BLOG Reinaldo Azevedo : Orlando Silva está como inseto pego na teia; quando mais se mexe, mais se enrola...

Publicado em 17/10/2011 11:12 e atualizado em 17/10/2011 20:56
por Reinaldo Azevedo, em veja.com.br

Orlando Silva está como inseto pego na teia: quando mais se mexe, mais se enrola

O ministro Orlando Silva, do Esporte, está naquela situação de um inseto preso na teia: quando mais ele se mexe, mais enrolado fica. O Fantástico levou ao ar ontem uma reportagem sobre a ONG Pra Frente Brasil, que é comandada pela ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues, vereadora pelo PC do B na cidade de Jaguariúna (SP). Se vocês não viram, segue o vídeo. Se não quiserem assistir ao filme agora, reproduzo uma síntese da denúncia publicada pelo Globo Online. Comento depois.

Síntese da reportagem
O Ministério Público de São Paulo suspeita que uma organização não-governamental que recebeu R$ 28 milhões do Ministério do Esporte para o programa Segundo Tempo esteja envolvida em desvio de dinheiro público e beneficiando políticos do PCdoB. Segundo denúncia do programa “Fantástico”, da TV Globo, há indícios de que a ONG Pra Frente Brasil, gerenciada pela ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues, tenha contratado empresas de fachada para fornecer lanches e material esportivo, com participação de “laranjas”. A reportagem do “Fantástico” levantou suspeitas de que os programas da ONG podem estar envolvendo menos alunos do que o devido.

Karina é vereadora da cidade paulista de Jaguariúna pelo PCdoB, mesmo partido do ministro do Esporte. A ONG dela, segundo o “Fantástico”, recebeu cerca de R$ 28 milhões do ministério nos últimos seis anos e parte desta verba seria usada na compra de lanches. A ONG, que atua em 17 cidades de São Paulo, foi a que mais ganhou verbas do ministério. O MP acredita que há indícios de que a empresa RNC, contratada pela Pra Frente Brasil para fornecer lanches em contratos que somaram mais de R$ 10 milhões, seja uma empresa de fachada. Um dos sócios da empresa disse ao “Fantástico” ser assessor da vereadora, o que configuraria irregularidade, segundo o MP. Há suspeitas de que outra empresa, a Esporte e Ação, que recebeu cerca de R$ 1,3 milhões da ONG para fornecer material esportivo, também seja de fachada. A vereadora do PCdoB diz que sua ONG segue a lei e nega irregularidades com as contratadas.

O convênio entre o Ministério do Esporte e a Pra Frente Brasil estabelece que o atendimento seja de 18 mil crianças e adolescentes. Mas na cidade paulista de Iracemápolis, o “Fantástico” constatou que menos da metade dos alunos que deviam estar nas atividades estava participando e não havia chamada.

Em agosto, o ministro Orlando SIlva esteve na inauguração do programa mantido pela Pra Frente Brasil, no Guarujá. Neste domingo, disse que pode ter havido falhas na fiscalização da ONG. “Nós vamos investigar, apurar todos os dados e os responsáveis identificados seguramente serão punidos”, disse Orlando Silva.

Comento
Notem que o modus operandi coincide com aquele denunciado pelo PM João Dias Ferreira em entrevista à VEJA desta semana. A ONG recebe o financiamento e arruma uma “empresa” amiga como fornecedora. Também nesse caso, a exemplo do que ocorreu com outras organizações envolvidas na lambança do programa “Segundo Tempo”, a dirigente da entidade é membro do PC do B.

É um espanto! Desde 2003, o programa já repassou R$ 750 milhões a prefeituras, estados e ONGs. O caso da ONG de Karina fala por si. Em 6 anos, recebeu R$ 28 milhões. Só entre 2007 e 2010, consumiram-se R$ 10 milhões com lanchinhos para as crianças e jovens. O número já é, por si, escandaloso. Mas isso ainda é pouco: a empresa fornecedora se chama RNC e pertence, oficialmente ao menos, a um homem que, sem saber que estava sendo gravado, se disse funcionário da ex-jogadora. A suspeita óbvia é a de que ele seja um laranja de Karina e que a tal RNC só sirva de fachada para a turma meter a mão a dinheirama.

Orlando Silva, como o filme deixa claro, chegou a prestigiar pessoalmente o lançamento de programas da ONG de sua correligionária. Não dá mais!. Há fortes indícios de que o esquema criminoso descoberto no ano passado, que juntava ONGs e Ministério do Esporte, continua em plena atividade. Segundo o PM João Dias, que agora diz ter as provas, é o ministro quem comanda a farra. Vamos ver o que se apura a respeito.

De todo modo, saliente-se: a melhor das hipóteses é ainda péssima para o ministro. Se não comanda a corrupção, então não comanda nem a pasta, certo? Se Orlando é mesmo inocente, tem de ser demitido do mesmo jeito, aí por incompetência, para fundar a ONG “Bolas nas Costas”…

Por Reinaldo Azevedo

Por que VEJA incomoda tanto os ética e moralmente maldotados? Ou: Revista denunciou as falcatruas no Esporte há quase quatro anos!

Não há um só indivíduo ética e moralmente maldotado que goste da VEJA. Faz sentido! Comentei, posts abaixo, que o Estadão já tinha publicado uma série de reportagens sobre os desmandos no Ministério do Esporte no fim do ano passado e começo deste ano. É verdade! Foi mesmo uma série de fôlego. A VEJA, a revista que causa indignação nos tais sujeitos ética e moralmente maldotados (é a minha expressão politicamente correta para “safados”) denunciou as falcatruas, ATENÇÃO!, em 5 de março de 2008 — há três anos e sete meses! Leiam o texto. Está tudo ali. Volto depois.

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O Ministério do Esporte coordena um dos programas mais bem-intencionados do governo Lula. Nos últimos cinco anos, 439 milhões de reais foram investidos no Segundo Tempo - um projeto que busca tirar das ruas crianças e jovens em situação de risco, oferecendo atividades esportivas e alimentação. Oficialmente, o programa atende 1 milhão de pessoas em todos os estados. Para implementar as ações e garantir a execução do projeto, o ministério selecionou 200 entidades filantrópicas sem fins lucrativos, as conhecidas organizações não-governamentais (ONGs). Uma bela parceria entre setores da sociedade, se a esperteza política e os aproveitadores de sempre não se unissem à empreitada. O resultado é que, além dos jovens, o programa Segundo Tempo tem ajudado também comunistas e amigos do PCdoB, o partido que comanda o Ministério do Esporte, a encher os bolsos de dinheiro. Sem controle ou nenhuma fiscalização, ONGs escolhidas a dedo receberam repasses milionários, simularam a criação de núcleos de treinamento, registraram alunos-fantasma, fraudaram as prestações de contas e surrupiaram parte dos recursos que deveriam ajudar crianças carentes.

VEJA teve acesso ao resultado de uma investigação realizada pela polícia de Brasília, e encaminhada à CPI das ONGs, no Senado, sobre a atuação de algumas entidades que receberam milhões para executar o Segundo Tempo. É uma amostra singular da farra em que se transformaram as chamadas parcerias do governo com o terceiro setor. O Ministério Público também investiga casos de entidades que receberam recursos e nem sequer existiam. Outras usavam falsos cadastros de alunos para fazer de conta que realizavam o trabalho. Apenas quatro entidades da periferia de Brasília - Associação João Dias de Kung Fu, Federação Brasiliense de Kung Fu, Associação dos Funcionários do Ceub e Associação Gomes de Matos - receberam 4,7 milhões de reais do Ministério do Esporte. Depoimentos colhidos de funcionários e ex-funcionários mostram como o dinheiro era desviado. Os donos das ONGs orientavam seus monitores a percorrer escolas públicas e colher assinaturas de estudantes para simular uma lista de freqüência nos cursos que não existiam. Recebiam o dinheiro, com–pravam notas fiscais frias para justificar as despesas e embolsavam a diferença - quase tudo. Além das histórias de fraude em comum, há mais um detalhe curioso que une as ONGs selecionadas pelo Ministério do Esporte em Brasília: elas são comandadas por pessoas ligadas ao PCdoB ou a militantes do partido. Coincidência? Talvez, mas improvável.

A suspeita é que uma parte do dinheiro desviado pelas ONGs, além de enriquecer alguns, ainda seja usada para abastecer campanhas políticas dos comunistas. Em Brasília, para onde foram destinados 71 milhões de reais do Segundo Tempo, donos de entidades se converteram ao comunismo depois de assinar os convênios com o ministério e alguns até disputaram eleições representando o PCdoB. Não por coincidência, logo no início, quando começaram as fraudes, o ministro encarregado do programa era Agnelo Queiroz, do PCdoB, que tem a capital como base eleitoral. As ONGs brasilienses, à época, receberam mais dinheiro que quaisquer outras no Brasil, apesar de a cidade registrar indicadores sociais invejáveis. Agnelo deixou o ministério para concorrer a uma vaga no Senado, sempre contando com o apoio camarada dos donos das ONGs milionárias. Em 2006, o ministro não foi eleito, e em seu lugar assumiu Orlando Silva, também do PCdoB, que redistribuiu os recursos, dessa vez privilegiando São Paulo, talvez por coincidência sua base eleitoral.

