletas. Nesse curso, eles também estão sendo preparados para essa manutenção básica, de soltou uma corrente, precisou apertar um parafuso, ele também está sendo preparado. Além de já ter disponível junto com a bicicleta e o capacete alguns itens necessários para fazer essa manutenção”, disse Adriana Muller, na época da cerimônia.

O Detran-DF é o responsável pelo treinamentos que as crianças vão receber para usar as bicicletas. Nesta segunda-feira (19), o diretor de Educação no Trânsito, Marcelo Granja, disse que não tinha conhecimento do recolhimento das bicicletas. Um assessor do departamento informou que a parte teórica do treinamento já foi realizada e que a parte prática foi suspensa a pedido da Secretaria de Educação.

O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação, que informou que a Secretaria de Comunicação está respondendo sobre o assunto. O G1 entrou em contato com a secretaria e aguarda retorno. Enquanto a propaganda está nas ruas, os alunos continuam indo a pé para escola. “Depois que a gente recebeu [as bicicletas], eles [as] recolheram. Não se ouviu mais falar das bicicletas”, afirmou o estudante Sérgio Luiz.

Por Reinaldo Azevedo

Este é um país em que todos são vítimas, menos as… vítimas!

Um sujeito com sinais de embriaguez atropelou e matou uma mulher e sua filha em São Paulo. Miriam Afif José Baltresca, de 55 anos, e Bruna Baltresca, de 28, foram colhidas pelo Golf conduzido por Marcos Alexandre Martins na calçada em frente ao shopping Villa Lobos.  O motorista não quis se submeter ao bafômetro, a exemplo das celebridades e políticos flagrados pela Polícia, que deram início ao mau exemplo.

Vi há pouco no Jornal Nacional uma afirmação interessante de Rafael Baltresca, filho de Miriam e irmão de Bruna: “Ele [o motorista] bebeu porque quis, correu porque quis e tem de pagar”.

Dou os parabéns a esse rapaz pelo sangue frio e pelo poder de síntese, mesmo num momento de intensa dor. Mas também declaro o meu ceticismo. O Brasil está se transformando num país de inimputáveis, em que quase tudo pode. Se vocês notarem, todo mundo tem direito ao menos a um cadáver… Sem muito esforço, na pior das hipóteses, é posto na rua depois de uns quatro anos… Na melhor (para o assassino), o que é mais freqüente, não acontece nada.

Só não se pode matar algum animal em risco de extinção. Aí, se o sujeito é pego, é cana na certa. Como o ser humano não está mesmo em extinção, tudo bem. Na hipótese de certos orientalismos estarem certos, só resta à vítima voltar como tartaruga na próxima encarnação… Será protegido por umas 357 ONGs.

Volto ao jovem Rafael, que perdeu a mãe e a irmã porque um cara decidiu beber demais e correr demais. O rapaz fala em “escolha”, em “decisão”, algo com que este país lida mal. Aqui, todo mundo é vítima. O bêbado é vítima. O drogado é vítima. Só as vítimas dessas vítimas não têm o direito de reclamar.

Escrevi nesta segunda um texto sobre os dois filmes Tropa de Elite. O primeiro evidenciava a responsabilidade do consumidor de drogas nos desastres sociais provocados pelo narcotráfico. O segundo deixou isso de lado e preferiu culpar “o sistema”.

Infelizmente, Rafael, culpadas, no Brasil, são sempre as vítimas. Parece que elas é que estavam no lugar errado, fazendo a coisa errada. Tiveram a má sorte de cruzar com esses pobres anjos da morte…

Por Reinaldo Azevedo

Tropa de Elite 1 e os hipócritas; Tropa de Elite 2 e os covardes. Ou: O que dizem atores, sapateadores e engolidores de espada não tem a menor importância. Que façam a sua arte!

Eu não tenho receio de discutir tema nenhum! E jamais sou ambíguo ou anfíbio. Também não tenho medo do que penso ou das minhas próprias opiniões porque me situo nos parâmetros da Constituição da República Federativa do Brasil — uma Constituição elaborada segundo as regras da democracia. Eu tenho muito aguçado é o tal sentimento da vergonha alheia diante da covardia.

