O cineasta Fernando Mirelles, ligado à ex-senadora Marina Silva, que finge não ser política, resolveu capitanear uma campanha de artistas e famosos em geral contra o novo Código Florestal. O mais espantoso é que essas pessoas, achando-se muito “democráticas” e “modernas”, comentam um assunto que claramente ignoram e censuram um texto que claramente não leram. Só procedem dessa forma porque abusam de sua condição de “celebridades”, como se isso lhes conferisse alguma sabedoria superior.
Digam-me: qual é a diferença entre eles e Tiririca? Aquele dizia: “Sou palhaço e posso ser deputado”. Estes dizem: “Somos famosos e temos uma opinião abalizada sobre Código Florestal”.
Em alguns casos, o texto é arranjadinho; em outros, nota-se certo improviso. Todos os vídeos que vi trazem besteiras clamorosas. Comentarei vários deles ao longo dos dias. Comecemos por este de Wagner Moura, que parece ter resolvido filmar depois de uma noite agitada com o espectro… Assistam. Eu faço um desafio ao valente em seguida.
Quase ninguém viu o troço — apenas 313 exibições até agora. Estou ajudando a dar publicidade à besteira e à pressão. Não tem importância. Moura é bom ator, é fato. Esse ar meio abobalhado, cute-cute, é coisa estudada, é técnica. Deve seduzir moças que gostam de um descabelado com pinta de desamparado, sei lá. Quando ele vende serviços da TIM — ecológicos, por certo —, já aparece com um ar mais mauriçola…
Eu poderia comentar essa sua fala segundo, vamos ver, a história e a filosofia. Ele diz que “anistia” é palavra bonita, mas, no Brasil, teria sido desvirtuada. Será que o texto é de sua autoria ou foi pensado com a ajuda de Meirelles? Segundo o Houaiss, anistia é “esquecimento, perdão em sentido amplo”. No mundo jurídico, compreende o “ato do poder público que declara impuníveis delitos praticados até determinada data por motivos políticos ou penais, ao mesmo tempo que anula condenações e suspende diligências persecutórias”.
Entendo: Wagner Moura, ou quem quer tenha redigido a estrovenga, acha que anistia é “palavra bonita” desde que ele concorde com ela. Ou desde que anistiados sejam seus aliados, mas jamais os adversários. E isso, pois, seria a negação da anistia.
Artistas podem falar quantas besteiras lhes derem na telha. Jamais pedirei censura! Mas direi: “É besteira!” Mas isso é o de menos.
Desafio
Já que o rapaz decidiu debater a palavra “anistia” ao tratar do texto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), eu lhe dou um canja publicando aqui o link para a íntegra da proposta aprovada na Câmara. Recomendo que ele leia antes.
O meu desafio é o seguinte: se ele encontrar lá a proposta de “anistia” para desmatadores, eu fecho o blog e nunca mais escrevo uma miserável palavra. Se ele não encontrar, não vou pedir que pare de representar porque sei que, em certos casos, esse negócio vicia, e as pessoas não param mais; passam a ser personagens de si mesmas — é um troço psicanaliticamente complicado, um vício. Não! Ele pode continuar: só se compromete a vir a público para dizer: “Falei besteira; comi pela mão dos outros; acreditei no que me disseram; sou um paspalho; achei que, porque sou artista, posso falar qualquer cretinice, até uma mentira”.
Facilito a sua vida. As regras para a regularização ambiental estão no Capitulo VI do texto, que é claríssimo, entre as páginas 16 e 20. Os proprietários só não serão multados se fizerem compensações ambientais, e isso não é “anistia” (”esquecimento, perdão em sentido amplo”). “Anistiados”, na prática, eles estão hoje. Não se regale na mentira, rapaz, só porque parte expressiva dos brasileiros aprova o seu trabalho de ator! Não use a sua reputação conquistada num campo para fraudar a verdade no outro.
Se topa o desafio, muito bem! Se não topa, é o caso de fechar a boca em nome do decoro, que vale até para artistas. Ou não?
Sim, comentarei a intervenção de outros valentes.
Por Reinaldo AzevedoNo post acima deste, publico o vídeo com o ator Wagner Moura, uma das celebridades que decidiram falar como especialistas em meio ambiente, agropecuária e Código Florestal. Exponho ali o que há de essencialmente autoritário nessa prática: usar a reputação adquirida numa área para tentar influenciar a opinião de terceiros em outra. NO CASO, TRATA-SE DE UM ATO DE INTIMIDAÇÃO. Na sublinha, vai uma ameaça: “Ou vocês fazem o que a gente quer ou colocaremos vocês na boca do sapo; subimos no palanque”. Wagner Moura, aliás, já está em franca campanha em favor de um candidato do PSOL.