Orlando Silva admite que não havia critérios objetivos para escolher as ONGs e que também eram frágeis os mecanismos de controle sobre a destinação dos recursos e a execução do programa. A falta de fiscalização provocou situações absurdas, como a contratação de um acusado de pedofilia como monitor de crianças na periferia de Brasília. “Não podemos criminalizar as ONGs. Só que, para segurança do estado, é melhor firmar parcerias com os governos e estamos fazendo isso”, explica o ministro. O problema é que uma boa parte dos recursos públicos destinados às crianças do Segundo Tempo já foi expropriada, o Ministério do Esporte não tem a mínima idéia de onde foi parar o dinheiro e, ao que parece, também não tem muita disposição em descobrir. Até agora, apenas uma denúncia que se tornou pública foi encaminhada à Controladoria-Geral da União para apuração. Membros da CPI das ONGs reclamam que, além da má vontade do ministério, há enorme dificuldade em investigar o programa Segundo Tempo no Congresso. “O senador Inácio Arruda, relator da comissão, foi indicado ao cargo para blindar os comunistas”, diz o senador Alvaro Dias, do PSDB. Inácio Arruda, do PCdoB do Ceará, rebate: “É um escárnio. Não vou nem comentar”.

Voltei
Como se vê, VEJA denunciou a roubalheira e o desvio de recursos há quase quatro anos. Orlando Silva prometeu tomar providências… A reportagem de ontem do Fantástico demonstrou em que pé estão as coisas… Só para que vocês não se confundam: Agnelo Queiroz, antecessor de Orlando Silva, é hoje governador do Distrito Federal pelo PT. Ele mudou de partido. À época, ele era do PCdoB. Mudou de legenda, mas não de hábitos. Ou melhor: juntou ao padrão ético que já tinha o apuro que lhe foi fornecido pelo petismo.

Síntese
Os safados não gostam de VEJA, mas os honestos gostam.

Por Reinaldo Azevedo

17/10/2011

 às 16:50

Não adianta a canalha tentar invadir o blog; aqui não entra! Ou: PCdoB está se preparando para se vingar de… Krushev?

“Rá, rá, rá”…
“Quá, quá, quá”…
“Oinc, oic, oinc”…

Este sou eu imitando a vagabundaiada.

Os empregadinhos a soldo que atuam na rede agora resolveram dar pinta aqui no blog também. Não publico! Como não conseguem defender Orlando Silva ou negar as evidências de fraude no Ministério do Esporte, então preferem acusar “a mídia”.

E há os que ameaçam: “Você vai ver o que vem por aí!!!”

É mesmo? O que é que vem por aí? O que será que o PC do B está preparando como reação ao “golpe da mídia”?

Será que os stalinistas finalmente vão se vingar dos ataques feitos por Krushev no XX Congresso do Partido Comunista Soviético, em 1956, já que, até hoje, 55 anos depois, o partido não admite os crimes de Stálin? Querem mexer com o meu veio humorístico? Querem que eu diga o quê? Que o partido justifica crimes não é de hoje? Que é especialista em acusações fraudulentas, daí defender, 70 anos depois,  os Processos de Moscou?

Vão ameaçar a Vovozinha Vermelha!!!

Aliás, taí: ocorreu-me agora uma coisa. Alguém imagina uma vovozinha comuna, tratando com carinho os camaradas netinhos? Mais seguro dar uma cestinha de doces ao Lobo Mau, hehe.

Não dá! Representantes da finada, porém milionária, UNE, mero aparelho do PC do B, resolveram sair em defesa de Orlando Silva. Até aí, né?, estão defendendo o seu. Mas precisam ter um mínimo de compostura. O que querem que eu diga? Que estamos diante de uma questão com cheiro de aristocracia familiar?

Orlando é cunhado de Gustavo Petta, ex-presidente da UNE (de 2003 a 2007). Com o cunhadão no ministério, Petta foi secretário de Esportes e Lazer de Campinas (2009 a 2010), integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do governo federal, membro do Conselho Nacional de Juventude e participou da organização da III Conferência Nacional do Esporte (2010). No Brasil, até o “comunismo” se mistura ao familismo. Daniel Iliescu, atual presidente da UNE, com essa ascendência certamente romena, sabe bem o que é comunismo familiar-hereditário: Nicolae Ceausescu tentou criar uma monarquia comunista na Romênia… Acabou mal.

Esses caras que tomem tenência! Se não estão moralmente aparelhados para saber a diferença entre dinheiro público e privado, entre os interesses do país, os do partido e os seus próprios, que tentem encontrar ao menos um pouco de senso de ridículo.

Por Reinaldo Azevedo

Vamos com calma aí: VEJA avança ao trazer testemunho de alguém que atuou em esquema e acusa Orlando Silva; que ministério fosse um lamaçal, isso era de conhecimento público

Em certas circunstâncias, recorro a uma fala de Macunaíma como um bordão: “Ai, que preguiça!” Vamos com calma aí: o centro da reportagem da VEJA desta semana não está na evidência de falcatrua no Ministério do Esporte. O busílis é outro. O que a revista traz de fundamental é o testemunho de alguém que pertenceu ao esquema a afirmar que o chefe da quadrilha é o próprio ministro. Que o Ministério do Esporte fosse uma pasta vetada a menores, ah, isso era sabido.

Mesmo antes da reportagem de VEJA, é impressionante que Orlando Silva ainda estivesse no cargo. O Estadão, em grande parte por obra do excelente repórter Leandro Colon, já esmiuçou as falcatruas da pasta e do programa Segundo Tempo de maneira detalhada, meticulosa, inquestionável. Provou também que o ministério tinha virado caixa do PCdoB.

Reproduzo abaixo um texto de uma série a evidenciar escândalos em cascata, publicado no dia 19 de fevereiro.

Cercado por fraudes, Segundo Tempo turbina caixa e políticos do PC do B

Por Leandro Colon:
Principal programa do Ministério do Esporte, comandado por Orlando Silva, o Segundo Tempo, além de gerar dividendos eleitorais, transformou-se num instrumento financeiro do Partido Comunista do Brasil (PC do B), legenda à qual é filiado o ministro. A reportagem do Estado foi conhecer os núcleos do Segundo Tempo no Distrito Federal, em Goiás, Piauí, São Paulo e Santa Catarina. A amostra, na capital e região do entorno, no Nordeste mais pobre ou no Sul e no Sudeste com melhores indicadores socioeconômicos, flagrou o mesmo quadro: entidades de fachada recebendo o dinheiro do projeto, núcleos esportivos fantasmas, abandonados ou em condições precárias.

As crianças ficam expostas ao mato alto e a detritos nos terrenos onde deveriam existir quadras esportivas. Alguns espaços são precariamente improvisados, faltam uniformes e calçados, os salários estão atrasados e a merenda é desviada ou entregue com prazo de validade vencido. No site do ministério, o Segundo Tempo é descrito como um programa de “inclusão social” e “desenvolvimento integral do homem”. Tem como prioridade atuar em áreas “de risco e vulnerabilidade social”, criando núcleos esportivos para oferecer a crianças e jovens carentes a prática esportiva após o turno escolar e também nas férias.

Conferidas de perto, pode-se constatar que as diretrizes do projeto, que falam em “democratização da gestão” foram substituídas pelo aparelhamento partidário. A reportagem mostra, a partir deste domingo, 20, como o ministro Orlando Silva, sem licitação, entregou o programa ao PC do B. O Segundo Tempo está, majoritariamente, nas mãos de entidades dirigidas pelo partido e virou arma política e eleitoral. Só em 2010, ano eleitoral, os contratos com essas entidades somaram R$ 30 milhões.

Por Reinaldo Azevedo

17/10/2011

 às 15:43

Serra diz que governo vira “central de corrupção” ao não descentralizar verbas

No Globo Online:
Em meio às denúncias contra o ministro dos Esportes, Orlando Silva, acusado de receber dinheiro de propina na garagem do ministério , o ex-governador José Serra aproveitou para criticar a forma centralizadora do governo petista. Segundo ele, o governo se transforma numa “central de corrupção” ao não entregar recursos a estados e municípios responsáveis por programas como o “Segundo Tempo”, alvo das denúncias que atingem o ministro. “Mas a gestão federal petista fez tudo ao contrário: recentralizou ao máximo as ações apoiadas pelo governo federal, na ânsia de manipular e obter faturamento político-eleitoral. Mais ainda: a centralização facilita o loteamento da administração federal, pois fortalece, abre ou cria novas áreas de domínio para oferecer aos parceiros nas lambanças. Ou por outra: o governo acaba se tornando uma central de corrupção”, disse Serra, em seu blog.

“Um programa como esse “Segundo Tempo” deveria, obviamente, ser de caráter municipal ou, no máximo, estadual. Bastaria o governo federal entregar os recursos para as outras esferas de governo e, naturalmente, estabelecer algum tipo de controle sobre sua aplicação. Poderia até fixar uma certa contrapartida dos estados e municípios - governadores e prefeitos aceitariam fazê-lo, com grande facilidade”, emendou o tucano.

Segundo o ex-governador, o repasse de verbas para estados e municípios não evitaria, por si, desvios e propinas, “mas os dificultaria em razão de um cruzamento de controles feitos por esferas distintas”. “Haveria, ao menos, mais fiscalização e, estou certo, mais eficiência”. (íntegra do post de Serra aqui).

Por Reinaldo Azevedo

17/10/2011

 às 15:37

Ou bem acusador de Orlando Silva também fala no Congresso, ou oposição deve se negar a ouvir apenas ministro. Parlamento não é circo do oficialismo

A oposição quer o ministro do Esporte, Orlando Silva, prestando esclarecimentos em comissões da Câmara e do Senado. Certo! Ele tem de ser convocado mesmo. Mas é preciso tomar cuidado. Ou se convida também o policial João Dias Ferreira, ou a ida do ministro ao Congresso se transforma em pantomima oficialista, quiçá em palanque.

“Ah, mas como chamar alguém que já foi preso para depor no Congresso?” Se o próprio ministro recebeu o homem em gabinete e se a instituição que ele dirigia foi considerada pela pasta apta a gerenciar alguns milhões do programa Segundo Tempo, é certo que ele tem algo a dizer, não?

