Dilma pode ficar descansada! Nessa toada, o PSDB já era!

Publicado em 27/09/2011 08:30 e atualizado em 27/09/2011 09:02

NÃO HÁ MAL QUE PETISTAS POSSAM FAZER A TUCANOS QUE TUCANOS NÃO FAÇAM A SI MESMOS COM MUITO MAIS EFICIÊNCIA. DILMA PODE FICAR DESCANSADA! NESSA TOADA, O PSDB JÁ ERA!

A petralhada estava torrando a minha paciência com a tal pesquisa encomendada pelo PSDB. Tinha lido uma nota na VEJA, na coluna “Radar”, de Lauro Jardim, informando que, se a eleição fosse hoje, Dilma venceria no primeiro turno, e Serra e Marina teriam menos votos. Achei razoável já digo por quê. E não me ocupei mais do assunto porque estava lendo um livrão sobre o fim do comunismo e estudando o Oriente Médio, tema da hora. Andava sem tempo para os Bálcãs tucanos, um assunto chato e velho.

Mas a petralhada insiste porque faz tempo que essa gente cismou que… sou tucano! Fazer o quê? Levando em conta os que acusam, é uma tentativa de ofender a mim e ao partido, já que eles não gostam nem de um nem de outro.  Eu me ofendo porque detesto que me confundam com essa gelatina nem-nem do PSDB, esse negócio “nem isso nem aquilo”. Eu sempre sou ou “isso” ou “aquilo”. E o partido não gosta justamente porque considera desagradável o meu suposto “radicalismo” — eles me acham conservador demais ou meio idiota, sei lá.  Por mim, tanto faz. Alguns chamam “radicalismo” a defesa da Constituição, que é a minha ocupação permanente. De toda sorte, pertencemos a enfermarias diferentes… Isso não quer dizer que não admire alguns políticos tucanos. Votei em Serra em 2002 e em 2010 e em Alckmin em 2006. E sempre em tucanos, até agora, para o governo estadual ou a Prefeitura da capital. Se votasse em alguns estados, no entanto, preferiria Monga, a mulher-macaco. Não, não chegaria a escolher um petista. A Monga é o meu limite…

Lá fui eu tentar saber detalhes, já que a petralhada estava tão ansiosa, da pesquisa. Já comento os dados que vieram a público, mas deixo neste parágrafo uma avaliação: se a economia brasileira afundar, se for para o vinagre — o que espero que não aconteça porque a minha vida, como a de todo mundo, vai piorar —, há a possibilidade de o PT perder a eleição em 2014 até mesmo com Lula. Se isso não acontecer, e eu acho que não acontece, e se o status político for mantido — isto é, se não houver nenhuma surpresa no que está desenhado —, os tucanos já contrataram uma nova derrota. E não! Não foram os dados da pesquisa que me impressionaram. A rigor, eles são aborrecidamente óbvios. O QUE ME IMPRESSIONA É A CAPACIDADE QUE O PSDB TEM DE PAUTAR A IMPRENSA CONTRA O PRÓPRIO PSDB. NINGUÉM FAZ ISSO COM A MAESTRIA DE UM TUCANO! NÃO HÁ MAL QUE UM PETISTA POSSA FAZER A TUCANOS QUE ESTES NÃO FAÇAM CONTRA SI MESMOS COM MUITO MAIS EFICIÊNCIA.

No Jornal da Dez de domingo, a GloboNews informou dados da pesquisa. Vejam. Volto em seguida.

Voltei
A pesquisa é feita pelo sociólogo Antônio Lavareda, que sempre trabalhou no eixo PFL (hoje DEM)-PSDB. Curioso! Em disputas passadas, ele próprio forneceu dados aos tucanos e aos agora democratas sustentando que o governo FHC deveria ficar longe da campanha eleitoral. Ao contrário: a recomendação era para que Lula e o PT jamais fossem confrontados. Agora, numa nova realidade, ele descobre o que aqui ESCREVI, VOCÊS SÃO TESTEMUNHAS, UMAS OITOCENTAS VEZES: AQUILO ERA UM ERRO. A constatação, então, chega com alguns anos atraso, e, se estou entendendo, a perspectiva revisionista deverá pautar o partido em 2014… Santo Deus!

Não estou aqui revelando a pedra filosofal se afirmar que o vazamento dos dados, feito por tucanos, busca, obviamente, dar uma cutucada em José Serra: “Ó, hoje você só teria 25% contra Dilma; perdeu votos”. Duvido que haja um só especialista em pesquisa que reconheça alguma virtude técnica nessa questão. Dilma está na imprensa todos os dias; conquistou a simpatia de setores importantes. O seu adversário de 2010, sem cargo, quase não é notícia. Há setores do próprio tucanato que tentam bani-lo. Qualquer avaliação honesta há de reconhecer que, se ainda hoje, um em cada quatro eleitores vota nele, isso é, para ele, uma boa notícia. E, se querem saber, Marina Silva também conquistou um número expressivo, o que registro com desagrado, já que eu não entendo a língua que ela fala — e duvido que alguém entenda. Mas fato é fato.

Leitura desonesta e lanterna na popa
A turma quer emburrecer? Bom proveito! Eu não emburreço! Dilma se elegeu no segundo turno com 56,05% dos votos; hoje, neste hipotético turno único, teria 59%; Serra e Marina juntos somariam 40%, bem perto dos 43,95% que o tucano obteve. “Trapaça!”, grita o bobalhão! “Você mistura segundo turno com o primeiro”. Trapaça uma ova! Se é que há alguma importância nesses dados, ela consiste em verificar se aqueles que elegeram Dilma estão ou não arrependidos. Segundo Lavareda, não estão. E ela ganhou ainda um pouquinho de apoio. Só faltava Serra ter mantido os seus índices sem mostrar a cara na televisão e só aparecendo nos jornais, com raras exceções, quando é sacaneado por algum “correligionário”… Dilma é mais bem-tratada hoje pelo noticiário do que quando candidata.

Mas isso é o de menos. A minha questão é outra: o que se pretende com isso? Acender uma lanterna na popa? Lavareda está revendo a campanha de 2010 ou tentando fornecer dados para a campanha de 2014? Por que não tenta botar a luz na proa? Não se testou nenhum outro cenário? E se a eleição fosse hoje contra outros nomes do tucanato? Sérgio Guerra, o presidente do PSDB, não foi minimamente tomado por essa curiosidade? “Ah, você fala isso porque é serrista!” Ainda que fosse ou seja verdade, seria ou é de uma irrelevância danada. Não importa o que sou ou achem que eu seja; importa a minha questão: O QUE SE PRETENDIA COM ESSA PERGUNTA? Demonstrar que Serra perderia a disputa se a eleição fosse em 2011? Ele já a perdeu em 2010.  Sem o resultado de nomes alternativos, não dá comparar. Quem teria mais do que 25% par que a gente possa saber se isso é relativamente pouco ou muito? Pergunto: o levantamento foi feito, e o dado, amoitado, ou Guerra é um homem cuja curiosidade é mais curta do que as idéias?

