Abrafrigo vê com preocupação salvaguardas da China à carne bovina

Publicado em 31/12/2025 12:32

A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) manifesta profunda preocupação com o anúncio da aplicação de salvaguardas à importação de carne bovina pela China, medida que representa um risco material e imediato ao desempenho das exportações brasileiras e ao equilíbrio da cadeia produtiva nacional. A decisão publicada pelo Ministério do Comércio da República Popular da China (MOFCOM) impõe quota de importação de carne bovina para os principais países fornecedores do produto ao País asiático, pelo período de 3 anos (2026 a 2028). O Brasil terá uma quota de 1,106 milhão de toneladas em 2026, com incremento de cerca de 2% nos dois anos seguintes. Volumes excedentes sofrerão tarifa adicional de 55%, o que deve inviabilizar exportações fora do teto estabelecido. O impacto potencial desta medida pode significar uma perda de até US$ 3 bilhões em receita para o Brasil em 2026, comprometendo o desempenho das exportações do setor, que devem superar US$ 18 bilhões em 2025.

Em 2025, o Brasil deve ultrapassar 1,6 milhão de toneladas enviadas ao mercado chinês, responsável por 55% das exportações de carne bovina in natura. A receita do setor com exportações à China deve alcançar aproximadamente US$ 9 bilhões neste ano. A participação do país asiático, que já havia mostrado crescimento significativo — passando de US$ 5,424 bilhões em receita até novembro de 2024 para US$ 8,029 bilhões em 2025 (+48%) e de 1.212.721 para 1.499.508 toneladas (+23,6%), consolida-o como nosso maior e mais estratégico comprador, representando 48,6% do faturamento total e 42,7% do volume total exportado no acumulado deste ano.

Além do efeito direto sobre a balança comercial, a medida ocorre num momento delicado para a pecuária brasileira, marcado por redução de oferta e transição do ciclo pecuário. “É uma medida que pode funcionar como fator de desestímulo para o pecuarista investir mais na atividade, ampliando a produção”, afirma a Abrafrigo. Os efeitos podem se estender por toda a cadeia produtiva, com reflexos sobre geração de renda, emprego e investimentos no campo.

Diante do cenário, a Abrafrigo reforça que uma atuação diplomática firme e coordenada do governo brasileiro é urgente e essencial, com foco na expansão de novos mercados com oportunidade para todas as empresas do setor, visando à mitigação dos impactos comerciais gerados pelas salvaguardas chinesas. O setor produtivo brasileiro permanece comprometido com a qualidade, regularidade e competitividade da carne bovina nacional, e espera que esforços institucionais conjuntos assegurem a manutenção do protagonismo do Brasil no comércio global do setor.

Fonte: Abrafrigo

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