Aliás, está na hora de a oposição endurecer nessas coisas: ou bem os governistas aprovam também requerimentos para ouvir o policial, ou as sessões em que Orlando Silva vai falar têm de ser esvaziadas; caso só o ministro seja chamado, os oposicionistas devem cair fora, deixar que os governistas fiquem lá se defendendo e se lambendo uns aos outros. Afinal, será mesmo uma farsa.

Se for o caso, os oposicionistas chamam João Dias para falar em outro lugar, nem que seja fora do Congresso — ou, então, em algum gabinete —, com a imprensa presente. O governismo transformou a ida de autoridades ao Congresso em mero ritual do oficialismo. Parlamentares da base abrem mão da prerrogativa de que dispõe o Legislativo para pedir esclarecimentos ao Executivo e atuam só como tropa de choque.

Em suma: ou bem João Dias também é convocado, ou a oposição se nega a ouvir apenas o ministro, aproveitando para denunciar a farsa oficialista. O Congresso não é um circo do governismo.

Por Reinaldo Azevedo

17/10/2011

 às 15:05

Polícia Federal vai investigar novas denúncias de desvio de verbas no Ministério do Esporte, diz Cardozo

Do Globo Online com Agência Senado:
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta segunda-feira que a Polícia Federal vai investigar as novas denúncias de desvio de verbas do Ministério do Esporte. De acordo com Cardozo, a PF vai ouvir o policial militar e ex-militante do PCdoB João Dias, que acusa o ministro Orlando Silva de receber dinheiro - que deveria ser empregado no programa Segundo Tempo - desviado de ONGs. Por conta das denúncias, o ministro do Esporte voltou mais cedo de Guadalajara, no México, onde acompanhava o Pan-Americano. Ele se antecipou à oposição e protocolou nesta segunda-feira na Procuradoria-Geral da República (PGR) um ofício em que solicita a apuração do Ministério Público sobre denúncias de desvio de recursos do ministério. Segundo a assessoria de imprensa da pasta, no ofício o ministro se coloca à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários.

“É mais uma iniciativa para que todos os fatos sejam esclarecidos e que fique claro que as supostas denúncias não passam de mentiras e calúnias, feitas por um cidadão que está sendo processado pela Justiça”, afirmou o Orlando Silva por meio de nota divulgada pela assessoria do ministério.

O presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Sepúlveda Pertence, disse hoje que a acusação contra o ministro é “grave”, mas que ainda é preciso ter mais elementos para se chegar a qualquer conclusão. A comissão está reunida nesta segunda e analisará o caso. “Talvez a coisa ainda esteja um pouco verde”, disse, para depois completar: “A acusação de suborno é sempre grave, depende de quem a sustenta”.

No domingo à noite, Orlando Silva negou as acusações em reunião com a ministra da Casa-Civil, Gleisi Hoffmann, e o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral. Em Pretória, na África do Sul, a presidente Dilma quis comentar as denúncias no ministério.

Cardozo reforçou que a disposição do ministro do Esporte, Orlando Silva, em abrir seus sigilos telefônico e bancário mostra o desejo de que as investigações sejam feitas de forma séria. O ministro afirmou que os sigilos serão quebrados pela PF se o inquérito policial apontar essa necessidade. Quando ainda estava no México, acompanhando os Jogos Pan-Americanos, Orlando divulgou nota em que disse que acionaria a PF para investigar as denúncias. “Já existem investigações em relação a convênios do Ministério do Esporte questionados anteriormente. Esses novos fatos podem exigir a abertura de um novo inquérito policial, na medida em que envolve uma outra autoridade, inclusive com foro privilegiado, ou vamos aproveitar os inquéritos em curso para fazer uma apuração imediata dos casos denunciados agora. Posso garantir que a Polícia Federal será criteriosa e rigorosa”, disse Cardozo, que participa nesta manhã do seminário “A Informalidade e seus impactos na sociedade”, que acontece na sede de O Globo.

Na reportagem da revista “Veja”, o policial militar e ex-militante do PCdoB João Dias e o motorista Célio Soares Pereira acusam o ministro de receber dinheiro desviado de programa do governo. Orlando Silva foi apontado como mentor e beneficiário desse esquema. O policial disse na reportagem que as entidades só recebiam recursos se houvesse o pagamento de uma taxa de até 20% do valor dos convênios.

Ainda segundo a denúncia, o PCdoB indicaria os fornecedores e as pessoas encarregadas de conseguir notas fiscais frias. Célio Soares Pereira contou que entregava dinheiro pessoalmente a Orlando Silva na garagem do ministério. Em oito anos, o esquema teria desviado R$ 40 milhões.

Por Reinaldo Azevedo

17/10/2011

 às 14:44

Recado aos porta-vozes de bandidos: a canalha pode gritar à vontade! Isso só excita o senso de responsabilidade do jornalismo que se preza. Não passarão!

Vocês sabem que há difamadores profissionais atuando nas redes sociais. Trata-se, atenção!, de um emprego!!! Alguns têm cara e nome. Uma pequena pesquisa vai indicar que é gente que recebe, direta ou indiretamente, dinheiro do governo ou das estatais. Ou são financiados pela publicidade oficial ou são empregados do governo. Ou por outra: usa-se dinheiro público para sustentar a vagabundagem que atua como apparatchik.

Desde que VEJA começou a chegar aos leitores no sábado de manhã, a corja entrou em ação para tentar fazer a defesa de Orlando Silva e do PC do B e atacar, ora, ora, a imprensa! O primeiro alvo foi a revista — essa gente não se conforma que haja quem não tenha desistido do jornalismo! — e, depois, a TV Globo por causa da reportagem de ontem à noite do Fantástico.

Petralhas e representantes do PC do B tentam transformar as notícias numa grande conspiração contra os “interesses do povo”. Até parece que o partido representa uma grande ameaça “à burguesia” (como eles diriam antigamente) e que essa burguesia decidiu se mobilizar contra o perigo vermelho… Ora, tenham ao menos senso de ridículo! Se a turma do PC do B que está no Ministério do Esporte representa ameaça a alguma coisa, convenham, é à decência e à lógica.

Mas os blogs e sites sujos são assim mesmo. Estão, afinal de contas, “trabalhando”, não é? Essa mesma canalha entrou em ação quando VEJA fez a reportagem sobre Erenice Guerra. Erenice caiu. Depois atuou quando Palocci voltou a ser estrela do noticiário não exatamente por bons motivos. Palocci caiu. Voltou à carga quando a revista denunciou a roubalheira no Ministério dos Transportes. Alfredo Nascimento e outros vinte e tantos caíram. Os vagabundos se organizaram contra a revista quando esta expôs as entranhas dos ministérios da Agricultura e do Turismo. Wagner Rossi e Pedro Novais caíram. Eu não sei se Orlando Silva cai. Nós cumprimos a nossa obrigação: dizer a verdade; se Dilma vai cumprir a dela, aí é com ela — e com os brasileiros que vão acabar julgando, democraticamente, os seus atos.

A vagabundagem pode espernear que não vai conseguir eliminar as evidências de fraude no Programa Segundo Tempo. Os esbirros a soldo do oficialismo podem secretar seu ódio à vontade. Isso tudo só impõe desafios novos ao jornalismo que se preza. Se há coisa que excita o senso de responsabilidade do bom profissional de imprensa é haver gente que se organiza para, de modo sistemático e deliberado, esconder a verdade.

Parafraseando o poeta, quanto mais vergonha a essa gente falta, mais o nosso senso de responsabilidade se exalta.

Por Reinaldo Azevedo

17/10/2011

 às 14:09

Com um pato manco no Ministério do Esporte, Ricardo Teixeira e Joseph Blatter posam de moralistas kantianos

Sempre que fala em fóruns internacionais sobre a crise mundial, a presidente Dilma Rousseff resolveu seguir os passos de seu antecessor: com notável arrogância, dá pitos, conselhos, diz o que tem e o que não tem de ser feito, censura, moraliza, dá dicas, aponta o caminho e, às vezes, chega a fazer… exigências. Não obstante termos a receita para pôr fim à crise mundial, o país não consegue se impor numa simples negociação com uma entidade privada: a Fifa. Neste exato momento, os sábios estão vendo como fazer para criar uma legislação de exceção para realizar o torneio no Brasil. O Brasil, como sabem, não se submete ao imperialismo americano (falar em “imperialismo” em tempos de Obama tem lá a sua graça…), mas fala fino com a Bolívia, com o Paraguai (como quer Chico Jabuti) e com a Fifa…

Fifa? Bem, é aquela entidade cujos padrões éticos não deixam vermelhos os comunistas do PC do B envolvidos com a Copa do Mundo, entendem? Bem, não é prudente juntar numa mesma sala um livro de Kant e os representantes de Orlando Furioso, Ricardo Teixeira e Joseph Blatter. Leiam trecho de uma reportagem de Jamil Chade no Estadão de hoje. Volto em seguida.

Fifa e CBF pretendem isolar ministro do Esporte
A Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) usam a crise que assola o Ministério dos Esportes por conta das acusações contra o ministro Orlando Silva para reconquistar espaço que havia sido ocupado pelo governo na definição de leis da Copa do Mundo de 2014 e impor suas exigências. Na semana considerada como a mais crítica para a definição do Mundial no Brasil, o governo não foi sequer convidado a participar dos encontros em Zurique que começam hoje. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ainda levará propostas que driblam a posição do governo e a situação fragilizada de Orlando Silva já abre espaço para que as posturas defendidas pelo governo enfrentem uma dura resistência.

Como o Estado revelou ontem, a cúpula da Fifa teme que o novo escândalo envolvendo o Ministério dos Esportes cause problemas para a definição de leis fundamentais para a Copa. A manobra da Fifa e da CBF, portanto, é a de isolar Orlando Silva e reduzir sua influência. Segundo fontes na Fifa, essa estratégia já começou a ser implementada (mais aqui).