No caso do meio ambiente, são os crentes de Marina Silva — aquela que diz que políticos são os outros, não ela —, capitaneados pelo cineasta Fernando Meirelles. Em tempo: minha origem é o campo; meus pais eram pequenos agricultores, mas estou na cidade há muito tempo. Não sou especialista nesses temas também. Mas eu tomo um cuidado: LEIO ANTES OS TEXTOS SOBRE OS QUAIS FALO E ESCREVO!
Abaixo, mais um vídeo, agora com o ator Marcos Palmeira. Sim, abordarei a fala de utros valentes. Em algum momento do passado, li que ele é fã de agricultura orgânica, ou é um agricultor orgânico, sei lá eu. Tudo pela natureza, menos as rugas na cara, hehe. Tomara que Botox não aqueça o planeta. Mas esse é só o meu veio humorístico. Assistam ao depoimento do artista. Comento em seguida. Ah, sim: também este vídeo não foi visto por quase ninguém: apenas 320 pessoas até agora. Até presto um favor aos caras. Ajudo a divulgar, ainda que para contestar. Faço-o porque as ameaças veladas não são dirigidas ao grande público, mas a um grupo restrito de 81 senadores.
Antes que digam que agora bato boca até com artistas, respondo: a “catchiguria”, com a sua mania de arrumar soluções simples e erradas para problemas difíceis, é uma das responsáveis pela popularização das esquerdas no país. Elas estão aí, fazendo as maravilhas que vemos, assaltando criancinhas. Ao vídeo.
De fato, Marcos Palmeira não entende. Mas não entende é o funcionamento da democracia. Poder-se-ia perguntar: “Se já existe um Código de Processo Penal, por que a gente precisa votar um novo?” Fosse assim, as leis não mudariam nunca. Teríamos inventado o Dia da Marmota Jurídica.
É a velha história! Eu gosto de ator que representa, dançarino que dança, cineasta que faz filme, essas coisas. Se eles decidem fazer política ou filosofar, então têm de ser chamados na chincha segundo o critério da nova atividade que abraçaram. Segundo Palmeira, “se dez ex-ministros do meio ambiente defendem o antigo Código Florestal, é porque alguma coisa tem de importante nisso”.
Heeeinnn? Pois é. Ator não precisa falar com lógica, basta decorar o texto e ser convincente. Já um pensador político, que é a categoria em que ele passou a operar, está obrigado a juntar lé com lé e cré com cré. Caberia perguntar: quer dizer que dez ex-ministros defendem um código que eles próprios não conseguiram fazer com que fosse aplicado? Resolveram transformar, então, a própria incompetência em militância? Ora, os desmatamentos foram produzidos sob a vigência, justamente, do antigo código, inclusive na gestão de Marina Silva, certo?
O que o “orgânico” — menos nas rugas — Marcos Palmeira quer dizer com “pseudo-agricultura” e com “um pseudo-alimentação brasileira”? Por que ele usa os dedinhos para fazer aquela mímica das aspas? Aliás, se essas aspas gestuais querem significar o contrário do que se pronuncia, então “pseudo-agricultura” COM ASPAS quer dizer agricultura de verdade SEM ASPAS, certo? Mas isso é só lado tonto do clown.
Então o país que produz a comida mais barata do mundo tem uma “pseudo-agricultura”? Ou este senhor diz qual é a agricultura de verdade, ou eu sou obrigado a chamá-lo de imbecil. Então a nossa agricultura e a nossa pecuária não servem para alimentar o povo brasileiro? Quem o faz? O que come a brasileirada? Nasceriam arroz, feijão, milho, carne e batata nas gôndolas do Pão de Açúcar e do Carrefour? Terá esse gênio da arte dramática se interessado, alguma vez, em saber o que é balança comercial? Terá ele noção de que sua boa vida, em último caso, deriva do agronegócio, que garante o superávit do Brasil, ou o país já teria ido à breca? Saberá ele que as reservas cambiais brasileiras, que garantem a relativa estabilidade do país, deriva do acúmulo de dólares nas relações de troca com outros países e que o agronegócio responde quase sozinho por essas “sobrinhas”?
Palmeirinha, se eu fosse como tu, também usaria os dedinhos para fazer aspinhas. Mas não sou. Faça como eu: use os dedinhos para folhear livrinhos e para se instruir e, assim não dizer bobagens sobre assuntos que ignora.
Também ele não leu a proposta de Aldo Rebelo. Também para ele publico o linkdo texto de Aldo Rebelo. É uma maravilha que ele diga, quase escandindo sílabas, coisas como “tem de preservar mata ciliar, sim”. Claro! Está no Inciso I do Artigo 4º do texto, página 4!!! O ator deveria confessar: NÃO LEU O TEXTO. Está falando o que o cineasta Fernando Meirelles mandou que falasse. São todos crentes da Religião Marineira. Ele segue adiante: “Você não pode plantar em topo de morro”. Ora, claro que não! A proibição está no Inciso VIII do mesmo Artigo 4º, na página 5! Palmeirinha, se eu fosse como tu, não usaria os dedinhos para pesquisar… Mas eu pesquiso, entende?