Bobajada
Parece que o PSDB divulga a pesquisa nesta terça. Segundo Cristiana Lobo, os tucanos fizeram o levantamento como parte de uma estratégia para voltar ao poder e constataram que o partido “não está identificado com lutas populares”. É mesmo? Os petistas carregariam as bandeiras da valorização do mínimo e do Bolsa Família (não brinquem comigo!!!), mas o PSDB teria conseguido, ao menos, recuperar a paternidade do Plano Real… Por quê? Havia perdido? Mais da metade dos brasileiros não têm preferência partidária. Entre os que têm, o PT lidera, seguido, bem atrás, pelo PSDB e pelo PMDB. Zero de novidade!

Até uma questão estupidamente óbvia será usada contra a legenda — e foi produzida por tucanos: 72% sabem que PT quer dizer “Partido dos Trabalhadores”, mas só 28% dizem que PSDB quer dizer “Partido da Social-Democracia Brasileira”. 40% dizem que PV é “Partido Verde”. A julgar pelas sobrancelhas e olhar contraído de Cristiana, parece que os verdes estão solapando os tucanos… Sabem o que isso significa? Nada! Apenas que “trabalhadores” e “verde” são vocábulos mais corriqueiros do que “social-democracia”.

Aonde isso vai dar?
Nessa toada, em lugar nenhum! O PSDB está com dez anos de atraso, como se nota. E deve se pronunciar sobre questões hoje relevantes para o Brasil só em 2021. Escrevi na manhã de ontem um texto afirmando que os motivos para fazer oposição estão aí, mas é a oposição que não está, limitando-se, no dia-a-dia, a cobrar providências contra denúncias feitas pela imprensa. As questões de fundo permanecem sem resposta. A idéia mais original que os tucanos tiveram, parece, foi fazer um seminário de peso para ver se o Real ainda rende dividendos… Vai ver é o seu caminho para recu

Querem saber? Desse mato não sai mais tucano. Os caras deveriam estar se organizando para disputar o poder com os petistas, mas estão ocupados, como sempre, em acertar os adversários internos. Não fossem os aliados de Dilma lhe torrarem a paciência e, claro, as turbulências na economia, ela poderia dormir tranqüila. Ninguém caça — e cassa — tucanos como os tucanos… O PT é ruim o bastante para merecer uma oposição melhor.

Por Reinaldo Azevedo
“O meu querido Evo”, o índio de araque, manda o Exército descer o sarrafo nos índios de verdade. Um bebê morreu; dezenas estão desaparecidos

“Meu querido Evo!” É assim que Lula se refere àquele índio de araque que governa a Bolívia. Já fui muito insultado aqui por tratá-lo assim. Ocorre que de índio o espertalhão só tem a cara.Vejam este vídeo e leiam depois texto da France Presse.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, suspendeu o projeto de construção da estrada que cortaria uma reserva ecológica na Amazônia boliviana, até que as partes envolvidas sejam consultadas, informou na noite desta segunda-feira a Casa de Governo. “Enquanto houver este debate nacional e para que os departamentos decidam, fica suspenso o projeto de estrada sobre o Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure”, destacou o presidente.

A estrada em questão é parte da rodovia que unirá os oceanos Pacífico e Atlântico e promoverá o comércio na América do Sul. O projeto é financiado pelo Brasil, com custo total de 415 milhões de dólares. Morales não revelou quando e como ocorrerá a consulta, mas funcionários do governo já tinham avaliado que tal processo exigirá de seis meses a um ano.

“Quero salvar um compromisso diante da história e do povo boliviano, especialmente diante dos departamentos (de Beni e Pando), para que haja um debate nacional, um debate do povo boliviano, que decidirá”.

“Que seja o povo a decidir, especialmente nos dois departamentos, o que o governo nacional já decidiu apenas cumprindo as leis e atendendo aos pedidos”, destacou Morales.

Protestos
Habitantes da localidade de Rurrenabaque, na Amazônia boliviana, libertaram nesta segunda os 300 indígenas que a polícia deteve na véspera durante uma ação repressiva que gerou indignação e provocou a renúncia da ministra da Defesa, Cecilia Chacón. Em Rurrenabaque, 320 km ao norte de La Paz, a população tomou o aeroporto local e bloqueou a pista de pouso, para evitar que os indígenas detidos fossem levados de volta, contra sua vontade, a suas regiões de origem, informou o prefeito local, Yerko Núñez.

No domingo, a polícia boliviana dispersou com violência o grupo de indígenas que seguia em direção a La Paz para rejeitar a construção da estrada que atravessa o Parque Nacional Isiboro Sécure. A operação ocorreu em Yucumo, onde os indígenas foram retirados de suas barracas e, colocados à força em ônibus que seguiram para San Borja. Mas dezenas de indígenas conseguiram escapar dos policiais e nesta segunda-feira voltaram à estrada, com o apoio da população de San Borja, em meio à crescente tensão e ao repúdio à violência policial.

Encerro
Evo já roubou uma refinaria da Petrobras. Invadiu e tomou para ele. E ponto. O lulo-petismo reagiu como? Ora, com financiamento do BNDES! Evo também oficializou os carros roubados que estão em seu país — a maioria é do Brasil. Basta pagar uma taxa, e fica tudo certo. Estamos falando, enfim, de um homem decente!Essa estrada financiada pelo BNDES já foi apelidada de “Transcoca”. O índio de araque abriu novos campos de produção da folha que serve de base para a produção da pasta. Refinada, vira a cocaína. Nada menos de 80% do pó consumido no Brasil vem da Bolívia. O governo daquele país não moveu uma palha para conter o tráfico, e o do Brasil resolveu asfaltar a estrada do pó.

Deve haver alguma maneira de fazer isso render por aqui um processo de  crime de responsabilidade. O dinheiro brasileiro que financia a Transcoca vai parar no nariz dos consumidores e se transforma em armas nas mãos dos meninos do tráfico. Evo já roubou as nossas refinarias e os nossos carros. Agora, é provável, dará um beiço no BNDES. A gente poderia dizer: “Bem feito!” Mas seria tolice. Aquele dinheiro é nosso.

Só para lembrar: o Apedeuta não só resolveu financiar a Transcoca como já usou um colar com as folhas que estão na origem de quase 50 mil mortos no Brasil numa viagem que fez a Bolívia.