Voltei
Que moral tem para negociar em nome do país um ministro obrigado a dar explicações sobre o inexplicável? Como existe um braço-de-ferro entre o governo e as duas entidades — e, lamento, diz, sim, respeito à soberania do país, ainda que a Fifa esteja irritada com leis estúpidas, mas são as que temos —, é evidente que aqueles moralistas usarão a fragilidade do ministro para ganhar espaço.

Todo mundo já entendeu o que se passa no Ministério do Esporte. A reportagem da VEJA é devastadora para a reputação do ministro. Os “comunistas do Brasil” e seus sequazes insistem que o PM que acusa Orlando Silva “é bandido”. Mas o que fazia “um bandido” com tamanho trânsito no Ministério dos Esportes? Com quantos outros da espécie a pasta se relaciona? A reportagem do Fantástico é também eloqüente. Como pode uma ONG que recebe R$ 28 milhões em sete anos para executar um programa consumir escandalosos R$ 10 milhões em três desses anos só com lanchinho? Pior: a empresa fornecedora pertence, oficialmente, a um amigão da gerentona da ONG, quadro do PC do B. Mas Orlando insiste: pede que acreditemos nele e não naquilo que estamos vendo.

O país vive um momento delicado na relação com a Fifa e com a CBF, e Orlando Silva dialoga com os representantes dessas entidades com a elegância e a destreza de um pato manco. Porque está na pasta em que está e porque a Copa do Mundo tem um interesse que vai além das fronteiras, as denúncias e evidências de falcatruas correm o mundo. A piada é macabra: Orlando Silva permite que Ricardo Teixeira e Joseph Blatter posem de moralistas kantianos…

O que Dilma está esperando? Acha, por acaso, que Orlando encontrará uma explicação razoável para o que se deu e se dá em sua pasta? O PM que o acusa devolve a pecha e também chama o ministro de “bandido”. Digamos que bandido não seja, pergunta-se: ele negocia com a Fifa e com a CBF com a mesma competência com que toca o Ministério do Esporte?

Por Reinaldo Azevedo

Dirceu acha que não se deve dar bola para gente processada… É mesmo?

O consultor de empresas privadas e “chefe de quadrilha” (segundo a Procuradoria Geral da República) José Dirceu, que teve o mandato de deputado cassado por corrupção, saiu em defesa de Orlando Silva, ministro do Esporte, o que só piora, obviamente, a situação de Silva.

O Zé, que já teve duas caras — a sua e a outra, de quando estava na clandestinidade (não sei de qual das duas descende a de hoje) — também tem duas morais: com uma, julga a si mesmo; com a outra, julga terceiros.

O homem que recebe autoridades do governo em quartos de hotel, uma espécie de versão para a administração pública do “rendez-vous”, não gostou da reportagem de VEJA. Ele também detestou aquela em que aparece ao lado de figuras do alto escalão da administração, em um gabinete clandestino, conspirando contra o governo do seu próprio partido… Essa VEJA, viu!?, vou lhes contar… Sigamos.

O ainda poderoso chefão do PT ficou escandalizado que se tenha dado bola a alguém como o PM João Dias Ferreira, militante do PCdoB, que chegou a ser conviva do próprio ministro. Assim se referiu o Zé ao PM:
“Tem uma denúncia de um cidadão que está sendo processado, acusado de desvios. Estranho é que a matéria em vez de ser sobre o PM é sobre o ministro. A matéria devia ser sobre o escândalo de desvio de recursos do qual o PM está sendo acusado. O ministro não está sendo acusado de nada. As acusações do PM são testemunhais, ele tem que comprovar isso.”

HEEEINNN???

Quer dizer que um sujeito processado pelo STF por formação de quadrilha e corrupção ativa acha que não se deve dar bola a João Dias — cuja ONG recebeu dinheiro do programa Segundo Tempo — porque este está sendo processado?

Ora, por que Dirceu, ele próprio, está falando? Por que Dirceu, ele próprio, está sendo ouvido pela imprensa? Por que Dirceu, ele próprio, tem o topete de manter um site? Por que Dirceu, ele próprio, acha que é um bom juiz dessa causa e da própria imprensa? Por que o processado José Dirceu não cala, então, as bocas (a que tem e a que já teve?).

Ou o processado José Dirceu se acha muito superior ao processado João Dias Ferreira só porque é Dirceu?

Por Reinaldo Azevedo
Dilma convoca ministro do Esporte para dar explicações


Por Andréia Sadi e Natuza Nery, na Folha:
O ministro do Esporte, Orlando Silva (PC do B), antecipou sua volta do México ao Brasil após ser convocado pelo Palácio do Planalto a dar explicações sobre as acusações de corrupção na pasta, que chefia desde 2006.  Ele foi chamado às pressas para reunião que ocorreu ontem à noite com a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), na casa de Gleisi, em Brasília. No encontro, Silva disse que “vai às últimas consequências” para provar que não compactou com nenhuma irregularidade. O ministro ouviu dos colegas que é importante para o governo que ele “se prepare e se antecipe” prestando todos os esclarecimentos. Silva é acusado de participação num esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, que dá verba a ONGs para incentivar jovens a praticar esportes.

A acusação foi feita à revista “Veja” pelo policial João Dias Ferreira. Segundo ele, o ministro teria recebido dinheiro vivo na garagem da pasta, o que Silva nega.  ÀFolha, o ministro disse que está sendo alvejado porque a pasta “cresceu demais” em recursos por causa da Copa-2014 e da Olimpíada-2016.  Ele repetiu o mesmo argumento para Gilberto Carvalho e Gleisi Hoffmann. O titular do Esporte foi para o encontro munido de documentos. Não chegou a mostrá-los porque os ministros destacados por Dilma não acharam necessário. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Comissão de Ética Pública omitiu investigação sobre Palocci


Por Márcio Falcão e Andreza Matais, na Folha:
A Comissão de Ética Pública da Presidência da República escondeu decisão de abrir investigação contra o ex-ministro Antonio Palocci. Dois procedimentos foram instaurados na véspera da queda do petista, em junho, e propositadamente não houve qualquer divulgação à imprensa, o que contrariou tradição do colegiado e decisão da maioria. É o que revelam duas atas da comissão nos dias 6 de junho e 1° de julho. Palocci chefiou a Casa Civil e era o ministro mais influente do governo. Deixou o cargo após a Folha revelar que seu patrimônio aumentou 20 vezes em quatro anos e sua empresa de consultoria faturou R$ 20 milhões no ano eleitoral de 2010, fatos que não conseguiu justificar publicamente.  O presidente em exercício do colegiado à época, Roberto Caldas, foi quem decidiu que não comunicaria à imprensa a respeito da abertura do procedimento preliminar contra Palocci.

Cobrado em reunião seguinte sobre por que não comunicou o fato aos jornalistas, apesar de, numa votação informal, a maioria dos conselheiros ter se posicionado a favor da divulgação, Caldas alegou que considerava “ilícito fazê-lo” porque na sua avaliação as investigações têm caráter “reservado”. Na reunião, em 1° de julho, ele reconheceu ser “uma tradição” da comissão divulgar a instauração dos casos envolvendo ministros, mas justificou sua decisão alegando que “a expressão é uma liberdade fundamental, não uma obrigação”. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Cristina Kirchner realiza o sonho do PT e da esgotosfera brasileira


A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que deve se reeleger no primeiro turno no próximo domingo, faz com a imprensa do seu país tudo aquilo que o PT e os vagabundos da esgotosfera gostariam que se fizesse no Brasil - algumas das práticas autoritárias já estão em curso por aqui. Leiam trecho de reportagem de Lucas Ferraz e Sylvia Colombo, na Folha ( Mais Aqui). Volto em seguida.

Cristina constrói “brigada” na imprensa

Enquanto o governo de Cristina Kirchner prega o fim do que considera ser um monopólio da mídia, não para de crescer o número de veículos, públicos e privados, que, favorecidos por publicidade oficial, apóiam editorialmente os atos dela. Ao mesmo tempo em que elaborou uma lei contra a acumulação de meios, centrando sua ações sobretudo contra o Grupo Clarín, maior conglomerado de comunicações do país, seguiu-se um movimento de direcionamento de publicidade para veículos amigos ou alinhados. Essa ação favoreceu a criação de uma grande “brigada kirchnerista”, que reúne atualmente mais de 30 publicações (revistas e jornais) e programas de rádios e TV, que defendem os atos do governo e criticam jornalistas contrários à Casa Rosada.
(…)
Na TV pública, é exibido o “6, 7, 8″, o mais ácido programa dedicado à cobertura dos grandes meios. Na prática, a pauta é atacar o “Clarín”. “É um absurdo. Feito com o dinheiro do Estado, constrói um discurso de resistência militante que surge a partir do próprio poder”, diz María O’Donnell, autora do livro “El Aparato”, sobre as máquinas de propaganda e comunicação do kirchnerismo.
(…)

Voltei
O que está em curso na Argentina é só um exemplo de até onde pode ir essa turma se a gente não pega o chicote a tempo. No Brasil, a canalha baba de inveja. É bom lembrar que também por aqui o dinheiro público é usado para financiar o “jornalismo amigo”, que vira subjornalismo por definição. Há publicações em que 100% da receita têm origem na propaganda oficial ou de estatais. Há emissoras que não se manteriam sem o capilé oficial. Dá para imaginar a independência…

A Lula News, a TV Traço, contrata ainda rematados puxa-sacos. A corja vive de joelhos diante do poder (alguns nem precisam se ajoelhar porque naturalmente adaptados…) e chama o lixo que produz de “jornalismo combativo”. Dinheiro eles têm (o nosso…). Só não conseguem ter leitores, telespectadores, internautas…

Na Argentina, a exemplo do que acontece no Brasil, intelectuais de esquerda apóiam com entusiasmo a investida contra “a mídia conservadora”. Como eles todos são “progressistas”, acham que é certo usar o dinheiro dos pobres para financiar suas escolhas ideológicas. É uma gente irredimível!

