Mercado do Boi Gordo: 2012 não tem sido um bom ano para os produtores

Publicado em 09/07/2012 10:21
É, inquestionavelmente 2012 tem sido um ano nada agradável para nós, produtores. Desde o início do ano, a desvalorização já soma 6% em São Paulo. É claro que devemos considerar o período de safra, em que os preços caem naturalmente pela maior oferta de animais acumulada no período.

tabela 1

Considerei os períodos de fase de baixa e de fase de alta do ciclo pecuário para medir a valorização média entre a safra e a entressafra, e vice-versa nesses diferentes períodos.

Em relação à valorização entre a safra e a entressafra, em fases de alta a reação média dos preços ficou em 8%. Em fases de baixa, o resultado é de apenas 1%. Lembro que esses são valores médios.

Para o recuo dos preços que normalmente ocorre entre a entressafra e a safra, em fases de alta do ciclo pecuário a arroba recua, em média, 2%, enquanto em fases de baixa esse recuo é de 4%. 

Dentro disso, podemos dizer que estamos acima da média histórica para o período. Muito ruim pra nossa atividade.

O problema é que neste caso, não devemos comparar apenas o comportamento do boi gordo na safra, mas também devemos comparar a safra atual com safras passadas. Se compararmos ao mesmo período do ano passado, também sofremos desvalorização, inclusive, quando consideramos todos os meses, desde janeiro até agora.

Clique aqui para ampliar!

Enquanto isso, a oferta de animais aumentou claramente. Já conversamos sobre isso neste espaço 
e mostramos o aumento sistêmico da duração das escalas de abate. Quem nos acompanha já deve estar com o gráfico na cabeça.

E onde isso poderia nos levar durante a entressafra?

Considerando a média do valor pago pela arroba no primeiro semestre, temos que a arroba pode, 
historicamente, pode se valorizar entre 1% e 8%, o que nos deixa num range de negociação médio entre R$ 93,63 e R$ 100,12/@ para toda a entressafra.

“Lygia, você está baixista?” Não necessariamente. Afinal, estamos falando em valorização para a entressafra, não? “Então você está dizendo que o mercado não passa de R$ 100,00 em 2012?” Também não. Cada ano é um ano, e não existe a palavra “impossível” no mercado pecuário.

Estamos apenas medindo a possibilidade de comportamento mais comum registrada para o mercado em anos anteriores, e ainda considerando a divergência de comportamento quando comparamos fases de alta e fases de baixa do ciclo pecuário. 

“E em que fase estamos?” Eu é que pergunto a vocês desta vez, afinal de contas, estamos discutindo este assunto há tanto tempo. O que vocês acham? Cada um tem uma visão diferente e isso é importante. Quando todos pensam a mesma coisa, o jogo começa a ficar perigoso.

O motivo da projeção com base no passado é que podemos enxergar se o mercado futuro é justo ou injusto em relação ao que nos oferece. É claro que o cálculo do custo de produção não pode ficar de fora desta conta. Só não o estou considerando aqui porque o mercado também o considera, principalmente no curto-prazo. Ele exerce sobre nós seu efeito sem se preocupar se estamos ou não sendo remunerados.

Hoje, o mercado futuro marca 2,6% de recuperação para o segundo semestre, ou um preço médio de R$ 95,17/@. A recuperação é insatisfatória quando a gente olha para o próprio bolso, mas está dentro da média histórica. “Lygia, o que você acha disso?” Acho péssimo, mas não há como negar que já tivemos chance de aproveitar uma alta projetada pelo mercado futuro de 10,15% e ainda achávamos ruim naquele período.

O negócio é aprender que é melhor um pássaro na mão do que dois voando. A questão é que é fundo de safra e é fácil ficar pessimista em tempos como este. Por isso, acho que a partir do momento que os pastos secarem poderemos ter reação de preços, como ocorreu em outras ocasiões no passado. Mas isso também não é garantia de nada. Por isso, se o futuro der novamente a chance, não deixe de aproveitá-la. 

Grande abraço a todos e até a semana que vem!
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Fonte:
Agrifatto

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