Lula, o seu querido Evo e o adorno do capeta no pescoço

Lula, o seu querido Evo e o adorno do capeta no pescoço

Por Reinaldo Azevedo
Shot in Rio - UPA da Maré fecha por causa da bandidagem que ainda não foi “pacificada”…
Policiais na UPA de Bonsucesso, fechada depois que um bandido tentou se esconder no prédio: segundo dia de tiroteio entre policiais e traficantes de Manguinhos (Palo Jacob/Ag.O Globo)

Policiais na UPA de Bonsucesso, fechada depois que um bandido tentou se esconder no prédio: segundo dia de tiroteio entre policiais e traficantes de Manguinhos (Palo Jacob/Ag.O Globo)

Na VEJA Online:
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Maré, no Rio de Janeiro, foi fechada por motivos de segurança. A informação foi divulgada nesta segunda-feira pela secretaria estadual de Saúde. O pedido para que a UPA parasse de funcionar partiu do comando da Polícia Militar, por causa das operações realizadas no conjunto de favelas durante as últimas duas semanas.

Em nota, a secretaria afirma que a medida é uma forma de “preservar a população local e a equipe de profissionais da saúde que atua na unidade”. A orientação para quem precisar de atendimento médico é procurar o Hospital Geral de Bonsucesso, a UPA da Penha ou a UPA da Ilha do Governador.

As Unidades de Pronto Atendimento estão para a política de saúde do governo estadual como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) estão para a política de segurança. Adotadas no primeiro governo de Sérgio Cabral, ambas foram fartamente utilizadas na campanha que resultou em sua reeleição. No segundo mandato, problemas de vários tipos mostraram que nenhuma das duas é, por si só, solução para os complexos desafios da saúde e da segurança no estado.

No caso do complexo da Maré, na zona Norte do Rio, a segurança é o foco do problema. O conjunto de favelas não foi pacificado e ainda serve de abrigo para traficantes venderem drogas e desfilares seus armamentos pesados. Não é raro a realização de operações da polícia na área. A cada ação policial na Maré fica evidente o poder de fogo dos criminosos. Na semana passada, foram apreendidos fuzis, uma metralhadora, duas pistolas e duas granadas.

No começo de setembro, outra operação realizada pelo 22º BPM (Maré) apreendeu armas e drogas. Na ocasião, foram encontrados 30 quilos de maconha, um quilo de pasta de cocaína e três mil pedras de crack. Mas, apesar de serem feitas operações, as apreensões e algumas prisões feitas pela polícia no Complexo da Maré acabam por enxugar gelo. O tráfico e as armas não diminuem e a polícia é, normalmente, recebida a tiros.

A retirada da UPA resolve o problema dos profissionais de saúde que atendiam ali. Mas para ter acesso a atendimento médico nos locais indicados pela secretaria de Saúde - e também para trabalhar, fazer compras ou estudar - os moradores da Maré continuarão a atravessar um campo de batalha.

Por Reinaldo Azevedo
Governo reduziu verba da Saúde e a transferiu para o Bolsa Família

Por Gustavo Patu, na Folha:
A saúde perdeu espaço no Orçamento da União ao longo dos últimos dez anos, enquanto o governo federal preferiu priorizar, na área social, a expansão dos programas de transferência direta de renda para as famílias. Um levantamento da evolução dos gastos sociais ajuda a entender por que entidades e parlamentares defendem reservar para a saúde 10% das receitas da União, como previa projeto aprovado no Senado em 2008, modificado pelos deputados em votação na semana passada. Conforme a Folha noticiou ontem, 43 dos 81 senadores dizem apoiar a retomada da proposta original. Se utilizados os critérios do texto, a fatia orçamentária do setor caiu de 8%, em 2000, para 6,8% no ano passado -equivalentes a R$ 60,6 bilhões, segundo dados do Tesouro Nacional. Para manter a mesma participação de dez anos antes, o gasto deveria ter chegado a R$ 71,2 bilhões em 2010. Para atingir o patamar previsto na proposta aprovada pelos senadores, a R$ 89 bilhões.

BOLSA FAMÍLIA 
No período, fica clara a opção pelos programas de renda que dividem com a saúde os recursos da seguridade social, caso de Previdência, assistência e seguro-desemprego. Essas despesas foram puxadas por reajustes do salário mínimo e iniciativas como o programa Bolsa Família. Em 2000, gastava-se com assistência social e amparo aos trabalhadores 4,2% das receitas, pouco mais da metade das verbas da saúde. No ano passado, o percentual destinado aos dois setores chegou a 7,9%. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Planalto teme o ‘pior dos mundos para o governo’ com possibilidade de Senado aprovar 10% para Saúde, sem fonte

Por Adriana Vasconcelos Gerson Camarotti, no Globo:
A presidente Dilma Rousseff manifestou nesta segunda-feira grande preocupação com a disposição do Senado de retomar o texto original da regulamentação da Emenda 29, aprovado na Casa, que estabelece o gasto mínimo de 10% das receitas da União com a Saúde, mas sem a criação de um novo imposto. O Palácio do Planalto orientou os líderes aliados no Senado a monitorar de perto a base governista e evitar que o texto aprovado na Câmara seja alterado. A proposta de fixar um percentual mínimo para a União é de autoria do ex-senador Tião Viana (PT), atual governador do Acre. “É o pior dos mundos para o governo - reconheceu nesta segunda-feira um auxiliar da presidente Dilma, ao falar da possibilidade de aumento de despesas sem a criação de uma nova fonte de receitas”.

Planalto estuda mobilização para barrar mudanças
O alerta de Dilma foi feito para ministros em reunião na manhã desta segunda-feira no Planalto. Integrantes da coordenação política já defendem uma nova mobilização com os governadores para barrar mudanças no texto no Senado. Embora o Planalto reconheça que os governadores temem o desgaste de defender a recriação da CPMF, a presidente entende que eles têm que participar do debate. Para Dilma, também é responsabilidade dos governadores evitar que o Senado aumente as despesas do governo sem apontar a nova fonte de financiamento.