Lá vai a Argentina, coitada!, marcando mais um encontro com o fundo do poço.

Por Reinaldo Azevedo
No continente, relatos de “um panorama desolador” para a liberdade de imprensa


No Estadão:
Ao abrir as sessões da Comissão de Liberdade de Imprensa da SIP, ontem pela manhã, o jornalista uruguaio Claudio Paolillo, presidente da comissão, resumiu o que vinha pela frente: “Um panorama francamente desolador”. Ele se referiu às 21 mortes de jornalistas ocorridas nos últimos seis meses, nos países filiados à SIP, “quase uma por semana”. Atacou o “aparato extraoficial” que se montou em alguns países para impedir que se divulguem notícias contra os governos “que têm legitimidade de origem, pois foram votados, mas têm ilegitimidade de exercício”.

Paolillo lamentou os golpes na Argentina, onde os dois maiores jornais, Clarín e La Nación, receberam em 2010 apenas 2,5% da publicidade oficial. Recordou que na Venezuela há mais de 30 emissoras de rádio e de TV fechadas e abordou a onda de crimes em Honduras e no México. Completando o cenário, revelou que, na Bolívia, “cerca de 90% dos editores admitem, em público, que fazem autocensura para não enfrentar problemas maiores”.

O ano de 2001 “foi muito turbulento na Argentina”, resumiu o delegado desse país, Daniel Dessein, abordando a decisão do governo Cristina Kirchner de concentrar a publicidade oficial em veículos governistas ou outros sem expressão na sociedade. Detalhou “as agressões verbais e o clima opressivo” contra jornalistas. Se isso prosseguir, advertiu, “o país terá cada vez mais débeis contrapesos institucionais”.

Mas foi o Equador que roubou a cena no salão do Swissotel. Seu representante, Pedro Zambrano, listou numerosos casos de ataques do presidente Rafael Correa contra jornais, colunistas e repórteres. Ele lembrou que avança no Congresso do país a criação de um conselho de comunicação que terá sete membros - três indicados pelo governo. E denunciou a “guerra” em andamento entre Correa e o jornal El Universo, do qual ele pede na Justiça uma indenização de US$ 40 milhões, por danos morais.

O episódio começou em fevereiro, quando o colunista Emilio Palacio publicou um artigo que o presidente considerou ofensivo. Ameaçado, Palacios decidiu exilar-se em Miami. O dono do jornal, Carlos Perez, enfrenta o caso na justiça equatoriana.

Presente na sala, ontem, Perez subiu ao palco e deu seu testemunho. “O presidente me diz que suspenderia o processo se pedíssemos perdão”, contou. “Mas pedir perdão seria falhar numa obrigação moral e aceitar a autocensura”, completou, sob uma salva de palmas. Ele informou que pretende levar o assunto à União Europeia e ao Congresso dos EUA.

“Na Venezuela está em marcha um golpe constitucional contra os direitos fundamentais”, resumiu o delegado do país, Gilberto Urdaneta. Entre suas denúncias, contou que jornalistas do El Nacional têm seu e-mail invadido, falou dos eventuais ataques contra jornalistas nas ruas e lembrou que o jornal Sexto Poder foi condenado por publicar foto de Chávez na cama, doente. Aqui.


Por Reinaldo Azevedo
Piada macabra - MP da desoneração vai elevar imposto


Por Christiane Samarco e Iuri Dantas, no Estadão:
O governo quer aumentar a cobrança de impostos de empresas e investidores. O pacote tributário foi incluído, às escondidas, na medida provisória que desonera a folha de pagamento de quatro setores industriais, em análise no Congresso. Com a bênção do Palácio do Planalto, a Receita Federal incluiu no texto da MP artigos prevendo desde um maior controle sobre a transferência de ações até a cobrança inédita de mais um tributo sobre a divisão de lucro entre sócios de uma companhia.

O Estado teve acesso à nova versão da Medida Provisória, que passou a contar com 31 artigos, e não mais os 24 originais. Uma das mudanças de maior alcance permite à Receita arbitrar o valor de ações ou títulos, usados para elevar o capital social de uma empresa, em um período de até dez anos. Dessa forma, o Fisco poderia arrecadar mais.

Além do Imposto de Renda, as empresas e seus sócios terão de pagar a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) sobre as emissões de debêntures, um título privado vendido por empresas para levantar recursos no mercado. A CSLL também passará a incidir sobre a participação nos lucros de sócios e administradores, que hoje só pagam IR. A regra abrange pessoas jurídicas e instituições financeiras que tiverem participação societária em outra empresa.

O propósito original da MP era criar um Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para Empresas Exportadoras, o Reintegra, equivalente a 3% do valor exportado, e também desonerar a folha de pagamento das indústrias têxtil, calçadista, moveleira e de software. Antes da política industrial, o governo recebeu fortes críticas do mercado financeiro por conceder poderes ao Conselho Monetário Nacional (CMN) para regular o mercado de derivativos. Com as mudanças na MP, o mercado de capitais volta a ser foco da Receita. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
“O banqueiro é um bom companheirôôô…” - Assalariados pagam mais IR que os bancos


Por Iuri Dantas, do Estadão:
As distorções tributárias do País prejudicam a classe média, que contribui com mais impostos do que os bancos. Análise feita pelo Sindicato Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), e confirmada por especialistas, indica que os trabalhadores pagaram o equivalente a 9,9% da arrecadação federal somente com o recolhimento de Imposto de Renda ao longo de um ano. As entidades financeiras arcaram com menos da metade disso (4,1%), com o pagamento de quatro tributos.

“Os dados mostram a opção equivocada do governo brasileiro de tributar a renda em vez da riqueza e do patrimônio”, avalia João Eloi Olenike, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). A face mais nítida desta escolha, segundo o especialista, é a retenção de imposto de renda na fonte, ou seja, no salário do trabalhador. “São poucos os países que, como o Brasil, não deixam as empresas e as pessoas formarem riqueza,” afirmou. “Todos os tributaristas entendem que não está correto, era preciso tributar quem tem mais.”

O Sindifisco analisou a arrecadação de impostos federais no período de setembro de 2010 a agosto deste ano. Neste período, as pessoas físicas pagaram um total de R$ 87,6 bilhões em Imposto de Renda, incluídos os valores retidos na fonte como rendimentos do trabalho. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Por aliança com PSDB, Kassab admite negociar cabeça de chapa na capital


Por Julia Duailibi, no Estadão:
Após o governador Geraldo Alckmin ter defendido a aliança PSD-PSDB na eleição para a Prefeitura em 2012, o prefeito Gilberto Kassab negou que a indicação do candidato seja a condição para um acordo. Os tucanos querem selar a união com o PSD, mas colocam na mesa o tempo de TV da sigla para barganhar a cabeça de chapa.

“É natural que todos tenham suas expectativas. Mas quando um partido coloca condições para fazer uma aliança é um mau começo”, disse o prefeito ao Estado, ao ser questionado se o PSD insistirá na cabeça de chapa. Kassab quer que em 2012 o PSDB apoie o seu candidato - o vice governador Guilherme Afif Domingos ou o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles - em troca de uma aliança pela reeleição de Alckmin em 2014.

Mas, no Palácio dos Bandeirantes, a orientação é costurar até março o maior número de apoios para engordar o tempo de TV, aumentar o cacife do PSDB e oferecer a Kassab o cargo de vice. Para a articulação funcionar, Alckmin quer postergar as prévias tucanas para o primeiro trimestre de 2012, de modo que o “jogo possa ser jogado até lá”. A estratégia enfrenta a resistência de pré-candidatos do PSDB que exigem a disputa em dezembro.

“O governador também manifestou essa expectativa (da aliança PSD-PSDB). Entendo, antes de mais nada, que precisamos trabalhar pela aliança. Num segundo momento, vamos decidir quem são os melhores candidatos dessa aliança”, afirmou Kassab, que disse ter “profundo respeito pelos que já apresentaram seus nomes, inclusive para disputar as prévias no PSDB”.

Ao defender a aliança na sexta-feira, Alckmin também não falou em nomes: “Estamos abertos para construirmos todos juntos uma grande aliança em torno de uma proposta para São Paulo, independentemente de nomes”.

Hoje, o PSDB tem quatro pré-candidatos, mas nenhum empolga a cúpula do partido, apesar da predileção de Alckmin pelo secretário Bruno Covas (Meio Ambiente). Os outros pré-candidatos são Andrea Matarazzo (Cultura), José Aníbal (Energia) e o deputado Ricardo Tripoli. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Geddel diz que governo da Bahia o grampeou


Por Graciliano Rocha, na Folha:
O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) afirmou no Twitter que foi grampeado ilegalmente pelo governo da Bahia. O governador Jaques Wagner (PT) nega a acusação.
Ex-ministro da Integração Nacional (2007-2010) e hoje vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa, o peemedebista foi derrotado por Wagner na disputa para o governo, em 2010. Aliado do PT no plano nacional, Geddel faz oposição ao petista na Bahia. Geddel diz ter recebido a informação na semana passada, da mesma fonte que o alertou, em 2003, sobre gravações ilegais em seus telefones. Na época, a PF concluiu que os grampos tiveram origem na Secretaria da Segurança Pública baiana, durante a gestão de aliados do senador Antônio Carlos Magalhães, adversário de Geddel. Indagado pela Folha sobre as provas da nova acusação, Geddel disse que enviará hoje à PF os detalhes do suposto grampo. Ele não apontou quem seria o responsável, nem a motivação. “Não creio que tenha envolvimento do governador, não. Espero, inclusive, que não haja.”Aqui

Por Reinaldo Azevedo

16/10/2011

 às 15:26

PM chama Orlando Silva de “bandido” em blog e diz que ministro tentou falar com ele antes da publicação da reportagem de VEJA

O PM João Dias Ferreira, que, em entrevista à VEJA, acusou o ministro do Esporte, Orlando Silva, de comandar esquema criminoso no ministério, não só não recua como avança. Leiam o que informa Rubens Valente e Renato Machado na Folha Online (mais aqui):

*
O soldado da Polícia Militar do Distrito Federal que acusou o ministro dos Esportes, Orlando Silva, de participar de desvios de recursos do ministério, chamou-o neste domingo (16) de “bandido”, em mensagem postada em seu blog na internet. Numa mensagem dirigida ao ministro, Ferreira afirmou: “Você está equivocado, eu não sou bandido, bandido é você e sua quadrilha que faz e refaz qualquer processo do ministério de acordo com sua conveniência e você sabe muito bem disso!”

