Arroba do boi bate recorde histórico
""O crescimento regular dos preços indica que o mercado tem espaço real para superar os R$ 100 a arroba"", enfatiza Alex Lopes da Silva, zootecnista e consultor da Scot. Para se ter uma ideia de como o mercado está aquecido, segundo a consultoria somente no mês de outubro a alta acumulada era de 7%. E em todo o ano de 30%.
Esse aquecimento de preços reflete, segundo Silva, a crise do setor de 2004 e 2005, quando a arroba do boi alcançou os piores índices dos últimos 50 anos. "Teve produtor que reduziu o rebanho e começou a abater matrizes", lembra ele. A partir de 2007, o mercado começou a se recuperar, mas por enquanto a oferta de boi ainda está menor que a demanda. "O Brasil está recompondo o rebanho, mas ainda não dá para atender toda a demanda", avalia o consultor.
A estimativa é de que o plantel de bovinos do País some 200 milhões de cabeças de animais. Conforme Silva, o abate de fêmeas tem sido reduzido entre 2% e 3% nos últimos anos, ou seja, o rebanho está sendo retomado.
Até o final do ano o preço deverá se manter firme. Primeiro por conta da queda de número de animais em confinamento e depois porque no último trimestre do ano, principalmente com a entrada de recursos do 13º salário, há um aumento no consumo de carne.
Quem mais ganha com o preço alto da arroba, conforme Silva, é o varejo, pois fica com a maior fatia. "Em alguns cortes chegam a reajustar até 70% em relação ao preço que compram do atacado", frisa o consultor, garantindo que pecuaristas e frigoríficos também podem ganhar neste período de preços gordos.
Por outro lado, quem perde é o consumidor que tem gastado mais para comprar carne de boi. "Mas se está aumentando no varejo é porque o consumidor está comprando", avalia Silva, acrescentando que já tem consumidor mudando o cardápio. Segundo ele, outros setores como o de carne suína e de aves também podem ser favorecidos com a alta da carne bovina.