O problema é que os governadores estão insatisfeitos com a postura do Planalto sobre o assunto. Primeiro, foram incentivados pela própria presidente a defender o novo imposto. Depois, ela mesma voltou atrás, dizendo que não iria propor sua aprovação. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o governo federal não pretende criar novo imposto, mas reforçou que a ordem do Palácio do Planalto é que a base aliada mantenha sem alteração o texto da Câmara. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
A incrível história da ministra do TCU, seu filho governador e uma empresa de locação de veículos que recebe dinheiro público

A deputada Ana Arraes (PSB-PE), eleita ministra do TCU em razão da mobilização do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), seu filho, concedeu entrevistas em que o “zelo pelo dinheiro público” e a necessidade apareciam numa relação de oposição. Uma coisa espantosa mesmo! Parece que ela não é apenas uma teórica dessa perniciosa contradição. Leiam o que informam Fernando Mello e Felipe Coutinho, na Folha:

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e a mãe dele, a deputada federal Ana Arraes (PSB-PE), já pagaram cerca de R$ 300 mil em verbas públicas a uma locadora de automóveis de uma filiada ao PSB. A BSB Locadora não tem carros suficientes para cumprir seus contratos, não possui site nem número na lista telefônica e tem como endereço uma sala fechada na periferia de Brasília. Graças à mobilização feita pelo filho, Ana Arraes foi eleita na semana passada para o TCU (Tribunal de Contas da União), órgão que fiscaliza o uso de verba pública. A relação de Campos e de Ana Arraes com a locadora extrapola os serviços fornecidos oferecidos pela empresa. A sócia majoritária da BSB, Renata Ferreira, é filiada ao PSB -legenda presidida pelo governador.

Renata resolveu entrar no partido em outubro de 2009, uma semana depois de ter vencido uma licitação para fornecer automóveis para a representação do governo pernambucano em Brasília. Renata também tem emprego, como terceirizada, no Ministério de Ciência e Tecnologia, que no governo Lula foi comandado pelo PSB -no primeiro mandato, foi dirigido pelo próprio Campos.  O pai dela, Esmerino Ferreira, trabalha no gabinete de Ana Arraes desde 2007. Antes, foi o motorista de Campos entre 1998 e 2006. No cabeçalho das mensagens enviadas pelo fax da casa da dona da locadora, não aparecem os nomes da empresa ou dos proprietários -mas o de “Eduardo Campos”.

A locadora foi criada em 21 de julho de 2008. Segundo um dos sócios, a empresa não tinha veículos no início e usava carros da família, por conta das dificuldades para obter financiamento. Até que, no ano seguinte, ganhou o contrato do governo de Pernambuco.
Com um capital social de R$ 8 mil, a BSB Locadora já faturou mais de R$ 540 mil de verbas públicas. A empresa recebeu R$ 210 mil do governo de Pernambuco na gestão de Campos, outros R$ 93 mil do gabinete de Ana Arraes, segundo dados oficiais dos dois órgãos.  Recebeu, ainda, R$ 40 mil do PSB nacional, de acordo com notas fiscais que a Folha obteve, de 2009. Nos quatro dias em que aFolha foi até a locadora, na cidade satélite de Samambaia, a sala estava trancada por uma porta de vidro.
 Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Justiça sofre com “bandidos de toga”, afirma corregedora

Na Folha:
A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, fez duros ataques a seus pares ao criticar a iniciativa de uma entidade de juízes de tentar reduzir o poder de investigação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). “Acho que é o primeiro caminho para a impunidade da magistratura, que hoje está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga”, declarou em entrevista à APJ (Associação Paulista de Jornais). O STF (Supremo Tribunal Federal) deve julgar amanhã ação proposta pela AMB (Associação dos Magistrados do Brasil) restringindo poder de fiscalização do CNJ. A associação pede que o CNJ só atue depois de esgotados os trabalhos das corregedorias regionais.

Na entrevista, Eliana Calmon criticou a resistência dos tribunais a serem fiscalizados pelo CNJ, citando o Tribunal de Justiça de São Paulo: “Sabe que dia eu vou inspecionar São Paulo? No dia em que o sargento Garcia prender o Zorro. É um Tribunal de Justiça fechado, refratário a qualquer ação do CNJ”, disse a corregedora. Nos últimos dias, acusados de irregularidades tentaram evitar seus respectivos julgamentos antes de o STF se pronunciar sobre o CNJ. O conselho, por sua vez, incluiu em sua pauta de discussão 11 processos que podem punir magistrados por conduta irregular. Se somados, o CNJ terá mais de 20 casos de juízes investigados na pauta de julgamento neste mês. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Após os Correios, bancários também entram em greve

Por Carolina Sarres, Renato Machado e Cirilo Junior, na Folha:
Bancários de todo o país prometem cruzar os braços a partir de hoje, em paralisação por tempo indeterminado, diante do impasse nas negociações de correção salarial da categoria. Dessa forma, se unem a trabalhadores dos Correios e metalúrgicos do ABC paulista, que entraram em greve nas últimas semanas. Os bancários pedem reajuste de 12,8% e maior participação nos lucros das empresas. Isso significa aumento real de 5%, se descontada a inflação.

Os bancos ofereceram 8% de aumento sobre salários e participação nos lucros, incremento real de 0,56%. No ano passado, os trabalhadores obtiveram aumento real de 3,08%, após 15 dias de greve. “Foram cinco rodadas de negociações frustradas. A greve é o nosso último instrumento; ela é de responsabilidade dos bancos”, afirmou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf, entidade que coordena o Comando Nacional dos Bancários. “A negociação estava em andamento, fizemos duas propostas, e eles disseram que vão para a greve. É um espanto”, afirmou Magnus Apostólico, diretor de relações trabalhistas da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). O representante das instituições financeirasdisse acreditar que a maioria das agências vai abrir, a exemplo da greve do ano passado. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
A lógica dos “patriotas” do mercado: agora eles apostam em queda de um ponto na taxa de juros. OU: Isso não é assunto pra pobre!

Como diz um amigo, o chamado mercado reúne a maior quantidade de “patriotas” do país, hehe. Vai ver é por isso que a lógica com que operam está longe de ser a convencional. Embora não seja, ela é a dominante e influente. Quando contrariada, esses patriotas anunciam, então, o Armagedon. Vamos nos divertir um pouco. Leiam o que informa o Valor. Volto em seguida.

Mercado aposta em corte de 1 ponto percentual na Selic

Com o quadro externo cada vez mais complexo e o “problema” cambial cercado pela disposição do governo em dar liquidez ao dólar, o comentário no mercado de juros é de que o Banco Central pode acelerar o ritmo de corte da taxa Selic. Essa é a mensagem que se extrai do mercado de juros futuros, em que os contratos voltaram a cair com força nesta segunda-feira, especialmente os de prazo mais dilatado.

Segundo operadores, o mercado passa a migrar para a possibilidade de corte de 1 ponto percentual da Selic no encontro de outubro do Copom (Comitê de Política Monetária). Na visão do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, se o BC começou a cortar a Selic apontando para os impactos da crise externa sobre o mercado local e essa crise só tem piorado, nada mais natural do que acreditar que o ritmo de ajuste possa, de fato, ser acelerado. “Não acreditamos nisso ainda, mas dada a imprevisibilidade do BC nos últimos meses tudo é possível”, diz Vale, para quem o governo não tem muito mais apreço pela inflação, mas olha para o crescimento e a exportação de manufaturados.