O soldado da PM, que em 2006 foi candidato derrotado a deputado distrital pelo PC do B em Brasília, também fez uma ameaça à direção nacional do partido, que ontem soltou uma nota em apoio ao ministro. “Sugestão: era bom o PC do B nacional ficar calado antes de sair em defesa do Orlando sumariamente.”

Em entrevista publicada ontem pela “Veja”, o soldado Ferreira afirma que Orlando Silva tinha participação direta num esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, que distribui recursos a ONGs para projetos de incentivo à prática de esportes por jovens. Ferreira citou como suposta testemunha das irregularidades um funcionário de sua rede de academias de ginástica, Célio Soares Pereira. Ele afirmou à “Veja” ter entregado dinheiro ao próprio ministro na garagem do ministério, em Brasília, no final de 2008. Localizado ontem pela Folha, Pereira confirmou o teor das suas declarações à revista, mas preferiu não conceder entrevista.
(…)
Na manhã deste domingo, Ferreira também afirmou em seu blog ter sido procurado na última sexta-feira, um dia antes da publicação da reportagem em “Veja”, pelo secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento do ministério, Ricardo Leyser Gonçalves. “E se tu [Orlando] não deves nada, porque [sic] mandou seu secretário nacional Ricardo Leiser [Leyser] tentar me localizar na sexta-feira, quando soube da matéria, o que ele queria comigo? Fazer mais um daqueles acordos não cumpridos?”
(…)

Por Reinaldo Azevedo
VOCÊ É UM CIDADÃO PAGADOR DE IMPOSTOS? ENTÃO CALE A BOCA! OU: MUITOS JORNALISTAS ODEIAM A CLASSE MÉDIA QUE LÊ O QUE ELES ESCREVEM

Algo de muito grave aconteceu em Pinheiros, um bairro de classe média de São Paulo. Contei a história num post de anteontem. Um grupo de moradores recorreu ao Ministério Público Estadual para impedir que um albergue seja transferido para a região onde moram. Não só seu pedido não foi nem sequer considerado como seis dos signatários foram denunciados pelo promotor Maurício Antonio Ribeiro Lopes (falarei sobre ele no post abaixo deste) à Delegacia de Polícia Especializada em Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Lopes os associou a “higienistas nazistas”. É um troço espantoso!

Há pelo menos 15 anos tenho alertado de forma sistemática — nos cinco recentes, neste blog — para a contínua degradação das instituições no Brasil, que servem cada vez menos ao “cidadão-todo-mundo” — que também é o “cidadão-ninguém” — e se subordinam cada vez mais a uma pauta que é, na essência, ideológica, política e, freqüentemente, partidária. Os desvios estão em todo canto. Antes que o estado de direito se consolidasse no Brasil, no período pós-ditadura, os entes do estado passaram a obedecer a comandos que são estranhos aos princípios consolidados na Constituição — aquele texto que assegura que todos os homens são iguais perante a lei e livres para se expressar.

Essa degradação é fruto do contínuo trabalho de aparelhamento desses entes pela militância partidária. Os direitos individuais são cotidianamente sacrificados no altar do falso igualitarismo, e já não se pode mais ter a certeza de que serão reparados pela Justiça, defendidos pela imprensa — com as exceções honrosas de sempre — ou socorridos pelo Ministério Público.

Ao contrário: em nome daquela tal igualdade, está sendo ressuscitado no país o que a redemocratização havia banido: o delito de opinião. As esquerdas modernas (”modernas” porque contemporâneas, não porque atualizadas), incapazes de impor a sua vontade pelas armas, conforme o credo original, tentam impô-la pela guerra de valores. Mas não se contentam em contestar aqueles de que discordam, em evidenciar a eventual falência de seus argumentos, em desmontar o que consideram falsas evidências! Nada disso! Essas são, afinal, práticas dos que acreditam no debate: os liberais; essa é, afinal, a moral de seus adversários. A delas é outra: como se consideram monopolistas do bem e da caridade, querem é silenciar aqueles de que discordam, bani-los do espaço público, esmagá-los. A simples discordância é tomada como um ato de agressão à “verdade”, ao “humanismo”, à “dignidade humana” — obviamente, são elas a definir o conteúdo de cada uma dessas palavras-gaveta, onde cabe qualquer coisa.

Pensemos um pouco na enormidade do ato do promotor Maurício Antonio Ribeiro Lopes, um sujeito chegado a polêmicas. Homem sem dúvida atento às conquistas da modernidade, como atesta o vistoso brinco que costuma adornar a sua propensão aos holofotes, submeteu direitos assegurados pela Constituição a inédito obscurantismo. Duvido que se tenha visto algo parecido da ditadura militar ou do Estado Novo. Nem o AI-5 cassou o direito de os cidadãos encaminharem petições ao Estado; nem o mais discricionário dispositivo legal da história republicana chegou tão longe.

Li a reportagem no Estadão. Não se ouviu um só advogado, um só jurista, ninguém!, para lembrar que o promotor estava cassando um direito legítimo de todo brasileiro. A rigor, poder ou não peticionar contra o Estado, sem risco de represálias, define se estamos ou não sob um regime de força. O jornal, que lembra cotidianamente (e faz bem!) estar sob censura num episódio envolvendo a família Sarney, não só trata o promotor como uma espécie de paladino da igualdade como carrega nas tintas para caracterizar os moradores como preconceituosos insensíveis. O doutor lhes tirou um direito; o jornal lhes tira a dignidade.

Mais uma vez, aquela patuscada patética sobre uma estação de Metrô em Higienópolis veio à tona. Todos os moradores do bairro seriam, para usar expressões de Ribeiro Lopes, “pequeno-burgueses furiosos” ou “aristocratas”. Naquele caso, como escrevi aqui, rapidinho o preconceito estúpido da imprensa contra gente decente avançou para o anti-semitismo neonazista, já que o bairro certamente tem uma maioria de judeus.

“Ainda há juízes em Berlim”
Vivo repetindo aqui essa expressão, que é cara à boa tradição do direito, a que preserva os indivíduos da ação do estado. Aliás, as sociedades mais desenvolvidas, que conseguem tratar com dignidade seus cidadãos, são justamente aquelas em que a limitação aos direitos individuais é a exceção, não a regra; são justamente aquelas em que a Justiça realmente tem os olhos vendados — para que não possa distinguir um ricaço de um mendigo, um rei de um moleiro. Essa é a frase-símbolo justamente daquela prerrogativa que Ribeiro Lopes quer cassar: recorrer contra a vontade do estado.

A história é interessante. Remete a um caso que se tornou famoso. Estamos em 1745, na Prússia. Um moleiro tinha o seu moinho nas cercanias do palácio do rei Frederico 2º, déspota esclarecido, amigo dos intelectuais. Um dos puxa-sacos do soberano tentou removê-lo dali, porque julgava que aquilo maculava a paisagem. Ele se negava a sair. Frederico o chamou para saber a que se devia a sua resistência. E ele, então, teria dito a célebre frase: “Ainda há juízes em Berlim”. Para o moleiro, a Justiça, aquela com a qual contava, não haveria de distingui-lo do rei. É isso aí. A história parece verdadeira. A frase é coisa de escritor. É de autoria de François Andrieux, que escreveu, em versos, o conto O Moleiro de Sans-Souci.

Degradação institucional
Os dias não andam particularmente felizes para o estado de direito. Não é raro que se ouça no próprio Supremo Tribunal Federal uma argumentação que se distancia da letra da lei, do que lá vai explicitado, para fazer uma justiça que seria “mais humana”, “assentada na igualdade”, preocupada em “promover reparações históricas”, determinada a tratar “desigualmente os desiguais” para fazer justiça social, ainda que isso se opere à custa da violação de direitos de uma das partes. O caso das ditas cotas raciais nas universidades públicas é eloqüente o bastante para dispensar explicações.

Há muitos anos recorro a uma ironia para definir o que poderia ser chamado de preconceito contra a maioria, muito presente na imprensa e nos órgãos aparelhados do estado: o verdadeiro negro no Brasil é o branco, heterossexual e católico. Vou ampliar. O verdadeiro negro do Brasil é o branco, classe-média, pagador de impostos, heterossexual e católico. Ninguém quer saber dele. É um sem-ONG, um sem-poder público, um sem-Justiça, um sem-direitos, um sem-imprensa — MUITOS JORNALISTAS ODEIAM A CLASSE MÉDIA QUE LÊ O QUE ELES ESCREVEM. E, a ser como pretende o promotor Ribeiro Lopes, deve vir ao mundo já amordaçado. Ou ainda vai em cana.

Você tem o direito de permanecer calado. Tudo o que disser pode e será usado contra você.