Vamos ver. Eu escrevi, sim, na VEJA de 17 de outubro de 2007 um texto elogioso ao filme Tropa de Elite 1, de José Padilha. O texto está aqui. Havia até certa ousadia porque, embora o filme fosse um estouro de bilheteria (e de pirataria), apanhava pra chuchu nos segundos cadernos. À época, o cineasta era chamado de “fascista” pelos “descolados”. Havia um motivo principal: O FILME NÃO EXIMIA OS CONSUMIDORES DE DROGAS DE SUA RESPONSABILIDADE. Numa cena bastante forte, o tal Capital Nascimento fazia um “maconheiro” de classe média focinhar no abdômen aberto de um traficante e indagava, aos tapas e pontapés: “Quem matou esse cara? Quem matou esse cada?” O maconheiro balbuciava: “Foram vocês [policiais]“. Respondia o policial: “Não, foi você, maconheiro filho da puta”.

A cena deixou indignados todos os drogados descolados do Brasil. No Brasil, consumidor de substâncias ilícitas se sente apenas um perseguido pelo estado. Ele acha que não tem responsabilidade nenhuma pelo tráfico, pela violência urbana, pelas mortes. Pensa candidamente: “Se as drogas fossem legais, eu não cometeria crime.” Claro! É o que qualquer criminoso poderia dizer: “Se fosse legal…” Não vou entrar agora no mérito da legalização.

Além de notoriamente bem-feito, o filme trazia uma abordagem que me pareceu correeta. E escrevi o que achava. Como a esquerda batia na turma mais do que o Capitão Nascimento nos seus malandros, meu texto foi elogiado por duas pessoas ligadas ao filme. Os nomes não vêm ao caso porque foram conversas privadas. Se quisessem que o elogio fosse tornado público, eles o teriam feito publicamente. Por mais que a fala criticando diretamente o usuário de droga fosse de uma personagem, era evidente que aquele era também o ponto de vista da obra. Num país em que todos estão acostumados a responsabilizar “o outro”, era uma inovação.

O vídeo abaixo traz a segunda parte de uma entrevista do diretor José Padrilha a Jô Soares por ocasião do lançamento de Tropa de Elite 1. Embora ele se diga favorável à descriminação das drogas — eu sou radicalmente contrário —, o diretor deixa claro o que pensa sobre o consumidor de entorpecentes entre 2min43s e 3min40s. Reproduzo trecho de sua fala depois do vídeo e comento.

JOSÉ PADILHA - O que eu acho que é importante entender é o seguinte: as escolhas que as pessoas fazem numa sociedade, elas não são feitas no vazio. Então eu vou dar um exemplo, do cara que vai consumir maconha. Ele pode achar, na cabeça dele: ‘Olha, eu tenho o direito de fazer isso; pô, sacanagem que tenha essa lei, tá cerceando uma liberdade minha etc., etc. Eu concordo com isso.Porém, no Brasil, com as regras do jogo que a gente joga, se ele comprar maconha, ele vai estar comprando de um traficante, que está numa favela, altamente armado e dominando aquela população. Isso é um fato. Contra fatos, não existem argumentos.

JÔ SOARES - E não é só isso. E armando meninos de 15 anos, de 14 anos…

JOSÉ PADILHA - É isso aí…

JÔ SOARES - Que estão já matando gente…

JOSÉ PADILHA - … que, por sua vez, vão atirar nos policiais que vão subir lá pra… O que explica o ódio dos policiais pelos consumidores de maconha, que é mais ou menos o que cê viu nessa cena agora…

JÔ SOARES - Sobretudo fica claro no filme que essa tropa de elite não é absolutamente corrupta…

Voltei
Exceção feita à defesa da legalização das drogas, é rigorosamente o que eu penso e aí está o motivo essencial, do ponto de vista da visão de mundo, que me levou a elogiar o filme. E, por razão análoga, critiquei aqui Tropa de Elite 2, num texto publicado em 5 de novembro de 2010. O título não poderia ser mais eloqüente: Capitão Nascimento foi fazer ciências sociais na USP ou na UnB e já está pronto para ser militante do PSOL.

Gosto quando, empregando apenas a lógica — já que não tenho dons especiais —, consigo ser premonitório.