Ainda de acordo com Vale, mesmo que a crise seja forte a ponto de derrubar a inflação em 2012, o quadro não deixa de ser preocupante, pois esse agravamento do cenário global deve ser acompanhado de políticas fiscal e monetária mais expansionistas. “Isso só traz ainda mais preocupação para a inflação de 2013 e 2014. Ou seja, em qualquer das hipóteses o cenário de inflação está sombrio para frente. Tudo apenas depende do ‘timing’ que a crise externa trará”, diz o especialista.

O relatório Focus mostrou nova piora nas expectativas de inflação, mas isso não fez preço na curva. A projeção para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para o fim do ano rompeu o teto da meta de 6,5%, ao atingir 6,52%. Para o próximo ano, a mediana saiu de 5,50% para 5,52%. Em 12 meses, a inflação projetada subiu de 5,71% para 5,76%. Dentro do “Top Five”, grupo que mais acerta, os prognósticos ficaram estáveis em 6,54% e 5,09% para 2011 e 2012, respectivamente. As expectativas para Selic não sofreram alteração, sendo taxa de 11% no fim do ano e de 10,75% em 2012. Para o PIB (Produto Interno Bruto) nova contração marginal na estimativa para 2011, de 3,52% para 3,51%. O crescimento de 2012 permaneceu em 3,70%.

Voltei
Vejam bem: eu opero com lógica convencional, não de mercado. Por isso sou pobre, hehe… Bons tempos aqueles em que mercado supunha risco. Com o pequeno investidor, ainda é assim. Aposta no fundo, ganha a poupança; aposta na poupança, prevalece o fundo; compra umas açõezinhas, elas despencam… Os amadores dificilmente conseguem se dar bem. Já os peixes grandes, que lidam com títulos do governo, estes não gostam de surpresas, né? Perderam o seu lado aventureiro… Antigamente, ganhar e perder eram parte do jogo. Hoje, se o governo os surpreende com um meio pontinho, a questão logo assume a gravidade de uma de uma crise de confiança…

Até outro dia, considerava-se inaceitável que o governo cortasse meio pontinho na taxa estratosférica de juro. A avaliação unânime dos patriotas é que não havia razão para isso, certo? Nas suas alegações, o governo apontou o tombo da economia mundial como motivo suficiente a justificar a sua decisão. Houve quase uma unanimidade “patriótica” contra a decisão. Certo. Em pouco mais de duas semanas, o cenário não mudou, certo?

Pois agora a aposta dos que se indignaram com aquele cortinho de meio ponto é a de que o Copom cortará um ponto inteiro na próxima reunião. É aposta de risco, certo? Se o BC não fizer o que eles esperam, tomara que não fiquem chateados. A lógica convencional não explica por que se deveria cortar agora um inteiro quem não deveria ter cortado meio há poucos dias, certo? Aí alguém poderia responder: “Mas é que nós estamos apostando na decisão que tomará aquele que nós julgamos errado ou estúpido…” Pois é… Estranho mundo esse.

Aqui e ali, leio que, embora a inflação dê sinais de resistência, o crescimento já indica mesmo forte desaceleração, o que poderia levar o BC, assim, a cortar um ponto. Bem, então, nessa perspectiva, aquele corte de meio ponto fazia sentido, certo? “Não, Reinaldo, não fazia!” Bem, então se aposta no corte de um agora com base na premissa exclusiva de que o BC vai radicalizar aquilo que esses patriotas consideram um erro?

Um outro poderia dizer: “Mas o problema é justamente este: a falta de previsibilidade…” Depende de que previsibilidade se está falando. Espero que os patriotas de mercado não estejam reclamando do fato de que o governo não oferece um porto seguro para a especulação, não é? Cada coisa segundo a sua natureza. A natureza desse jogo é ou não é correr algum risco?

Por Reinaldo Azevedo
Ideli diz que sim, governistas dizem que não… “A gente vai levando”…

Então…

Ideli Salvatti é ministra das Relações Institucionais. E o é por vontade exclusiva de Dilma Rousseff. Não há a menor chance de a ministra ter “deixado escapar” a intenção do governo de criar uma nova CPMF para financiar a Saúde. Também se descarte que tenha dado mera opinião pessoal. Ou, então, que a presidente lhe dê um pito. Não vai acontecer.

O dia seguinte, como a gente viu nesta segunda, não trouxe nada de novo. Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, descartou a criação de um novo imposto neste ano e duvida que se possa fazê-lo no ano que vem. Marco Maia (RS), petista, presidente da Câmara, também negou a possibilidade.

Ambos dizem que o Congresso não quer nem ouvir falar do assunto. Bem, então quem quer? Dilma também não. Na entrevista ao Fantástico, fez de conta que não é com ela. Os oposicionistas criticaram em peso a entrevista de Ideli. E, no entanto, a CPMF continua em pauta.

O esforço, agora, é um só: jogar a batata quente no colo dos governadores. Dilma espera que eles pressionem suas respectivas bancadas para arrumar a fonte de financiamento para a Saúde. Em ano eleitoral, é pouco provável que a coisa prospere, como afirma Jucá. Quem sabe em 2013…

Como disse a ministra na entrevista ao Estadão, “a gente vai levando…”

Por Reinaldo Azevedo
A turma de sempre comemora “crescimento” dos homicídios em SP, mas eles caíram em vez de subir

Os adoradores de defuntos e aqueles que não se conformam com o fato de que o estado de São Paulo tem uma das mais baixas taxas de homicídio do país — das 27 unidades da federação, ora está em último, ora em penúltimo, em mortos por 100 mil habitantes — estão exultantes e anunciam com estardalhaço: “Homicídios voltam a crescer em São Paulo”. Não é a primeira vez que eles tentam comemorar e tirar conclusões apressadas de números parciais.

Anuncia-se com estardalhaço: “Número de homicídios cresceu 10,48%. Ohhh!!! Estaria a situação fora de controle? É que, em agosto deste ano, ocorreram no estado 369 homicídios; em agosto do ano passado, 334. Assim, agosto contra agosto, houve o tal aumento de 10,48%. Alerto o leitor para o fato de que conta com porcentagem é sempre perigosa. Se, um dia, São Paulo conseguisse chegar a um homicídio por mês, assistiria a um crescimento de 100% quando houvesse dois. Se conseguíssemos ter “homicídio zero”, acontecido o primeiro, seria um deus-nos-acuda: os assassinatos teriam se multiplicado ao infinito.

