Código Florestal – Alô, senadores! Artistas têm o direito de mentir só porque são artistas? Ou: Faço um desafio a Wagner Moura,

Publicado em 19/10/2011 14:30 e atualizado em 20/10/2011 07:02
por Reinaldo Azevedo, em veja.com.br

Código Florestal – Alô, senadores! Artistas têm o direito de mentir só porque são artistas? Ou: Faço um desafio a Wagner Moura, o Tiririca dos “modernos”

O cineasta Fernando Mirelles, ligado à ex-senadora Marina Silva, que finge não ser política, resolveu capitanear uma campanha de artistas e famosos em geral contra o novo Código Florestal. O mais espantoso é que essas pessoas, achando-se muito “democráticas” e “modernas”, comentam um assunto que claramente ignoram e censuram um texto que claramente não leram. Só procedem dessa forma porque abusam de sua condição de “celebridades”, como se isso lhes conferisse alguma sabedoria superior.

Digam-me: qual é a diferença entre eles e Tiririca? Aquele dizia: “Sou palhaço e posso ser deputado”. Estes dizem: “Somos famosos e temos uma opinião abalizada sobre Código Florestal”.

Em alguns casos, o texto é arranjadinho; em outros, nota-se certo improviso. Todos os vídeos que vi trazem besteiras clamorosas. Comentarei vários deles ao longo dos dias. Comecemos por este de Wagner Moura, que parece ter resolvido filmar depois de uma noite agitada com o espectro… Assistam. Eu faço um desafio ao valente em seguida.

Quase ninguém viu o troço — apenas 313 exibições até agora. Estou ajudando a dar publicidade à besteira e à pressão. Não tem importância. Moura é bom ator, é fato. Esse ar meio abobalhado, cute-cute, é coisa estudada, é técnica. Deve seduzir moças que gostam de um descabelado com pinta de desamparado, sei lá. Quando ele vende serviços da TIM — ecológicos, por certo —, já aparece com um ar mais mauriçola…

Eu poderia comentar essa sua fala segundo, vamos ver, a história e a filosofia. Ele diz que “anistia” é palavra bonita, mas, no Brasil, teria sido desvirtuada. Será que o texto é de sua autoria ou foi pensado com a ajuda de Meirelles? Segundo o Houaiss, anistia é “esquecimento, perdão em sentido amplo”. No mundo jurídico, compreende o “ato do poder público que declara impuníveis delitos praticados até determinada data por motivos políticos ou penais, ao mesmo tempo que anula condenações e suspende diligências persecutórias”.

Entendo: Wagner Moura, ou quem quer tenha redigido a estrovenga, acha que anistia é “palavra bonita” desde que ele concorde com ela. Ou desde que anistiados sejam seus aliados, mas jamais os adversários. E isso, pois, seria a negação da anistia.

Artistas podem falar quantas besteiras lhes derem na telha. Jamais pedirei censura! Mas direi: “É besteira!” Mas isso é o de menos.

Desafio
Já que o rapaz decidiu debater a palavra “anistia” ao tratar do texto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), eu lhe dou um canja publicando aqui o link para a íntegra da proposta aprovada na Câmara. Recomendo que ele leia antes.

O meu desafio é o seguinte: se ele encontrar lá a proposta de “anistia” para desmatadores, eu fecho o blog e nunca mais escrevo uma miserável palavra. Se ele não encontrar, não vou pedir que pare de representar porque sei que, em certos casos, esse negócio vicia, e as pessoas não param mais; passam a ser personagens de si mesmas — é um troço psicanaliticamente complicado, um vício. Não! Ele pode continuar: só se compromete a vir a público para dizer: “Falei besteira; comi pela mão dos outros; acreditei no que me disseram; sou um paspalho; achei que, porque sou artista, posso falar qualquer cretinice, até uma mentira”.

Facilito a sua vida. As regras para a regularização ambiental estão no Capitulo VI do texto, que é claríssimo, entre as páginas 16 e 20. Os proprietários só não serão multados se fizerem compensações ambientais, e isso não é “anistia” (”esquecimento, perdão em sentido amplo”). “Anistiados”, na prática, eles estão hoje. Não se regale na mentira, rapaz, só porque parte expressiva dos brasileiros aprova o seu trabalho de ator! Não use a sua reputação conquistada num campo para fraudar a verdade no outro.

Se topa o desafio, muito bem! Se não topa, é o caso de fechar a boca em nome do decoro, que vale até para artistas. Ou não?

Sim, comentarei a intervenção de outros valentes.

Por Reinaldo Azevedo

Mais uma celebridade tenta intimidar senadores afirmando bobagens sobre o Código Florestal; é mais um que não leu o texto

No post acima deste, publico o vídeo com o ator Wagner Moura, uma das celebridades que decidiram falar como especialistas em meio ambiente, agropecuária e Código Florestal. Exponho ali o que há de essencialmente autoritário nessa prática: usar a reputação adquirida numa área para tentar influenciar a opinião de terceiros em outra. NO CASO, TRATA-SE DE UM ATO DE INTIMIDAÇÃO. Na sublinha, vai uma ameaça: “Ou vocês fazem o que a gente quer ou colocaremos vocês na boca do sapo; subimos no palanque”. Wagner Moura, aliás, já está em franca campanha em favor de um candidato do PSOL.

No caso do meio ambiente, são os crentes de Marina Silva — aquela que diz que políticos são os outros, não ela —, capitaneados pelo cineasta Fernando Meirelles. Em tempo: minha origem é o campo; meus pais eram pequenos agricultores, mas estou na cidade há muito tempo. Não sou especialista nesses temas também. Mas eu tomo um cuidado: LEIO ANTES OS TEXTOS SOBRE OS QUAIS FALO E ESCREVO!

Abaixo, mais um vídeo, agora com o ator Marcos Palmeira. Sim, abordarei a fala de utros valentes. Em algum momento do passado, li que ele é fã de agricultura orgânica, ou é um agricultor orgânico, sei lá eu. Tudo pela natureza, menos as rugas na cara, hehe. Tomara que Botox não aqueça o planeta. Mas esse é só o meu veio humorístico. Assistam ao depoimento do artista. Comento em seguida. Ah, sim: também este vídeo não foi visto por quase ninguém: apenas 320 pessoas até agora. Até presto um favor aos caras. Ajudo a divulgar, ainda que para contestar. Faço-o porque as ameaças veladas não são dirigidas ao grande público, mas a um grupo restrito de 81 senadores.

Antes que digam que agora bato boca até com artistas, respondo: a “catchiguria”, com a sua mania de arrumar soluções simples e erradas para problemas difíceis, é uma das responsáveis pela popularização das esquerdas no país. Elas estão aí, fazendo as maravilhas que vemos, assaltando criancinhas. Ao vídeo.

De fato, Marcos Palmeira não entende. Mas não entende é o funcionamento da democracia. Poder-se-ia perguntar: “Se já existe um Código de Processo Penal, por que a gente precisa votar um novo?” Fosse assim, as leis não mudariam nunca. Teríamos inventado o Dia da Marmota Jurídica.

É a velha história! Eu gosto de ator que representa, dançarino que dança, cineasta que faz filme, essas coisas. Se eles decidem fazer política ou filosofar, então têm de ser chamados na chincha segundo o critério da nova atividade que abraçaram. Segundo Palmeira, “se dez ex-ministros do meio ambiente defendem o antigo Código Florestal, é porque alguma coisa tem de importante nisso”.

Heeeinnn? Pois é. Ator não precisa falar com lógica, basta decorar o texto e ser convincente. Já um pensador político, que é a categoria em que ele passou a operar, está obrigado a juntar lé com lé e cré com cré. Caberia perguntar: quer dizer que dez ex-ministros defendem um código que eles próprios não conseguiram fazer com que fosse aplicado? Resolveram transformar, então, a própria incompetência em militância? Ora, os desmatamentos foram produzidos sob a vigência, justamente, do antigo código, inclusive na gestão de Marina Silva, certo?

O que o “orgânico” — menos nas rugas — Marcos Palmeira quer dizer com “pseudo-agricultura” e com “um pseudo-alimentação brasileira”? Por que ele usa os dedinhos para fazer aquela mímica das aspas? Aliás, se essas aspas gestuais querem significar o contrário do que se pronuncia, então “pseudo-agricultura” COM ASPAS quer dizer agricultura de verdade SEM ASPAS, certo? Mas isso é só lado tonto do clown.

Então o país que produz a comida mais barata do mundo tem uma “pseudo-agricultura”? Ou este senhor diz qual é a agricultura de verdade, ou eu sou obrigado a chamá-lo de imbecil. Então a nossa agricultura e a nossa pecuária não servem para alimentar o povo brasileiro? Quem o faz? O que come a brasileirada? Nasceriam arroz, feijão, milho, carne e batata nas gôndolas do Pão de Açúcar e do Carrefour? Terá esse gênio da arte dramática se interessado, alguma vez, em saber o que é balança comercial? Terá ele noção de que sua boa vida, em último caso, deriva do agronegócio, que garante o superávit do Brasil, ou o país já teria ido à breca? Saberá ele que as reservas cambiais brasileiras, que garantem a relativa estabilidade do país, deriva do acúmulo de dólares nas relações de troca com outros países e que o agronegócio responde quase sozinho por essas “sobrinhas”?

Palmeirinha, se eu fosse como tu, também usaria os dedinhos para fazer aspinhas. Mas não sou. Faça como eu: use os dedinhos para folhear livrinhos e para se instruir e, assim não dizer bobagens sobre assuntos que ignora.