Pouco me importam as motivações subjetivas de Padilha. O fato é que o segundo filme nega a essência do primeiro. Se um apostava na ética da responsabilidade de cada um, o segundo enveredou pelo caminho da cascata sociológica: “Ou se muda o sistema ou nada feito!”, abraçando, então, a tese do PSOL e esquerdas congêneres. O filme, escrevi, era uma espécie de glorificação do deputado Marcelo Freixo. Ele teve e tem uma atuação meritória contra as milícias, mas daí a achar que sua visão de mundo expressa, digamos, toda a física e a metafísica do problema, vai uma distância imensa. Padilha é um rapaz esperto. Deve saber que Rousseau já achava que o problema era do… “sistema”.

Leio que o cineasta vai fazer a campanha, ou dar suporte técnico, sei lá, à campanha de Freixo à Prefeitura do Rio. Resolveu, parece, passar do terreno principalmente estético, onde se situa a arte, para o terreno principalmente ético (ou aético), onde se situa a política. E vai de PSOL — o que significa abraçar também um ideário. “Errado! É apoio a um homem do PSOL”. O socialismo, como querem os socialistas, compreende toda a legião… Cuidado adicional: a estética que se pretende uma ética é coisa de Leni Riefenstahl… É melhor uma ética que se pretende uma estética…

Padilha faça o que quiser. Até que o PSOL não vença as eleições presidenciais, ele é livre pra isso. Escrevo este texto para deixar claro, ainda uma vez, que ele cometeu o que entendo ser um dos grandes pecados de um artista: ficou com medo da própria obra e resolveu “se explicar” a seus críticos. Aquela fala no programa de Jô Soares, exceção feita ao flerte com a legalização, parecia-me correta, madura, séria. Coerente com o que penso, sem precisar ceder a patrulha nenhuma, elogiei o Tropa de Elite 1 e critiquei o Tropa de Elite 2. Em público.

Eu não costumo debater as idéias políticas de cineastas, atores, dançarinos, sapateadores, engolidores de espada etc. Prefiro que se dediquem à sua arte. A maioria fala um monte de bobagem, abusando da celebridade adquirida numa área para pontificar nas outras. Não há diferença entre a opinião de um ator consagrado e a de Tiririca quando nem um nem outro estudaram o assunto sobre o qual se pronunciam. No geral, essa gente quer ser reconhecida por uma espécie de revista “Caras” do pensamento politicamente correto. Se você perguntar dois ou três dados objetivos sobre o assunto a respeito do qual fazem digressão, só saem abobrinhas recheadas de boas intenções. É gente que não posa (como Emir Sader escreveria mesmo?) na banheira com champanhe cenográfico, mas  usa  um livro com peças de Shakespeare como alegoria de mão… Vão se instruir, porra!

Abordo essa questão porque Tropa de Elite 1 revelou os fascistas de esquerda, que só aceitam o debate entre pessoas que concordam. E Tropa de Elite 2 revelou os covardes. Mas que fique a síntese: eu concordo com o cineasta José Padilha quando dizia: “Se ele [consumidor] comprar maconha, ele vai estar comprando de um traficante, que está numa favela, altamente armado e dominando aquela população. Isso é um fato. Contra fatos, não existem argumentos.” Parece que ele é que parou de concordar consigo mesmo.

É isso aí. Culpar o “sistema” é tão velho quanto o… sistema!

Por Reinaldo Azevedo

TODOS JUNTOS CONTRA A CORRUPÇÃO NA CINELÂNDIA, NESTA TERÇA, A PARTIR DAS 17h

Está prevista para esta terça, no Rio, a manifestação “Todos Juntos Contra a Corrupção”, a partir das 17h, na Cinelândia. É IMPORTANTE DESTACAR QUE QUEM DEU LARGADA AO PROTESTO É GENTE COMUM, QUE NÃO É LIGADA A PARTIDOS NEM REPRESENTA “ENTIDADES”.

A manifestação desta terça conta com o apoio da OAB, da ABI e da ONG Contas Abertas. Apoio, nesse caso, quer dizer que essas entidades endossam a manifestação — nada além disso. E, como sempre digo tudo, então lá vai: a OAB e a ABI entram tarde nos protestos, não é mesmo? Em outros tempos, já teriam botado a boca no trombone. Ok. Antes tarde do que nunca. Mas quem senta na janelinha é o “povo”.

Faço esse registro para deixar claro que os protestos que estão pipocando no país não dependem de grifes para acontecer. Melhor assim!

Por Reinaldo Azevedo.


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veja.com.br

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