100 maiores pecuaristas discutem futuro da produção de carne bovina no País
A pecuária bovina brasileira, mais do que qualquer outro setor do agronegócio, começa a enfrentar pelo menos cinco novos desafios simultâneos a partir de agora: a nova realidade de mercado com a crescente concentração da indústria de carnes, agora multiprotéica, integrando carne bovina com as de frango e suína após a recente onda de fusões, aquisições e arrendamentos de frigoríficos, que deixou o mercado brasileiro de carnes na mão de três grandes grupos dominantes: JBS, Brasil Foods e Marfrig.
A nova realidade de mercado surge num momento em que a pecuária precisa se preparar, mesmo em meio a um mercado deprimido para os preços do boi, para outros desafios, como os marcos regulatórios novos, como a nova rastreabilidade socioambiental de seus rebanhos a partir de 2010, um novo Código Ambiental Brasileiro e a ameaça de revisão dos índices de produtividade das fazendas para efeito da reforma agrária. Correndo por fora, ainda há a necessidade de uma nova forma de comunicação com os consumidores, que começam a ditar as regras do mercado de cima para baixo, no mundo e no Brasil.
Para debater e se preparar para a nova realidade de mercado e os novos desafios regulatórios do setor, um grupo de 100 entre os mais destacados pecuaristas brasileiros se reunirá de 21 a 25 de outubro num evento especial, o Meeting Agronegócios - Pecuária (www.meetingagronegocios.net), a ser realizado no EcoResort do Cabo, em Pernambuco. O evento é organizado pelo grupo ProBiz, especializado em consultoria e eventos customizados para o agronegócio, e conta com o apoio das principais entidades da agropecuária brasileira, como CNA, SRB e ACNB, apoio da TV Terraviva e patrocínio de grandes empresas com interesses na pecuária, já com confirmações da Bayer, Premix, Link, Ourofino e Rural Consult.
“Não está fácil ser agropecuarista neste país”, explica o diretor da ProBiz, Silmar Müller, ao justificar a realização do evento. “O pecuarista brasileiro, em particular, além das pressões econômicas, com custos de produção elevados e preços baixos para o boi, precisa atender requisitos de rastreabilidade sanitária, bem-estar animal, habilitação especial para exportar para a União Europeia, reservas ambientais legais, áreas de proteção ambiental, o desafio do novo Código Florestal, de novos índices mínimos de produtividade da fazenda, de qualidade e homogeneidade do rebanho etc, além da insegurança fundiária, de ter de permanentemente defender sua propriedade de invasões de sem-terras, de índios ou de ladrões de gado. Não é pouca coisa”. E novos desafios estão agora em curso, como a concentração da área industrial de carnes.
Na opinião de Muller, é hora de agir, não apenas reagir. “Os fatos estão aí. É uma realidade nova ditada pelo consumidor de carnes, não é só uma questão de governo ou da indústria. O pecuarista brasileiro precisa se preparar para conviver com essa nova realidade”, diz.
Mercado existe e voltará com força, passada a fase mais crítica da atual crise financeira global, explica Müller, consultor de mercados para o agronegócio, com experiência de mais de 30 anos no setor. “A FAO, em relatório divulgado recentemente, deixa claro que é preciso aumentar em mais 200 milhões de toneladas a produção de carnes para enfrentar a demanda mundial de alimentos para os próximos 30 anos”. O Brasil é um dos poucos países em condições de atender a uma demanda desse tamanho. “Mas é preciso investir em produtividade e em gestão comercial e financeira do negócio todo da fazenda para poder competir com eficiência nesse novo tipo de mercado”, completa Silmar Muller.
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