Alto preço da terra faz rebanho bovino migrar para regiões de fronteira do país

Publicado em 09/07/2010 11:53
A migração do rebanho bovino brasileiro pelo território nacional é secular e tem profundas consequências econômicas, sociais e ambientais.
Como atividade eminentemente extensiva, a bovinocultura de corte é naturalmente expulsa de regiões de terras mais caras por atividades mais intensivas, que permitem maior faturamento por unidade de área ocupada e, consequentemente, uma melhor "remuneração" pelo uso da "terra".

Assim, desloca-se, então, para regiões de fronteira agrícola, onde as terras são mais baratas.

Nos últimos dez anos, estima-se que, enquanto o rebanho bovino cresceu quase 48% na região Norte e mais de 70% no Estado do Pará, encolheu em quase 25% no Estado de São Paulo.

O fenômeno é responsável pelo desenvolvimento de novos polos de crescimento econômico.

Inicialmente, é estruturada uma pequena rede de fornecimento de produtos e serviços para a atividade que se instala e para um pequeno contingente de pessoal diretamente empregado.

Logo após, é fortemente engrossado pelo pessoal empregado nas atividades de antes e depois da porteira da fazenda que por ela é atraída.

Abertas as novas áreas, estruturados os novos polos urbanos, implantada a infraestrutura, as terras se valorizam. Resultado: chega a agricultura, dá-se início à expulsão da pecuária e se acelera o processo de desenvolvimento regional.

Obviamente, um novo processo de ocupação se inicia em novas áreas -essa é a lógica da expansão da fronteira agropecuária. A ocupação de novas áreas pela bovinocultura de corte passou a ser, nas últimas décadas e com cada vez mais vigor, combatida por ambientalistas devido ao forte impacto ambiental que a atividade gera.

Busca-se impedi-la totalmente por via legal, para o bem-estar e segurança dos atualmente bem-alimentados e dos residentes nas regiões (do país e do mundo) mais desenvolvidas.

Duas considerações parecem oportunas nesse aspecto da questão. Primeira: terão os habitantes dessas regiões não desenvolvidas -que não são tão poucos como se imagina- o direito de pleitear o mesmo acesso a bens e a serviços dos que atualmente o tem?

Segunda: os mais pobres podem sonhar, algum dia, em ter acesso a alimentação barata o suficiente para tanto?

As soluções usualmente propostas para a segunda questão, a de se obter aumentos de produção via ganhos de produtividade e incorporação de áreas degradadas à produção, dependem de viabilidade econômica.

Somente são válidas se, ao final, o equilíbrio entre custos e receitas decorrente dos processos produtivos propostos resultar em oferta sustentada por preços acessíveis aos atuais excluídos.

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Fonte:
Folha de São Paulo

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