Morte da pastagem preocupa pecuaristas brasileiros
Em Mato Grosso o primeiro registro de morte de pastagem aconteceu em 1993, na região de Mirassol D"Oeste. De acordo com Francisco, um produtor observou o problema em algumas áreas de pastagens em sua propriedade e procurou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Diante da situação, várias entidades de pesquisa se uniram para discutir o assunto. Desde então centenas de amostras de solo e de capim chegam na Empaer para serem analisadas. A cada ano, a equipe de pesquisadores registra um novo problema que pode causar a morte das pastagens.
Solo argiloso é um dos fatores identificados pela equipe de pesquisadores da Empaer. Francisco explica que por causa do manejo incorreto várias áreas acabaram compactadas. Dessa forma a planta não consegue retirar os nutrientes do solo para se alimentar e sobreviver. "A terra parece pedra", explica. Este problema foi registrado nos municípios de Araputanga, Pontes e Lacerda, Mirassol D"Oeste.
A alta incidência dos fungo nas pastagens dos municípios de Juína, Aripuanã, Alta Floresta e Sinop é o principal motivo da morte do capim. Os mais agressivos são o Rhizoctonia solani e o Fusarium. "Já analisamos muitas amostras desta região e todas apresentam o mesmo problema".
O solo arenoso, o percevejo castanho e a cigarrinha também fazem parte da lista das causas da morte das pastagens. Mas não é só isso. Solos pobres também podem estar na origem do problema. "Diante de tantas causas, o ideal é que cada pecuarista procure um profissional para avaliar a situação na sua área."
Solo encharcado também está entre os causadores. O pesquisador da Embrapa, Judson Ferreira Veltim garante que a morte das pastagens é conseqüência do plantio do brizantão em solos que ficam encharcados durante o período chuvoso. "Como o custo de desmatamento de um hectare de floresta é 2 ou até 3 vezes menor do que o custo de recuperação de uma área degradada de igual tamanho, os produtores acabam optando pela alternativa mais simples e de menor dispêndio, avançando sobre as florestas".
O pesquisador da Empaer também chama a atenção para a necessidade da recuperação das pastagens. Segundo ele, em muitas regiões de Mato Grosso o solo é utilizado há dezenas de anos sem nunca ter recebido nenhum tipo de adubação. "Nem mesmo o calcário", frisa. Com isso o solo vai empobrecendo. Em muitos casos fica compacto ou com erosões.