A conta internacionalmente consagrada é a de mortos por 100 mil habitantes no ano. É o critério usado pela Organização Mundial da Saúde, que considera que uma região está fora da zona epidêmica de violência quando esse número é inferior a 10. Então vamos ver. Comparados os primeiros oito meses de 2011 com os primeiros oito meses de 2010, o número de homicídios dolosos caiu de 2920 para 2.739 — menos 6,2% para quem gosta de porcentagem. Mas isso interessa menos. O que importa é que isso representa 9,86 mortos por 100 mil habitantes. Só São Paulo e Santa Catarina apresentam um número inferior a 10. Em 12 anos, os homicídios no Estado caíram quase 80%.

É importante deixar certas coisas claras porque poucas áreas se prestam tanto à politicagem quanto a segurança pública. Em 2009, houve um pequeno, discretíssimo , aumento, no número de homicídios em São Paulo — na casa decimal. Bastou para que, no dia 10 de abril de 2010, ano eleitoral, com Serra candidato, Gilberto Dimenstein escrevesse esta maravilha:
“O slogan “Pode Mais” de José Serra é, do ponto de vista de marketing, ótimo. Um fato, porém, é capaz de arranhar a força dessa mensagem: os assassinos de São Paulo. Tenho comentado aqui por várias vezes que a pior notícia da gestão Serra foi o aumento da violência, especialmente o roubo, que, no passado, bateu recorde. Na semana seguinte em que Serra oficializa sua candidatura presencial, sabemos que a taxa de homicídio aumentou 12% nos três primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período de 2009.”

Era pura campanha eleitoral. E feita da pior maneira, com algo caro à população brasileira. Dimenstein pegava números sazonais, que não indicavam uma tendência, e via um desastre na segurança pública. Marina Silva não teve dúvida: chegou a afirmar em debates que a violência estava fora do controle no estado! Dilma também tentou tirar uma casquinha.

Pois bem: no dia 1º de fevereiro de 2011, com a petista já sentada na cadeira presidencial, noticiava a Folha — em cujo site Dimenstein tinha escrito a sua diatribe eleitoreira:
“Os principais índices de criminalidade caíram em praticamente todo o Estado de São Paulo no ano passado em comparação a 2009.
O número de homicídios dolosos (intencionais) é o menor desde 1999. Também houve queda no número de roubos (5%), latrocínios (roubos seguido de mortes, 16%) e seqüestros (13%).”

É claro que o colunista não se desculpou…

E uma observação final: à diferença da esmagadora maioria das secretarias estaduais de segurança, São Paulo divulga mensalmente seus dados, o que permite essa comparação. Porque opta pela transparência, acaba se dando mal em razão das interpretações apressadas. “Espertos”, então, no caso são os estados que não divulgam número nenhum. Ninguém enche o saco deles.

Por Reinaldo Azevedo
Lula propôs a categoria da “novidade” na disputa de SP, e o processo político adotou a idéia. Mas o que há mesmo de novo em tudo isso?

(leia primeiro o post abaixo)

Não há como negar o óbvio: Bruno Covas (PSDB) é o candidato do governador Geraldo Alckmin, e governador não costuma perder prévia ou convenção. Se perde, é porque está mal na parada. Não é o caso de Alckmin. Qualquer repórter político sabe que a primeira inclinação do jovem deputado não era se candidatar, mas foi convencido a fazê-lo. Fosse uma firme determinação desde o princípio, teria mudando antes o domicílio eleitoral.

Bruno Covas, muito por conta do sobrenome, esteve sempre entre as cogitações do Palácio dos Bandeirantes e dos tucanos do covismo-alckmismo. Nesse estrito sentido, não cai de pára-quedas na disputa. Mas as suas características se encaixam à metafísica que se tornou influente na disputa em São Paulo, que tenderia a ser o confronto dos novatos: Fernando Haddad, Gabriel Chalita, o próprio Bruno Covas… Será mesmo assim?

Em primeiro lugar, cabe notar que quem instituiu o critério do “novo” na disputa foi… Luiz Inácio Lula da Silva. O processo político, como se nota, aceitou os termos de seu jogo. A coisa é de tal modo organizada que o Estadão publica nesta segunda uma pesquisa interna feita pelo PT — obviamente vazada por pessoas que estão na campanha de Haddad — que demonstra, Oh surpresa!!!, que o eleitor quer novidade. O vazamento vale por uma convite a Marta Suplicy: “Desista, minha filha!”

Haddad é o candidato de Lula como Bruno Covas é o candidato de Alckmin, embora o Apedeuta seja muito menos sutil do que o governador. Cumpre fazer uma pergunta: o que há exatamente de novo quando um líder político faz valer a sua vontade? Se isso não merece o epíteto de “velho”, merece ao menos ser chamado de “procedimento tradicional”.

A outra “novidade” seria o deputado federal Gabriel Chalita. Ele é tão novo, mas tão novo, que era tucano, migrou para o PSB e agora está PMDB. É quem mais avançou nessa fase de pré-campanha — embora ainda reste a possibilidade de que o PT acabe por atrair seu partido para a aliança. Nesse particular, o petismo está inquieto. Estão sobrando poucas legendas para as coligações, e é preciso ter um bom tempo na TV.

De qualquer modo, a máquina peemedebista está a seu dispor, e ele próprio, rapaz de posses (venda de livros…), montou uma estrutura profissional para cuidar do assunto. Já logra algumas conquistas. Era justamente tratado, até outro dia, como uma personagem quase folclórica da política, dada a sua obsessão pelas frases feitas e pela cafonice retórica. Hoje é considerado fonte respeitável pelas colunas que tratam dos bastidores da política.

O que há de novo nisso tudo? Nada! E notem: eu não estou entre aqueles que consideram a “novidade”, por si, uma categoria de pensamento. Se algum tom crítico há na minha análise, ele se refere ao fato de que considero esse tema, introduzido por Lula, uma falsa questão. Mas, diz a pesquisa do PT, que há de pautar a imprensa, o eleitor quer o “novo”.

Vamos ver. Falta saber quem será o candidato do prefeito Gilberto Kassab — e isso passa pelo Tribunal Superior Eleitoral, que tem de aprovar a tempo a criação do PSD. Muito se falou no nome de Eduardo Jorge, do PV, secretário do Meio Ambiente. Nesse caso, também o prefeito aceitaria os termos propostos para a disputa: mais uma novidade. No confronto entre os “novos”, ele levaria óbvia desvantagem porque ou é mais desconhecido ou a máquina é muito menor.