Por Reinaldo Azevedo
Um promotor chegado aos holofotes. E um caso vexaminoso de plágio


Maurício Antonio Ribeiro Lopes — o promotor que rejeitou um pedido de moradores de Pinheiros e ainda encaminhou os nomes de alguns deles à polícia (ver post acima), fazendo proselitismo sobre luta de classes — é, vamos dizer assim, uma pessoa controversa. Ficou no pé do então deputado eleito Tiririca (PR-SP) para que este provasse ser alfabetizado. Parece que a notoriedade do palhaço excitou o “legalismo” do então promotor eleitoral - agora ele é da “habitação”.

O homem tem opinião sobre tudo. Já se posicionou contra o projeto Nova Luz, opôs-se à construção de um túnel, afirmou que a internação compulsória de moradores de rua viciados em crack é só mais um “higienismo social” e vai por aí. Também protagonizou um rumoroso caso de plágio: nada menos de 38 páginas de sua tese de livre docência da Faculdade de Direito da USP foram, como posso dizer?, chupadas do trabalho de um colega seu. A história é feia. No pé do post, vocês poderão conhecê-la em detalhes.

Ribeiro Lopes era também o promotor eleitoral que queria cassar o mandato do prefeito Gilberto Kassab considerando crime eleitoral o que o Tribunal Superior Eleitoral dizia que crime não era. Mas ele achava que sim, ora essa! Leiam reportagem da VEJA de fevereiro do ano passado. Volto depois:

“O dever dos juízes de decidir de acordo com suas convicções é imperativo a ponto de incluir o direito de um juiz divergir de outros juízes - desde que o faça dentro dos limites da lei. O juiz Aloísio Sérgio Rezende Silveira, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, valeu-se das duas primeiras premissas para proferir sentença determinando a cassação do mandato do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e de sua vice, Alda Marco Antonio. Ocorre que ele tomou a decisão com base em um argumento já rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso significa que o juiz não apenas divergiu de outro magistrado, mas contrariou decisão de uma instância superior, mandando assim às favas um princípio fundamental do direito - o da segurança jurídica. 
(…)
Decisões dessa natureza não são regra na vida do magistrado, tido como um juiz de sentenças estritamente técnicas. Já o promotor Mauricio Antonio Ribeiro Lopes, que apresentou as teses acatadas por Silveira, é uma figura conhecida e polêmica no mundo do direito. Entre os vários episódios controversos de sua carreira está a investigação por acusação de plágio de parte de sua tese de livre-docência, aprovada em 1998. O processo aberto na corregedoria do Ministério Público terminou antes de chegar a uma conclusão - foi arquivado porque a eventual falta funcional estaria prescrita. Na apuração de outra falta, o promotor conseguiu anular um procedimento que lhe aplicou pena de suspensão, afirmando, entre outras coisas, que estava em depressão e era incapaz de se autorrepresentar. A sentença proferida pelo juiz Silveira contra Kassab e sua vice foi suspensa pelo próprio juiz quatro dias depois.”

Voltei
A história do plágio é bastante vexaminoso. Abaixo, reproduzo páginas do livro “Direitos Autorais da Obra Literária”, de Paulo Oliver, que relatam o caso. Foram publicadas no site Migalhas. Clique sobre a imagem para ampliá-la.

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Por Reinaldo Azevedo
Quem está por trás do movimento esquerdista “Ocupe Wall Street”? Ou: Obama como potencial beneficiário do “fascismo de esquerda”


Quem, afinal de contas, dá suporte ao movimento esquerdista “Ocupe Wall Street”? O debate corre solto nos Estados Unidos, e um nome se tornou freqüente no debate: alguns conservadores vêem na patuscada dinheiro do bilionário George Soros, já que ele financia ONGs “progressistas” que, por sua vez, apóiam a “ocupação”.

Huuummm… Parte dos que estão na praça quer o fim do capitalismo, reivindicação surgida junto com o capitalismo, há alguns séculos. Outro tanto defende uma sobretaxação para os ricos, e isso, sim, conta com o apoio de alguns milionários e bilionários “progressistas”, que igualmente censuram a ganância do capitalismo financeiro — nesse caso, não vêem contradição nenhuma em arrancar o máximo possível do “sistema”, ainda que o façam com dor no coração e alguma culpa. Um expoente dessa corrente dos “bilionários com alma” é Warren Buffet, que passou a defender ativamente que os ricos paguem mais impostos, como quer Barack Obama.

Bem, o meu “jornalismo investigativo” pessoal se atém mais à lógica dos processos e à análise da metafísica influente do que à caça de “culpados”. Temos não mais do que frases esparsas de Obama expressando sua simpatia pelo movimento. Parte da pauta da turma da praça coincide com a sua. Mas não é algo que possa ser considerado uma “prova” em sentido técnico.

A minha prova é, como posso explicar?, imaterial.  Soros, Buffet ou outro potentado qualquer, todos eles, para mim, são irrelevantes. Quero saber a quem interessa essa esfera de valores que sai da praça, retratada com entusiasmo pela imprensa liberal (nos EUA, isso quer dizer “esquerdista”). A resposta leva a um único homem: Barack Hussein Obama. Parece-me evidente que a origem do movimento está nos grupos “obamistas” espalhados na rede, os mesmos que deram à luz o fenômeno Obama e fizeram de um senador inexperiente do Illinois, que havia administrado, no máximo, uma ONG, o candidato a Demiurgo, supostamente apto a tirar os EUA da crise — ele só a aprofundou! — e a salvar a civilização: o mundo está potencialmente menos seguro.

Obama se atrapalhou todo na política institucional; não conseguiu encontrar as respostas pelos métodos convencionais. A democracia americana está mais protegida da vontade cesarista de um líder do que ele gostaria. O Congresso não é “cooptável” — não do modo como é o nosso ao menos.  Urgia criar uma movimento de opinião pública, algo para responder, de algum modo, ao Tea Party, este um movimento mais institucionalizado.

O “Ocupe Wall Street” tem, na imprensa, inclusive na nossa, uma presença muito superior à sua real importância, ao menos por enquanto. Estamos falando, AINDA, de meia-dúzia de gatos-pingados com uma pauta que vai do centro (onde pretende se situar o obamismo) para a esquerda. No ritmo em que as coisas ainda caminham, Obama vai para uma derrota eleitoral. É preciso mobilizar a sociedade contra “os ricos”, “o capitalismo financeiro”, “os bancos”, “os políticos”, “as instituições corruptas” etc. Essa pauta vem lá de de Mussolini, hehe… Não sei se a coisa vai prosperar como pretendem os obamistas. No melhor dos mundos para eles, mais de milhão vai para a rua, com aqueles jargões muito próprios do fascismo de esquerda, de que o presidente americano e candidato à reeleição pretende ser o beneficiário.

E o Brasil?
Reitero: qualquer associação com os atos contra a corrupção no Brasil são infundados, estúpidos até. A turma do “Ocupe Wall Street” está brava, curiosamente, porque as instituições americanas funcionam, e o demiurgo não pode fazer o que lhe dá na telha; tem de prestar contas ao Congresso. Obama está com o saco cheio de ter de governar o país segundo a Constituição que herdou. No Brasil, os que se mobilizam pedem justamente o contrário: que as instituições funcionem; que a letra da lei seja seguida, que o Congresso exerça suas prerrogativas.

Texto publicado originalmente às 18h36 deste sábado
Por Reinaldo Azevedo
Os comunistas e as criancinhas


Do leitor Paulo Albuquerque, numa síntese impecável:

“Antigamente, comunista era acusado de ‘comer’ (literalmente, dona Ira-ny) criancinhas; agora, come o pão das criancinhas. Tão evoluindo. Ou não?!!”

Por Reinaldo Azevedo
COPA DE 2014 - OBRAS ENGATINHAM E NINGUÉM SABE QUANTO O MUNDIAL VAI CUSTAR


Por Almir Leite, na Folha:
A Copa do Mundo no Brasil vai tomar forma na quinta-feira, quando a Fifa divulgará o calendário com datas, locais e horários dos jogos. No dia 30, completam-se quatro anos que o País foi anunciado como sede da competição. Desde então, algumas coisas foram feitas, mas há muito por fazer. Os estádios ficarão prontos a tempo. O mesmo não se pode garantir em relação aos aeroportos e às 49 obras de mobilidade urbana ligadas à Copa. “Certeza” absoluta, só uma: ninguém sabe quanto ficará a conta da empreitada.

No último balanço divulgado pelo governo federal, em setembro, o custo da Copa, considerando-se o dinheiro a ser investido em estádios, portos e aeroportos e em mobilidade urbana, foi estimado em R$ 27,1 bilhões. Aumento de cerca de 14% em relação aos R$ 23,1 bilhões do balanço de janeiro e de 26% sobre os R$ 21,5 bilhões de previsão feita em 13 de janeiro de 2010, quando o ex-presidente Lula assinou a Matriz de Responsabilidade.

Esses R$ 27,1 bilhões estão a anos-luz de uma estimativa feita pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), que calculou em R$ 112 bilhões o custo com a Copa. O estudo da associação, que tem parceria técnica com a CBF e o Ministério do Esporte, inclui também gastos com hotelaria, segurança, tecnologia e saúde, entre outros. Mesmo assim, a diferença é grande, pois o balanço do governo acrescenta apenas R$ 10,3 bilhões para esses itens.

Os números são mesmo conflitantes. Na sexta-feira, o governo divulgou atualização na Matriz de Responsabilidade e a conta baixou para R$ 26,1 milhões. “A Matriz é um documento que precisa ser atualizado com os ajustes que são feitos enquanto a obra está em andamento. Isso é essencial para a transparência do processo”, esclareceu Alcino Reis, secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte.