Também ele não leu a proposta de Aldo Rebelo. Também para ele publico o linkdo texto de Aldo Rebelo. É uma maravilha que ele diga, quase escandindo sílabas, coisas como “tem de preservar mata ciliar, sim”. Claro! Está no Inciso I do Artigo 4º do texto, página 4!!! O ator deveria confessar: NÃO LEU O TEXTO. Está falando o que o cineasta Fernando Meirelles mandou que falasse. São todos crentes da Religião Marineira. Ele segue adiante: “Você não pode plantar em topo de morro”. Ora, claro que não! A proibição está no Inciso VIII do mesmo Artigo 4º, na página 5! Palmeirinha, se eu fosse como tu, não usaria os dedinhos para pesquisar… Mas eu pesquiso, entende?

Ele prossegue:
“O pequeno produtor tem de ser preservado, claro; podemos abrir uma grande discussão, mas não ser empurrado goela abaixo esse novo Código Florestal, que beneficia a poucos. Vamos colocar em prática o código que já existe; assim, os desmatadores vão ter de pagar por isso”.

Não sei se sinto pena da ignorância ou raiva da prepotência de quem fala com tanta convicção sobre o que não sabe. Alguém viu os grandes produtores de papel, soja ou os grandes frigoríficos reclamando do velho código ou pedindo um novo? Não! Os grandes,  agroindústria propriamente, já estão regularizados. Os únicos que podem ser beneficiados pelo novo texto são os pequenos proprietários, que, não obstante, ele diz querer “preservar”. Como? Expulsando-os de sua terra?

O que Marina Silva não aceita — e este pobre repetidor de verdades alheias pronuncia — é a existência de áreas rurais consolidadas em locais considerados de preservação permanente. Sim, existem produtores rurais às margens de rios, em encostas e até em topos de morros — aliás, existe topo de morro com Cristo Redentor e encostas com milhões de favelados no Rio. Palmeira vai querer removê-los ou abre exceção nesse caso? Mas sigo. SÃO PEQUENOS AGRICULTORES, PEQUENÍSSIMOS, CUJAS FAMÍLIAS ESTÃO NESSAS REGIÕES, MUITAS VEZES, HÁ MAIS DE 200 ANOS.

A continuidade do manejo das áreas de preservação permanente consideradas áreas rurais consolidadas depende de uma serie de requisitos e compensações que estão previstas no Artigo 30 do Código proposto por Aldo Rebelo. Marcos Palmeira, um crente de Marina Silva, está querendo expulsar de sua propriedade milhares de famílias. Trata-se de uma militância contra os pequenos, não contra “grandes” ou “poucos”. Estes não estão nem aí: topam o velho código ou o novo. Para eles, é indiferente.

De resto, que história essa de “goela abaixo”??? Aldo Rebelo debateu esse texto pelos quatro cantos do país. Talvez tenha se esquecido de reunir com as artistas no Leblon ou com os “pensadores” da Vila Madalena, em São Paulo… Uma falha grave!

Palmeira quer ser a favor do Brasil? Comece por ler o texto sobre o qual fala para não dizer bobagem. Comece por reconhecer que o Brasil tem hoje uma das agropecuárias mais competitivas do mundo, que é quem garante a melhoria de vida do povo brasileiro. E tudo isso sem aspas.

E comece por jamais repetir esse gesto idiota de botar aspas nas palavras com os dedinhos, sugerindo uma sagacidade que inexiste. E, bem, não adianta me xingar. Quero que demonstrem que estou errado RECORRENDO AO TEXTO DE ALDO REBELO, NÃO ÀS ESCATOLOGIAS DE MARINA SILVA.

PS - Pus-me diante do computador para desconstruir as tolices ditas por Fernando Meirelles. Fica para mais tarde. Foram os irritantes dedinhos de Palmeira fazendo suas aspinhas e chamando a agricultura brasileira de “pseudo”, com seu rosto imexível, porém arrogante, que me fizeram escolhê-lo.

Por Reinaldo Azevedo

Desta vez, Copom não surpreende ninguém e reduz juro em 0,50 ponto porcentual, para 11,50% ao ano

No Estadão:
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira, 19, por unanimidade, cortar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual para 11,5% ao ano. Com isso, acelerou o ritmo de queda do juro básico da economia iniciado em agosto, quando a taxa havia sido reduzida em 0,50 ponto porcentual.

Em comunicado, o colegiado destacou o ambiente global mais restritivo e disse que o ”ajuste moderado” do juro é consistente com a convergência da inflação para a meta em 2012. O centro da meta do governo é de 4,5%, com uma tolerância de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. Nos últimos 12 meses até setembro, no entanto, o IPCA já acumula alta de 7,31%, ultrapassando o teto da meta.

Esse foi o segundo corte de juro feito pelo BC no governo de Dilma Rousseff. A redução, que diminui o custo do crédito e incentiva o crescimento econômico, faz parte de uma estratégia do governo de reação à crise financeira internacional.

A decisão monetária desta quarta-feira veio em linha com a previsão da maior parte dos analistas financeiros. De acordo com levantamento do AE Projeções, serviço da Agência Estado, de 74 instituições financeiras consultadas, 69 esperavam uma queda de 0,50 ponto porcentual, quatro apostavam em corte de 0,75 ponto porcentual e apenas uma casa trabalhava com a expectativa de uma redução de 0,25 ponto porcentual. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 29 e 30 de novembro. A ata da reunião de hoje será divulgada pelo BC na quinta-feira da próxima semana, dia 27 de outubro. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Dinheiro para ONG de vereadora do PCdoB cresceu 
espantosamente em anos eleitorais


Então… Sabem a ONG Bola Pra Frente, aquela que se chamava “Pra Frente Brasil”? Pertence à ex-jogadora de basquete Karina Rodrigues, vereadora do PCdoB na cidade paulista de Jaguariúna. Sua entidade é a campeã absoluta de verbas do Ministério do Esporte: R$ 28 milhões em oito anos! Desse total, ela conseguiu empenhar R$ 10 milhões só para comprar lanchinho para os atletas… Vai ver era uma divisão do Fome Zero, né? A empresa que fornece o alimento pertence a um amigo seu. Sem saber que estava sendo filmado, o homem confessou para reportagem do Fantástico que é funcionário de Karina.

Esse é o modelo de funcionamento de boa parte das ONGs na relação com o governo federal: levam o dinheiro e depois arrumam empresa de fachada para justificar os gastos. Pois bem. Abaixo, seguem alguns dados do Portal da Transparência, do governo federal, sobre o dinheiro que o Ministério do Esporte repassou para a ONG de Karina. Prestem atenção!

2004 - R$ 233.409,50
2005 - R$ 1.249.217,00
2006 - R$ 2.706.332,40
2007 - R$ 1.847.030,60
 
2008 - R$ 8.504.099,00
2009 - R$ 175.499,30
 
2010 - R$ 12.118.660,60

Como vocês notaram, o dinheiro cresce barbaramente nos anos em negrito: 2006, 2008 e 2010. O que esses anos têm de especial? ELEIÇÕES!

Fato?

Fato!

Por Reinaldo Azevedo
PCdoB pede “IMPOSIÇÃO de uma legislação para regular a mídia”. Ou: Você ainda será obrigado a ir a um show do Camarada pagodeiro Netinho…


Bem, eles são quem são!

Em editorial, site do PCdoB afirma com todas as letras, que a reportagem publicada por VEJA sobre as lambanças no Ministério do Esporte “é o melhor exemplo da necessidade, da imposição, de uma legislação para regular a mídia e democratizar os meios de comunicação.”

Que espetáculo!

Atenção para a palavra “imposição”. Eles se imaginam ainda na União Soviética de Stálin— razão por que não perdoam o Krushev de 1956…

A quantidade de camaradas ligados ao PCdoB pegos com a boca na botija no ministério é grande — e isso, parece-me, explica o desespero. Por isso eles querem “impor” uma legislação para “democratizar” a mídia.

Entendo!

A “imposição” da socialização no campo por Stálin, o herói deles, matou, numa estimativa conservadora, perto de 20 milhões de pessoas; há quem fale em 40 milhões.

No post anterior, trato desse sentimento com um pouco mais de história. Aqui, fica só o registro patético. Como vocês viram, Orlando Silva disse que não vai processar a VEJA porque, parece, respeita a liberdade de imprensa ou algo assim. Os seus camaradas, no entanto, dizem o que realmente pensam.

Já imaginaram? De “imposição” em “imposição”, todo mundo ainda acabaria obrigado a comparecer aos shows do “camarada” Netinho, o Comissário do Povo para Assuntos de Pagode, ou da “camarada Lecy Brandão”, a Comissária do Povo para Assuntos da Comunidade, aquela que ela exaltava nas coberturas de Carnaval, onde mora a Tia Neca da Feijoada, sogra do Mestre Canhoto do Violão, primo do Zé do Pandeiro, afilhado do João da Cuíca, que vem a ser concunhado do Tonico do Batuque, mestre da bateria… Vocês sabem: esse povo turístico, tipo exportação…

Por Reinaldo Azevedo

Os pterodáctilos patrulham as redes sociais. Ou: Se você é bom, justo e democrata, então não pode ser de esquerda. É uma questão de história e de lógica elementar

Vocês acompanharam a mobilização nas chamadas “redes sociais” em favor do ministro do Esporte, Orlando Silva. Tentou-se simular a luta de Davi contra Golias. Com menos militantes do que o PT, mas com agressividade até maior, os partidários do PCdoB foram à luta sem classe. Acho que não tinham uma causa assim tão importante desde 1956, quando Krushev denunciou os crimes de Stálin, e eles decidiram ficar com… Stálin! Noticiou-se ontem também que o PT vai treinar militantes para patrulhar as redes sociais e as áreas de comentários de sites e blogs da imprensa. O partido estaria sendo vítima da crítica infundada de conservadores e reacionários. Uau!