Configurado o cenário acima, a saída mais inteligente seria, então, opor ao marketing da novidade o marketing da experiência. Nessa configuração, havendo um tempo razoável na TV em razão de eventuais coligações com outros partidos, a melhor solução para Kassab seria mesmo lançar o vice-governador Guilherme Afif Domingos, fundador do PSD. Com certa ironia, noto que a “experiência do velho Afif” (estou pensando em termos puramente “marquetológticos)” é que passaria a ser uma “novidade” na disputa.

Vamos ver. Alckmin tem de ter claro, e é evidente já o percebeu, que a disputa do ano que vem é só um ensaio geral para a luta pelo Palácio dos Bandeirantes em 2014. Estão mesmo de olho é na sua cadeira.

Por Reinaldo Azevedo
Bruno Covas transfere título e fala como pré-candidato à Prefeitura de SP

Abaixo, há trecho de uma reportagem de Daiene Cardoso, da Agência Estado, sobre a pré-candidatura do deputado estadual Bruno Covas (PSDB) à Prefeitura de São Paulo (mais aqui). Comento no próximo post.

*
O secretário de Meio Ambiente do Estado e deputado estadual mais votado em São Paulo, Bruno Covas, oficializou hoje sua pré-candidatura à Prefeitura da capital paulista pelo PSDB. Em evento lotado de militantes no diretório estadual do partido, o secretário anunciou que transferiu o seu domicílio eleitoral de Santos para a capital paulista na última sexta-feira e que vai disputar indicação da sigla em prévias com os pré-candidatos Ricardo Trípoli (deputado federal), o secretário estadual de Cultura, Andrea Matarazzo, e o secretário de Energia, José Aníbal. “Paulista nascido em Santos e paulistano por adoção, aqui cheguei aos 14 anos de idade. Vivo em São Paulo há mais tempo do que vivi em minha terra natal. Só não tinha aqui, devidamente formalizado, o meu domicílio eleitoral. Agora tenho. Agora sou paulistano por inteiro”, disse o pré-candidato, ovacionado pelos militantes.

Bruno Covas chegou na sede do diretório estadual do PSDB aos gritos de “prefeito”. O secretário estava acompanhado de sua mãe Renata Covas e do tio Mário Covas Neto, o Zuzinha. Em aproximadamente dez minutos de discurso, o secretário ressaltou a sua ligação com o ex-governador e avô Mário Covas, a quem classificou de “grande mestre”. “Carrego a responsabilidade, que me empenho em cumprir, de honrar o seu legado”, declarou. O tucano também defendeu a bandeira da renovação na política e disse estar motivado para disputar o pleito com outros novatos. “Isso marca o grande diferencial da eleição do ano que vem: pessoas novas, novas idéias e propostas”, disse Bruno Covas.

Por Reinaldo Azevedo
Procurador diz que Brasil precisa de uma lei contra o terrorismo; eu também acho. E Por que não temos?

O Brasil, por incrível que pareça, não tem uma lei contra o terrorismo. E não tem por quê? Ah, essa é uma excelente questão. Leiam o que informa a Folha Online. Volto em seguida:

Por Flávio Ferreira:
A falta de legislação prejudica as ações de prevenção contra o financiamento ao terrorismo no Brasil, segundo especialistas reunidos em um congresso sobre o tema e lavagem de dinheiro nesta segunda-feira (26) em São Paulo. Apesar da proximidade com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, o país ainda não possui uma lei que defina de modo adequado o que são atividades terroristas, de acordo com o procurador da República José Robalinho Cavalcanti, um dos palestrantes do evento organizado pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Mais aqui.

Comento
O Inciso 8 do Artigo 4º da Constituição diz que este país repudia o terrorismo — junto com o racismo, diga-se.
 O Inciso 43 do Artigo 5º estabelece:
“XLIII - A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”.

Muito bem! Fizemos uma lei para punir o racismo, fizemos uma lei para punir a tortura,  e agora querem uma lei para unir a homofobia. MAS NÃO FIZEMOS UMA LEI PARA PUNIR O TERRORISMO. Até hoje, meus caros, inexiste a caracterização do que é terrorismo no Brasil — e essa é uma das questões que indispõem o governo americano com o brasileiro. A propósito: a política externa brasileira —  E ISTO DILMA E ANTONIO PATRIOTA AINDA NÃO MUDARAM E DUVIDO QUE MUDEM — se nega a reconhecer o Hezbollah, o Hamas e as Farc como movimentos terroristas.

Mas por que o Brasil não vota uma lei definindo o terror e estabelecendo as penas?

Em maio de 2009, quando circularam informações sobre Khaled Hussein Ali, que foi, então, identificado na imprensa brasileira como o “libanês K”, que mantinha ligações com  a Al Qaeda, eu contei aqui por que não:
“Porque isso criaria dificuldades internas e externas. Sim, senhores! No dia em que uma lei criar punição específica, o primeiro grupo a ser enquadrado é o MST. Mais: quando o Brasil tiver tal texto, terá de parar de flertar com terroristas latino-americanos ou do Oriente Médio, como faz hoje em dia.”

É isto mesmo que vocês entenderam: no dia em que o país tiver uma lei que defina e puna o terrorismo, CONFORME PEDE A CONSTIUIÇÃO, grupos como o MST, a Via Campesina e o Movimento dos Atingidos por Barragens seriam facilmente enquadrados — em 2007, essa turma ameaçou abrir as comportas de Tucuruí no seu permanente esforço de “negociação”.

No dia 26 de maio de 2009, diante da evidência de que a Al Qaeda já estava entre nós, o inefável Tarso Genro, então ministro da Justiça, tratou o terrorismo como uma variante de “corrente de opinião”. No dia seguinte, sustentou que o país realmente não precisa tipificar esse tipo de crime porque a legislação comum dá conta do recado — o que é conversa mole. PORQUE A LEI NÃO EXISTE, TODAS AS PESSOAS PRESAS NO BRASIL POR CAUSA DE VÍNCULOS COM MOVIMENTOS TERRORISTAS ESTÃO SOLTAS! O Babalorixá de Banânia, então presidente da República, acusou a interferência de estrangeiros no Brasil (sem dúvida!!!), e o Ministério Público se encarregou de divulgar uma nota um tanto rebarbativa e precipitada, que falava na “ausência de provas”.

Encerrando
É isso aí! Faz-se um pandemônio porque alguém emite uma opinião considerada “errada” — e pouco importa quão estúpida ela seja —, e as “autoridades” permitem que o país seja um campo aberto para a articulação de terroristas. Às vésperas da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016.