Mas não evita, ou diminui, a confusão. No mesmo dia, a Controladoria Geral da União (CGU)inaugurou ferramenta no portaldatransparência.gov.br que permite acompanhar os custos estimados por área de investimento. Valor da soma dos gastos com estádios, aeroportos e portos e mobilidade urbana: R$ 24,024 bilhões.

O fato é que em todas as áreas ligadas à Copa existem pontos nebulosos quando se trata de orçamentos. Estádios, por exemplo. O Maracanã, virtual palco de encerramento do Mundial, já viu o orçamento flutuar entre R$ 705 milhões e R$ 1,1 bilhão. Atualmente, a conta está em R$ 859,9 milhões, depois que o TCU (Tribunal de Contas da União) estrilou com o orçamento que lhe foi apresentado. Mas esse valor parece longe de ser definitivo.

A arena do Corinthians também pode sair por bem mais que os R$ 820 milhões anunciados. Já é certo que haverá o custo extra da estrutura provisória necessária para aumentar a capacidade do estádio de 48 para 65 mil - fala-se em até R$ 70 milhões, dinheiro que vai ser retirado dos cofres do governo estadual.

Pouco mais de um ano atrás, o diretor de marketing do Corinthians, Luiz Paulo Rosenberg, dizia que o Itaquerão, para 65 mil pessoas, ficaria em R$ 600 milhões. A Fifa começou a fazer exigências e o custo cresceu. Não será surpresa se, no frigir do ovos, passar de R$ 1 bilhão. Justiça seja feita, Rosenberg também falou em setembro do ano passado que erguiria uma arena para 48 mil pessoas por R$ 335 milhões. Mas aí, nada de Mundial.

Menos mal que, de maneira geral, as obras nas arenas estão ganhando ritmo. Há dores de cabeça, como a das Dunas, em Natal, ainda em estágio inicial, e do Beira-Rio, em Porto Alegre, com obras paralisadas desde que o Inter resolveu achar um parceiro para ajudar a bancar os custos de R$ 290 milhões. O acordo com uma construtora foi feito, mas o contrato ainda não está assinado. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Governo gasta em assistência social mais do que o dobro do que investe


Por Demétrio Weber, no Globo:
O governo federal gastou, no ano passado, 17% do Orçamento com transferências de dinheiro à população de baixa renda ou desempregada. Foram R$ 114 bilhões repassados diretamente às mãos de 31,8 milhões de pessoas. Se forem incluídos programas de transferência de renda de menor escala, o volume de verbas repassadas atinge R$ 116 bilhões. Isso é mais do que o dobro de todo o investimento da União somado - R$ 44,6 bilhões -, incluindo a parcela para construção de estradas e obras de infraestrutura.

O custo dos benefícios sociais em espécie reflete apenas parte da chamada rede de proteção social brasileira. Estão na lista: aposentadoria rural, Benefício de Prestação Continuada (BPC), Renda Mensal Vitalícia (RMV), seguro-desemprego, abono salarial e Bolsa Família. Eles consomem 3,1% do PIB (Produto Interno Bruto). Os cálculos foram feitos a partir de números levantados pelo economista especializado em contas públicas Raul Velloso.

O peso dos diferentes mecanismos de transferência de renda no Orçamento federal divide opiniões entre especialistas. De um lado, há quem considere as despesas exageradas, praticamente um empecilho para o desenvolvimento, enquanto outros veem a necessidade até de aumentar gastos para reduzir a pobreza e a desigualdade.

Crítica a benefícios de 1 salário mínimo
Para Velloso, o governo gasta demais e deixa à míngua a rubrica de investimentos. Pior, repassa dinheiro a quem não está na base da pirâmide e não precisaria de tamanha ajuda governamental. A crítica não se dirige ao Bolsa Família, mas a benefícios como a aposentadoria rural e o BPC, que pagam um salário mínimo mensal. Embora atendam menos pessoas, têm orçamento maior do que o Bolsa Família.

O economista considera insustentável o sistema de reajuste do salário mínimo adotado no governo Lula, que atrelou o índice não só à reposição da inflação, mas ao crescimento do PIB. Ele frisa que a fatia do Orçamento destinada a investimentos caiu de 16%, em 1987, um ano antes da Constituição, para 6,8%, em 2010.”Que país faz isso? Estão comprometendo o futuro em matéria de crescimento e emprego. Estão dando mais hoje e tirando emprego lá na frente”, resume Velloso.

O diretor de Estudos e Pesquisas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Jorge Abrahão, discorda. Lembra que 28 milhões de pessoas deixaram a miséria de 2003 a 2009, num movimento puxado pelo aumento da renda do trabalho, das aposentadorias e dos programas de assistência social, notadamente o BPC e o Bolsa Família.

Abrahão destaca o fortalecimento do mercado interno, uma vez que os gastos da população de baixa renda aquecem a economia. E defende a ampliação da rede para retirar da miséria 16,2 milhões de pessoas até 2014, meta da presidente Dilma Rousseff:”Um olhar fiscalista só vê o gasto e esquece o impacto das transferências na construção de um mercado interno. As transferências cumprem relevante papel de incluir essa população que ingressou no mundo do consumo.”Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Bancos públicos ignoram efeitos da crise e reduzem reservas contra calote


Por Fernando Nakagawa, no Estadão:
Mesmo com a crise batendo à porta, os bancos públicos parecem não estar muito preocupados com um eventual aumento da inadimplência. Enquanto os bancos privados separaram mais de R$ 1 bilhão apenas em agosto para reforçar a proteção contra calotes, instituições controladas pelo governo reduziram suas provisões em R$ 36 milhões no mês.

Dados do Banco Central mostram que, no último trimestre, bancos particulares separaram R$ 1 em provisão para cada R$ 9,10 emprestados. Já os públicos reservaram R$ 1 para cada R$ 34,90 em novos financiamentos.

Bancos públicos e privados chegam ao atual estágio da crise - considerado o mais grave até agora - com estratégias bem diferentes para se preparar contra uma eventual piora da saúde financeira dos clientes. Desde o início do ano, instituições privadas têm aumentado as provisões em ritmo mais forte que as operações de crédito. Nos públicos, acontece exatamente o contrário: empréstimos crescem mais que as provisões contra calote.

Enquanto as operações de crédito dos bancos particulares cresceram 3,6% de junho a agosto, a provisão aumentou 6,5%. No mesmo período, empréstimos em instituições como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES avançaram 5,8%, ritmo mais forte que a alta de 3,7% da reserva contra a inadimplência. A diferença se repete em outras comparações desde o início de 2011.

Ainda que em ritmo diferente, o mesmo movimento é visto desde 2008, quando o governo decidiu que instituições como o BB, Caixa e BNDES deveriam emprestar mais para manter a economia aquecida. A estratégia deu certo e o Brasil saiu mais rápido da crise que outros países.

Cobertor curto
Parte dessa fatura, porém, aparece agora: proporcionalmente, bancos públicos estão menos “protegidos” contra calotes que os privados. Hoje, uma provisão de R$ 1 cobre R$ 22,50 emprestados nos bancos públicos e R$ 15,40 nos privados. Ou seja, o mesmo cobertor cobre muito mais empréstimos nos públicos que nos privados. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Distante do PSDB, DEM está ente o vôo solo e o PMDB


Por Eduardo Bresciani, no Estadão:
Lutando pela sobrevivência, o DEM ameaça abandonar a aliança tradicional com o PSDB e lançar um candidato próprio nas eleições presidenciais de 2014. O partido foi o maior perdedor com o surgimento do PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e não vê nos dois principais presidenciáveis do parceiro, o senador Aécio Neves e o ex-governador José Serra, a expectativa de um projeto conjunto de poder.

Dirigentes do partido se ressentem de sequer terem sido procurados por Aécio, que em entrevista ao Estado no domingo passado deixou clara a intenção de disputar a Presidência em 2014. Isolado e com pouca interlocução com os tucanos, o DEM tenta se reconstruir nas eleições municipais e estruturar um voo solo para o futuro. A única vez que a legenda disputou a Presidência da República foi em 1989, com Aureliano Chaves. Na época, o partido se chamava PFL.

O projeto de uma candidatura própria, ainda embrionário, tem como base uma pesquisa feita em agosto na qual se verificou que discursos da sigla, como maior rigor nas ações de segurança e menos impostos, encontram eco no eleitorado. Para o DEM, existe um eleitor órfão de uma alternativa mais à direita.

Insatisfação. No partido, a insatisfação com o PSDB é grande. O DEM sentiu-se abandonado pelo aliado no processo de criação do PSD, principalmente pelos dois principais nomes tucanos. José Serra é próximo de Gilberto Kassab, enquanto Aécio Neves não conseguiu impedir a saída do DEM do deputado Marcos Montes e ainda fez acenos à nova legenda. A oposição vista como “tímida” de Aécio no Senado também é um motivo de descontentamento entre dirigentes do DEM.

Diante disso, o partido cogita a independência. O presidente do DEM, José Agripino (RN), vincula o plano para o futuro ao desempenho em 2012. “Tudo depende da eleição municipal. Vamos fazer alianças de acordo com o que as conveniências partidárias recomendam e as afinidades ideológicas permitem.” Uma amostra desta busca de independência em relação aos tucanos em 2012 é a negociação com o PMDB para apoiar Gabriel Chalita em São Paulo no momento em que PSDB e PSD ensaiam conversas.

O nome mais falado dentro do partido para uma candidatura em 2014 é o do líder no Senado, Demóstenes Torres (GO). Ele tem mandato até 2018. Poderia, portanto, disputar e não ficar sem cargo em caso de derrota. Os aliados o veem ainda como o mais adequado ao perfil do eleitor revelado na pesquisa. Negando se colocar como o nome do partido, ele é um dos maiores entusiastas da candidatura própria. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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