O vetor desses eventos é um só: a suposição de que todos eles são dotados de uma superioridade moral, que lhes seria conferida pela história, que lhes facultaria, num caso, justificar os crimes e, no outro, tolher, na prática, a liberdade de expressão, já que falsos “leitores” pretendem se comportar como espiões de leitores reais. Mais do que espionar, o objetivo é mesmo combater os “adversários” na rede, molestá-los. Ocorre-me perguntar: quem confere a essa gente essas licenças? Por que se dão tais “direitos”? Agora teremos de viajar um pouco numa digressão para, depois, voltar ao ponto.

Você é de esquerda? Não, você não é!
Você quer que todos tenham acesso a benefícios básicos para uma vida decente e se considera de esquerda, leitor amigo? Há uma boa chance de que você seja só uma pessoa boa. E isso é muita coisa. Sendo boa, de esquerda não pode ser. Ainda que pense ser.

Você defende a igualdade perante a lei e se considera de esquerda, leitor amigo? Há uma boa chance de que você seja só uma pessoa justa. E isso é muita coisa. Sendo justa, de esquerda não pode ser. Ainda que pense ser.

Você defende que a liberdade é um bem inegociável e se considera de esquerda? Há uma boa chance de que você seja só um democrata. Sendo um democrata, de esquerda não pode ser. Ainda que pense ser.

Escrevo essas coisas com absoluta tranqüilidade porque as esquerdas têm uma história. Onde quer que o socialismo tenha se instalado, feneceram a justiça, a democracia e a bondade. Sem exceção. O arbítrio tomou o lugar da lei. O partido tomou o lugar da sociedade. As escolhas coletivas tomaram o lugar das escolhas individuais. Instalou-se o reino do terror. O socialismo morreu, resistindo aqui e ali como manifestação de um tempo jurássico, mas a tirania política que ele engendrou está mais viva do que nunca. A China é um bom exemplo. Quando escrevo “mais viva do que nunca”, não recorro a uma força de expressão. Tomo as palavras na sua literalidade. O modelo chinês demonstra que, ao contrário do que supunham alguns liberais um tanto idealistas, a economia de mercado pode conviver com a tirania. Só pode existir democracia em sociedades de mercado, mas o mercado não condiciona a democracia. A única herança do socialismo é mesmo a maldita: emprestou a “tirania perfeita” ao capital.

A essa altura, o rapazola e a moça doutrinados pelo marxismo vagabundo das nossas universidades e faculdades se arrepiam: “Como? Então não houve e não há ditaduras capitalistas, que nada devem ao socialismo?” Houve e há! Todas devida e justamente satanizadas pelas pessoas civilizadas. Sempre se soube que o regime de Pinochet ou que a ditadura militar brasileira um dia chegariam ao fim. Equilibravam-se na precariedade, ainda que brutal. A China, ao contrário, é considerada uma alternativa de construção de sociedade. O que há de mais detestável e asqueroso naquele modelo é considerado cláusula pétrea do sistema. Afinal, o país fez a “revolução comunista”, e aquela seria uma escolha do povo.

Felizmente, fascismo e nazismo foram banidos como referência e como um valor a embalar certas utopias. O mesmo não se deu com o socialismo. É espantoso! Não há, na história da humanidade — notem bem: DA HUMANIDADE!!! — um modelo de gestão de sociedade que tenha custado tantas vidas, que tenha matado tantos camponeses e operários, que tenha causado tantos desastres ambientais. Não obstante, muitos ainda hoje o têm como inspiração alegando que o que se viu não foi o “verdadeiro” socialismo. Entendo: o verdadeiro é o que não existiu…

Começo a encerrar a digressão para voltar ao ponto. Meu bom moço, minha boa moça, se vocês querem justiça, então só podem aceitar uma sociedade em que a lei limite o arbítrio. E não houve e não há regime de esquerda que tenha oferecido isso. Se vocês querem democracia, então só podem aceitar um modelo em que a sociedade tenha mais importância do que o partido. E não houve e não há regime de esquerda que tenha oferecido isso. Se vocês querem uma sociedade generosa, então os indivíduos reais têm de ter primazia sobre a coletividade abstrata, e não houve e não há regime de esquerda que tenha oferecido isso.

Esse conjunto de valores que lhes disseram ser de esquerda é, na verdade, essencialmente liberal — o que não quer dizer que o liberalismo os tenha sempre praticado. Quer dizer que só pode ser efetivamente posto em prática onde há liberalismo. Um esquerdista não tem princípios inegociáveis, porque estes são forjados na luta. É da natureza de sua escolha. Um esquerdista não tem fidelidades; tudo depende das necessidades do partido. É da natureza de sua escolha. Um esquerdista não tem livre arbítrio; a causa vai determinar a sua opção. É da natureza de sua escolha.

O que o socialismo fez foi seqüestrar o humanismo para a sua causa, sustentando que a sua amoralidade essencial, aquela de que trata Trotsky no artigo que publiquei, é condição para a realização dos grandes anseios do homem. Todas as tiranias se instalam alegando bons propósitos. Esses seus anseios de justiça, meu bom moço, minha boa moça, só podem ser realizados em sociedades abertas, livres, plurais, capitalistas, liberais. É por isso que vocês não são de esquerda. Em sendo, então não podem falar em nome daqueles valores. Encerro a digressão aqui para voltar ao ponto.

Voltando ao ponto
Porque se consideram, então, dotados daquele exclusivismo moral muito típico, partidários do PCdoB foram para a rede para defender o ministro Orlando Silva, acusando uma grande conspiração das elites, como se os problemas do Ministério do Esporte se limitassem às denúncias do policial João Dias Ferreira. Falso! Mas, afinal, eles são os “comunistas do Brasil” e só querem o bem. Por isso podem justificar a roubalheira e a sem-vergonhice.

Se os grandes portais e os sites dos jornais mantiverem suas áreas de comentários sem qualquer filtro ou mediação, como é hoje, seus leitores reais serão moralmente espancados pela Sturmabteilung virtual petista. Faço referência à tropa de assalto dos primeiros tempos do nazismo, a SA, que era comandada pelo brutal Ernst Röhm.

A direção do partido já decidiu treinar militantes para criar essasSturmabteilungen, que se encarregarão de patrulhar as redes sociais para combater os críticos do PT. Escrevi ontem a respeito. É uma ilusão achar que as tecnologias contemporâneas modernizam também as cabeças e apuram, por si, a democracia. Sei que é uma obviedade, mas é preciso escrever: os pterodáctilos também podem se beneficiar dos avanços técnicos. E eles estão em toda parte. Com a moral que lhes é muito peculiar.

No texto “A Nossa Moral e a Deles”, Trotsky responde à indagação se todos os meios são válidos na luta da esquerda. Leiam:
“São admissíveis e obrigatórios apenas os meios que aumentam a coesão do proletariado, inflamam sua consciência com um ódio inextinguível a  toda forma de opressão, ensinam-lhe a desprezar a moral oficial e seus arautos democráticos, dão-lhe plena consciência de sua missão histórica e aumentam sua coragem e sua abnegação. Donde se conclui, afinal, que nem todos os meios são válidos.”

Acho que tudo está dito aí, não? SÓ NÃO SÃO VÁLIDOS OS MÉTODOS MORAIS! Essa é a receita dos tiranos, dos indecentes, dos amorais. E nós defendemos bondade, democracia e Justiça. Eles só buscam uma retórica altaneira para justificar seus crimes. Podem não comer criancinhas, mas já as matam aos milhões ao longo da história. Podem não matá-las hoje em dia, mas assaltam suas lancheiras.

Por Reinaldo Azevedo

O que explica a violência das esquerdas nas redes sociais e nos blogs sujos? Ou: Por que os esquerdistas não são mais apaixonados pelos jornalistas… que prestam?

Os militantes do PCdoB estão demonstrando, nas suas intervenções nas redes sociais e nos blogs sujos, que não devem nada aos petralhas em matéria de baixaria. A quantidade de impropérios e xingamentos impressiona! Parece que João Dias Ferreira não era um deles até outro dia…

Essa é a novidade (já nem tão nova assim) que as esquerdas no poder trouxeram no que diz respeito à opinião pública. Quando elas estavam na oposição, a imprensa era sua aliada incondicional. Ao menor sinal de irregularidade — e olhem que eles aparelharam e aparelham as redações —, protestavam, iam às ruas, mobilizavam pessoas.

Fui editor adjunto de política da Folha durante o collorgate e coordenador de política da Sucursal de Brasília do jornal durante a revisão constitucional, isso entre 1992 e 1996. Eram tempos especialmente quentes. Ah, como os esquerdistas gostavam de nós, os jornalistas! Eram amigões de fé mesmo, sabem?, irmãos, camaradas… A proximidade, sempre achei, era até excessiva — e isso valia para todos os veículos! Fui ao Congresso algumas vezes, o que detestava fazer. A “amizade” entre parlamentares de esquerda e “companheiros” da imprensa me incomodava. Era visível a diferença no trato com a “turma da direita”.

Naqueles tempos, criou-se NA IMPRENSA DO PAÍS um eixo, sobre o qual já falei aqui, que juntava os esquerdistas do Ministério Público — existiam e existem—, os parlamentares da oposição e a imprensa. A rotina era a seguinte: um promotor vazava alguma coisa para um deputado, este passava para o repórter, o repórter redigia a matéria, e o promotor fazia a denúncia, fechando o ciclo. O desgraçado que fosse pego na rede que se danasse!