PS: Se vocês procurarem nos arquivos, escrevi uma penca de posts sobre o tal libanês em 2009 e o fato de o Brasil não ter uma lei antiterror. Alguns tentaram mangar: “Como esse Reinaldo é paranóico!” Pois é… E como ponto final, uma última lembrança: além de não termos uma lei para punir o terrorismo, o Brasil virou importador de terroristas, como provam Olivério Medina, das Farc, e Cesare Battisti, o homicida (conforme consta nos autos da Justiça italiana e na Corte Européia de Direitos Humanos).

Por Reinaldo Azevedo
Quando Bush faz besteira, Obama é a solução; quando Obama faz besteira, a política é que está em crise; se duvidar, a humanidade…

Leio um texto muito interessante na VEJA Online, com informações da Agência Efe. Eu o reproduzo aqui. Prestem bastante atenção. Volto em seguida:
*
Mais de 80% dos americanos estão descontentes com a forma como o país vem sendo governado. A imagem negativa sem precedentes afeta tanto os políticos democratas quanto os republicanos, revela uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Instituto Gallup. Apenas 19% dos entrevistados manifestaram ter uma visão positiva do governo - incluindo o Executivo, o Legislativo e os partidos políticos -, uma queda considerável em comparação a 2009, quando a aprovação era de 44% e o descontentamento chegava a 56%. O instituto informou ainda que o descontentamento dos eleitores é de 65% com relação aos democratas e de 93% com os republicanos. “Isto talvez reflita a distribuição de poderes em Washington, onde os democratas controlam a Casa Branca e o Senado, e os republicanos controlam a Câmara de Representantes”, avaliou o porta-voz do Gallup.

“Os eleitores de ambos os partidos culpam ‘o governo’ sem acusar, necessariamente, o próprio partido”, acrescentou. Segundo a pesquisa, 82% dos americanos reprovam a forma como o Congresso desempenha seu trabalho e 69% têm pouca ou nenhuma confiança no Poder Legislativo. O levantamento reflete um panorama decepcionante do momento político nos Estados Unidos: 57% dos entrevistados têm pouca ou nenhuma confiança que o governo resolverá os problemas do país e 53% têm pouca ou nenhuma confiança nos candidatos. A pesquisa de opinião foi feita entre 8 e 11 de setembro e consistiu em entrevistas por telefone com 1.017 adultos nos 50 estados e no distrito de Columbia, e tem margem de erro de 4 pontos porcentuais.

Voltei
Quando Bush estava para deixar o governo como um dos presidentes mais impopulares da história, Obama era o demiurgo, o santo, o que reunia as esperanças da nação e da humanidade, o que viria para nos salvar do caos, da brutalidade, da incompetência etc. Vocês sabem o quanto manguei aqui, e o faço ainda hoje, dessa abordagem.

Obama é uma soma de desastres. E olhe que eles ainda estão sendo contados com modéstia. A barafunda que ele está aprontando no Oriente Médio vai custar caríssimo. Voltarei a esse tema mais tarde. Como comandante do país na crise, é uma piada. “Ah, tudo culpa dos republicanos”, diz o Método Lula de Análise do Mundo… Não é. Mas, ainda que fosse, ele se apresentou para resolver, não para afirmar que é… tudo culpa dos republicanos!. O ponto que me interessa agora é outro.

Quando Bush era o presidente, Obama era a solução. Agora que Obama deu com os burros n’água, começaram a proliferar as pesquisas dando conta de que a política como um todo vive um momento de desprestígio. As culpas de um republicano são sempre as culpas de um republicano. Já as culpas de um democrata, especialmente quando elas são de Obama, devem ser compartilhadas com todas as instituições; se possível, com toda a humanidade.

Oh, meu Deus! Se Obama perder as eleições do ano que vem, temo que se declare que “o homem”, a espécie mesmo!, é um projeto impossível.

Por Reinaldo Azevedo
O inverno da razão. Ou: Não sei como será, mas sei que não será assim

Posts abaixo, vocês lêem um texto que informa que Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, não aceita as condições em que o tal quarteto — EUA, Rússia, União Européia e ONU — propõe mediar as negociações entre israelenses e palestinos. Abbas — e ele é o “moderado”, como vive lembrando a imprensa anti-Israel — primeiro quer que lhe dêem o que pede para depois negociar. Vale dizer: para sentar e conversar, ele quer o congelamento imediato dos assentamentos e que a conversa comece pelas fronteiras anteriores a 1967, o que significa que isso também define, em parte ao menos, o status de Jerusalém. A cidade voltaria ao “controle internacional” até se tornar, suponho, a capital do estado palestino. Atenção! “Fronteiras anteriores a 1967″ implica não apenas o congelamento imediato dos assentamentos, mas a saída total da Cisjordânia.

Isso significa que os elementos que compõem a pauta de negociação são, para ele, precondições para a própria negociação. Como “o mundo” está a seu favor, então ele considera esse um bom caminho. Ah, sim: Abbas, “o moderado”, deixou claro no discurso feito na ONU que também não reconhece Israel como um estado judeu porque isso significaria ignorar o direito de muita gente etc. e tal.

Tudo compreendido. A proposta é a seguinte: Israel dá aos palestinos tudo o que eles pedem, aí, então, eles começam a negociar. Mas “negociar” exatamente o quê? Eis que se revela a má fé do jogo: ora, o direito de Israel existir, entenderam? Por algum tempo ao menos. Afinal, a pauta dos “moderados” inclui a volta do que chamam “refugiados” e seus descendentes, o que, num tempo muito curto, faria dos judeus minoria em Israel. Quando isso acontecesse, sabemos que todos seriam tratados com justiça e lhaneza, como é padrão nos governos árabes.

Se o tal “mundo” endoidou, eu não endoidei. Não sei como será. Só sei que não será assim, ou Israel teria desaparecido faz tempo. A outra sandice nessa história toda é que os propagandistas da causa palestina fazem de conta que Abbas fala por todos os palestinos. Não! Ele não fala! O Hamas não é favorável nem mesmo a esse pleito enviado à ONU porque, afinal, isso aposta numa negociação com aquele que tem de ser destruído, já que essa seria uma tarefa do Islã. Está lá no estatuto dos humanistas: aceitar Israel corresponde a trair a fé islâmica. Em Gaza, o Hamas partiu para o pau contra o Fatah e ganhou. Deu um golpe em seus iguais. Não é preciso imaginar como tratariam os diferentes porque eles próprios deixam claro. “Ah, o Hamas fala isso, mas não é a sério”. Quem sou eu para duvidar da convicção que eles próprios dizem ter?

O engraçado, reitero, é que a maioria dos “analistas” insiste: “Aproveite, Israel, que Abbas é moderado…” A lógica da chantagem foi incorporada, nota-se, como norte ético da “negociação”.

Não sei como será, mas sei que não será assim.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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