Mesmo na safra, boi tem preço firme
O percentual de valorização pode parecer baixo, mas como observa Gabriela Tonini, da Scot, o aumento ocorre em pleno período de safra, o que não era esperado. Uma das explicações para a alta é a situação das pastagens, que estão em bom estado por conta das chuvas. Nessas condições, o pecuarista consegue deixar os animais por mais tempo no campo, explica a analista.
Ela acredita que a oferta de animais prontos para abate também é inferior ao que o mercado esperava porque o ritmo de recomposição do rebanho também está mais lento do que se previa.
Nos últimos três anos, depois de um período de elevado descarte de matrizes no país, o abate de fêmeas começou a diminuir, mas o mercado de reposição (bezerro e boi magro) hoje mostra que a recomposição ainda é lenta.
Um indicador é o preço do bezerro, que tem subido de forma expressiva nos últimos meses. Segundo levantamento da Scot, o bezerro no Mato Grosso do Sul, mercado de referência, registrou preço médio mensal de R$ 625 em março (parcial até dia 19). Em fevereiro, a média foi de R$ 590 e em janeiro, de R$ 580,00.
”A reposição não está compensando porque está cara” para o pecuarista, comenta Gabriela Tonini.
Nas contas dos produtores, é viável fazer a reposição quando a relação de troca entre o boi gordo e o bezerro é de 2,3 vezes a 2,5 vezes, segundo Leonardo Alencar, da XP Investimentos. Ou seja, é possível comprar 2,3 a 2,5 bezerros com o valor recebido pelo boi (com 16,5 arrobas). Hoje, essa relação é de 2,01 vezes, considerando os indicadores Esalq/BM&FBovespa. Na sexta-feira, o indicador para o boi ficou em R$ 79,58 e para o bezerro, em R$ 652,07.
”A percepção é que a retomada dos
investimentos na cria pode ser lenta”, diz Alencar. Ele também atribui a oferta
de gado inferior ao esperado ao volume expressivo de chuvas em 2009, que
antecipou a chegada de animais de pasto ao mercado para novembro e dezembro. Não
fosse isso, parte desses bois estaria no mercado agora, diz.
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