Se um dia alguém fizer a sério uma pesquisa a respeito, encontrará quilos de reportagem que eram nada além de factóides produzidos por esse eixo. A gente não precisa ir muito longe: Eduardo Jorge Caldas Pereira, então secretário-geral da Presidência de FHC, teve a sua vida quase destruída por essa máquina. Ele era inocente. Comprovadamente inocente.

Mas aí as esquerdas chegaram ao poder. O sujornalismo, que só sobrevive mamando nas tetas oficiais, logo passou a reverenciá-las. À sabujice financeiramente interessada, juntaram-se os crentes na causa, e juntos passaram a celebrar o governo “como nunca antes na história destepaiz“. Mas restaram aqueles que não abrem mão de fazer o seu trabalho; que acreditam que governos de direita, de centro ou de esquerda têm de ser pautados pela moralidade, pela eficiência e pela transparência.

Aí o tempo fechou! Os jornalistas antes “companheiros”, “aliados” na causa contra o “governo neoliberal”, passaram a ser vistos como inimigos. E tiveram início, então, as ações deliberadas para cercear a imprensa — Conselho Federal de Jornalismo e propostas de controle de conteúdo nas muitas “conferências” — e, pasmem!, até o Ministério Público, antes considerado um aliado intocável.

Por quê? Ora, porque eles são eles! Porque, já expliquei aqui, mesmo o bem, se praticado por seus adversários, tem de ser vendido como um mal; mesmo o mal, se praticado por eles próprios, tem de ser oferecido como um bem. Afinal, eles são os donos da história; eles sabem para onde caminha a humanidade; eles conhecem a forma do futuro; eles estão na vanguarda do humanismo. Qualquer um que não compactue mesmo de suas canalhices — e eles sabem ser canalhas como ninguém porque se consideram donos de uma moral particular! —  participa de algum complô contra o povo.

É por isso que esses vigaristas, esses bandidos — BANDIDOS! —, esses vagabundos estão nas redes sociais (e prometem intensificar a ação) para justificar o crime e atacar a imprensa que cumpre hoje a sua missão como cumpria no passado. Se exageros houve, e houve, eles se deram contra os adversários das esquerdas. Até hoje se fala em “privataria” de estatais sem que se possa apontar uma só e miserável ilegalidade no processo, mesmo depois de ele ter sido virado do avesso por todos os tribunais possíveis. Ilegal foi Lula mandar o BNDES patrocinar a compra de uma telefônica por outra mesmo havendo uma lei que proibia a operação — depois alterada pelo Babalorixá com o fito exclusivo de “legalizar” a compra…

Lá vou eu citar um baiano, que não é Orlando Silva: os urubus podem continuar passeando a tarde inteira entre os girassóis que não vão conseguir impedir a imprensa de fazer o seu trabalho.

O jornalismo que ilumina os porões do Ministério do Esporte é o mesmo que se interessou por Erenice Guerra, por Antônio Palocci, por Wagner Rossi, por Pedro Novais, pelos aloprados, por falsos dossiês. E, antes deles, no passado, por Jader Barbalho, Orestes Quércia, anões do Orçamento, Fernando Collor…

Muitos acreditavam que petistas e comunistas do Brasil fossem contra o crime. Não! Esquerdistas que são, eles eram apenas adversários de alguns criminosos (ou de inocentes que eles acusavam).

Atacam agora a imprensa porque acreditam que ela persegue os “criminosos errados”.

Não passarão!

Por Reinaldo Azevedo

Dilma tira poder de Orlando Silva e assume as negociações sobre a Copa de 2014. Ok, falta a demissão, então…


Por João Domingos, Vera Rosa e Tânia Monteiro, no Estadão:

Por decisão da presidente Dilma Rousseff, o ministro do Esporte, Orlando Silva, não será interlocutor do governo nas negociações da Copa de 2014 e na tramitação da Lei Geral da Copa no Congresso. A partir de agora, as decisões relativas à Copa ficarão centralizadas no Palácio do Planalto, nas mãos da presidente e da chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. A decisão foi tomada diante do desgaste do ministro com a denúncia de que estaria envolvido num esquema de corrupção na pasta.

Embora o futuro de Orlando ainda esteja indefinido e vá depender do desenrolar das acusações - além da consistência de suas respostas -, o certo é que ele já perdeu poder. Na prática, o ministro passará a ser informado das providências a serem tomadas no Planalto.

Dilma não está satisfeita com o trabalho de Orlando. Na segunda-feira, ainda em Pretoria, na África do Sul, ela ficou irritada com o que leu na imprensa e chegou a telefonar para um auxiliar, a fim de saber quem disse que ela aprovava o trabalho do ministro. A presidente, na realidade, afirmou apenas que considerava suficientes as primeiras explicações dadas por ele em relação às denúncias de corrupção.

Logo que assumiu o mandato, em janeiro, Dilma cogitava ela mesma cuidar da realização da Copa do Mundo por considerar Orlando Silva muito próximo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Na prática, a presidente nunca quis proximidade com a CBF por avaliar que a entidade exige privilégios que ela não pretende conceder.

Com as relações cada vez mais azedas entre Dilma e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira - e percebendo que, se não mudasse de postura, poderia perder o cargo -, o ministro decidiu trocar de posição. Tanto é que ajudou a presidente a convencer o ex-craque Pelé a assumir o papel de embaixador honorário do Brasil na Copa do Mundo. Foi uma forma de afastar Ricardo Teixeira das cerimônias oficiais relativas à realização do torneio de futebol. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

19/10/2011

 às 6:33

Agnelo, governador do DF e antecessor de Orlando Silva, é alvo de inquérito no STJ por fraudes no Esporte

Por Felipe Seligman, na Folha:
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), é alvo de inquérito no STJ (Superior Tribunal de Justiça) por suposto envolvimento nas fraudes em programa do Ministério do Esporte quando ele era o titular da pasta, entre 2003 e 2006. Trata-se do inquérito 761, que chegou ao tribunal na terça-feira da semana passada e foi distribuído para o ministro Cesar Asfor Rocha. O caso foi enviado pela 12ª Vara da Justiça Federal em Brasília, com um volume e sete anexos, após a constatação de suposta participação de Agnelo no esquema. O nome do governador apareceu em uma investigação iniciada no dia 9 de junho deste ano pela Polícia Federal para apurar fraudes no programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte.

O programa, de atividades esportivas em áreas carentes, foi descoberto pela Operação Shaolin, da Polícia Civil do Distrito Federal. Os envolvidos são suspeitos de praticarem os crimes de estelionato e falsificação de documento, entre outros. Entre os alvos está o policial militar João Dias Ferreira, diretor de duas ONGs que assinaram convênios com o Ministério do Esporte. O policial acusa o atual ministro do Esporte, Orlando Silva, de receber verba desviada de convênios do ministério com ONGs. Silva é o sucessor de Agnelo, que foi ministro do Esporte no governo Lula por indicação do PC do B -em 2008, Agnelo ingressou no PT. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Testemunha diz ter recebido benefícios de policial para poupar Agnelo


Por Rubens Valente, na Folha:
Uma testemunha da Operação Shaolin, desencadeada no ano passado pela Polícia Civil do Distrito Federal, disse que recebeu dinheiro e um emprego do policial militar João Dias Ferreira para que “poupasse” o atual governador Agnelo Queiroz (PT) de denúncias de irregularidades no Ministério do Esporte. Agnelo, que foi ministro entre 2003 e 2006, teve como secretário-executivo o atual ministro, Orlando Silva (PC do B). Silva é acusado pelo policial militar de ter participado de desvios de recursos de um programa da pasta.

Em 2008, Michael Alexandre Viera da Silva, ex-cabo eleitoral de um deputado distrital do PPB, informou ao Ministério Público ter ouvido conversas sobre políticos que recebiam por irregularidades no Ministério do Esporte. Dois anos depois, Michael Alexandre relatou à Polícia Civil do DF que começou a ser ameaçado pelo policial para que “não falasse com autoridades” sobre o assunto, segundo o depoimento. Ele, então, afirmou que assinou uma declaração “inocentando Agnelo das acusações que seriam publicadas na imprensa”. Em troca, Michael Alexandre disse ter recebido R$ 6.000 e um emprego em uma das academias de ginástica do policial militar. Disse que decidiu colaborar com a polícia depois que Ferreira teria lhe dito que ele seria morto “se houvesse algum tipo de denúncia”. Hoje, ele integra o programa de proteção a testemunhas. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Uma fábrica de xadrez e dama da Bahia - você leu certo - recebeu quase R$ 10 milhões do Ministério do Esporte. E quem anda por ali? O PC do B


Por Cleide Carvalho, no Globo:
Um único projeto do Ministério do Esporte, uma fábrica de jogos de xadrez e dama, mudou a relação de forças políticas na cidade de Conceição do Jacuípe, na Bahia. Nos últimos três anos, a Associação Cultural Jacuipense, entidade classificada como “associação privada” pela Receita Federal e responsável pela fábrica, recebeu do Ministério do Esporte R$ 9.815.365,70 - três vezes mais do que as verbas repassadas por programas federais para a prefeitura da cidade, que tem 29 mil habitantes, entre 2009 e 2011. Só este ano, a entidade recebeu R$ 3.825.734. No último dia 2, a quadra da Associação Cultural Jacuipense foi usada pelo PCdoB para fazer uma conferência, onde o partido lançou diretoria provisória e iniciou articulação para as eleições de 2012, com participação de representantes do PT.

