Período de estiagem castiga a pecuária mato-grossense

Publicado em 29/09/2010 07:49
Além da destruição de pastos e dificuldades no manejo, seca atrasa acasalamento dos bovinos e torna entressafra complicada.
O longo período de estiagem que castiga as pastagens está impondo severas perdas à pecuária mato-grossense. Queda de produtividade, dificuldades de manejo, redução dos índices de concepção, baixa taxa de aproveitamento da natalidade, aumento dos custos e risco de doenças no rebanho. Esses são alguns problemas enfrentados pelos fazendeiros como conseqüência direta da seca e das queimadas que assolam as invernadas, impondo o emagrecimento do gado e atrasando o início do acasalamento dos animais.

“As perdas são irrecuperáveis”, afirma o vice-presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), José João Bernardes, que é também diretor da Associação dos Criadores de Nelore do Estado. Segundo ele, a estiagem prolongada deste ano traz outro ingrediente com alto poder de destruição das pastagens: as queimadas.

“O problema das invernadas, que já era grave devido à falta de chuvas, ficou pior com a ocorrência de incêndios florestais, eliminando o restante das pastagens secas em muitas propriedades do Estado”, relata Bernardes.

Uma das conseqüências deste quadro, na opinião do pecuarista, é a perda de produtividade do rebanho. “Com a estiagem se prolongando, os animais emagrecem muito e, com isso, o índice de perdas aumenta com a queda de peso dos animais”.

Outros problemas são o atraso no início do acasalamento, menor índice de concepção e menor aproveitamento da natalidade devido ao emagrecimento e enfraquecimento dos animais neste período de seca e de falta de capim nas invernadas.

Com o início das chuvas, os pecuaristas temem o aparecimento de doenças, pois os animais poderão estar muito debilitados, vulneráveis às doenças com o consumo do broto novo das pastagens. “Até o manejo fica difícil para o pecuarista”, lembra Bernardes.

O atraso das chuvas vai implicar também no atraso do início da “estação de monta”, quando o touro é colocado junto com as vacas. “Vacas magras têm dificuldades para ficar prenha” explica. Com isso, o ciclo de reprodução dos animais nas propriedades também acaba atrasando.

CUSTOS – Os custos com a aquisição de rações para os animais são outro fator que tem contribuído para a perda de renda no campo. “Com a seca, há a necessidade de os produtores comprarem ração para manter o peso do gado”, aponta Bernardes.

Ele diz que a maioria das propriedades está sem reserva de pastagens. “Temos registro de mortandade de animais provocada pelo longo período de estiagem e pelas queimadas que destruíram as pastagens”.

A recomendação da Acrimat é para que os produtores aproveitem o bom momento de preços e desovem os animais para abate. Para os pecuaristas, gado gordo no pasto, nesta época de escassez de alimentos, pode significar prejuízo para a propriedade.

Confinamento – Uma das alternativas para o problema da falta de pastagens em Mato Grosso é o confinamento de gado, sistema de engorda bastante utilizado no período da estiagem. Normalmente, os contratos para a manutenção de gado nos confinamentos vão de julho a outubro, considerado o período crítico do ano para os pecuaristas.

Nos últimos anos, segundo as estatísticas, o número de propriedades que optaram em fazer confinamentos cresceu mais de 300% em Mato Grosso. Este ano, contudo, o volume confinado (573 mil animais) caiu 16% em relação ao ano passado (637 mil). A capacidade estática de confinamento do Estado é de 669 mil cabeças.

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Diário de Cuiabá

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