Ele prossegue:
“O pequeno produtor tem de ser preservado, claro; podemos abrir uma grande discussão, mas não ser empurrado goela abaixo esse novo Código Florestal, que beneficia a poucos. Vamos colocar em prática o código que já existe; assim, os desmatadores vão ter de pagar por isso”.
Não sei se sinto pena da ignorância ou raiva da prepotência de quem fala com tanta convicção sobre o que não sabe. Alguém viu os grandes produtores de papel, soja ou os grandes frigoríficos reclamando do velho código ou pedindo um novo? Não! Os grandes, agroindústria propriamente, já estão regularizados. Os únicos que podem ser beneficiados pelo novo texto são os pequenos proprietários, que, não obstante, ele diz querer “preservar”. Como? Expulsando-os de sua terra?
O que Marina Silva não aceita — e este pobre repetidor de verdades alheias pronuncia — é a existência de áreas rurais consolidadas em locais considerados de preservação permanente. Sim, existem produtores rurais às margens de rios, em encostas e até em topos de morros — aliás, existe topo de morro com Cristo Redentor e encostas com milhões de favelados no Rio. Palmeira vai querer removê-los ou abre exceção nesse caso? Mas sigo. SÃO PEQUENOS AGRICULTORES, PEQUENÍSSIMOS, CUJAS FAMÍLIAS ESTÃO NESSAS REGIÕES, MUITAS VEZES, HÁ MAIS DE 200 ANOS.
A continuidade do manejo das áreas de preservação permanente consideradas áreas rurais consolidadas depende de uma serie de requisitos e compensações que estão previstas no Artigo 30 do Código proposto por Aldo Rebelo. Marcos Palmeira, um crente de Marina Silva, está querendo expulsar de sua propriedade milhares de famílias. Trata-se de uma militância contra os pequenos, não contra “grandes” ou “poucos”. Estes não estão nem aí: topam o velho código ou o novo. Para eles, é indiferente.
De resto, que história essa de “goela abaixo”??? Aldo Rebelo debateu esse texto pelos quatro cantos do país. Talvez tenha se esquecido de reunir com as artistas no Leblon ou com os “pensadores” da Vila Madalena, em São Paulo… Uma falha grave!
Palmeira quer ser a favor do Brasil? Comece por ler o texto sobre o qual fala para não dizer bobagem. Comece por reconhecer que o Brasil tem hoje uma das agropecuárias mais competitivas do mundo, que é quem garante a melhoria de vida do povo brasileiro. E tudo isso sem aspas.
E comece por jamais repetir esse gesto idiota de botar aspas nas palavras com os dedinhos, sugerindo uma sagacidade que inexiste. E, bem, não adianta me xingar. Quero que demonstrem que estou errado RECORRENDO AO TEXTO DE ALDO REBELO, NÃO ÀS ESCATOLOGIAS DE MARINA SILVA.
PS - Pus-me diante do computador para desconstruir as tolices ditas por Fernando Meirelles. Fica para mais tarde. Foram os irritantes dedinhos de Palmeira fazendo suas aspinhas e chamando a agricultura brasileira de “pseudo”, com seu rosto imexível, porém arrogante, que me fizeram escolhê-lo.
Telmo Heinen Formosa - GO
Prezado Oto Muller e simpatizantes, um único motivo já é suficiente para fazer um novo Código Florestal. Ordenar e reordenar os 16 mil ítens do cipoal emaranhado desconexo e inaplicável do que chamam de Código Antigo. Mas tem mais motivos, entre os quais aplicar um pouco de ciência. Por exemplo, por quê a APP de um curso d'água tem que ser de 30 metros e não 29 ou 31 e por quê ela deve ser igual se o córrego tiver um palmo ou 15 m de largura? Logo em Blumenau... e porque acima de 1.800 metros não pode ter atividade agricola. Porque não é 1.850 ou 2.000 ?
Oto Muller Alexandre Blumenau - SC
Muito bom argumento! Nada diferente dos argumentos dos contra.
ARGUMENTOS é o que não falta... No entanto, tenho lá minhas dúvidas se uma nova lei vai mudar alguma coisa para o povo e para o Brasil. No entanto, tenho a certeza que essa nova lei beneficiará os latifundiários e os políticos, do contrário não me parece muito lógico a criação de um novo código sendo que não está havendo o cumprimento do código antigo. FAÇAM VALER O CÓDIGO ANTIGO! e aí veremos se cabe um novo código e se existe alguém para o por em prática.