A fábrica emprega 142 pessoas. Seu último contrato com o ministério prevê a fabricação de 180 mil jogos entre julho deste ano e maio de 2012. De acordo com dados do Portal Transparência, foram repassados R$ 1.663.552 para a fabricação de 90 mil jogos de xadrez e outros R$ 1.448.996,37 para 90 mil jogos de dama. Os dois últimos repasses conseguidos pela prefeitura do município, um para habitação popular e outro para pavimentação e drenagem de ruas, não alcançam este montante - somam R$ 1,289 milhão.

A escolha da entidade para administrar a fábrica foi feita de forma bem simples, sem concorrência. Alírio Dantas de Azevedo Filho, um professor de línguas que fundou a Associação Cultural Jacuipense há 30 anos, diz que apresentou o projeto, que foi encampado pelo governo:”Fizemos o projeto e entregamos ao ministério, que analisou. E fomos contemplados. Não houve nada de especial.”

O projeto da fábrica faz parte do Pintando a Cidadania, programa destinado a oferecer oportunidades de emprego em comunidades carentes. Antes de comandá-la, a associação era voltada a ações culturais e de educação. Entre 1997 e 2000 não há registro de repasses federais à associação, que ganhou fôlego após os contatos com o Ministério do Esporte.

Funcionários da fábrica ganham, em média, R$ 600
Alírio nega ter interesse de se candidatar a prefeito no ano que vem. Segundo ele, sua presença na reunião do PCdoB foi meramente um acaso: “É normal usar a quadra da associação para festas de aniversário e casamento. Fui chamado para a reunião do PCdoB e eu fiquei lá”.

Nas últimas eleições, Alírio pediu votos para o ex-deputado estadual Javier Alfaya (PCdoB), que não se reelegeu. O twitter de Alfaya (@alfaya) mostra uma propaganda de convite para discutir a Copa de 2014, em setembro do ano passado, com as fotos do ministro Orlando Silva, de Alfaya e do deputado federal Daniel Almeida (PC do B/BA). Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Ministério deu verba a ONG de PM após desvio


Por Marta Salomon, no Estadão:

Pouco mais de seis meses depois de constatar “irregularidades graves” em convênio de R$ 2 milhões com a Federação Brasiliense de Kung Fu (Febrak), comandada pelo policial militar João Dias Ferreira, o Ministério do Esporte fechou um segundo contrato com ele - destinando verbas a outra entidade em seu nome. Foi João Dias quem denunciou esquema de propina no programa Segundo Tempo e acusou o ministro Orlando Silva de corrupção.

Na época da assinatura do convênio, o policial militar era candidato a deputado distrital pelo PC do B, partido do então ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, e de seu sucessor, Orlando Silva. Atualmente Agnelo é filiado ao PT, partido pelo qual foi eleito governador do DF em 2010. O dinheiro destinado a atividades esportivas de 15 mil crianças e jovens fora do turno escolar foi quase integralmente desviado. Pouco mais de 200 crianças teriam sido atendidas, em instalações e horários impróprios, sem material, e recebendo biscoitos em vez de refeições.

O desvio de dinheiro público nos convênios levou João Dias à prisão em abril do ano passado. De acordo com ação apresentada pelo Ministério Público Federal, em valores corrigidos, o total desviado alcança R$ 4 milhões. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Policial fornece nome de entidades de esquema a parlamentares da oposição delator


Na Folha:
O policial militar João Dias Ferreira apontou ontem nomes de organizações não governamentais e empresas que teriam desviado recursos do Ministério do Esporte para os cofres do PC do B, o partido do ministro Orlando Silva. Em conversa a portas fechadas com deputados e senadores de oposição, o policial citou três empresas, HP, Infinita e Linha Direta, que seriam “indicadas” pelo “pessoal do ministério”. Elas forneciam notas fiscais supostamente frias para entidades que tinham contratos com a pasta do Esporte.
Ele também deu nomes de quatro entidades que teriam praticado irregularidades ao participar do programa Segundo Tempo, que desenvolve atividades esportivas em comunidades carentes.

São elas a Fundação Toni Matos, o Centro Comunitário Imaculada Conceição, a Liga de Futebol Society do Distrito Federal e o Instituto Novo Horizonte. Elas teriam recebido quantias de R$ 600 mil a R$ 3 milhões do ministério. Procuradas pela Folha, representantes das ONGs e das empresas citadas pelo policial não foram localizadas. Ferreira afirmou que, em 2008, as quatro entidades repassaram R$ 1 milhão para o motorista Célio Soares Pereira, que hoje trabalha com Ferreira. O motorista, segundo a revista “Veja”, disse ter entregue esse dinheiro pessoalmente a Silva, em encontro na garagem do ministério. Ferreira afirmou aos congressistas que o R$ 1 milhão seria dividido da seguinte forma: metade para o PC do B e metade para o rateio entre os participantes do esquema. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
João Dias conta como funcionava suposto esquema de corrupção no Ministério do Esporte


Por Jailton Carvalho, no Globo:
O policial militar João Dias Ferreira, acusado de desviar R$ 3,2 milhões do programa Segundo Tempo, afirmou que uma central de cobrança de propina foi instalada num escritório dentro do Ministério do Esporte. Em entrevista ao GLOBO, segunda-feira à noite, João Dias afirmou que o chefe do escritório era o advogado Júlio Vinha, que despachava ao lado de Ralcilene Santiago, ex-coordenadora-geral de um dos programas do ministério e antiga militante do PCdoB, partido que controla a pasta. O ministério e o ministro Orlando Silva negam as irregularidades.

O escritório funcionava numa sala do segundo andar do prédio do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) cedida à Secretaria de Esporte e Educação, do Ministério do Esporte. Segundo João Dias, Ralcilene atraía as ONGs para projetos financiados pelo programa Segundo Tempo e, depois, oferecia serviços de assessoria, consultoria e advocacia.

A partir de então, segundo o denunciante, Vinha se encarregava de “arredondar” o projeto a ser financiado com recursos do ministério e, em contrapartida, cobrava comissão de 10% a 20%. João Dias, que já foi candidato a deputado pelo PCdoB de Brasília, disse que essa era a regra geral para as ONGs interessadas em dinheiro do Ministério do Esporte. No seu caso, o PM disse que rejeitou a oferta e, após longa negociação, concordou em pagar 1% do valor que receberia de um dos dois convênios que firmou com a secretaria. O contrato está num processo na 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília.

O policial falou sobre o suposto escritório da propina ao descrever métodos que o PCdoB teria adotado para arrecadar verbas para campanhas eleitorais e, em alguns casos, enriquecimento pessoal de alguns militantes. “Quais foram os métodos? Capacitação de entidades. O que é isso? É fazer uma triagem e ver se as entidades localizadas estão aptas a participar do programa Segundo Tempo. Essa capacitação de entidades era feita por uma equipe liderada por uma grande diretora chamada Raucilene Santiago (já está no PCdoB há 28 anos). Não só eu, mas dezenas, centenas de entidades adentraram imaginando estar tudo dentro da legalidade, tudo certinho, é não é”, disse João Dias.

Cobrança por suposta assessoria
Na etapa seguinte, contou, entrava a consultoria e a cobrança da comissão por suposta prestação de serviços de advocacia. “Qual o serviço que eles oferecem? Consultoria, advocacia e assessoria através do advogado Júlio Vinha. Ele teria escritório de advocacia. Eu nunca vi esse escritório. Só vi ele com mesa dentro do Ministério do Esporte, na sede do Dnit. Ele compareceu com uma grande equipe do ministério para apresentar uma proposta. Essa proposta era fazer um projeto. Eles analisavam se a entidade tinha condições jurídicas, documentais e te cobravam entre 10% e 20%, dependendo do número de alunos, do valor financeiro e da capacidade da entidade - disse.”

João Dias disse que não aceitou a proposta porque os valores não estavam incluídos nas despesas gerais do projeto, ou seja, seria um gasto não contabilizado. Numa guerra aberta em torno das supostas irregularidades, o policial gravou com telefone celular uma longa discussão que teve com a cúpula do ministério, em abril de 2008. Durante a briga, João Dias ameaçou denunciar os supostos crimes. Mas os auxiliares do ministro Orlando Silva tentaram demover o policial da ideia, numa reunião que teria ocorrido no ministério. Fábio Hansen, um dos assessores presente ao encontro, pediu para João Dias guardar silêncio.Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Ministério do Esporte - Onde começa a fraude


Leiam editorial do Estadão de hoje:

O ministro do Esporte, Orlando Silva, do PC do B, atribuiu ao seu antecessor e ex-correligionário Agnelo Queiroz, que se filiou ao PT e se elegeu governador do Distrito Federal, a responsabilidade pela escolha de duas organizações não governamentais (ONGs) criadas pelo PM João Dias Ferreira para executar, mediante convênio, projetos no âmbito do programa Segundo Tempo, destinado a proporcionar a prática de esportes a crianças e jovens carentes. No ano passado, o policial foi preso por suspeita de participação no desvio de R$ 1,99 milhão daqueles contratos. Ele, por sua vez, acusa o ministro de envolvimento pessoal com as fraudes, cujo produto seria canalizado para o caixa 2 do PC do B. A defesa de Orlando Silva é primária. Se é verdade que, na condição de secretário executivo da pasta, foi instruído pelo chefe a assinar um convênio com João Dias, o fato é que nada mudou depois que ele se tornou ministro; ou melhor, as irregularidades no Esporte ficaram mais evidentes.

