Mato Grosso quer status de livre da aftosa
Dono do maior rebanho do país, Mato Grosso não registra nenhum caso da doença há 14 anos. A vacinação custa em torno de R$ 50 milhões anuais aos produtores.
A entidade diz que a nova classificação permitiria, além da economia, o acesso a mercados mais rigorosos, nos quais a carne de gado vacinado é menos valorizada.
"A exemplo de Santa Catarina, que já conseguiu, e do Paraná, que já pediu, nós também nos colocamos na posição de pedir, uma vez que já estamos há 14 anos sem febre aftosa no Estado", afirma Rui Prado, presidente da Famato.
A opinião não é compartilhada pela APR (Associação dos Proprietários Rurais de Mato Grosso), que enxerga riscos no fim da vacinação do rebanho.
Para a entidade, Mato Grosso não tem estrutura para fiscalizar adequadamente a fronteira com a Bolívia e as divisas com Rondônia, Amazonas e Pará.
"Essa discussão é prematura, pois Mato Grosso ainda é um Estado muito vulnerável. Qualquer descuido pode jogar por terra todo o trabalho que tivemos ao longos desses anos", afirma Paulo Resende, diretor-executivo da entidade.
Segundo ele, a situação de Santa Catarina é "muito diferente". "Ali você tem apenas um grande corredor de entrada e saída para fiscalizar. É muito mais viável do que fechar mil quilômetros de fronteiras de alto risco sanitário."
Entre os Estados que fazem divisa com Mato Grosso, apenas o Amazonas não é considerado como livre da febre aftosa com vacinação. No caso do Pará, esse status vale apenas para a região centro-sul do Estado.
Na Bolívia, o último caso de febre aftosa foi registrado em 2007 no Departamento (Estado) de Santa Cruz de la Sierra.
Para solicitar a avaliação do ministério, o Estado interessado deve estar há pelo menos cinco anos sem a doença.
Para a Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), o Estado está no "caminho certo" para seu reconhecimento, sem necessidade de pressão por parte das entidades.
"O fato de se pedir ou não o status não faz diferença. Esse reconhecimento virá para Mato Grosso de qualquer maneira, mas apenas com respaldo técnico, de análises laboratoriais e de histórico de ocorrências", diz o diretor Luciano Vacari.
Valney Corrêa, presidente do Instituto de Defesa Agropecuária, órgão ligado à Secretaria de Estado de Agricultura, afirma que o Estado conseguiria assumir as exigências do novo status "em curto prazo".