Debatendo-se no centro das denúncias, Orlando Silva procura ainda assumir o papel de moralizador anunciando o fim dos convênios com ONGs para o Segundo Tempo. Nenhum dos 11 contratos do gênero, a vencer no próximo ano, será renovado. Mas ele fala como se a escolha das entidades não guardasse qualquer relação com as mutretas que o escândalo trouxe à luz ou que já haviam sido expostas. Em 2010, conforme o Estado revelou em fevereiro, o Ministério repassou R$ 30 milhões a ONGs de membros e aliados do PC do B. O que o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União têm apurado não deixa dúvida de que a fraude, tosca e rasteira, é a regra. O TCU descobriu um caso em que cerca de 90% dos gastos correspondem a “atos impróprios”. Trata-se de um convênio de R$ 2 milhões entre o Ministério do Esporte e a Federação dos Trabalhadores no Comércio (Fetracom) para atender 5 mil crianças do Distrito Federal. A auditoria só encontrou 348 crianças - e mazelas em profusão.

A presidente Dilma Rousseff tem razão ao dizer que “existem ONGs e ONGs”. Mas o número daquelas criadas para se apropriar de recursos públicos, não raro com a cumplicidade das mesmas autoridades que deveriam zelar por eles, é assombroso. Diante disso, a presidente se viu na obrigação de alertar recentemente os seus ministros para que filtrem as ONGs interessadas em se conveniar com o Executivo. Foi o que ela contou em Pretória, na África do Sul, onde participa da cúpula do Ibas, que reúne o país anfitrião, o Brasil e a Índia, ao comentar a mais recente denúncia de corrupção no seu governo, que ela disse estar acompanhando atentamente. “Tem que se fazer uma chamada pública, tem de apurar se a ONG existe há mais de três anos”, explicou. E não pode haver nenhuma possibilidade de convênio com ONG “que tiver incorrido em alguma falha, seja qual for”.

Dilma deixou clara a sua preferência por governos estaduais e prefeituras como parceiros da administração federal, porque as ONGs “são menos formais” em matéria de controles internos. O paradoxo é que os convênios com as ONGs aumentaram substancialmente já no governo Fernando Henrique, na expectativa de limitar a influência dos interesses políticos locais ou regionais na execução de programas de alcance social. A preocupação é legítima e a alternativa seria válida se os Ministérios não fechassem os olhos para a proliferação de ONGs de fachada ou, como tudo indica ser o caso do Esporte, não fizessem arranjos espúrios com elas. Menos mal que os ministros agora tenham de assinar, eles próprios, os convênios de suas pastas, o que os torna diretamente responsáveis pelos contratos - e as associações contratadas. “Em muitos momentos do passado houve convênios com ONGs mais frágeis”, reconheceu Dilma, em um eufemismo para não usar um termo mais forte.

Essas considerações, porém, não simplificam o seu problema. Com a Copa do Mundo no horizonte, não há como ela preservar o ministro Orlando Silva. A sua capacidade de impor seus pontos de vista aos donos da Fifa, que já é pequena, ficaria ainda mais reduzida. E o Brasil não fez tanta força para sediar a mais popular competição do globo para passar vergonha.

Por Reinaldo Azevedo
Soldado libertado por terroristas do Hamas pede paz entre israelenses e palestinos


Abaixo, segue uma síntese da libertação do soldado israelense Gilad Shalit, que estava em poder do grupo terrorista Hamas. Já escrevi alguns textos a respeito. Fica aqui o registro do fato. É claro que ainda voltarei ao tema.

Do Portal G1, com agências:
O soldado israelense Gilad Shalit, libertado nesta terça-feira (18) após acordo entre o governo de Israel e o movimento islâmico Hamas, disse em sua primeira entrevista que está em boa saúde e espera que sua troca por prisioneiros palestinos ajude a levar à paz entre os dois povos no Oriente Médio. Ele parecia cansado e espantado, tinha olheiras e respondia de maneira hesitante. Respondendo por meio de um intérprete, Shalit disse que ficaria muito feliz se os palestinos ainda presos em prisões israelenses fossem libertados para voltar a suas famílias.

“É claro que eu sinto muita falta de minha família. E também de meus amigos”, disse. “Espero que este acordo leve à paz entre palestinos e israelenses e que isso ajude na cooperação entre os dois lados.” Shalit foi solto na madrugada desta terça, no Egito, após um acordo entre Israel e o grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e levado a Israel. O soldado israelense foi entregue a representantes do Egito, que intermediou o acordo, antes de ser levado a Kerem Shalom, no lado israelense da fronteira, pouco depois das 12h locais.

Ele foi levado de helicóptero para a base aérea de Tel Nof, sul do país, onde era aguardado pelos pais, assim como pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o ministro da Defesa Ehud Barak e o comandante do Estado-Maior, general Benne Gantz. Um porta-voz de Netanyahu confirmou que o jovem se reuniu com a família. “Trouxe o filho de vocês de volta para casa”, disse Netanyahu aos pais do soldado, segundo o porta-voz. O estado de saúde de Shalit é “bom e satisfatório”, disse o Exército de Israel, por meio do porta-voz general Yoav Mordechai.

Cinco anos
Shalit, de 25 anos, havia sido feito prisioneiro por milicianos do Hamas em 25 de junho de 2006 em uma posição militar israelense limítrofe com o sul do território palestino da Faixa Gaza. Foram cinco anos de cativeiro.As imagens mostradas nesta terça são as primeiras dele desde 2009.

A libertação de Shalit foi possível após a Suprema Corte israelense dar aval nesta segunda-feira (17) ao acordo anunciado na semana anterior, ao rejeitar os recursos de parentes de vítimas de atentados. Segundo o acordo, Shalit será trocado por 1.027 prisioneiros palestinos, dos quais 477 foram soltos nesta terça-feira. Eles foram recebidos festivamente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Espera-se que a troca de prisioneiros ajude a reacender as negociações diretas de paz entre israelenses e palestinos, paralisadas há mais de um ano.

O Quarteto para o Oriente Médio, grupo diplomático que negocia a paz na região, pretende marcar para dia 26, em Jerusalém, conversas com representantes dos dois lados, separadamente, para preparar a retomada das negociações. A tentativa de retomar o diálogo ocorre após a Autoridade Palestina ter pedido à ONU, em 23 de setembro, o reconhecimento de um Estado palestino. O Conselho de Segurança das Nações Unidas está avaliando o pedido.

Hillary
A secretária de Estado americana Hillary Clinton saudou “o fim da longa provação” sofrida pelo soldado israelense. “Nós estamos felizes que a longa provação (…) chegou ao fim para Gilad Shalit”, declarou Hillary durante uma visita na capital líbia. Ela ressaltou que a prisão “durou tempo demais”.

Por Reinaldo Azevedo
Uma anedota búlgara contada na tirania dos Sarneys


Parece piada, mas não é.

O estado do Maranhão está sob o jugo dos Sarneys há 46 anos. Nesse tempo, os valentes conseguiram criar o estado mais atrasado da federação. Ali está a prova de que a pobreza do povo não é uma determinação da natureza, mas uma criação humana. E como é que se realizou tal prodígio? Ora, do modo como se costuma construir a pobreza mundo afora: uns poucos se apropriam do que pertence a muitos.

O representante da família Sarney ora no poder, Roseana, resolveu inovar. Leiam o que informa a Agência Estado. Volto em seguida.
*
Roseana pede estatização da Fundação Sarney

Sem alarde e com urgência. Foi assim que a governadora Roseana Sarney (PMDB) enviou, para apreciação na sessão de hoje da Assembléia Legislativa, o projeto de lei que prevê a estatização da Fundação José Sarney, responsável pela administração do Convento das Mercês. O Projeto de Lei Nº 259/11 estabelece a criação da Fundação da Memória Republicana Brasileira, de “direito público e duração ilimitada”, vinculada à Secretaria de Educação, cujo patrono seria o Presidente do Senado, José Sarney. A controversa lei ainda inclui no orçamento do governo do estado as despesas da Fundação.

O deputado Marcelo Tavares (PSB), líder da oposição na Casa, criticou, em plenário, a medida da governadora: “Será o povo do Maranhão que pagará todos os custos deste culto a personalidade de um cidadão maranhense que se por um lado teve enorme sucesso na vida, deixou o estado do Maranhão como um dos piores Estados da Federação”. Tavares disse que, caso o projeto de lei seja aprovado, a oposição vai solicitar à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que entre com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Para o deputado Rubens Júnior (PC do B), não há justificativas para a urgência no trâmite da matéria, porque, no corpo do projeto de lei, o governo do estado define o prazo de 45 dias, descrito pelo artigo 46 da Constituição Estadual. “O projeto de lei prevê, em algumas passagens, algo não visto sequer no período da Monarquia. A indicação ficará ao cargo do patrono ou dos seus herdeiros, aí é uma verdadeira capitania hereditária no estado do Maranhão”, acrescentou o comunista.

O governista Magno Bacelar (PV), conhecido por reagir com frases de efeito aos ataques da oposição, aproveitou a ocasião para render homenagens ao Presidente do Senado e fustigar professores presentes nas galerias. “Para nós, maranhenses, é um orgulho ter Sarney, que já foi presidente da República, o presidente de todos nós, dos brasileiros e das brasileiras, o presidente dos mal-educados professores que devem respeitar a tribuna, aqueles professores que não querem trabalhar”, ironizou Bacelar.

Comento
Roseana é mesmo uma revolucionária. Estamos diante de uma mudança de padrão. Já não se trata de poucos de apropriarem do que a muitos pertence, mas de dividir com muitos o custo do culto à personalidade de um só.

O Maranhão é o estado com o pior IDH do país. A miséria do povo vai financiar, mais uma vez, a glória dos Sarneys. É asqueroso! E só pra arrematar. A família tem um braço verde: o deputado Zequinha (PV). Como eu poderia deixar de me lembrar do poema “Anedota Búlgara”, de Carlos Drummond de Andrade?

Era uma vez um czar naturalista
que caçava homens.
Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e andorinhas,
ficou muito espantado
e achou uma barbaridade.

Por Reinaldo Azevedo

18/10/2011

 às 21:16

Governo decide conceder proteção a policial que acusou ministro

Do Portal G1:
O Ministério da Justiça informou na noite desta terça (18) que a Polícia Federal concederá proteção especial ao policial militar João Dias Ferreira, autor da denúncia de que o ministro Orlando Silva teria envolvimento com um suposto esquema de desvio de verbas públicas do Ministério do Esporte.

Segundo nota da assessoria da pasta, a decisão foi tomada depois que o ministério recebeu ofício do PSDB solicitando a proteção especial. Na tarde desta terça, parlamentares de oposição, entre os quais do PSDB, se reuniram com o policial militar. Pela manhã, alegando problemas de saúde, Dias pediu o adiamento de um depoimento que iria dar à PF.

De acordo com o Ministério da Justiça, a proteção será concedida depois que o PM comparecer à sede da Superintendência da PF no Distrito Federal e fizer a solicitação, o que não ocorreu nesta terça. O ministério também solicitou à Polícia Militar do DF que Dias seja apresentado à PF para prestar depoimento.

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo Ministério da Justiça
O Ministério da Justiça recebeu, nesta terça-feira (18/10), ofício da liderança do PSDB solicitando, em caráter de urgência, proteção especial ao policial militar do Distrito Federal João Dias Ferreira.
O Departamento de Polícia Federal, em atendimento à determinação do ministro da Justiça, informou que a proteção será imediatamente concedida assim que o senhor João Dias Ferreira comparecer à sede da Superintendência da Polícia Federal do DF e, nos termos da lei, solicitar a segurança.
Nesse sentido, o Ministério da Justiça também entrou em contato com o comando da Polícia Militar do Distrito Federal para que o policial João Dias Ferreira seja apresentado à PF para prestar depoimento e receber a segurança. O mesmo foi informado à bancada do PSDB.
Contudo, e apesar de convidado a prestar depoimento, o policial, até o momento, não apresentou pedido algum de proteção, sem o qual não será possível a tomada das providências cabíveis.
Assessoria de Comunicação Social
Ministério da Justiça”

Por Reinaldo Azevedo
Cadê Agnelo Queiroz, a personagem silenciosa do imbróglio? Parece que João Dias o impede de tomar qualquer iniciativa…


Há um personagem importante nessa história toda do Ministério do Esporte e que, até agora, está sumido, de boca calada: Agnelo Queiroz, ex-ministro do Esporte, ex-chefe de Orlando Silva, ex-comunista do Brasil, hoje no petismo. João Dias Ferreira, o PM que acusa Silva, não tem nenhum receio de exibir a sua proximidade, que parece um pouco abalada (mas só um pouco), com o governador. O atual ministro já tentou dividir o peso do PM com Agnelo, mas este preferiu não ceder o ombro.

Reportagem publicada pelo Globo dá conta da importância de João Dias no grupo. Prestem atenção a este trecho:
“A influência do soldado é antiga. Uma das mais eloqüentes demonstrações se deu em agosto. Pouco mais de um ano depois de passar cinco dias preso sob a acusação de desviar R$ 3,2 milhões do programa Segundo Tempo, João Dias emplacou o afilhado Manoel Tavares na BRB Seguros, a corretora do Banco Regional de Brasília, um dos cargos mais cobiçados do governo local. Antes de ir para a seguradora, Tavares passou alguns meses, também por indicação de Dias, como diretor da Companhia de Planejamento do Distrito Federal, outro cargo cobiçado. A perda da indicação não implicou em diminuição de poder. Logo depois da demissão de Tavares, o ex-presidente da Codeplan Miguel Lucena foi escalado para ‘acalmar’ o soldado.”

Sem trocadilho, é o caso de considerar que João Dias Ferreira tem o que se chama “bala na agulha”, certo? Então o cara sai da cadeia e indica um aliado seu para um alto cargo no banco do Distrito Federal? “Isso é coisa de Agnelo! O que Orlando Silva tem com isso?” Bem, as relações entre os dois políticos são evidentes. Não são mais correligionários por meras circunstâncias da política local.

O silêncio de Agnelo, evidentemente, é um tanto espantoso, mas nada surpreendente, dizem pessoas que conhecem a política no Distrito Federal e os métodos por lá influentes. Notem que ele nem veio a público para desmentir, de modo categórico, que o programa Segundo Tempo já servisse como caixa dois do PCdoB quando ele próprio era ministro. Está mudo. Paralisado. A suposição de que não pode se mexer, ou João Dias atira — balas metafóricas — é bastante forte.

Nos bastidores, o comando do PCdoB está furioso com Agnelo. Até o Planalto já quis saber por que ele não diz nada.

Por Reinaldo Azevedo
Orlando Silva é mau professor de jornalismo, mas o jornalismo sério pode lhe dar aula sobre a diferença entre dinheiro público e dinheiro privado


Poucas coisas são tão constrangedoras quanto a indignação a favor. Há pouco, as deputadas Perpétua Almeida (AC) e Alice Portugal (BA), ambas do PCdoB, fizeram discursos inflamados em defesa de Orlando Silva e contra o PM João Dias Ferreira, que era um “camarada” de partido até outro dia — foi candidato a deputado… A sessão virou uma patuscada de elogios e auto-elogios. Representantes da oposição compareceram apenas para defender a necessidade de uma CPI e para pedir a convocação de Ferreira e se retiraram em seguida.

Como os governistas não tinham dúvidas sobre coisa nenhuma, o ministro não precisou explicar coisa nenhuma. Assistimos a uma sessão de exorcismo e descarrego. Os “inimigos” do “socialismo” do PCdoB (rá, rá, rá) foram ali esconjurados e pronto! Ao fim de tudo, Orlando Silva ainda teve tempo de se comportar como ombudsman da VEJA, lamentando a reportagem.

Entendo! Ele acha que um membro de seu partido, ligado a entidades que mantinham estreitas relações com a sua pasta e que foi recebido por ele próprio em audiência, ao fazer uma denúncia, deve ser ignorado. O que dizer? Bem, acho que a revista tem se mostrado bem mais eficiente no jornalismo, em mais de quatro décadas, do que Orlando Silva como ministro de Esporte em pouco mais de cinco anos.

O mais curioso nesse clima de “indignação” de Silva e de seus aliados é que a gente fica com a impressão de que o Ministério do Esporte se assemelha a um convento (do tipo sério, claro…). Ora, a própria VEJA relatou as lambanças na pasta em 2008. O Estadão trouxe mais e novas evidências no fim de 2010 e início de 2011. Os jornais de hoje estão coalhados de sem-vergonhices para todos os gostos.

E qual é o mote? “Mandamos apurar tudo!” Certo! Mandaram apurar tudo! Mas as falcatruas, não obstante, continuam. No Estadão de hoje, por exemplo, ficamos sabendo que o Ministério do Esporte — sim, a pasta comandada por Orlando Silva — anunciou neste ano que não mais renovaria o convênio com a entidade Pra Frente Brasil, da ex-jogadora de basquete Karina Rodrigues, mas autorizou a ONG a captar quase R$ 3 milhões por meio da Lei de Incentivo ao Esporte.

Vênia máxima, acho que esses indignados a favor precisam de um pouco mais de vergonha na cara. Karina é vereadora do PCdoB. Eventos de sua ONG são prestigiados por Orlando Silva. Esta senhora conseguiu receber, ao longo de sete anos, R$ 28 milhões do programa Segundo Tempo. Em meros três, acusou um gasto de R$ 10 milhões só com lanchinhos para as crianças. A empresa que fornece os alimentos pertence a um sujeito que, sem saber que estava sendo gravado, admitiu trabalhar para a “comunista do Brasil”, que é argentina.

O que isso evidencia? Que a “severidade” do ministério com ONGs suspeitas não é para valer. O caso da Pra Frente Brasil o evidencia. Não recebeu dinheiro de um programa, mas acabou se beneficiando com outro.

Orlando Silva é péssimo professor de jornalismo, mas o jornalismo brasileiro, ao menos parte dele, pode, sim, lhe dar aulas sobre a diferença entre o dinheiro público e o dinheiro privado.

Por Reinaldo Azevedo
O elogio da amoralidade


O artigo em que recorro a um texto de Trotsky para tratar da moral profunda das esquerdas é um pouco longo. Sei que o tempo é escasso. Este é mais curto. Prestem atenção ao que escreveu o revolucionário russo:

“Mas a mentira e a violência por acaso não são coisas condenáveis ‘em si mesmas’ ? Por certo, como é condenável a sociedade dividida em classes que as engendra. A sociedade sem antagonismos sociais será, evidentemente, sem mentira e sem violência. Mas não é possível lançar uma ponte para ela senão com métodos violentos. A própria revolução é o produto da sociedade dividida em classes, da qual ela leva necessariamente a marca. Do ponto de vista das ‘verdades eternas’, a revolução é, naturalmente, ‘imoral’. Mas isso significa apenas que a moral idealista é contra-revolucionária, isto é, encontra-se a serviço dos exploradores.”

Está tudo aí. Esse é o norte moral das esquerdas, não importa a tendência. De fato, ele está dizendo que, enquanto a sociedade for dividida em classes, todos os meios de “luta” são válidos. E quem os recusar está apenas exercitando a “moral idealista” e “contra-revolucionária”.

PT e PC do B não são, hoje em dia, “revolucionários”. Mas se consideram herdeiros da “luta do proletariado”. Na verdade, herdaram do bolchevismo o amoralismo e a convicção de que tudo lhes é permitido e de que certas interdições são apenas instrumentos da opressão manipulados por seus inimigos.

Assim, ninguém deve se espantar quando esses “esquerdistas” dizem uma coisa na oposição e fazem outra no governo. É que eles estavam usando “a mentira” a favor da causa. Qual é o limite de um esquerdista? Não existe! Ele só precisa se convencer, ou fingir que se convenceu, de que a sua ação contribui para fazer a luta avançar. Esqueçam aquela patacoada superada de “socialização dos meios de produção”.  Como “donos” dos destinos do povo, os esquerdistas podem fazer alianças com os grupos mais reacionários em nome da “libertação do povo”. Aliás, hoje em dia, alguns potentados do capital estão recebendo privilégios em nome até do… socialismo.

Trotsky, como vocês sabem, foi assassinado a mando de Stálin. O bigodudo homicida não teria nenhuma dúvida em justificar seu ato usando o texto escrito pela própria vítima. Quem considera que a moral é sempre um valor relativo está pondo uma corda no próprio pescoço. Uma hora alguém se lembra de abrir o alçapão.

Por Reinaldo Azevedo
Depoimento de Orlando Silva vira sessão de aplausos de governistas; ACM Neto diz que policial apresentou “provas materiais” em conversa com oposicionistas


Conforme o esperado, o depoimento do ministro Orlando Silva, na Câmara, transformou-se numa sessão de aplausos promovida pelos governistas. Os oposicionistas acabaram comparecendo, depois de um encontro reservado com o policial João Dias Ferreira. Segundo ACM Neto (BA), líder do DEM na Câmara, ele apresentou “provas materiais” contra o ministro. Segue texto do Portal G1 (íntegraaqui).

Por Tainã Nalon e Naiara Leão:
O ministro do Esporte, Orlando Silva, reiterou nesta terça (18), durante audiência na Câmara, que não há provas contra ele no caso da denúncia de que participou de um esquema de desvio de verbas do programa Segundo Tempo, destinado a incentivar a prática esportiva entre crianças e adolescentes. (…). O ministro compareceu a audiência conjunta das comissões de Fiscalização e Controle e Turismo e Desporto da Câmara (acompanhe a sessão ao vivo). A participação do ministro na audiência foi antecipada em razão da denúncia. A antecipação da audiência foi negociada por deputados do PCdoB, partido do ministro.
(…)
“Faça e prove o que diz. Até aqui, esse desqualificado não provou. Não provou porque não tem provas. Quem tem provas do malfeito dele sou eu, que estão aqui”, disse o ministro, brandindo, sob os aplausos de deputados, papéis do processo judicial ao qual João Dias Ferreira responde por suposto desvio de verba pública e enriquecimento ilícito.

Oposição
Ao mesmo tempo em que Silva falava na audiência, Dias Ferreira se reuniu, em outra sala da Câmara, com parlamentares da oposição. Pela manhã, alegando problemas de saúde, o PM pediu o adiamento do depoimento que daria à Polícia Federal. O deputado ACM Neto (DEM-BA) afirmou que, no depoimento aos oposicionistas, que classificou como “estarrecedor”, Dias apresentou “provas materiais” contra o ministro. Líder do DEM, ACM Neto disse que não faria nenhuma pergunta a Orlando Silva porque a audiência era um “palanque armado” para que o ministro fizesse sua defesa. Segundo o deputado, o acusador tinha de ser ouvido antes do ministro.

O líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), afirmou que os partidos de oposição apresentarão nesta quarta (19) requerimento para que João Dias Ferreira seja ouvido na próxima quinta (20). “O que foi montado hoje aqui foi uma defesa ampla e plena do ministro. Não se esclareceu nada”, disse Nogueira.

Durante a audiência, o deputado Vaz de Lima (PSDB-SP) sugeriu a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Ministério do Esporte e pediu a Orlando Silva que assinasse um requerimento com essa finalidade, como forma de demonstrar inocência. O ministro não assinou. “Não cabe a outro poder [Executivo] se imiscuir no que compete ao outro poder [Legislativo], constranger os parlamentares sobre essa matéria”, justificou Silva.
(…)

Por Reinaldo Azevedo
Mais Cabo Anselmo: Sobre puros e “cachorros”. Ou: Quem garantiu a bilheteria


A minha simpatia por Cabo Anselmo é zero — ou abaixo disso. Na minha escala de valores, o traidor disputa as últimas posições. E nem entro no mérito da causa que ele inicialmente abraçou para depois traí-la. Aquele que trai usa como ativo a confiança conquistada num lado para rendê-la no altar do outro. É uma categoria moral detestável. É claro que não se deve confundir esse tipo com um agente de segurança que se infiltra em redes criminosas para desbaratá-las. Muito bem. Dito isso, sigamos.

Um jornalista pode decidir entrevistar ou não entrevistar alguém colocado nessa categoria. Se entrevista, isso supõe certo decoro profissional. Ontem, precisava mais o Roda Viva de Cabo Anselmo do que Cabo Anselmo do Roda Viva. Não sei qual foi o Ibope. Sei que as pessoas tendem a reagir mal —  exceção feita a militantes de causas — a rituais de humilhação. A repercussão do evento nas redes sociais (o que chegou a ser exaltado durante a entrevista) certamente contentou as pessoas envolvidas com o programa, embora isso não queira dizer audiência. As TVs públicas, no entanto, costumam dizer que se interessam mais por prestígio do que por Ibope.

Certo! Cabo Anselmo, então, por mais que os jornalistas fizessem cara de nojo, era personagem de uma narrativa da qual todos participavam. Mesmo sendo quem é, merece o respeito que se dispensa a quem garante o espetáculo. A insistência com que foi chamado de “cachorro” buscava menos esclarecer fatos do passado do que emprestar àquele encontro o caráter de um tribunal. “Cachorro” é um jargão para designar “infiltrados”. Ao longo do programa, no entanto, o substantivo foi virando adjetivo… Afinal, era preciso marcar posição. Acho que poucos, talvez ninguém, se deram conta de que repudiado e repudiadores formavam atuavam em conjunto, com a diferença de que foi Anselmo quem garantiu a bilheteria. Mais: não é preciso ter grande coragem para ofender alguém como ele em… 2011! Não estou com peninha dele, não. Também ele estava lá porque queria. Duvido que esperasse algo diferente.

Pôr um traidor na cadeira do dragão moral serve para rituais de purificação. Assim os bons podem ser implacavelmente bons. Um exercício interessante agora seria testar aquela mesma bancada entrevistando um assassino de esquerda.

Por Reinaldo Azevedo
Ainda Cabo Anselmo e os comunas que não comem, mas roubam criancinhas


Escrevi um post sobre Cabo Anselmo, que concedeu ontem uma entrevista ao Roda Viva. Pouca gente interessada em realmente entrevistar — uma das funções de um profissional de imprensa, pouco importa quais são as escolhas do entrevistado —, e muitos fazendo aquele ar entre enojado e compungido, para demonstrar que estão do lado certo… A minha preguiça crescia. É claro que os jornalistas eram todos limpinhos. Isso não precisava ser demonstrado com uma espécie de cordão sanitário moral.

Alguém perguntou a Anselmo como tinha sido seu encontro com o terrorista Carlos Lamarca. Eu me ajeitei na poltrona. Enfim, algo de interessante! Sei lá o que aconteceu. O mediador deve ter sido atropelado pelo ponto eletrônico, interrompeu a resposta que mal tinha começado e chamou o intervalo. “Vai retomar de onde parou”, pensei. Mas quê… A coisa ficou pelo caminho. E não foi a única vez em que uma fala foi abortada, cortando, às vezes, a palavra ao meio.

Eu não tenho muita paciência para mitos com menos de dois mil anos e para a “martiriologia”. Uma coisa, no entanto, eu sei. A suposta boa causa das esquerdas, no passado, é a raiz de seus desmandos presentes. Elas só se sentem confortáveis em roubar lanche de criancinha hoje em dia, fazendo disso um “ato político que incomoda os poderosos” (Santo Deus!!!), porque fazem praça de seu falso heroísmo naqueles dias ancestrais. Estivesse naquela cadeira um assassino de esquerda, daqueles que pretendiam construir o “novo homem”, e seria enorme o risco de haver olhares embevecidos.

Sou conservador. Só a vida me enternece. Mantenho distância dos bons assassinos.

Por Reinaldo Azevedo
Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

2 comentários

  • Telmo Heinen Formosa - GO

    Prezado Oto Muller e simpatizantes, um único motivo já é suficiente para fazer um novo Código Florestal. Ordenar e reordenar os 16 mil ítens do cipoal emaranhado desconexo e inaplicável do que chamam de Código Antigo. Mas tem mais motivos, entre os quais aplicar um pouco de ciência. Por exemplo, por quê a APP de um curso d'água tem que ser de 30 metros e não 29 ou 31 e por quê ela deve ser igual se o córrego tiver um palmo ou 15 m de largura? Logo em Blumenau... e porque acima de 1.800 metros não pode ter atividade agricola. Porque não é 1.850 ou 2.000 ?

    0
  • Oto Muller Alexandre Blumenau - SC

    Muito bom argumento! Nada diferente dos argumentos dos contra.

    ARGUMENTOS é o que não falta... No entanto, tenho lá minhas dúvidas se uma nova lei vai mudar alguma coisa para o povo e para o Brasil. No entanto, tenho a certeza que essa nova lei beneficiará os latifundiários e os políticos, do contrário não me parece muito lógico a criação de um novo código sendo que não está havendo o cumprimento do código antigo.

    FAÇAM VALER O CÓDIGO ANTIGO! e aí veremos se cabe um novo código e se existe alguém para o por em prática.

    0